Hoje verei o “óbvio”. Como sempre começarei pelo dicionário: “fácil de descobrir, de ver, de entender; que salta à vista; manifesto, claro, patente; evidente”.
O Brasileiro atualmente tem uma dificuldade muito grande de
enxergar o óbvio. Demora dias, semanas, meses, anos para perceber uma coisa que
deveria perceber na hora. Parece-me que o Brasileiro perdeu o raciocínio e não
consegue mais sequer ver as coisas evidentes e isso leva à insegurança pessoal,
fraqueza de caráter.
Como bem disse Santo Tomás de Aquino “o bem vem da razão”; e a razão aqui é no sentido de raciocínio,
concatenação lógica de pensamentos. Quantas vezes na sua vida você fez merda e
depois disse: “é que eu não estava pensando direito”. Talvez não estivesse
vendo o óbvio e não estava vendo o óbvio porque não estava prestando atenção na
situação ou nas palavras das outras pessoas.
O Brasileiro está sempre tentando adivinhar o sentido oculto
das palavras dos outros; e responde ao outro em cima dessa adivinhação. E o
outro faz o mesmo processo. O resultado é uma conversa de doido onde os dois
não estão falando da mesma coisa. Um está falando de banana e o outro de
laranja, mas por serem frutas os dois acreditam que estão falando da mesma
coisa. Conversa de doido.
Ferem os princípios da lógica: identidade, não contradição e
terceiro excluído. Na cabeça de cada um pensam que banana é laranja, que
laranja é banana, mas na realidade sabem que banana é diferente de laranja e
isso resulta em dissonância cognitiva, confusão mental... resulta nessa pasta mental que fica entre a realidade
física e a percepção da realidade. Sabem que banana é diferente de laranja, mas
quando um fala em banana o outro
responde laranja e ainda insiste
dizendo: “mas é fruta do mesmo jeito”.
Já exemplifiquei em outro texto com a liberação da maconha; onde sempre tem um, ou vários, que responde(m)
de imediato: “mas o álcool e o cigarro são drogas e também são liberados”.
Banana, laranja = frutas. Maconha, álcool, cigarro = drogas... então é tudo a mesma coisa. Não percebem
o óbvio e por não perceberem o óbvio a conversa se torna ilógica de imediato.
Um diálogo inicia quando uma pessoa fala alguma coisa para outra.
Esta é a realidade. Neste momento, o interlocutor tem praticamente duas opções:
dizer que não está afim de conversar sobre o assunto ou responder de forma
lógica sem sair do assunto e do objeto do assunto. Tudo no mundo, grosso modo,
tem um assunto e um objeto do assunto. Assunto: Frutas; objeto do assunto: Banana.
O objeto do assunto é o que se chama de tema
também. Em um diálogo os interlocutores vão tema a tema, objeto de assunto a
objeto de assunto, e devem deixar bem claro quando passam de um tema para outro
dentro do mesmo assunto. Caso não houver esta clareza corre-se o risco de
relativizar a conversa, o diálogo, o debate, etc.
- Estou falando de maconha e você me responde com álcool e
cigarro? Fugiu do objeto do assunto, fugiu do tema, relativizou. Você está
confundindo classificação com relação. Você já não percebe mais o
óbvio, você está burro!
Classificação e relação. É importante entendermos estes dois
conceitos. Lembrando que conceito é uma imagem mental abstrata. Podemos
significar e/ou definir conceitos através de palavras. Classificação (signo) é
a distribuição por classes (significado) e tem vários sentidos que não fogem do
significado genérico. Porém, classificação
também é uma convenção feita pelo ser humano, uma taxonomia que, neste sentido,
é um sinônimo de classificação. Relação
é ato de relatar, relato, informação, descrição. Porém, relação aqui emprego no sentido de vinculação, conexão, relação
entre as coisas.
Toda classificação
é, neste sentido, uma convenção, porém, esta convenção surge, muitas vezes, ao
natural através da relação entre as coisas e entre os nomes das coisas. Toda
relação, neste sentido, é natural. Vamos tomar como exemplo a categoria de
relação de Aristóteles: dobro, metade. Percebam que há uma relação que surge
naturalmente. Alguma coisa é o dobro ou a metade de outra. Estão relacionadas
naturalmente, por exemplo: o número dois é o dobro de quê?
Ora, não posso responder: “é o dobro de nada ou é o dobro
dele mesmo! ” Sabemos que dois é o dobro de um, está convencionado. Então um e
dois estão relacionados nessa categoria e isto surge naturalmente. Mas um e dois
são coisas diferentes entre si.
Toda relação é natural, você observa na realidade; passou
disso chama-se relativização porque
você está inventando relações que não existem na realidade. Kant, Hegel e
outros que o digam, foram campeões da relativização, da subjetividade.
Temos comparação
também. Você compara duas coisas fazendo relações entre elas; ou relaciona duas
coisas fazendo comparações entre elas; tanto faz. E dessa comparação e/ou
relação surgem as diferenças e as semelhanças entre as coisas. Esta é a
realidade.
Banana e laranja. São frutas, mas cada uma tem sua cor, seu
gosto, seu formato, seu cheiro, seu tamanho, as substâncias que compõem cada
uma, etc; são coisas diferente entre si. Cada uma tem a sua identidade
(princípio da lógica). Eu posso relacionar gosto a gosto, tamanho a tamanho,
etc; mas não posso relacionar e/ou comparar coisa a coisa, banana diretamente
com laranja. O fato de serem frutas é somente uma classificação, uma taxonomia
convencionada pelo ser humano. O ser humano poderia ter classificado como
minérios e hoje você estaria chamando banana e laranja de minérios em vez de frutas.
Eu posso relacionar o efeito da maconha com o efeito do álcool posto que estou
comparando seus efeitos, mas se eu comparar e/ou relacionar as coisas, maconha
e álcool diretamente, estarei sendo ilógico.
Caso eu falar em Liberdade
você não responderá: “Mas a Esperança
também é um conceito subjetivo e também é um sentimento”. Então porque ao falar
de liberação da maconha você responde: “Mas o álcool e o cigarro são drogas e
também são liberados”!
Eu posso relacionar e/ou comparar os acidentes, os
predicados, as características, os atributos, etc; essa coisa toda de
Aristóteles. Aliás, esse cara, Aristóteles, quando o assunto é analítico-lógico
ele vive se enfiando na conversa dos outros.
Quando se compara e/ou se relaciona duas coisas percebe-se
as diferenças e semelhanças. A comparação
geralmente é quantitativa e/ou qualitativa. A relação geralmente, como já foi dito, é entre os acidentes, os
atributos, as características, etc. Grosso modo, na comparação vemos a diferença e na relação vemos a semelhança.
Tudo isto que foi falado anteriormente é o óbvio e
influencia no raciocínio, na inteligência. Lembrando que tudo o que falamos e
escrevemos são nossos pensamentos e raciocínios materializados fisicamente. A palavra
falada se materializa nas ondas sonoras que se transmitem pelo ar; a palavra escrita
na tinta no papel, na tela do computador, etc. Por isso você não pode estropiar
as palavras. Tudo o que você fala e escreve são seus pensamentos e raciocínios
materializados, você está demonstrando para as outras pessoas se você é burro
ou não através do seu modo de se expressar. E não há como esconder isso. O
Brasileiro é que não percebe mais pelas palavras do outro que esse outro é
burro. E que esse outro pode ser você, leitor.
Conversas ilógicas sempre terminam em brigas de egos,
picuinhas, superficialidades, conversa de doido. Muitas vezes explica-se alguma
coisa, desenha-se e explica-se o desenho da explicação e o interlocutor
responde: “Mas isso é óbvio, eu já sabia disso”; ou responde “Isso é óbvio,
está achando que sou burro?”
Mas não percebe que somente viu que era óbvio porque o outro
explicou. Não percebeu que, por conta, não conseguiu ver que era óbvio. Desse
tipo de burrice vem a ingratidão. Esse é o tipo de burrice que leva à canalhice
que leva ao autoritarismo. No meio dessa burrice, canalhice e autoritarismo
temos a ilogicidade do pensamento e do raciocínio que se exprime em palavras.
Os ministros do STF que o digam, são todos assim.
Decai a inteligência decai a moral e vice-versa, uma vem de
arrasto da outra, não importa qual decai primeiro. O óbvio está ligado ao bom
senso, um resulta do outro. Parte-se do óbvio, do evidente, para um pensamento
e um raciocínio mais complexo, mas se não consegue mais perceber o óbvio não
conseguirá ter um raciocínio mais complexo. E o óbvio, basicamente, consegue-se
observando a realidade; o bom senso vem da observação da realidade, da
observação das situações e suas circunstâncias.
Quando você não presta atenção na situação ou nas palavras
das outras pessoas você não consegue entender nada. Ninguém lê pensamentos,
somente o que nós temos são as palavras: faladas ou escritas. A partir dessa
falta de atenção vem o desequilíbrio entre razão
e emoção, vem a falta de raciocínio,
vem a reação pela emoção que as palavras e as coisas causam.
Razão no sentido
de raciocínio e Emoção no sentido de
emoções em si, sentimentos, desejos, vontades, sensações, intenções, etc, a
parte psicológica do ser humano. O ser humano é um ser Racional E um ser Emocional. Não tem como
separar a razão da emoção dentro de uma pessoa, mas tem como causar um
desequilíbrio. Perdendo o raciocínio as pessoas passam a reagir pela emoção que
as palavras e as coisas causam nelas, vira tudo xingamento ilógico. Passam a
não querer saber mais de nada, não querem mais aprender coisa alguma de útil.
Transformam-se em interesseiros que querem somente fama e dinheiro.
Confundem inteligência com astúcia maligna. Astúcia maligna
é a caricatura satânica da inteligência. A inteligência é ligada ao bem, o belo
e a verdade. No Brasil a pessoa que tem fama e/ou dinheiro todos julgam que é
inteligente e esquecem como essa pessoa chegou lá, aliás, nem se perguntam
isso. Tendo fama o/a vivente torna-se automaticamente um “formador de opinião”
e a massa de seguidores vai de atrás bovinamente sem raciocinar e repetindo como um papagaio o que essa criatura
fala. O termo “gado” vem de gado bovino, gado equino, gado suíno, etc. No caso,
o tal formador de opinião é o sinuelo. Sinuelo é aquele gado que vai na frente
e quando o vaqueiro muda a direção do sinuelo a maioria vai atrás. E decai a
inteligência decai a moral e vice-versa; não importa qual decai primeiro, uma
vem de arrasto da outra.
Nada contra fama e
dinheiro, mas quando decai a inteligência decai a moral e vice-versa, a partir
daí a pessoa quer subir na vida
mentindo, pisando em cima dos outros, logrando os outros, prometendo e não
cumprindo. Astúcia maligna é o jeitinho brasileiro, levar vantagem em tudo, é
essa baixeza moral toda no Brasil.
Quando se perde o raciocínio (razão), reage-se
automaticamente pela emoção e acaba virando um estado permanente de reação pela
emoção. Talvez venha daí o fato de o Brasileiro ser bastante ansioso, inseguro,
carente, depressivo. A falta de raciocínio resulta naquilo que se chama de
traumas psicológicos. Um estado emocional permanente. Repetindo o que disse
Santo Tomás de Aquino “o bem vem da razão”. A emoção é
controlada, equilibrada pela razão (raciocínio). Não tem como controlar,
equilibrar a razão pela emoção. Deixe a raiva ou o medo tomar conta de você
para ver se depois você consegue se controlar raciocinando. Aliás, muitas vezes
a raiva e o medo vem sem pedir licença, mesmo sem você deixar, invadem seu ser
porque você já perdeu o equilíbrio entre razão e emoção. Esse medo constante
chamado de insegurança leva a reações
individuais diversas, mas esta insegurança (medo constante) embota o
raciocínio. Por exemplo, você chega em casa de noite e as luzes estão apagadas.
Ao entrar na porta dá aquela sensação de medo do escuro, do desconhecido. Ao
ligar a luz essa sensação passa automaticamente. A luz é o raciocínio. O
problema acontece quando não se raciocina mais, daí o medo já não passa
automaticamente mesmo a pessoa tendo as informações corretas. Ela negará tudo o
que não estiver de acordo com o medo dela. Somente terá validade o que estiver
de acordo com o medo dela. A emoção passa a ditar o raciocínio, a pessoa
raciocina somente de acordo com o medo que ela está sentindo. E esse medo pode
se refletir numa outra pessoa, numa situação, num objeto, etc. Ela reage pela emoção
que as palavras e as coisas causam nela.
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