Para nosso estudo, coisa
é tudo que há (corpóreo ou incorpóreo) tanto fisicamente quanto em pensamento; objeto é aquilo que se está estudando; sujeito é aquele que estuda o objeto.
Uma coisa pode ser um objeto material ou imaterial estudado pelo sujeito. Por
exemplo, um ser humano estudando outro ser humano (Paulo estudando Pedro),
Paulo é o sujeito do estudo e Pedro é o objeto do estudo, porém, os dois são coisas. O que é esta coisa que estou estudando?
O que é esta coisa que está me estudando?
O conceito de coisa,
neste caso, é bastante amplo, por isso faz-se necessário deixar bem claro de
qual coisa (em que sentido estamos falando) em cada situação.
Óbvio é que existe também o significado gramatical da
palavra coisa que, basicamente, vem
ao encontro do sentido acima. Porém, por uma questão de clarificação, uma coisa enquanto objeto de estudo não
significa que estamos coisificando
pejorativamente um ser humano no exemplo acima. Fosse assim, então a
psicologia, a psiquiatria, a antropologia, etc, coisificam o ser humano, o que é absurdo. Por isso torna-se
estritamente necessário evitar a repetição desmesurada da palavra coisa e,
quando a usarmos, que fique bem claro seu significado. E este pensar, ou modo
de pensar, aplica-se a outras coisas
enquanto objetos de estudo.
Pensamento
Há uma diferença entre o pensar e o pensamento. O pensamento
refere-se ao conteúdo, ao objeto no qual pensamos. O pensar é o ato em si.
Quando pensamos, pensamos em determinada coisa,
em determinado objeto - objeto aqui não é somente um objeto
físico -, repetindo em outras palavras: objeto
deve ser entendido como a coisa em si e esta coisa pode ser tanto um objeto
material quanto um objeto imaterial, por exemplo, respectivamente, cadeira e
liberdade. São duas coisas que podem vir a ser objetos de estudo.
Um objeto de estudo,
grosso modo, é a coisa discutida, conversada, estudada, falada, etc. Quando
estamos no churrasco de fim de semana discutindo o resultado do campeonato de
futebol ou conversando sobre a novela, de certo modo, estes são os nossos
objetos de estudo: o resultado do campeonato e a novela.
O pensamento depende da coisa na qual pensamos, por exemplo,
uma árvore (pensamos em uma árvore). O pensar é o ato de pensar em uma árvore,
mas podemos pensar em uma cadeira, em uma pedra, em um cavalo, em um ser
humano, etc. Podemos pensar duas ou três vezes na mesma árvore, podemos pensar três
vezes em três cavalos diferentes, etc. O pensar, em si, enquanto coisa
estudada, independe do objeto no qual
pensamos, o pensar pensa um pensamento. Não nos deteremos aqui, neste estudo,
no pensar.
Para entendermos melhor o pensamento vamos tentar definir
conceito objetivo e conceito subjetivo. Mas antes, precisamos saber o que é conceito.
Para o nosso entendimento, conceito é aquilo que nos vem à mente (imagens e/ou palavras) quando
pensamos em alguma coisa, num objeto material ou imaterial, e serve para
organizarmos nosso pensamento. Por exemplo, dez pessoas olhando para a mesma árvore,
a imagem mental dessa árvore será a mesma, basicamente, na mente dessas dez
pessoas posto que estão olhando para a mesma árvore (independentemente que cada
pessoa esteja vendo essa árvore de posições diferentes entre si, por exemplo, as
dez pessoas dispostas ao redor da árvore; ou as dez pessoas vendo a árvore de
uma mesma posição).
O pensamento é na árvore que estamos vendo, mas o conceito é
sobre a árvore em si ou sobre aquela árvore especificamente.
Vemos então que, nesse sentido e para o nosso entendimento,
o conceito torna-se uma coisa
individual e com uma forte base na realidade física, pois estamos percebendo uma
coisa física (a árvore). Este é, basicamente, o conceito objetivo. É aquele
conceito que fazemos de coisas físicas, coisas que existem fisicamente na
realidade, coisas que podemos tocar, cheirar, ver, ouvir e/ou degustar. Não
entrarei aqui nas distinções entre realidade, realidade física e realidade
metafísica. Limitar-me-ei a dizer especificamente realidade física quando estiver referindo-me às coisas físicas, que
existem materialmente.
O conceito subjetivo refere-se às coisas que não existem na
realidade física. Por exemplo: liberdade, igualdade, fraternidade, sistemas
políticos, sistemas econômicos, etc. Coisas que não podemos tocar, cheirar,
ver, ouvir e/ou degustar, coisas que não podemos perceber diretamente através
dos cinco sentidos.
Obviamente, não estou falando de “conceitos objetivos” e
“conceitos subjetivos” no sentido da tradução gramatical do conceito em palavras
(faladas ou escritas). Um conceito subjetivo (por exemplo, liberdade) pode ser
definido objetivamente em palavras (faladas ou escritas). Mesmo que esta
definição do conceito liberdade não
seja exata, ainda assim, o conceito
traduzido em palavras, gramaticalmente será objetivo.
Um adendo: o ser humano comunica-se, basicamente, por
palavras faladas ou escritas. É óbvio que o ser humano também se comunica de
outras formas (exemplo, por imagens, aqui no sentido de figuras, fotos, filmes,
etc). Porém, a forma mais usual de o ser humano comunicar-se é através das
palavras. Fosse eu tentar comunicar este texto somente através de mímica ou
somente através de imagens vemos que se torna uma tarefa praticamente
impossível.
Logo entrarei na diferença entre conceito, descrição e
definição.
Poderia discorrer sobre a diferença entre conceito e imagem, porém, não é objeto deste estudo, pois daí entraremos em
algo mais avançado e o nosso intuito é nos atermos ao básico. Mas posso dizer
que no pensamento uma imagem pode representar um conceito. Grosseiramente
dizendo, às vezes pensamos por imagens e às vezes por palavras. Imagem no
sentido de figura mental completa, bem definida. Algumas pessoas pensam mais
por imagens e outras pensam mais por palavras. As dez pessoas vendo uma árvore
farão uma imagem mental dessa árvore e depois traduzirão essa imagem em
palavras (faladas ou escritas). Esta tradução em palavras veremos adiante em descrição e definição.
Então, conceito é
aquela imagem mental abstrata que nos vem à mente quando pensamos, mas conceito também é o pensamento que temos
diretamente em palavras. Esta é a duplicidade do conceito. É a isto que dou o nome de conceito para este nosso estudo. Faço isto para evitar confusões
como: qual é o conceito de conceito? Esta
pergunta está errada, a pergunta correta é: qual é a definição de conceito?
Perguntar qual é o conceito de conceito
é a mesma coisa que perguntar qual é a liberdade de liberdade, não faz sentido, pois são coisas subjetivas e não
queremos entrar num processo de ilusão mental onde terminaremos enlouquecendo.
Sabendo a diferença básica entre conceitos objetivos e
conceitos subjetivos evita-se esse tipo de confusão. Até porque, a definição de conceito já foi dita anteriormente: é aquilo que nos vem à mente
(imagens e/ou palavras) quando pensamos em alguma coisa, num objeto material ou
imaterial, e serve para organizarmos nosso pensamento.
Quando o pensamento tem como objeto uma coisa física, uma
coisa que existe na realidade física, o seu conceito será objetivo. Quando o
pensamento tem como objeto uma coisa que não existe na realidade física o seu
conceito será subjetivo.
Lembrando que, basicamente, objetivo refere-se ao objeto
e subjetivo refere-se ao sujeito. Há uma forte relação entre
sujeito e objeto no sentido em que um não existe sem o outro. Para existir um
objeto de pensamento é necessário existir um sujeito pensante. É a duplicidade
sujeito-objeto.
Deter-me-ei aqui no pensamento
em sentido restrito que é aquele no qual o pensamento é considerado como
produto da nossa mente. O pensamento em
sentido extenso é aquele, basicamente, no qual o pensamento não é produto
da nossa mente, ou seja, o pensamento está em toda a realidade (física e
metafísica) e nós simplesmente captamos, apreendemos o pensamento.
Pensamento em sentido
restrito e pensamento em sentido
extenso podemos encontrar de modo mais aprofundado na obra Lógica e
Dialética de Mario Ferreira dos Santos.
Descrição é o ato
de descrever o conceito em palavras (faladas ou escritas). Quando externamos em
palavras o conceito estamos fazendo
uma descrição ou uma definição do conceito.
Para descrevermos o objeto do nosso pensamento faz-se
necessário tomarmos por base algumas categorias, como As Categorias de
Aristóteles. Por exemplo, quando eu pergunto o que é isto? - sendo que eu tenho na mão um lápis -, provavelmente
as pessoas responderão: é um lápis. Mas eu posso responder: não perguntei o
nome desta coisa, perguntei o que é isto,
o que é este objeto que tem o nome de lápis? Não obstante eu me referir à
essência do lápis, não é disto que tratarei neste estudo. Estou falando de como
posso chegar perto da essência do lápis, o que é este lápis.
Para a pergunta o que
é isto ser respondida temos que organizar nosso pensamento. Para
respondermos o que é este objeto que leva o nome de lápis obviamente teremos
que primeiro descrever o objeto e aí entram como parâmetros As Categorias de
Aristóteles: - É um objeto de uns 20
centímetros de comprimento (quantidade), na cor verde (qualidade), estou
segurando verticalmente agora na minha mão (verticalmente, agora, na minha mão,
respectivamente, categorias de estado, tempo e lugar) e assim por diante. É
óbvio que as categorias são parâmetros que darão o início da descrição. Na
descrição temos de fornecer mais informações: é um objeto com um bastão redondo
de grafite envolto por uma camada de madeira e assim por diante. Isto é a
descrição.
A definição é a
descrição mais a finalidade do objeto; este objeto serve para quê? Então, na
definição daremos a descrição e a finalidade do objeto. Isto é a definição.
Seguindo no exemplo, a definição é toda a descrição do lápis
com a sua finalidade, terminaríamos dizendo após a descrição, algo como: este
objeto (ou, em sentido mais genérico, esta coisa) serve para escrevermos no papel.
Aprofundando um pouco o pensamento acima, posso dizer que
podemos escrever um livro, uma enciclopédia, partindo da descrição do objeto
lápis no sentido de que teríamos que descrever e definir o que é verde, o que é madeira, o que é grafite
e assim por diante.
Imaginemos este exercício na realidade física. Uma pessoa descrevendo
o lápis em palavras numa folha de papel e depois entregando esta folha com a
descrição para outra pessoa ler. Esta outra pessoa terá que dizer qual é o
objeto que foi descrito. Veremos que, se o objeto não for bem descrito, a outra
pessoa dirá: olha, acho que é um
lápis. Caso a descrição for bem feita, a outra pessoa saberá com um certo grau
de certeza que é um lápis.
Contudo, se dermos a definição
do objeto, a outra pessoa saberá com toda a certeza que é um lápis. Imaginemos
agora a descrição de um objeto mais complexo, como um carro, sem dizer que
estamos descrevendo um carro. Sem colocarmos a finalidade torna-se um pouco
mais difícil para a outra pessoa saber com certeza qual objeto é. Mas com a
finalidade, que caracteriza a definição, ficará melhor para a outra pessoa
perceber qual objeto é. É óbvio que existem coisas que são fáceis de descrever
e outras não.
Em questão de organização do pensamento, quando colocamos a
finalidade no início da definição (finalidade+descrição) torna-se muito mais
fácil percebermos qual objeto é. Quando colocamos a finalidade no fim da
definição, provavelmente teremos certeza de qual objeto é quando chegarmos ao
fim da definição (descrição+finalidade).
Neste ponto do estudo, torna-se óbvio que conceitos
subjetivos (por exemplo, igualdade) nem sempre tem uma finalidade específica ou
têm várias finalidades e isto pode confundir. Então fica um pouco mais trabalhoso
definir conceitos subjetivos, pois estes referem-se às coisas que não existem
fisicamente, mas sabemos que existem porque tem um nome e podemos ver seus
efeitos e suas consequências na realidade física (por exemplo, liberdade).
Caso fôssemos fazer o exercício da descrição e da definição,
no papel, do conceito liberdade, que
é um conceito subjetivo, teremos algumas dificuldades em expressar-nos. Além
destas dificuldades individuais, vemos que, definições de conceitos subjetivos,
para terem alguma validade, devem ser confrontadas com outras definições de
outras pessoas. Definições de conceitos objetivos também são confrontadas com
outras definições de outras pessoas, porém, nas definições de conceitos objetivos
temos o objeto físico para dirimir as dúvidas e sabermos o que é real ou não.
Por óbvio torna-se também que estas dificuldades estão
relacionadas com o vocabulário de cada pessoa que definirá este ou aquele
conceito. Por exemplo, as definições de árvore das dez pessoas não serão
exatamente iguais e nem totalmente diferentes ainda que estejam vendo a mesma
árvore. Óbvio também é que a percepção de cada pessoa influencia no processo,
mas como falei, nosso intuito é nos mantermos no básico, na organização do pensamento.
Então, basicamente, o conceito
está na nossa mente; a descrição e a definição é quando externamos o conceito em forma de palavras. Assim
organizamos melhor nosso pensamento.
Para dirimir a dúvida entre conceito e pensamento
digo que o ser humano pensa num objeto, numa coisa, (pensar num objeto é o
pensamento), o conceito, dizendo de
outro modo, é a definição ainda não
externada em palavras. Aí suprimimos também a dúvida entre conceito e definição.
Então, colocando a coisa numa escala hierárquica do geral para o particular, temos o pensar, o pensamento, o conceito e a definição. A
descrição não entra nesta escala, pois a descrição está inserida na definição.
Algumas vezes podemos partir do geral para chegarmos no particular, outras
vezes podemos partir do particular para chegarmos no geral.
De uma forma mais prática, em relação ao perguntarmos o que é isto, o que é esta coisa da qual
se está falando, eu posso pegar, ver, ouvir, cheirar e/ou degustar? Caso estivermos
falando, por exemplo, de cadeira,
então é um conceito objetivo, existe fisicamente. Caso estivermos falando de liberdade, então é um conceito
subjetivo, não existe fisicamente. A partir daí o processo de raciocínio é
diferente em cada caso.
É necessário perguntar o
que é isto, o que é esta coisa, o que significa esta palavra a qual estamos
estudando, falando, escrevendo, etc, pois assim começa-se a organizar de forma
lógica o pensamento. Obviamente nem sempre precisamos fazer um estudo rebuscado
buscando a resposta dessa pergunta, mas temos de, no mínimo, saber do que
estamos falando, no mínimo, saber o significado das palavras. E não fique
esperando alguém vir contar para você, procure saber, tenha iniciativa, procure
no dicionário, pergunte para quem saiba, são tantas opções de informação
existentes no mundo! Não fique preso na cadeira, vá em busca da liberdade
através da informação.
Linguagem
Com relação à linguagem, mantendo-se no básico, posso
estabelecer como língua a língua portuguesa, a língua alemã, a língua inglesa,
etc. Linguagem, para este estudo, refere-se ao modo como nos expressamos em
palavras e isto engloba a língua. A linguagem refere-se também, além da língua,
à entonação da voz e expressão corporal (gestos e mudanças na face).
Não entrarei aqui em estudos de linguística, pois é matéria
extensa. Meu objetivo é clarificar a relação entre pensamento, linguagem e
comportamento. Esta relação é una (de um) e indivisível, é uma trindade. Sabemos que,
basicamente, temos o pensamento, a linguagem e o comportamento. Essas três
coisas são indivisíveis no sentido de uma afetar a outra. Quando se muda uma,
mudam-se as outras duas. A mais fácil de mudar é a linguagem. O pensamento e o
comportamento também podem ser mudados diretamente, porém, são mais difíceis de
serem mudados.
A linguagem, sendo o modo como nos expressamos, tendo como
base uma determinada língua, é a materialização do pensamento, é o pensamento
tornado real, e influencia no pensamento e no comportamento. Dos três (pensamento,
linguagem e comportamento), a mais fácil de mudar é a linguagem. Mudar
diretamente o pensamento torna-se deveras difícil, pois teremos de agir
diretamente na mente. Ações diretas na mente requer isolamento do indivíduo,
sozinho ou em grupos reduzidos; requer repetições constantes das mesmas
definições e conceitos; requer mudanças das definições e, por conseguinte, dos
conceitos; além de outras coisas. É um conjunto de coisas que dependem do
objetivo a ser alcançado com a mudança do pensamento.
Contudo, vemos que “repetições constantes” e “mudanças de
definições e conceitos” agem primeiro na linguagem e depois mudam o pensamento.
A linguagem é mais fácil de ser mudada para se conseguir mudança de pensamento
e/ou comportamento.
Comportamento
O comportamento refere-se ao modo como agimos na vida, à
maneira como procedemos em relação aos outros e à maneira como cada um procede
em relação a si mesmo. Um indivíduo estando sozinho pode comportar-se de
determinada maneira; estando em um grupo pode comportar-se de outra maneira;
estando em outro grupo pode comportar-se de aqueloutra maneira. De certo modo
isso é natural em relação ao comportamento em si, como objeto de estudo.
Mudamos nossa maneira de agir (nosso comportamento) de acordo com a situação.
Dando um exemplo: "Conheci ontem uma pessoa de origem
humilde, seu nome é João. Conversamos longamente sobre a vida. João falou-me
dos seus problemas, de como está angustiado e não consegue resolver tais problemas.
Que seus chefes estão pressionando João devido a um serviço mal resolvido no
trabalho e isso acarreta problemas em casa".
À primeira vista, talvez o leitor pense que João é pobre,
mas João não é pobre. Ele tem posses. A mudança da palavra “pobre” para a
expressão “de origem humilde” causa essa confusão. Humildade é uma virtude,
pobreza é uma condição financeira. Ao mudar a linguagem, mudei o conceito em
relação à realidade física. Caracterizei que “origem humilde” é uma coisa
exclusiva de quem é pobre e, por conseguinte, quem é rico não pode ser humilde.
Dei a exclusividade da humildade para a pobreza. Caracterizei também que “de
origem humilde” é aquela pessoa coitada com um chapéu ou boné nas mãos dizendo “sim
senhor” e “não senhor” para todos. Isso não é humildade, é subserviência, praticamente
o contrário de humildade. Humildade é saber reconhecer suas virtudes e seus defeitos
e isso independe da condição financeira da pessoa. Uma pessoa nascida rica pode
ser de origem humilde, basta ter sido criada com humildade. Humildade em si tem nada
a ver com condição financeira.
Sem entrar nas definições de “rico” e “pobre” - pois há
linhas tênues entre tais definições - acredito que o exemplo serviu ao seu
propósito. Mudando a linguagem, mudamos o pensamento e o comportamento.
Não entrarei aqui nas distinções e limites de bom comportamento
e mau comportamento, isso também é matéria um tanto extensa.
O comportamento também pode ser mudado diretamente através de ações práticas. Quando se induz ou se força uma pessoa a adotar um comportamento contrário ou que não corresponda muito à sua índole, a tendência é esta pessoa mudar de comportamento, principalmente se for um adolescente ou um jovem. Adultos também estão sujeitos a esta mudança, porém, a lentidão ou ligeireza da mudança de comportamento, neste caso, se dá de acordo com o grau de instrução, de conhecimento, de sabedoria e de maturidade emocional de cada um. Exemplo, induzir uma pessoa ou várias pessoas de um grupo a adotar um determinado comportamento mediante o pagamento de uma recompensa, seja ela qual for. Esta ou estas pessoas poderão, de início, não aceitar o novo comportamento, mas o farão. Caso o exercício se repita muitas vezes, a tendência é que as pessoas, com o tempo, mudarão de comportamento ou mesclarão o novo comportamento com o comportamento antigo.
Sobre o comportamento, neste ponto do estudo, não há como se
estender.
Final
As relações entre pensamento, linguagem e comportamento tem
o seu fundamento no fato de que nos expressamos, basicamente, através da
linguagem falada e da linguagem escrita. Mudando-se a linguagem (aumentando ou
diminuindo o vocabulário, ou substituindo-se umas palavras por outras) muda-se
o pensamento e, por conseguinte, muda-se o comportamento. Isto é fato.
Com efeito, a linguagem, tanto falada quanto escrita, é a
materialização do pensamento. E o pensamento determina majoritariamente o
comportamento. E assim vamos seguindo neste ciclo de mudança desde o nascimento
até a morte. Vamos mudando o pensamento, a linguagem e o comportamento. A linguagem, o pensamento e o comportamento. O comportamento, o pensamento e a linguagem.
Em se tratando de coisas físicas (sensíveis aos cinco
sentidos, coisas objetivas) torna-se difícil mudar o nome do que já está
nominado. Porém, em se tratando de coisas subjetivas (coisas não físicas) é
mais fácil mudar o nome ou a definição da coisa.
Vemos que, com conceitos subjetivos o processo de nominação
e definição da coisa é, basicamente, convenção humana. Por exemplo, liberdade. Não podemos pegar a
liberdade, cheirá-la, ouvi-la, degustá-la ou vê-la. Mas podemos encarcerar
alguém tirando a sua liberdade física, porém, esse alguém poderá conservar a
sua liberdade de espírito.
Sabemos que atrelado ao nome da coisa (exemplo, lápis), está
a definição da coisa (o que é isto chamado lápis). E para chegarmos à definição
de uma coisa precisamos analisar a matéria e a forma desta coisa. Porém, a
maioria das coisas do mundo conhecemos através da intuição, através dos
sentidos. Ao aprendermos, quando crianças, que uma cadeira se chama cadeira, geralmente dizem-nos, “senta
ali na cadeira”, sem que seja preciso descrever ou definir: - “Senta ali
naquele objeto de madeira com quatro pernas, um assento e um encosto. Isso se
chama cadeira”. Aprendemos por intuição que aquela coisa é uma cadeira. E este
processo de aprendizado intuitivo faz-nos relacionar automaticamente o nome à
coisa e depois não nos preocupamos mais em relacionar o nome à coisa.
O nome e a definição das coisas físicas representam a coisa
em si. Mesmo que coisas físicas tenham o seu nome convencionado (por exemplo,
lápis), ainda assim, pelo processo de aprendizado intuitivo a relação cria-se
naturalmente e o nome e a definição passam a representar a coisa em si. Assim, torna-se
difícil mudar o nome e/ou o conceito e/ou a definição de uma coisa física.
Ao mudar-se o nome de uma coisa já estabelecida com o seu
nome, por exemplo, trocar o nome mesa
pelo nome ar para o objeto mesa
(chamar uma mesa de ar) nos causará estranheza... talvez o
leitor esteja pensando agora numa mesa feita de ar. E, se não pensou, agora está pensando numa mesa de ar pelo simples fato de eu ter repetido a sentença.
A mudança de nomes somente será possível
quando todos que falam a mesma língua aceitarem esta mudança! Mas daí, em decorrência,
chamaremos o ar de quê? De mesa? Ou iniciaremos um ciclo interminável de
mudança dos nomes das coisas?
As coisas subjetivas (exemplo, liberdade) têm, basicamente,
o seu nome e a sua definição convencionados e, quando mudados, além de causar
confusão mental imensa, mudam o pensamento e o comportamento. Mudar o nome e
manter a definição de conceitos subjetivos causa confusão mental imensa. Mudar
a definição, mesmo que minimamente, e manter o nome também causa confusão mental
imensa.
Outro exemplo: se eu aprendo desde o nascimento que aquela
figura masculina em casa chama-se pai
e em determinado momento muda-se o nome da figura masculina para mãe, ainda assim a realidade física
continuará a mesma, porém, caso eu for uma criança ou um adolescente entrarei
invariavelmente em confusão mental.
Caso eu for ensinado desde o nascimento que aquela figura
masculina se chama mãe, no meu
conceito a imagem da figura masculina terá o nome de mãe, será mãe. Mas outras
pessoas terão o nome pai para a
figura masculina. Isso causa confusão na sociedade.
Ou muda-se o pensar, o pensamento, o conceito e a definição
de toda a humanidade de uma vez só ou deixa-se de querer revolucionar as
coisas. Porém, caso você seja louco o suficiente para acreditar que pode mudar o
pensar, o pensamento, o conceito e a definição de toda a humanidade de uma vez
só, então você deve ser internado num hospício. E se você, sabendo que não pode
fazer essa mudança de uma vez só, querer mudar aos poucos, ainda assim terá de
ser internado, pois esse tipo de mudança forçada, aos poucos, causa somente confusão
na sociedade.
Quando se muda o nome da coisa, obviamente leva-se um tempo até
mudar a definição e, por conseguinte, leva-se um tempo até mudar o conceito que
esta coisa tinha na mente de cada um. Durante este tempo de mudança, o
indivíduo (ou o grupo), ficará com um pensamento duplo na mente, entrará num
processo de ilusão mental, de confusão mental. Isso acontece ao tentar mudar
somente UM nome, UMA definição ou UM conceito. Imaginem vários nomes, vários conceitos
e várias definições sendo mudados ao mesmo tempo em uma sociedade. É a loucura
generalizada.
Aí vemos o problema ao querer revolucionar o pensamento, a
linguagem e o comportamento. Essas mudanças devem ser naturais, devem
evolucionar e não revolucionar.
A base das coisas é a realidade física, o mundo
físico sensível aos sentidos. Para se chegar à metafísica primeiro reconheça a
existência do mundo físico e tente entendê-lo, isso é óbvio. A filosofia parte
da realidade física. Depois vai-se avançando, através da imaginação, através da
própria filosofia, até chegar na metafísica, além da física, onde a filosofia
continua, mas mantém os pés no chão.