domingo, 30 de maio de 2021

A Estrutura do Processo de Conhecimento

   Começarei, como sempre, daquele modo vendo o significado de cada palavra da expressão até todo mundo entender a importância do signo, significado (com seus vários sentidos) e referente.

   Pegarei de um dicionário cada signo com seu significado. Lembrando que dentro do significado temos vários sentidos os quais podemos empregar um signo. No caso, pegarei o significado genérico, aquele primeiro significado logo após o signo (palavra) no dicionário. Lembrando também que a Linguagem e a Língua são convenções que vem da observação da realidade, os nomes das coisas.

   Estrutura: “organização, disposição e ordem dos elementos essenciais que compõem um corpo (concreto ou abstrato)”.

   Processo: “ação continuada, realização contínua e prolongada de alguma atividade; seguimento, curso, decurso”.

   Conhecimento: “ato ou efeito de conhecer”.

   Acredito que o artigo e as preposições da expressão no título não preciso explicar.

   Então vemos que pelos significados de cada termo da frase, da expressão, podemos iniciar nossa investigação.

   A Estrutura do Processo de Conhecimento seria então, gramaticalmente falando, a organização, disposição e ordem dos elementos essenciais da ação continuada do ato ou efeito de conhecer.

   Posso agora destrinchar as partes que compõem este todo utilizando-me de uma análise livre escolhendo uma das partes aleatoriamente.

   Começo pela parte, pelo signo “conhecer”. O que é conhecer?

   Conhecer: “perceber e incorporar à memória (algo); ficar sabendo”.

   Eu poderia fazer isso ao infinito com cada signo que surgisse, mas temos que ter limites, senão não chegaremos a uma conclusão. Ficar desdobrando as coisas ao infinito, além de causar emburrecimento, pode levar à insanidade.

   Lembrando que “signo” engloba as palavras. Uma palavra é um signo, mas “signo” é um sinal indicativo de algo, um símbolo. Por exemplo, a letra “a” do alfabeto é um signo, mas não é uma palavra. Significamos os signos, basicamente, com palavras e/ou com outros signos. Todo signo tem seu significado em palavras e tem referente. O referente é o que a coisa é. Exemplo, a letra “a” é um signo, seu significado é “a primeira letra do nosso alfabeto” e tem seu(s) referente(s): o som, o fonema aaaaaaaaaaaa é o referente na palavra falada e o sinal gráfico “a” ou “A” é o referente na palavra escrita. Temos também o(s) conceito(s) por trás das palavras o(s) qual(quais) não entrarei agora.

   Voltando à vaca fria. Posso encontrar outras partes na estrutura do processo de conhecimento: básico, intermediário e avançado. É um processo analítico-lógico, aquele processo de análise que nos leva a uma conclusão e esta conclusão pode ser ou ter lógica ou não. Caso a conclusão tenha lógica podemos encerrar o processo de análise ou podemos nos aprofundar na análise do assunto. Caso a conclusão não tenha lógica, faz-se necessário, obviamente, continuar o processo de análise.

   Entre o básico, o intermediário e o avançado existem níveis, camadas, âmbitos, que vamos percorrendo no processo de conhecimento. O separador dessas três partes é um gradiente. Saímos do básico e vamos para o intermediário e vamos para o avançado e depois do avançado... só avançamos. Como o conhecimento não ocupa espaço - é uma coisa incorpórea -, torna-se um pouco trabalhoso estabelecer quando estamos no conhecimento básico, no intermediário ou no avançado.

   Observando a realidade posso especificar que é um processo de comparação. Sabemos quando estamos em um ou outro (básico, intermediário ou avançado) comparando o nosso conhecimento com o de outras pessoas e/ou comparando com o nosso próprio conhecimento, com o que já sabemos. É óbvio que essa comparação depende do assunto e do objeto do assunto. Por exemplo, o assunto é futebol e dentro do assunto futebol podemos ter vários objetos de assunto como o campeonato brasileiro, a copa do mundo, etc. As partes que compõem o todo. O todo, neste caso, é o assunto, e as partes são os objetos do assunto. Podemos chamar os objetos do assunto de temas. Em uma conversa, diálogo, debate, etc, vai-se tema a tema sem fugir do assunto e ao passar de um tema para outro é necessário deixar bem claro que mudamos de tema senão nos perderemos, senão a coisa fica ilógica e não chegaremos a uma conclusão.

   Este processo de comparação de conhecimento é natural. Quando estamos numa simples conversa diária com alguém percebemos se temos mais conhecimento do assunto e/ou do objeto do assunto em questão. Quando estamos lendo um livro percebemos se já conhecemos o assunto ou não, e percebemos se estamos, de alguma forma, no básico, no intermediário ou no avançado, por isso se diz: processo de conhecimento; e sua estrutura é o básico, o intermediário e o avançado. Lembrando que isto é apenas um esquema mental para nos situarmos.

   Geralmente parte-se do básico, dos conceitos básicos do assunto e/ou do objeto do assunto. Isto é necessário porque sem o básico não temos como ir avançando no conhecimento. Caso cairmos diretamente num assunto avançado não entenderemos nada pois nos faltam os conceitos e conhecimentos básicos. Podemos começar do assunto avançado e ir estudando os conceitos básicos que faltam, mas ficarão lacunas na mente.

   Um exemplo simples. Temos o “seu Zé” do armazém com seus 50 anos de idade. Seu Zé sabe fazer contas simples de matemática com 2 ou 3 algarismos, seu Zé sabe dar troco, etc. Seu Zé aprendeu na prática, mas não teve, ou teve poucas aulas de matemática. Seu Zé não sabe a tabuada e outras equações simples, ou seja, falta o básico. Isso fará com que seu Zé não avance no conhecimento matemático.

   Talvez saber dar troco e fazer operações simples seja o suficiente para seu Zé do armazém, mas não estamos falando disso. O assunto é o processo de conhecimento e não sociologia. Não podemos mudar o assunto e/ou o objeto do assunto abruptamente.

   A estrutura do processo de conhecimento é natural. Não podemos inverter ou trocar a ordem. Neste caso, a ordem dos fatores altera sim o produto final.

   Quando estamos na aula, no ensino fundamental, no ensino médio, no ensino superior, estamos seguindo essa ordem natural... ou deveríamos estar, mas não entrarei nesta questão de modelos de ensino, pois todo modelo de ensino perde-se quando não se respeita a estrutura do processo de conhecimento.

   No meio disso tudo temos também o básico, o intermediário e o avançado físicos. Há um tempo nesta vida para aprendermos determinado conhecimento, isso é óbvio. Não podemos ensinar certas coisas para crianças e adolescentes porque eles não têm maturidade, ainda não atingiram tempo de vida necessário para apreender e aprender certos conhecimentos.

   O ser humano não nasce pronto. Biologicamente o ser humano fica pronto a partir dos 16 anos de vida, uns um pouco mais e outros um pouco menos, mas a média é essa. Isso implica que os órgãos internos não nascem formados e o cérebro é um órgão interno. Então, fisicamente até, uma criança ou um adolescente ainda não está preparado para certos conhecimentos. Dos 16 aos 18 anos os órgãos internos já se formaram, mas até os 18 anos terminam de “se ajeitar, se encaixar”, vamos dizer assim. Dos 18 aos 21 anos o ser humano cresce em tamanho. A altura que você tem aos 21 anos, em média, é a altura que você terá para o resto da vida... a não ser na velhice quando “encolhemos”.

   Posso dizer, jocosamente, que dos 0 aos 18 anos somos básicos; dos 18 aos 40 somos intermediários e depois ficamos avançados. É claro que isso é somente um esquema mental, pois vai da vida de cada um e vai do estudo, vai do conhecimento adquirido em cada pessoa. Porém, a tal maturidade, querendo você ou não, ela vem somente com a idade.

   Promover certas coisas como promiscuidade e somente diversão para crianças e adolescentes na sociedade causa emburrecimento, forma-se gerações de burros, fisicamente até. Uma criança ou adolescente que bebe ou fuma ou usa qualquer tipo de drogas antes dos 18 ou 21 anos ficará burra para o resto da vida, dependendo da quantidade utilizada. Porém, mesmo em pouca quantidade, uma vez ou outra, ainda assim pode causar má formação dos órgãos internos, lembrando que o cérebro é um órgão interno, pode atrapalhar a formação natural das sinapses. Você vê seus filhos, sobrinhos, crianças, etc, crescendo fisicamente e isto significa que internamente estão crescendo também, óbvio, estão se formando fisicamente. E daí introduz-se substâncias externas as quais o corpo ainda não formado não consegue processá-las corretamente. Caso você deixa seu filho menor de 18 anos beber, fumar, usar drogas, você está brincando com a saúde do seu filho, tanto a saúde física como a saúde mental.

   Então vemos (eu e o leitor) que é importante aprender primeiro os conceitos básicos de qualquer assunto e, como falava um professor meu, o resto vem por si como a urina. Basta você ter vontade. E se você não tiver vontade - gosto pelo conhecimento -, tenho certeza que você tem interesse por um assunto e/ou objeto de assunto qualquer. Comece o processo de conhecimento pelo seu interesse em algum assunto e comece entendendo o básico, o resto vem por si.

sábado, 29 de maio de 2021

O Óbvio

   Hoje verei o “óbvio”. Como sempre começarei pelo dicionário: “fácil de descobrir, de ver, de entender; que salta à vista; manifesto, claro, patente; evidente”.

   O Brasileiro atualmente tem uma dificuldade muito grande de enxergar o óbvio. Demora dias, semanas, meses, anos para perceber uma coisa que deveria perceber na hora. Parece-me que o Brasileiro perdeu o raciocínio e não consegue mais sequer ver as coisas evidentes e isso leva à insegurança pessoal, fraqueza de caráter.

   Como bem disse Santo Tomás de Aquino “o bem vem da razão”; e a razão aqui é no sentido de raciocínio, concatenação lógica de pensamentos. Quantas vezes na sua vida você fez merda e depois disse: “é que eu não estava pensando direito”. Talvez não estivesse vendo o óbvio e não estava vendo o óbvio porque não estava prestando atenção na situação ou nas palavras das outras pessoas.

   O Brasileiro está sempre tentando adivinhar o sentido oculto das palavras dos outros; e responde ao outro em cima dessa adivinhação. E o outro faz o mesmo processo. O resultado é uma conversa de doido onde os dois não estão falando da mesma coisa. Um está falando de banana e o outro de laranja, mas por serem frutas os dois acreditam que estão falando da mesma coisa. Conversa de doido.

   Ferem os princípios da lógica: identidade, não contradição e terceiro excluído. Na cabeça de cada um pensam que banana é laranja, que laranja é banana, mas na realidade sabem que banana é diferente de laranja e isso resulta em dissonância cognitiva, confusão mental... resulta nessa pasta mental que fica entre a realidade física e a percepção da realidade. Sabem que banana é diferente de laranja, mas quando um fala em banana o outro responde laranja e ainda insiste dizendo: “mas é fruta do mesmo jeito”.

   Já exemplifiquei em outro texto com a liberação da maconha; onde sempre tem um, ou vários, que responde(m) de imediato: “mas o álcool e o cigarro são drogas e também são liberados”. Banana, laranja = frutas. Maconha, álcool, cigarro = drogas... então é tudo a mesma coisa. Não percebem o óbvio e por não perceberem o óbvio a conversa se torna ilógica de imediato.

   Um diálogo inicia quando uma pessoa fala alguma coisa para outra. Esta é a realidade. Neste momento, o interlocutor tem praticamente duas opções: dizer que não está afim de conversar sobre o assunto ou responder de forma lógica sem sair do assunto e do objeto do assunto. Tudo no mundo, grosso modo, tem um assunto e um objeto do assunto. Assunto: Frutas; objeto do assunto: Banana. O objeto do assunto é o que se chama de tema também. Em um diálogo os interlocutores vão tema a tema, objeto de assunto a objeto de assunto, e devem deixar bem claro quando passam de um tema para outro dentro do mesmo assunto. Caso não houver esta clareza corre-se o risco de relativizar a conversa, o diálogo, o debate, etc.

   - Estou falando de maconha e você me responde com álcool e cigarro? Fugiu do objeto do assunto, fugiu do tema, relativizou. Você está confundindo classificação com relação. Você já não percebe mais o óbvio, você está burro!

   Classificação e relação. É importante entendermos estes dois conceitos. Lembrando que conceito é uma imagem mental abstrata. Podemos significar e/ou definir conceitos através de palavras. Classificação (signo) é a distribuição por classes (significado) e tem vários sentidos que não fogem do significado genérico. Porém, classificação também é uma convenção feita pelo ser humano, uma taxonomia que, neste sentido, é um sinônimo de classificação. Relação é ato de relatar, relato, informação, descrição. Porém, relação aqui emprego no sentido de vinculação, conexão, relação entre as coisas.

   Toda classificação é, neste sentido, uma convenção, porém, esta convenção surge, muitas vezes, ao natural através da relação entre as coisas e entre os nomes das coisas. Toda relação, neste sentido, é natural. Vamos tomar como exemplo a categoria de relação de Aristóteles: dobro, metade. Percebam que há uma relação que surge naturalmente. Alguma coisa é o dobro ou a metade de outra. Estão relacionadas naturalmente, por exemplo: o número dois é o dobro de quê?

   Ora, não posso responder: “é o dobro de nada ou é o dobro dele mesmo! ” Sabemos que dois é o dobro de um, está convencionado. Então um e dois estão relacionados nessa categoria e isto surge naturalmente. Mas um e dois são coisas diferentes entre si.

   Toda relação é natural, você observa na realidade; passou disso chama-se relativização porque você está inventando relações que não existem na realidade. Kant, Hegel e outros que o digam, foram campeões da relativização, da subjetividade.

   Temos comparação também. Você compara duas coisas fazendo relações entre elas; ou relaciona duas coisas fazendo comparações entre elas; tanto faz. E dessa comparação e/ou relação surgem as diferenças e as semelhanças entre as coisas. Esta é a realidade.

   Banana e laranja. São frutas, mas cada uma tem sua cor, seu gosto, seu formato, seu cheiro, seu tamanho, as substâncias que compõem cada uma, etc; são coisas diferente entre si. Cada uma tem a sua identidade (princípio da lógica). Eu posso relacionar gosto a gosto, tamanho a tamanho, etc; mas não posso relacionar e/ou comparar coisa a coisa, banana diretamente com laranja. O fato de serem frutas é somente uma classificação, uma taxonomia convencionada pelo ser humano. O ser humano poderia ter classificado como minérios e hoje você estaria chamando banana e laranja de minérios em vez de frutas. Eu posso relacionar o efeito da maconha com o efeito do álcool posto que estou comparando seus efeitos, mas se eu comparar e/ou relacionar as coisas, maconha e álcool diretamente, estarei sendo ilógico.

   Caso eu falar em Liberdade você não responderá: “Mas a Esperança também é um conceito subjetivo e também é um sentimento”. Então porque ao falar de liberação da maconha você responde: “Mas o álcool e o cigarro são drogas e também são liberados”!

   Eu posso relacionar e/ou comparar os acidentes, os predicados, as características, os atributos, etc; essa coisa toda de Aristóteles. Aliás, esse cara, Aristóteles, quando o assunto é analítico-lógico ele vive se enfiando na conversa dos outros.

   Quando se compara e/ou se relaciona duas coisas percebe-se as diferenças e semelhanças. A comparação geralmente é quantitativa e/ou qualitativa. A relação geralmente, como já foi dito, é entre os acidentes, os atributos, as características, etc. Grosso modo, na comparação vemos a diferença e na relação vemos a semelhança.

   Tudo isto que foi falado anteriormente é o óbvio e influencia no raciocínio, na inteligência. Lembrando que tudo o que falamos e escrevemos são nossos pensamentos e raciocínios materializados fisicamente. A palavra falada se materializa nas ondas sonoras que se transmitem pelo ar; a palavra escrita na tinta no papel, na tela do computador, etc. Por isso você não pode estropiar as palavras. Tudo o que você fala e escreve são seus pensamentos e raciocínios materializados, você está demonstrando para as outras pessoas se você é burro ou não através do seu modo de se expressar. E não há como esconder isso. O Brasileiro é que não percebe mais pelas palavras do outro que esse outro é burro. E que esse outro pode ser você, leitor.

   Conversas ilógicas sempre terminam em brigas de egos, picuinhas, superficialidades, conversa de doido. Muitas vezes explica-se alguma coisa, desenha-se e explica-se o desenho da explicação e o interlocutor responde: “Mas isso é óbvio, eu já sabia disso”; ou responde “Isso é óbvio, está achando que sou burro?”

   Mas não percebe que somente viu que era óbvio porque o outro explicou. Não percebeu que, por conta, não conseguiu ver que era óbvio. Desse tipo de burrice vem a ingratidão. Esse é o tipo de burrice que leva à canalhice que leva ao autoritarismo. No meio dessa burrice, canalhice e autoritarismo temos a ilogicidade do pensamento e do raciocínio que se exprime em palavras. Os ministros do STF que o digam, são todos assim.

   Decai a inteligência decai a moral e vice-versa, uma vem de arrasto da outra, não importa qual decai primeiro. O óbvio está ligado ao bom senso, um resulta do outro. Parte-se do óbvio, do evidente, para um pensamento e um raciocínio mais complexo, mas se não consegue mais perceber o óbvio não conseguirá ter um raciocínio mais complexo. E o óbvio, basicamente, consegue-se observando a realidade; o bom senso vem da observação da realidade, da observação das situações e suas circunstâncias.

   Quando você não presta atenção na situação ou nas palavras das outras pessoas você não consegue entender nada. Ninguém lê pensamentos, somente o que nós temos são as palavras: faladas ou escritas. A partir dessa falta de atenção vem o desequilíbrio entre razão e emoção, vem a falta de raciocínio, vem a reação pela emoção que as palavras e as coisas causam.

   Razão no sentido de raciocínio e Emoção no sentido de emoções em si, sentimentos, desejos, vontades, sensações, intenções, etc, a parte psicológica do ser humano. O ser humano é um ser Racional E um ser Emocional. Não tem como separar a razão da emoção dentro de uma pessoa, mas tem como causar um desequilíbrio. Perdendo o raciocínio as pessoas passam a reagir pela emoção que as palavras e as coisas causam nelas, vira tudo xingamento ilógico. Passam a não querer saber mais de nada, não querem mais aprender coisa alguma de útil. Transformam-se em interesseiros que querem somente fama e dinheiro.

   Confundem inteligência com astúcia maligna. Astúcia maligna é a caricatura satânica da inteligência. A inteligência é ligada ao bem, o belo e a verdade. No Brasil a pessoa que tem fama e/ou dinheiro todos julgam que é inteligente e esquecem como essa pessoa chegou lá, aliás, nem se perguntam isso. Tendo fama o/a vivente torna-se automaticamente um “formador de opinião” e a massa de seguidores vai de atrás bovinamente sem raciocinar e repetindo como um papagaio o que essa criatura fala. O termo “gado” vem de gado bovino, gado equino, gado suíno, etc. No caso, o tal formador de opinião é o sinuelo. Sinuelo é aquele gado que vai na frente e quando o vaqueiro muda a direção do sinuelo a maioria vai atrás. E decai a inteligência decai a moral e vice-versa; não importa qual decai primeiro, uma vem de arrasto da outra.

   Nada contra fama e dinheiro, mas quando decai a inteligência decai a moral e vice-versa, a partir daí a pessoa quer subir na vida mentindo, pisando em cima dos outros, logrando os outros, prometendo e não cumprindo. Astúcia maligna é o jeitinho brasileiro, levar vantagem em tudo, é essa baixeza moral toda no Brasil.

   Quando se perde o raciocínio (razão), reage-se automaticamente pela emoção e acaba virando um estado permanente de reação pela emoção. Talvez venha daí o fato de o Brasileiro ser bastante ansioso, inseguro, carente, depressivo. A falta de raciocínio resulta naquilo que se chama de traumas psicológicos. Um estado emocional permanente. Repetindo o que disse Santo Tomás de Aquino “o bem vem da razão”. A emoção é controlada, equilibrada pela razão (raciocínio). Não tem como controlar, equilibrar a razão pela emoção. Deixe a raiva ou o medo tomar conta de você para ver se depois você consegue se controlar raciocinando. Aliás, muitas vezes a raiva e o medo vem sem pedir licença, mesmo sem você deixar, invadem seu ser porque você já perdeu o equilíbrio entre razão e emoção. Esse medo constante chamado de insegurança leva a reações individuais diversas, mas esta insegurança (medo constante) embota o raciocínio. Por exemplo, você chega em casa de noite e as luzes estão apagadas. Ao entrar na porta dá aquela sensação de medo do escuro, do desconhecido. Ao ligar a luz essa sensação passa automaticamente. A luz é o raciocínio. O problema acontece quando não se raciocina mais, daí o medo já não passa automaticamente mesmo a pessoa tendo as informações corretas. Ela negará tudo o que não estiver de acordo com o medo dela. Somente terá validade o que estiver de acordo com o medo dela. A emoção passa a ditar o raciocínio, a pessoa raciocina somente de acordo com o medo que ela está sentindo. E esse medo pode se refletir numa outra pessoa, numa situação, num objeto, etc. Ela reage pela emoção que as palavras e as coisas causam nela.

   Estranhamente, isso começa quando o óbvio, o evidente e a realidade são deixados de lado. Parece-me que o Brasileiro sempre tem ou quer uma explicação mirabolante e sobrenatural para tudo. Ao invés de diminuir, aumenta a subjetividade das palavras. É essa afetação, essa empolação nas palavras, essa entonação afetada na voz, essa reação excessiva pela emoção que as palavras e as coisas causam. O Brasileiro comete erros pela sua própria incompetência, mas a culpa e a responsabilidade sempre são dos outros. O Brasileiro assume a culpa e a responsabilidade somente quando é para se vitimizar. Parece-me que sequer tentam raciocinar porque tem aversão ao conhecimento, não querem mais se informar, estudar, aprender. Decai a inteligência decai a moral e vice-versa; uma vem de arrasto da outra.

domingo, 23 de maio de 2021

Os Princípios da Lógica Formal

   Hoje verei os três princípios básicos da Lógica Formal e/ou da Filosofia e, para tanto, partirei das definições e conceitos de Mário Ferreira dos Santos no tratado Lógica e Dialética. Antes, porém, posso começar dizendo que Princípio, para o nosso entendimento (meu e do leitor), é aquilo que está no início, antes não precisa ter nada, nem mesmo uma explicação em palavras e é auto-evidente. Para melhor esclarecimento uso essa redundância: verdades auto-evidentes. É redundância porque toda verdade é auto-evidente.

   Princípio, também é a causa primeira, a raiz, porém, “causa primeira” aqui não se refere especificamente à Lei da Causalidade. Uso “causa primeira” como o que serve de base a alguma coisa. São os significados e vários sentidos dos signos, no caso, das palavras.

   Então, Princípio, para o nosso entendimento aqui, é o que está no início e antes não precisa ter nem mesmo uma explicação em palavras; pode ter uma explicação em palavras, mas não é necessário. Logo darei exemplos e referentes, mas primeiro veremos (eu e o leitor), os Princípios.

“Há, na Filosofia, uma disciplina, ciência do "ser enquanto ser", que é a Ontologia. Nesse sentido tradicional, a Ontologia é a ciência que trata do ser enquanto ser, ou seja, do ser que constitui tudo quanto existe, do ser que determina todos os seres. Há outras maneiras de concebê-las que não convém, por ora, tratar. Nessa disciplina, estudam-se os "princípios ontológicos", que valem para todos os objetos, aos quais todos os outros se submetem e, portanto, também os lógicos. São eles os seguintes:

1) Todo objeto é idêntico a si mesmo — Esta é a enunciação do chamado princípio ontológico de identidade.

Este princípio fundamental da Ontologia clássica o é também para a Lógica Formal. Por ora, cabe-nos apenas apresentá-lo como um verdadeiro fundamento axiomático da Ontologia e também, consequentemente, da Lógica Formal. Assim, pode ser enunciado exemplificativamente: este livro é este livro; esta mesa é esta mesa.

Para a Ontologia tradicional e para a Lógica Formal, este livro, formalmente, só pode ser ele mesmo; é idêntico a si mesmo. Deste princípio fundamental decorrem outras consequências, que são dadas, em geral, como princípios ontológicos e, portanto, também lógicos:

2) Nenhum objeto pode ser ao mesmo tempo ele e não ele.

Princípio ontológico de não-contradição. Enuncia-se dizendo que A não pode ser ao mesmo tempo e sob o mesmo aspecto Não-A.

3) Todo objeto tem que ser A ou não A.

Isto é: Este objeto é livro ou não é livro.

Princípio ontológico de terceiro excluído, pois exclui um intermediário entre ser e não-ser.”

 

      Os Princípios da Lógica Formal (e/ou da Filosofia) são uma das poucas coisas as quais não há mais dúvidas em torno disso. Autores muito mais sabidos do que nós há milênios tentaram derrubar os Princípios e não conseguiram. O que temos de fazer é aceitar, pois, de certa forma, os Princípios fazem parte do raciocínio humano. Poderia dizer que eles são o raciocínio humano, porém, estaria sendo ilógico, estaria incorrendo na quebra desses mesmos Princípios.

   Então temos três Princípios básicos: Identidade, Não Contradição e Terceiro Excluído. Estes princípios ontológicos tornam-se, na Lógica, Princípios Lógicos. Veremos agora a auto-evidência dos Princípios. Exemplo: Este lápis é este lápis. Isto é auto-evidente, poderia dizer que é auto-evidente em si, mas, de novo, é redundância. O lápis, ou qualquer outra coisa física, corpórea, ele é o que ele é, esta é a identidade dele. Caso eu perguntar: Por que um lápis é um lápis?

   É uma pergunta que não tem resposta. Ele é o que ele é. Simples assim, é auto-evidente. O leitor pode discorrer sobre o processo de fabricação do lápis, o processo de nominação do lápis, etc, mas não estará respondendo porque ele é o que ele é.

   No caso do princípio da Não Contradição: "Nenhum objeto pode ser ao mesmo tempo ele e não ele", temos que o não ele é tudo o que não é ele. Eu sou o não ele do lápis, o céu é o não ele do lápis, o lápis é o não ele de outro lápis, uma árvore é o não ele do lápis, o lápis é o não ele da árvore e assim por diante.

   Em relação às coisas incorpóreas, não físicas, como, por exemplo, Liberdade, os Princípios valem da mesma maneira. Por que a Liberdade é o que ela é? Liberdade não é Esperança, não é Igualdade, não é o Lápis, não é o Céu, etc. Não pode ser o que ela não é (Princípio da Não Contradição). Portanto, a partir daí um intermediário entre ser e não-ser está excluído (Princípio do Terceiro Excluído), uma terceira opção está excluída automaticamente. O não-ele é tudo o que não é ele, óbvio. O não ele do Lápis sou eu, é você leitor, é o livro, é o céu, etc.

   Aqui abro um parêntese. Com relação à coisa; do dicionário: “tudo o que existe ou possa existir, de natureza corpórea ou incorpórea.” Num sentido filosófico coisa é tudo o que há e tudo o que existe. Tudo o que existe são os objetos corpóreos, objetos físicos. Tudo o que engloba objetos corpóreos e incorpóreos. Exemplo: Lápis há e existe. Lápis existe fisicamente e há enquanto conceito e enquanto significado em palavras. Liberdade somente há enquanto conceito e enquanto significado em palavras, pois não existe nenhum objeto físico com esse nome Liberdade. Não temos como saber o tamanho da Liberdade (altura, largura e profundidade), qual a cor dela, qual a forma física dela, etc.

   Então temos coisas corpóreas e coisas incorpóreas e cada qual com o seu nome; os nomes das coisas. Simples assim. Partamos dessa base.

   Ainda dentro do parêntese; temos signo, significado (e vários sentidos) e referente. Lápis é um signo e tem um significado em palavras (e esta palavra adota vários sentidos dentro de uma frase) e tem um referente (referente este que pode mudar de acordo com o sentido da palavra numa frase). Liberdade é um signo e tem um significado em palavras e tem um referente. Assim o é com todas as coisas e todas as coisas tem um nome.

   Antes de fechar o parêntese posso afirmar que, nesse sentido, temos conceitos objetivos e conceitos subjetivos. Conceito objetivo vem do objeto corpóreo, físico, o objeto físico se auto define, você extrai as informações do objeto físico através dos seus órgãos sensoriais, através do seus cinco sentidos básicos. Conceito subjetivo, neste sentido, vem de “sujeito”, tem muito do sujeito ao significar e/ou definir o objeto incorpóreo, não físico, pois não temos como extrair fisicamente as informações de um objeto incorpóreo.

   Linguisticamente falando, a esmagadora maioria dos signos, palavras, verbetes, etc, da Língua Portuguesa - e eu acredito que de qualquer língua - são, neste sentido, conceitos subjetivos. Por exemplo, verbos. Um verbo representa uma ação. O verbo correr é um signo. Significado: movimentar-se com velocidade. Referente: você está correndo na rua; e você sabe que não existe um objeto físico com esse nome correr. Fecha parêntese.

   Darei um exemplo simples, ingênuo até, da auto-evidência dos Princípios. Imaginemos o “seu João”. O seu João tem 50 anos de idade, viveu e vive na colônia, na roça, seu João não tem estudo, não sabe ler nem escrever, não sabe sequer assinar o próprio nome, é o que se chama de analfabeto completo. Vou até o lugar onde seu João vive e digo: “Seu João, vim aqui lhe explicar os Princípios da Lógica Formal.” Talvez neste momento seu João não entenderá do que estou falando, mas daí pego uma pedrinha do chão, levanto-a na mão e digo: “Esta pedra é esta pedra, este é o Princípio de Identidade”. Provavelmente seu João, após alguns segundos pensando confundido pela obviedade da afirmação, responderá: “Mas isso é claro, essa pedra vai ser o quê... uma árvore?”

   Com esta simples resposta “seu João” elucidou os três Princípios. Ele disse que a pedra é o que ela é, ele disse que a pedra não pode ser o que ela não é, e disse que um intermediário está excluído, a pedra não pode ser a árvore. Até uma criança sabe disso. Aliás, o enunciado em si é óbvio. “Esta pedra é esta pedra”. Confunde-se pela simplicidade. Aí está a auto-evidência dos Princípios. Não precisamos nem explicar. Até uma criança percebe isso.

   Talvez o leitor esteja pensando agora: “Mas o autor está explicando a auto-evidência dos Princípios, então precisa explicar.” Porém, não estou explicando, somente estou lembrando ao leitor, pois todos nascemos sabendo disso. Vem da observação da realidade. E a frase "antes não precisa ter nem mesmo uma explicação em palavras" não significa que não possa ter uma explicação em palavras, aliás, tanto pode como tem, mas não se faz necessária... ou não deveria ser necessário explicar.

   Estes três Princípios Básicos devem ser levados em conta sempre em conjunto, pois um decorre do outro. Estes três Princípios são umas das poucas coisas em Filosofia, vamos por assim dizer, que não há mais discussões em torno disso. O leitor pode fazer de seu objetivo de vida destruir esses Princípios. Seja feliz, mas não conseguirá. Caras muito mais sabidos do que nós, há séculos, já tentaram destruí-los e não conseguiram; pelo contrário, somente confirmaram a auto-evidência. A auto-evidência pode ser também, neste sentido, o tal do a priori do ilógico Kant: "o tempo, o espaço e a causalidade residem a priori em nossa consciência e podem ser encontrados e conhecidos partindo-se do sujeito, sem o conhecimento do objeto". Antes do sujeito Kant, a priori do objeto Kant não existia nada (nem consciência) e a posteriori do objeto Kant o verbo se fez burrice.

   Mas vamos a exemplos, referentes. Aliás, estabeleço aqui uma diferença simples entre “exemplo” e “referente”. Exemplo: “tudo que pode ou deve ser imitado; modelo”. Referente, neste sentido: “relativo a, que diz respeito a”. Não confunda aqui com “referente, o que a coisa é” de signo, significado e referente. São apenas sentidos diferentes do signo “referente”. Sempre lembrando que a Linguagem não é somente palavras.

   No sentido que estou falando, todo referente é um exemplo, mas nem todo exemplo é um referente. Eu posso usar um referente, alguma coisa que aconteceu ou está acontecendo, como exemplo; ou posso formular um exemplo saído da minha cabeça.

   O problema do exemplo é esse: quando o exemplo é mal formulado ele confundirá em relação ao que se disse anteriormente, ao que se está tentando explicar. Usando um referente, uma coisa, ação, palavras que alguém disse, um fato que aconteceu na realidade, etc, evita-se um pouco que o exemplo confunda.

   Mas vamos a um referente. Autores que escrevem: “Educação é um ato político”. Percebe-se claramente que tal autor está ferindo os Princípios da Lógica Formal. Ele está dizendo que Educação é o não-ele, ato político. Caso tal autor escrevesse: “Educação engloba a política ou os atos políticos”, aí teria mais clareza e não estaria ferindo os Princípios, não estaria sendo ilógico.

   E certos autores ainda usam o imperativo categórico de Kant no seu estilo de escrita: "Não é demais repetir aqui essa afirmação, ainda recusada por muita gente, apesar de sua obviedade, a educação é um ato político".

   Este é o imperativo categórico de Kant: eu afirmo uma coisa completamente ilógica e não preciso dar explicações, não preciso justificar; simplesmente digo "é isso". Porém, tem coisas na vida que não são auto-evidentes, precisamos explicar, provar e não simplesmente dizer que é óbvio porque é óbvio. A auto-evidência de certas coisas está nestas coisas mesmas e na percepção de cada ser humano ao observar. O ser humano nasce dotado de senso das proporções ou, grosso modo, discernimento, e quando se destrói esse senso das proporções no raciocínio, as pessoas perdem a Razão.

   Quando se usa a forma “é” (indicativo do presente do verbo ser) geralmente o que vem depois considera-se um significado e/ou uma definição. Caso eu escrever: Lápis é Liberdade; estou dizendo que o ele é o não-ele, estou sendo ilógico, estou confundindo a mente dos leitores. Lembrando que os Princípios servem tanto para coisas corpóreas como para coisas incorpóreas. Escrever que "educação é um ato político" é a mesma coisa que escrever "céu é uma poça d'água".

   Eu posso discorrer mais referentes desse naipe tirados de autores famosos, inúmeros, infindáveis até, mas não se faz necessário, somente cito: "lutas de classes", "desvelamento do ser" e por aí vai. Deixo ao leitor que, a partir de agora, pode se utilizar dos Princípios para interpretar textos de forma mais correta e, por que não, para ter um melhor entendimento da vida.

domingo, 16 de maio de 2021

Raciocínio Metonímico

   “Raciocínio Metonímico” é uma das expressões utilizadas pelo Filósofo e Escritor Olavo de Carvalho. Ele não inventou isso, mas observou na realidade tal fenômeno; característica de todo bom autor: observar a realidade e escrever sobre ela; e não o contrário: adivinhar coisas e escrever sobre elas desejando que a realidade se adapte à insanidade da sua cabeça.

   Começarei, como sempre, analisando primeiro a Linguagem (gramática, linguística, língua, palavra falada, palavra escrita, etc; todas as partes que compõe este todo, esta coisa chamada Linguagem).

   Raciocínio, no significado do dicionário: “fazer uso da razão para estabelecer relações entre (coisas e fatos), para entender, calcular, deduzir, julgar (algo); refletir”. Porém, raciocínio também é a concatenação lógica de pensamentos, um pensamento organizado logicamente após o outro. E a gente expressa nossos pensamentos e raciocínios através da palavra falada e da palavra escrita. Quantitativamente o ser humano se comunica bem mais através da palavra falada e da palavra escrita. O ser humano se comunica também por músicas, filmes, obras de arte, mímica, etc, mas comunica-se muito mais falando e escrevendo. A importância da Linguagem.

   Um exemplo. A frase: “Nunca ouvi falar, mas não tem cabimento”. Tanto faz na palavra falada ou na palavra escrita essa frase não tem raciocínio (concatenação de pensamentos). São somente dois pensamentos em forma de duas orações, a primeira "Nunca ouvi falar", a segunda, oração adversativa, "mas não tem cabimento, as duas juntas compõem a frase, mas a segunda oração (mas não tem cabimento) não “bate”, não “fecha” com a primeira (nunca ouvi falar). A pessoa está admitindo que nunca ouviu falar do assunto e, logo após, diz que não tem cabimento. Ora, você está admitindo que nunca ouviu falar, que não tem conhecimento do assunto, então como é possível chegar à conclusão de que não tem cabimento? É impossível!

   Mesmo que eu respondesse: “Nunca ouvi falar, mas tem cabimento” daria na mesma estupidez. Veja bem, eu mesmo estou admitindo que não tenho conhecimento do assunto, então é impossível eu chegar a qualquer conclusão que seja. Quem fala desta maneira é burro(a), não percebe que é burro(a) e se acha o gostosão (ou a gostosona). O correto seria responder: “Nunca ouvi falar, mas vou pesquisar, informar-me sobre o assunto”, aí temos um raciocínio (concatenação de pensamentos) e o expressamos de forma correta na linguagem. É a parte analítico-lógica que nos leva ao entendimento do que a coisa é (referente).

   Na parte gramatical; temos ortografia, sintaxe e semântica. Não me estenderei, mas seguindo no exemplo acima vemos que a frase "Nunca ouvi falar, mas não tem cabimento" tem ortografia correta, tem sintaxe correta, mas não tem semântica, entendimento. Semântica, neste sentido, confunde-se com o referente, com a parte analítico-lógica.

   Metonímia, no dicionário: “figura de retórica que consiste no uso de uma palavra fora do seu contexto semântico normal, por ter uma significação que tenha relação objetiva, de contiguidade, material ou conceitual, com o conteúdo ou o referente ocasionalmente pensado”. Metonímia também é trocar uma ou mais palavras por outra(s) desde que entre essas palavras tenha uma relação de semelhança ao que a coisa é, ao referente. Signo, significado (e vários sentidos) e referente. Exemplo: “O cara lá está montado no ouro”. Você quis dizer que o cara lá é rico, tem dinheiro. Você trocou a palavra dinheiro pela palavra ouro, mas há uma relação de semelhança ao que a coisa é: ouro-dinheiro-riqueza. Outro exemplo: “Bebi uma garrafa de cachaça”. Você quis dizer que bebeu a cachaça da garrafa. Você não pegou o vasilhame de vidro ou plástico, moeu, misturou com o líquido e bebeu.

   Porém, até aí tudo bem, é entendível. São figuras de linguagem, mas por serem figuras de linguagem devem ser utilizadas com cuidado, com parcimônia, com economia. São recursos estilísticos da palavra falada e da palavra escrita. Caso você utilize muito figuras de linguagem na sua palavra falada ou escrita incorre-se no Raciocínio Metonímico. Você começa a trocar as palavras, troca o significado, troca o sentido e troca o conceito da coisa por palavras. Daí vem a confusão mental e você emburrece. Exemplo: trocar a palavra dinheiro pela palavra ouro; você repete muito isso e começa a pensar que ouro e dinheiro são a mesma coisa, mas na realidade você sabe que não são. Imaginem isso com várias palavras e expressões na mente de uma pessoa. É desta confusão mental que se fala.

   O problema de trocar conceitos por palavras é justamente este: confusão mental, emburrecimento. Arthur Schopenhauer em “Sobre a Quadrúplice Raiz do Princípio de Razão Suficiente” explicitou muito bem o problema de se trocar conceitos por palavras.

   Hugo Von Hofmannsthal, escritor austríaco, em seu livro Idéias Austríacas, Discursos e Ensaios, cunhou a frase: "Nada está na real política de uma nação que antes não esteja na literatura". Parafraseando Hugo Von Hofmannsthal: “Nada está na cultura de uma nação que antes não esteja na literatura”. Esta frase expressa, de certa maneira, o fenômeno do Raciocínio Metonímico. Contudo, ao chegar na linguagem da população os conceitos podem se perder em relação à linguagem do autor.

   Conceito é, grosso modo, aquela imagem mental abstrata que está na cabeça de quem está pensando, o ser humano. Ao externarmos um conceito em palavra falada ou escrita temos o significado em palavras, mas “por trás” sempre temos o conceito. Esvaziando-se a palavra de significado e de sentido, esvaziamos de conceito, trocamos conceitos por palavras. Pode acontecer de uma palavra virar um xingamento, mesmo não sendo. Todo escritor, com o tempo, passa a escrever de uma forma um pouco mais rebuscada, passa a utilizar palavras que não são coloquiais (as tais "palavras difíceis" que o Brasileiro gosta de repetir à boca cheia porque não sabe seu significado) e isso é natural, pois vai se ampliando o vocabulário e começa-se a utilizar as palavras certas nos lugares certos, porém, o(a) iletrada(o) quando as lê, interpreta de modo errado porque trocando as palavras ditas rebuscadas por palavras mais simples pode perder o entendimento, trocar o conceito. Aliás, "palavra difícil" não existe, o que existe são somente palavras cujo significado você não conhece porque é burro(a) e/ou soberba(o) demais para olhar num dicionário ou perguntar para alguém.

   Vou agora analisar outra figura de linguagem muito utilizada, o Eufemismo. Eufemismo é “palavra, locução ou acepção mais agradável, de que se lança mão para suavizar ou minimizar o peso conotador de outra palavra, locução ou acepção menos agradável, mais grosseira ou mesmo tabuística”. Exemplo: “O cara lá está faltando com a verdade”. Eu minimizei a gravidade da mentira contada pelo cara lá. E troquei as palavras "estar mentindo" por "estar faltando com a verdade". Vemos que o eufemismo, nesse sentido, está dentro da metonímia, é uma espécie da metonímia. Eu troquei as palavras “estar mentindo” por “estar faltando com a verdade”. Metonímia e eufemismo, enquanto figuras de linguagem, diferem em relação ao objetivo de cada uma.

   Temos também a Sinonímia: “qualidade das palavras sinônimas; relação de sentido entre dois vocábulos que têm significação muito próxima”. A sinonímia, ainda que não seja propriamente uma figura de linguagem, é também uma espécie da metonímia. Eu troco um sinônimo pelo outro. E pode acontecer que, pela semelhança das palavras ou pela semelhança do que a coisa é eu posso atribuir falsamente uma relação de sinonímia entre duas palavras que não são sinônimos: dinheiro por ouro. E mesmo duas palavras sendo sinônimas, ainda assim, cada uma delas carrega em si seu próprio significado e, a partir daí, o sentido de cada uma delas é diferente. O significado sempre é genérico e cada signo tem seu significado em palavras e, ao mesmo tempo, tem vários sentidos os quais podemos empregar cada palavra. Em qualquer dicionário vemos isso claramente.

   A base do Raciocínio Metonímico é a falta de conhecimento da linguagem e da língua e também é a repetição constante de tais palavras e/ou expressões.

   Grosso modo, Raciocínio Metonímico é essa trocança de palavras e expressões onde perde-se e/ou bagunça-se o referente. Não se sabe do que se está falando, distancia-se da realidade, o raciocínio fica subjetivo ao extremo. E, como se sabe, a Linguagem é subjetiva em si. Não tem como eliminar por completo a subjetividade da linguagem, mas por isso mesmo é preciso falar e escrever com clareza para diminuir ao máximo essa subjetividade.

   De acordo com Aristóteles e outros autores, temos os “nomes das coisas”. Isto veio da observação da realidade: todas as coisas têm um nome. E atrelado ao nome da coisa está o significado em palavras, seus sentidos e seu conceito. Exemplo simples: “Você tem um lápis aí?” De qual lápis estou falando? Ao mesmo tempo de nenhum lápis em específico e ao mesmo tempo do lápis que meu interlocutor tiver. Esta é a subjetividade da linguagem.

   Seguindo no mesmo exemplo, mas analisando por outro lado. Caso eu pegar um lápis na mão e perguntar: “O que é isto?” Provavelmente vocês responderão: “É um lápis”. Porém, eu não perguntei o nome desta coisa, perguntei o que é isto, o que é esta coisa chamada lápis? Para responder, vocês, provavelmente, terão que descrever e/ou definir esta coisa chamada lápis: um objeto físico com um bastão de grafite envolto por uma camada de madeira e serve para rabiscar, escrever e desenhar no papel. Aí está o significado genérico de lápis. Todos os lápis com grafite e madeira são assim. No meio disso você sabe que existem outros vários tipos de lápis. Caso eu falar de um lápis em específico aí estarei dando a definição dele com seu respectivo tamanho, sua respectiva cor, etc. As categorias com seus acidentes, predicados, atributos. Parte-se desta base. E base, neste sentido, significa que não é tudo, tem mais coisas em cima, mas é o início do raciocínio.

   Existem palavras (signos) que não tem um referente físico, são as coisas incorpóreas. Exemplos: liberdade, igualdade, fraternidade, etc. A esmagadora maioria das palavras (verbetes, signos) da Língua Portuguesa - e eu acredito que na maioria das línguas é assim - são, neste sentido, conceitos subjetivos. Subjetivo, neste caso, vem de “sujeito”, há muito do sujeito ao significar e/ou definir o conceito em palavras, o objeto é incorpóreo. Conceito objetivo, neste sentido, vem de objeto físico, corpóreo. O objeto físico se auto define, você extrai as informações físicas do objeto físico, o que é óbvio. Verbos, por exemplo, correr; "correr" é o signo cujo significado é "movimentar-se com velocidade" e seu referente é o que a coisa é na realidade: você vê alguém correndo na rua ou você mesmo está correndo. Toda palavra é um signo, mas nem todo signo é uma palavra. Um signo pode ser um gosto, um cheiro, uma cor, uma imagem, etc.

   Signo é uma coisa que simboliza outra coisa ou várias outras coisas, pois um mesmo signo pode ter um ou vários simbolismos associados a ele.

   Significado é significar um signo através de outros signos. No caso da Linguagem, significado é dizer o que é uma palavra através de outras palavras. O significado nem sempre reflete com exatidão o referente, pois todo significado é genérico. E dentro do significado temos os vários sentidos nos quais uma palavra pode ser empregada.

   Referente é o que a coisa é na realidade. Para sabermos o referente de um signo devemos raciocinar com os particulares e o geral (as partes que compõem o todo, as variáveis e constantes, etc).

   A língua é uma convenção e mesmo nos conceitos subjetivos expressados em palavras temos que evitar aumentar esta subjetividade senão cairemos no Raciocínio Metonímico. E pode acontecer que nos distanciaremos até da realidade física.

   Mentalmente, como esquema mental, temos pensamento, raciocínio, linguagem e comportamento. Mudando qualquer uma dessas coisas, muda-se automaticamente as outras. A mais fácil de mudar é a Linguagem. Numa sociedade leva-se tempo para mudar a Linguagem, mas mudando-a, muda-se as outras coisas.

   Nós, seres humanos, pensamos e/ou raciocinamos muito mais quantitativamente em palavras (signos). Pensamos e raciocinamos também por outras formas, conceitos, imagens, etc. Mas quantitativamente muito mais em palavras. E as palavras fazem parte da Linguagem. Exemplo: quando você está na aula com o professor ele está “dando aula”. Esse “dar aula” nada mais é do que ele estar falando, está introduzindo novos signos (palavras) na sua vida. Signo, significado (e vários sentidos) e referente.

   Então mudando-se a Linguagem, muda-se o pensamento e o raciocínio e, por conseguinte, muda-se o comportamento da sociedade. E podemos mudar tanto para melhor quanto para pior. Mudando a Linguagem para pior emburrece-se a sociedade como um todo. Terminamos falando a mesma Língua, mas não falamos a mesma Linguagem. Troca-se significados, sentidos e conceitos por palavras e a Linguagem não é somente palavras.

   Toda esta confusão na sociedade vem do Raciocínio Metonímico, esta trocança brutal e constante de significados, sentidos, conceitos que leva à perda do referente, leva à uma “fuga da realidade”. “Fuga da realidade”, neste sentido, é a confusão mental da qual mencionei antes. Essa falta de entendimento até nos diálogos mais simples da sociedade. Em diálogos um pouco mais complexos torna-se muito difícil ter um entendimento entre as pessoas, pois falam a mesma língua, mas não falam a mesma linguagem.

   E, como já foi dito, a Língua é uma convenção e você tem que aceitar isso. Não podemos ficar trocando os signos, os significados e os sentidos, isso leva à perda do referente, a um distanciamento da realidade.

   O nome deste objeto físico é lápis e você quer mudar isso por quê? Está convencionado que é lápis e tem um significado, vários sentidos e seu referente.

   Essa mudança constante e rápida da língua emburrece as pessoas na sociedade, muda o pensamento e o raciocínio e o comportamento. Nós nos comportamos, basicamente, de acordo com aquilo que pensamos e raciocinamos. Óbvio é que temos o comportamento em grupo e o comportamento individual, mas de qualquer maneira nos comportamos de acordo com nossos pensamentos e raciocínios, de acordo com aquilo que temos na cabeça.

   Essa trocança constante das palavras da linguagem causa emburrecimento, causa aversão ao conhecimento, causa perda do senso das proporções (falta de discernimento entre as coisas). Confunde-se Classificação com Relação com Comparação, etc, fica-se numa "pasta mental".

   Porém, vejam bem, "raciocínio metonímico" em si não é de todo errado, pois de uma maneira ou de outra sempre estamos sujeitos a trocar as palavras, muitas vezes até sem querer, por sinonímia. Outras vezes é necessário usar o raciocínio metonímico para explicar um conceito complicado com palavras simples, mas sem alterar o conceito e isso requer estudo e habilidade. O problema é quando vai se trocando as palavras sem saber o significado, os sentidos e o referente, o que a coisa é, a realidade.

   Para solucionar isso basta você ler, informar-se, comece por entender o significado e os sentidos dos signos (no caso, palavras). Sabendo o significado e os sentidos você estará apto a entender o referente.

   Exemplo; pessoas que falam: “Eu falo como eu quero”. Basta perguntar para essa pessoa: “Foi você quem inventou estas palavras: eu, falo, como, eu e quero?” Não foi, né? Caso você queira falar como você quer, então invente sua própria língua. Porém, a partir daí você não se entenderá com mais ninguém na sociedade.

   Pois é, imaginem cada indivíduo numa sociedade falando sua própria língua inventada por ele mesmo. E falar a mesma língua, mas não falar a mesma linguagem resulta quase no mesmo: confusão mental, Raciocínio Metonímico.

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terça-feira, 11 de maio de 2021

Sciênçia

   A ciência como a conhecemos hoje é um simulacro de religião na qual os cientistas são os profetas. É baseada única e exclusivamente na crença. Os cientistas e seus seguidores são os crentes fundamentalistas.

   Dou um exemplo real: as pessoas consomem remédios, vacinas, etc, da mesma maneira que consomem hóstias, sem saber o que tem dentro. E ainda comentam, até discutem dentro ou fora do templo chamado laboratório ou farmácia qual remédio é melhor, genérico ou de marca, qual laboratório é melhor e por aí vai. Porém, existe uma grande diferença entre comer uma hóstia e tomar uma vacina.

   Os "especialistas" e  "cientistas" tem alcance na grande propaganda (aquilo que chamam de grande mídia) e sua palavra vira dogma, transforma-se em doutrina na qual as pessoas acreditam bovinamente e quem não acredita é chamado de “fundamentalista” ou de herege... ops, é chamado de negacionista. Isso tem a ver pura e simplesmente com crença. A Sciênçia atualmente é uma seita, um culto.

   Vamos analisar crença, crença religiosa e ciência. São coisas distintas, diferentes entre si, mas estão interligadas.

   Crença: estado, processo mental ou atitude de quem acredita em pessoa ou coisa; é aquilo em que você acredita. Simples assim. Você acredita que este texto diante dos seus olhos existe, como de fato existe. Isto também é crença. Simples assim. Porém, você tem a comprovação dos seus sentidos, da sua percepção. Você não acredita que este texto existe simplesmente porque eu estou dizendo que ele existe. Este texto, após você o ler, fará um bem enorme para você... acreditou nisso simplesmente porque estou dizendo?

   Ou você, leitor, terminará o texto e somente depois julgará se lhe fez bem ou não?

   A ciência atualmente virou crença no sentido pejorativo. A mais baixa das crenças, nem crença religiosa é.

   Crença religiosa: refere-se aos dogmas e doutrinas de cada religião. Para você ter uma crença religiosa você deve obrigatoriamente conhecer os dogmas e doutrinas da sua religião para então acreditar neles, senão é uma crença pura e simples.

   E o que é Ciência?

   Vamos analisar. Começo no sentido do dicionário, qualquer dicionário: conhecimento atento e aprofundado de algo. No sentido etimológico: lat. scientìa,ae “conhecimento, saber, ciência, arte, habilidade”. Ciência também pode ser, basicamente, estar ciente das coisas, ter conhecimento e raciocínio. Ciência, em um outro sentido, é o entendimento do comportamento da realidade com tudo o que compõe a realidade: o mundo físico e a realidade das palavras.

   Exemplo de Ciência: a cozinha da sua casa é um laboratório científico. Quando você está cozinhando uma sopa, por exemplo, ou fazendo um bolo, você está praticando Ciência. Você está lidando com variáveis e constantes, está lidando com tecnologia, está fazendo experimentação, anotando dados, confrontando hipóteses, etc. Outro exemplo: fazer um churrasco com lenha é um tipo de tecnologia, churrasco com carvão é outra tecnologia, churrasco no fogão a gás ou forno elétrico já é uma tecnologia mais avançada em relação à lenha e ao carvão, mas a Ciência é a mesma: você está assando a carne através do calor. Não confunda Ciência com Tecnologia.

   O Grande Colisor de Hádrons (aquele laboratório em forma de túnel com 27 km de circunferência a 175 metros abaixo do nível do solo) é um laboratório científico tanto quanto a cozinha da sua casa. Óbvio que a tecnologia do GCH é “um pouquinho” mais avançada do que a sua cozinha, mas tanto em um como na outra pratica-se Ciência. Cada qual com a sua tecnologia. Da Ciência resultam novas tecnologias.

   Nunca estive fisicamente no GCH, mas acredito que ele exista, esta é uma crença minha. Já a cozinha aqui de casa, para eu, não é uma questão de crença.

   Não falarei aqui dos tais métodos científicos, pois existem inúmeros bem como existem inúmeros dogmas e doutrinas de cada religião.

   A Ciência foi contaminada pela falta de moral e transformou-se em sciênçia. E foi contaminada pela falta de moral porque separaram Ciência daquilo que chamam de Religião e daí criaram inúmeras religiões e depois vieram inúmeras ciências, mas o básico foi completamente perdido: cada indivíduo deve estar ciente das coisas e deve praticar Ciência e ter a sua Religião.

   Religião: crença na existência de um poder ou princípio superior, sobrenatural, do qual depende o destino do ser humano e ao qual se deve respeito e obediência; sistema de doutrinas e dogmas segundo uma determinada concepção. Adoto aqui também “religião” no sentido de religar com Deus.

   Vemos que Ciência e Religião são inseparáveis na realidade, pois tanto uma quanto a outra dependem, na sua base, da crença.

   Você pode ser um cientista ateu, mas esta é a sua crença: você acredita que Deus não existe, é nisto que você acredita. A partir daí a ciência passa a ser sua “religião” à qual você não chama de religião, chama de sciênçia e, por conseguinte, começa a sair da realidade das palavras.

   Deus existe ou não?

   Não sei, mas pelo menos eu levo em consideração as duas hipóteses; e nós dois, eu e você, não temos condições, nem científicas, de provar se Deus existe ou não existe. Por levar em consideração as duas hipóteses tenho mais Ciência do que você. E não preciso provar que Deus existe ou não; somente preciso provar que eu acredito em Deus.

   É uma questão de fé. E fé engloba Crença, Crença Religiosa e Ciência.