terça-feira, 2 de julho de 2019

Razão e Emoção

 
   Razão é, para o nosso entendimento, o intelecto, a capacidade de raciocínio - o raciocínio é a aplicação da Razão -, o senso das proporções, a capacidade de inteligência, etc. É também a capacidade de autoconhecimento que nos faz saber quando estamos sentidos e que nos permite não deixar que as emoções tomem conta. E, quando as emoções começarem a tomar conta, a Razão nos traz de volta à normalidade.
   Emoção é, para o nosso entendimento, as emoções em si, os sentimentos, as vontades, os desejos, sensações, intenções, etc; a parte psicológica do ser humano, a psiquê.
   O ser humano é formado, neste sentido, por Razão e Emoção.
   Posso definir, para o nosso entendimento, que sentimento é o ato ou efeito de sentir, aquilo que sentimos interiormente.
   Emoções são agitações dos sentimentos posto que todo sentimento é calmo.
   Faço essa distinção entre as palavras Emoção, emoção e emoções. Emoção com "E" maiúsculo, para o nosso entendimento, é o complementar da Razão e vice-versa, como veremos adiante. A Emoção engloba as emoções e os sentimentos. As "emoções" são simplesmente o plural de "emoção".
   Por exemplo, raiva é uma emoção e ódio é um sentimento. Este vem de forma calma, aquela vem de forma explosiva. A raiva vem e passa. O ódio, quando se instala no ser humano, permanece por muito tempo. A alegria é um sentimento, a euforia é uma emoção.
   Nem todo sentimento corresponde uma emoção e vice-versa, por exemplo, a raiva não é a emoção do sentimento ódio, pois a raiva necessariamente não leva ao ódio; e a alegria não é o sentimento da emoção euforia, pois a alegria não leva necessariamente à euforia. Ainda que estejam relacionados enquanto emoções e sentimentos, são coisas distintas.
   Faço esta classificação básica dos sentimentos e das emoções como método de autoconhecimento. Muitas vezes confundimos os sentimentos com as emoções e vice-versa.
   Quando estamos com raiva não significa que odiamos o objeto da nossa raiva posto que a raiva dá e passa. E quando odiamos outra pessoa, muitas vezes não ficamos com raiva dela; ou não externamos essa raiva e sequer deixamos a raiva transparecer para os outros. Este é o ódio no seu começo.
   É importante saber identificar o que estamos sentindo. Muitas vezes falamos que odiamos uma pessoa sendo que somente estamos com raiva dela. O ódio é um dos piores sentimentos, pois vem de forma calma, instala-se paulatinamente, e depois não sabemos como retirar o ódio de nós mesmos.
   Existem sentimentos bons e sentimentos ruins. As emoções são, basicamente, ruins, posto que são agitações dos sentimentos.
   Quando choramos de forma calma - sem ser um choro convulsivo, descontrolado - posso dizer que é um sentimento. Chorar copiosamente é uma emoção, por isso o correto é dizer que fulano está emocionado. É fato que existe uma linha tênue entre os sentimentos e as emoções e, às vezes, torna-se difícil saber quando estamos sentidos ou emocionados. “Sentidos” referem-se aos sentimentos e “emocionados” referem-se às emoções.
   Basicamente, as emoções são agitações dos sentimentos. Geralmente quando estamos emocionados não nos apercebemos disto, pois já ultrapassamos a linha tênue. Perdemos a Razão.
   A Razão serve para controlar os sentimentos, serve para não deixar que os sentimentos se transformem em emoções. E, ao mesmo tempo, a Razão serve para que não nos tornemos sem sentimentos. Não falo aqui somente daquela razão no sentido de estar certo ou errado, esta faz parte da Razão.
   É óbvio também que, às vezes, não conseguimos nos controlar. Porém, quando o descontrole emocional toma conta do ser humano dizemos que ciclano perdeu a Razão. E quando o descontrole sentimental toma conta de forma permanente do ser humano entramos em um processo de perda da Razão no qual passamos a reagir somente aos sentimentos e emoções que as palavras e as coisas nos causam. Não raciocinamos mais com o significado das palavras e das coisas. Simplesmente reagimos pelas emoções que, com o tempo, acarretam em reação pelo instinto. E o instinto, neste caso, é irracional. O instinto somente é válido quando é aquele impulso natural que nos faz agir com uma finalidade específica e que não está de todo independente da Razão.
   A Razão é baseada na analítica que leva à lógica e nos dá a capacidade de raciocínio necessária. A Razão baseada na analítica que leva à lógica, que nos dá a capacidade de raciocínio necessária, nos traz aquela virtude que chamamos de Prudência, Temperança, Moderação.
   A Virtude é o equilíbrio entre a Razão e a Emoção, equilíbrio este, dado pela Razão. Para chegarmos nesse equilíbrio primeiro temos de saber o que estamos sentindo. Temos de saber identificar nossos sentimentos e emoções. Temos de saber quando estamos sentidos ou emocionados. A partir daí saberemos como não ultrapassar a linha.
   A virtuosidade não é algo inalcançável. A Virtude não é algo que somente os santos possuem. A Virtude está ao alcance de todos. A "filosofia" moderna colocou a Virtude como algo inatingível. E a mitologia moderna, aquilo que chamam de "religião atualmente, corrobora a Virtude como algo místico, algo ao alcance dos “deuses” somente.
   A Razão é também um processo mental a ser praticado através do controle das vontades e dos desejos. Por exemplo, caso eu extravase minhas emoções de maneira consciente, ainda assim estarei consciente. É óbvio que, nesse processo, poderei perder o controle, poderei perder a Razão momentaneamente. Porém, não será uma perda permanente. Este exemplo aplica-se somente a pessoas adultas, maduras.
   Crianças, adolescentes e jovens quando submetidos a situações que os levam à perda da Razão (afloramento das emoções) não tem consciência do fato. O estresse causado por tais situações prejudicá-lo-ão de forma permanente.
   A lógica da qual eu falo é aquela lógica baseada na análise de um fato. Fazemos uma análise de um fato ou situação (analítica), de uma verdade, sendo que podemos chegar a uma conclusão e esta conclusão pode ter lógica ou não; caso a conclusão tenha lógica em si podemos encerrar o processo de análise ou continuar para nos aprofundarmos no assunto, estudar para entender mais. Caso a conclusão, após a análise, não tenha lógica em si se faz necessário continuar o processo de análise. A lógica é o que vem depois da analítica e sem analítica não há lógica.
   Todo argumento é lógico e toda opinião é baseada em um fato, senão não é opinião. Porém, posso construir um argumento lógico baseado num fato (verdade) ou em uma mentira. A mentira, para ser uma mentira, precisa ter lógica. Por exemplo, caso eu afirmar que esta coisa é vermelha (sendo que esta coisa é verde) todo mundo identificará a mentira, mas se eu argumentar que o espectro visível de cores depende da frequência e do comprimento de onda e depende também da espécie que vê a cor e varia muito de uma espécie animal para outra, posso aventar que a coisa é, na realidade, vermelha e que você não está enxergando o espectro real da cor.
   Outro exemplo: caso eu falar que sou negro, mesmo sendo branco, todo mundo identificará a mentira. Porém, caso se eu falar que tenho um avô por parte de mãe que era negro e uma avó por parte de pai que era negra e que fui criado dentro da cultura afro-brasileira (seja lá o que for isso) e mesmo sabendo que tenho a pele branca, posso dizer que sou negro. Isso dará lógica à mentira.
   Com os sentimentos e as emoções o processo é o mesmo. Quando mentimos para nós mesmos em relação aos nossos sentimentos e emoções estamos nos enganando. Entramos em um processo de perda da Razão no qual passamos a reagir somente às emoções que as palavras e as coisas nos causam. Não raciocinamos mais com o significado das palavras e das coisas. Simplesmente reagimos pelo instinto. E o instinto é irracional.
   Por exemplo, quando somos xingados e perguntamos a quem nos xingou o que significa esta palavra e este alguém não sabe o significado da palavra e responde que não precisa saber o significado, que basta saber que é um xingamento, eu pergunto: - Como você sabe que é um xingamento se não sabe o significado da palavra?
   Para saber que é um xingamento você precisa saber que a palavra tem um significado ruim, mas se você não sabe sequer o que significa a palavra, como sabe que é um xingamento e não um elogio?
   Aí está a lógica da verdade. Perdemos a Razão quando não sabemos o significado e o referente das coisas e das palavras. E o que se segue depois é que passamos a reagir somente à Emoção que as coisas e as palavras nos causam. A concepção zoológica da humanidade advém desse processo.
   Óbvio também é, que a lógica depende do conhecimento. Porém, para se ter Razão baseada na analítica que leva à lógica da verdade não se faz necessário ter conhecimento de todas as coisas. Basta saber reconhecer e identificar o que são sentimentos e o que são emoções em você mesmo. A partir daí você saberá reconhecer e identificar o que são sentimentos e o que são emoções nos outros.
   Por exemplo, quando você sabe distinguir entre raiva e ódio em você mesmo, saberá distinguir nos outros, pois todos somos seres humanos e temos os mesmos sentimentos e as mesmas emoções porque o ser humano é um ser racional e um ser emocional. Não há como separar um do outro.

quarta-feira, 26 de junho de 2019

Empresários e Políticos Brasileiros Burros

     Vamos falar de patriotismo e nacionalismo. Os empresários e políticos brasileiros não são nacionalistas e não são patriotas. Ainda que essas duas palavras sejam sinônimas, eles não são nenhuma das duas.
     E são burros.
     Corrompem-se, prostituem-se e vendem-se como prostitutas da ZBM (Zona do Baixo Meretrício). Peço perdão às mulheres da ZBM pela comparação. As mulheres da ZBM vendem seus corpos, mas nossos empresários e políticos vendem seus corpos e suas almas.
     E vendem o futuro da sua prole. São proletários da elite mundial. Ainda que eu não goste de colocar as coisas em termos de luta de classes; ainda assim, não há outra maneira de se fazer entender porque a burrice impera. E quando a burrice impera temos que fazer como Jesus Cristo e descer à terra da loucura para trazer um pouco de sanidade.
     Não estou me comparando a Jesus Cristo. E se alguém quiser pensar que estou me comparando a Jesus Cristo... amém, que assim seja. Atire a primeira pedra.
     Não temos uma multinacional brasileira, não temos parque industrial, não temos tecnologia, não temos sistema financeiro próprio, não temos qualidade de vida.
     Mas temos as maiores riquezas naturais do mundo e temos empresários e políticos que as vendem em troca do futuro dos seus filhos. Empresários que trabalham uma vida inteira e depois vendem os esforços do seu trabalho árduo para empresas alienígenas em troca de migalhas. Aceitam continuar de “presidente” da empresa porque a lei brasileira exige que assim seja. O presidente deve ser um brasileiro nato. Mas não passam de “laranjas”, “testas de ferro”. Quando chega a hora de escolher entre fazer lobby para a empresa ou fazer o melhor para o país no qual nasceram, eles escolhem o lobby. Lobby este que se traduz em corrupção. Vendem-se. Porque caso não se venderem, perdem a “teta”. E perdem porque são burros. Não pensam no País no qual nasceram. Não pensam que podem ser grandes.
     Não tem o mínimo de patriotismo e nacionalismo, nem sabem o que é. E os políticos seguem na mesma toada. Aceitam o lobby. Aprovam leis que os favorecem em detrimento do próprio país. São prostitutas do sistema financeiro internacional.
     Um empresário que vende sua empresa para estrangeiros não pensa no futuro dos seus filhos. Um político que aprova uma lei perniciosa para o país não pensa no futuro dos seus filhos. Uma prostituta que se prostitui, pensa no futuro dos seus filhos. Esta tem mais dignidade.
     Não temos UMA família brasileira que está entre as mais ricas do mundo. Não temos influência em âmbito mundial. Somos proletários.
     A nossa “elite” brasileira não passa de um bando de proletários burros. Acreditam que, vendendo-se, farão parte da elite mundial, da nova ordem mundial. Santa ingenuidade. E a população de arrasto nessa ingenuidade.
     Não tem amor pela terra na qual nasceram. Vendem tudo acreditando que estão garantindo o futuro dos seus filhos. Futuro este que ficará na mão de estrangeiros os quais não tem nenhum sentimento pela nossa terra - e não precisam ter. Mas eles sabem disso, os nossos empresários e políticos, a nossa “elite”, não sabem disso. São burros.
     Quando chegar a hora - e essa hora chegará em breve - a nacionalidade falará mais alto. Falará aos gritos. E os brasileiros, nem proletários mais serão, pois a sua prole não será mais nada, a sua prole terá somente a força do seu trabalho, que é a mesma coisa que nada em uma nova ordem mundial.
     Sinto muito, mas é assim que eu vejo as coisas. Um empresário trabalha aqui no Brasil, faz a sua empresa crescer... e depois a vende para estrangeiros. E os políticos concordam. Muitas vezes, os empresários vendem porque foram burros e deixaram os políticos aprovar leis que prejudicam o empresariado brasileiro. Outras vezes, os políticos, em conluio com os empresários, aprovam leis que obrigam os empresários a vender.
     Tudo aqui está quase vendido. Nada mais será dos brasileiros.
     Quando algum estrangeiro quer alguma coisa aqui do Brasil, que venha negociar. É assim que funciona. Se esta alguma coisa não tem no país dele, paciência. Que reclame com Deus porque não nasceu no Brasil.
     Não vejo nenhum estrangeiro vendendo seu país, suas empresas, suas riquezas, seu patrimônio para os brasileiros. Somente vejo brasileiros vendendo tudo para fora.
     Somos mesmo um povo abençoado por Deus. Abençoados com a burrice dos nossos empresários e políticos. Estão sendo engolidos pelos estrangeiros. Estão sendo estuprados pelos estrangeiros... e estão gostando, pedindo mais.
     O sangue fala mais alto. Na hora do adeus, a escolha será para os filhos da terra, e a nossa “elite” terá vendido tudo para os filhos de outras terras. Haverá choro e ranger de dentes para seus próprios filhos... e será tarde demais.

sábado, 22 de junho de 2019

Por que Acreditar em Deus?


     Por que acreditar em Deus?
     Começando do princípio quando tudo era verbo... depois vieram substantivos, predicados, etc.
     Saber se Deus existe, vamos tomar como certa a premissa de que ninguém sabe com certeza se Deus existe. Podemos dizer que é uma questão de fé e de lógica. Ou acredita que Deus existe ou não acredita. Os pormenores em que uns acreditam em Deus, mas seu Deus é diferente de algum Deus de alguma religião, esses pormenores não interessam, pois, a questão básica é acreditar ou não em Deus!
     Assim temos uma dúvida: Deus existe ou não? Isto é fato. Perscrute aí no interior do seu pensamento se Deus existe ou não, pergunte a si mesmo e saberá que existe essa dúvida. E não estou falando dos santos ou de alguém que teve uma experiência nesse sentido pois isso é uma certeza da qual somente ele sabe, estou falando do ser humano que tem essa dúvida.
     Partindo desta dúvida, deste fato, não sabemos em que acreditar.
     Agora faço uma distinção entre “acreditar” e “confiar”. “Acreditar” refere-se a não questionar. Por exemplo, você me fala uma coisa (qualquer coisa) e eu acredito, nem me passa pela minha cabeça que você está mentindo. Somente depois quando eu descobrir a sua mentira é que me darei conta que acreditei em você.
     “Confiar” refere-se ao popular “vou dar um voto de confiança”, ou seja, no momento em que você me fala uma coisa, eu sinto que você pode estar mentindo ou não, mas resolvo confiar em você.
     Partindo da mesma dúvida acima (Deus existe ou não?), chegamos à outra questão: existe vida após a morte? Sabemos que Deus e a eternidade estão intimamente relacionados. São indissociáveis. Caso você confie que Deus existe, automaticamente você confia na vida eterna. Caso você não confie que Deus existe, automaticamente você não confia na vida eterna.
     Com efeito, da primeira dúvida decorre esta segunda dúvida: existe vida eterna ou não?
     Depois que morrermos vamos para um outro plano (seja qual for o nome que você der: céu, outra dimensão, plano espiritual, etc); ou depois que morrermos acabou-se, o corpo vira pó e a vida de um ser humano deixa de existir? Não vou entrar aqui na discussão se os animais têm alma, não é o caso. Estou falando do ser humano, que pensa com inteligência.
     Existindo essa dúvida, acredito ser mais lógico confiar que Deus existe e confiar na vida eterna, pois é mais reconfortante pensar que a vida não se acaba nesta vida física. É mais reconfortante confiar que existe vida eterna. Isso dá mais coragem para vivermos esta vida.
     Alguém poderá dizer: mas acreditar em Deus e na vida eterna não depende de mim. O que eu posso fazer se não acredito em Deus e na vida eterna?
     Independentemente se você teve uma formação religiosa ou não, a questão não se baseia mais somente na fé. Baseia-se também na lógica. A fé e a lógica também são indissociáveis. Por que confiar que tudo se acaba com a morte se não sabemos com certeza se tudo se acaba com a morte?
     Essa dúvida nos dá a opção de escolha. Ainda que internamente eu tenha dúvida se Deus existe e se existe vida eterna, eu posso optar em confiar ou não confiar. E, como já falei, acredito ser mais lógico confiar que Deus existe e confiar na vida eterna mesmo não tendo provas de uma coisa ou de outra.
     O (verdadeiro) ateu é aquele que opta por não confiar que Deus existe e não confiar na vida eterna, mas carrega dentro si essa dúvida, pois se não soubesse que existe um ente chamado Deus sequer pensaria Nele. Não teria nenhum conceito metafísico na sua mente. Viveria uma vida sem perspectivas metafísicas (além da física). Viveria uma vida dentro de uma concepção zoológica.
     Por exemplo, confiar no big-bang (criador do universo) é um conceito metafísico que leva a pensar no princípio de tudo.
     Coloco aqui duas questões:
     1 - Sendo Deus o criador do universo, quem ou o que criou Deus?
     2 - Sendo o big-bang o criador do universo, quem ou o que criou o big-bang?
     Essas duas, no que concerne à infinitude de pensamento, são, basicamente, a mesma questão. E nenhuma delas tem, no momento, uma resposta.
     Então, resta a nós a vida eterna ou o fim da vida com a morte. E chegamos novamente em uma dúvida que nos permite uma escolha. E seja qual for a sua escolha, viva esta vida da melhor maneira possível para você e para os outros (isto também é indissociável), pois se tudo se acaba com a morte você deixará apenas seu legado (seja ele bom ou ruim); e se existe vida eterna você deixará seu legado (e ele será bom) e viverá a vida eterna onde reencontrará seus entes queridos. Este último é um pensamento muito mais reconfortante para este mundo repleto de dúvidas.

quinta-feira, 20 de junho de 2019

O Livre Convencimento do Juiz

     O livre convencimento do Juiz está garantido no Código de Processo Penal (DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941) com redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008:

"Art. 155.  O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas."

     Este artigo garante ao Juiz a livre apreciação da prova e leva em conta tanto as provas produzidas no contraditório judicial, quanto à motivação/fundamentação da sua convicção.
     Portanto, não há hierarquia de provas; a valoração e apreciação das provas constantes nos autos são livres.

domingo, 16 de junho de 2019

Xs Meninxs do STF atacam de novo!

     O martelo de ouro dxs meninxs do STF ataca de novo... novamente... mais uma vez. Desta vez é a homofobia em pauta... novamente. Admiro a persistência da classe LGBTI+. Com 65.602 homicídios em 2017, segundo o Atlas da Violência 2019 (o mais atualizado) do IPEA, xs meninxs do STF preocupando-se com a homofobia, como elxs são queridxs.
     Coloquei “x” porque no STF existem meninos e meninas e não quis ser injusto nem com umas nem com outros.
     A votação deu-se com 8 votos favoráveis e 3 contrários, mas nenhum deles negou que haja violência contra LGBTs no país.
     Estiveram na pauta do dia 13 de junho de 2019, uma quinta-feira, os processos que discutem se há omissão do Congresso Nacional em não editar lei que criminalize atos de homofobia e transfobia. O tema esteve em discussão na Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) 26, de relatoria do ministro Celso de Mello, e no Mandado de Injunção (MI) 4733, relatado pelo ministro Edson Fachin.
     Ora, o STF discutindo se há omissão do legislativo em legislar?!?!
     O STF está forçando o Congresso Nacional a aprovar leis discutindo se o Congresso Nacional está trabalhando direitinho ou não; se merecem um puxão de orelhas ou uma palmada na bunda. Engraçado, por que o STF faz isso somente para algumas pautas e outras não? Qual é o critério de prioridades do STF? A classe social que faz mais gritaria tem a prioridade?
     Todos os grifos em afrodescendito a partir de agora são meus.
     No próprio Atlas da Violência 2019, página 56, “Violência contra a População LGBTI+” diz o seguinte:
Por exemplo, não sabemos sequer qual é o tamanho da população LGBTI+ (o que inviabiliza qualquer cálculo de prevalência relativa de violência contra esse grupo social), uma vez que o IBGE não faz qualquer pergunta nos seus surveys domiciliares sobre a orientação sexual.
     E mais adiante:
Nesta seção, analisaremos a violência contra pessoas LGBTI+ a partir de duas bases distintas: das denúncias registradas no Disque 100, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), e dos registros administrativos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde.

     O Atlas da Violência é citado na página da ABGLT como fonte de referência.
     Segundo dados do Grupo Gay da Bahia, em 2017, foram 445 mortes LGBTI+, dados estes utilizados pela ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos).
     E mesmo o Atlas analisando a violência contra pessoas LGBTI+ baseando-se em denúncias, ainda assim o total de denúncias de violência contra LGBTI+ no Disque 100 em 2017 foi de 1720 denúncias (gráfico na página 57).
     E o número total de casos de violência contra homossexuais e bissexuais, segundo os registros do Sinan (2015-2016) foi de 6000 levando em conta quatro tipificações: violência física; violência psicológica, tortura e outros (categoria que embute outras dinâmicas de violência) (página 65).
     Por maioria, o Plenário aprovou a tese proposta pelo relator da ADO, ministro Celso de Mello, formulada em três pontos (veja link nas referências).
     A Ministra Carmem Lúcia avaliou que, após tantas mortes, ódio e incitação contra homossexuais, não há como desconhecer a inércia do legislador brasileiro e afirmou que tal omissão é inconstitucional. “A reiteração de atentados decorrentes da homotransfobia revela situação de verdadeira barbárie. Quer-se eliminar o que se parece diferente física, psíquica e sexualmente”, disse.
     O ministro Gilmar Mendes, em seu voto, lembrou que a criminalização da homofobia é necessária em razão dos diversos atos discriminatórios – homicídios, agressões, ameaças – praticados contra homossexuais e que a matéria envolve a proteção constitucional dos direitos fundamentais, das minorias e de liberdades.
     O ministro Lewandowski, em seu voto, página 8, diz: “Esses grupos, por serem minoritários e, não raro, vítimas de preconceito e violência, demandam especial proteção do Estado. Nesse sentido, a criminalização de condutas discriminatórias não é só um passo importante, mas também obrigatório, eis que a Constituição contém claro mandado de criminalização neste sentido: conforme o art. 5º, XLI, “a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais”, e depois conclui no sentido de que a ação seja parcialmente provida para que o Congresso faça uma lei criminalizando a homofobia.
     Vejam bem, todxs xs meninxs do STF afirmam peremptoriamente de dentro de suas togas pretas que a violência contra LGBTI+ é grande no Brasil, mas os dados mostram que não. No que xs meninxs do STF baseiam-se para afirmar tal coisa? Em notícias da grande mídia? Quer dizer que os jornalistas têm forte influência nas decisões do STF?
     Mas vamos adiante. O Mandado de Injunção 4733 ajuizado pela Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros (ABGLT), que originou tudo, pedia condenação do estado a indenizar vítimas de homofobia e transfobia. Independentemente de ser uma reivindicação justa ou não, as vítimas e familiares dos 65.602 homicídios não merecem indenização do estado? E eu relaciono o problema dos homicídios com essas pautas do STF porque tratam-se de questões de violência.
     Pesquisando nas Resoluções do 3º Congresso do PT (Partido dos Trabalhadores), de 2007, encontrei o seguinte:
O conceito de raça não é uma acepção científica precisa, mas aqui no Brasil foi popularizado e amplamente utilizado com um viés conservador para estabelecer a idéia da hierarquia entre as raças com a valorização do padrão etnocêntrico, base para a ideologia do embranquecimento e o mito da democracia racial (página 19).
E, mais adiante:
Nesse contexto, reafirmamos “raça” e o racismo como uma construção histórica, social e política da sociedade brasileira, categorias de exclusão social, através das quais os negros e negras são despojados de direitos e sua condição de classe e étnico-racial atuam como elemento determinante do lugar social e político ocupado pela população negra, a cidadania de segunda classe (página 20).

Vejamos agora o que diz no ponto 3 da Tese ADO/26 do ministro Celso de Mello:
3. O conceito de racismo, compreendido em sua dimensão social, projeta-se para além de aspectos estritamente biológicos ou fenotípicos, pois resulta, enquanto manifestação de poder, de uma construção de índole histórico-cultural motivada pelo objetivo de justificar a desigualdade e destinada ao controle ideológico, à dominação política, à subjugação social e à negação da alteridade, da dignidade e da humanidade daqueles que, por integrarem grupo vulnerável (LGBTI+) e por não pertencerem ao estamento que detém posição de hegemonia em uma dada estrutura social, são considerados estranhos e diferentes, degradados à condição de marginais do ordenamento jurídico, expostos, em consequência de odiosa inferiorização e de perversa estigmatização, a uma injusta e lesiva situação de exclusão do sistema geral de proteção do direito.

     Não obstante as semelhanças dos conceitos de racismo, nem eles sabem o que é raça, racismo e homofobia (se é que alguém sabe), mas querem legislar sobre a matéria.
     No último congresso do PT (6º Congresso), em 2017, no seu caderno de resoluções, páginas 38 e 39; com o título “Treze capítulos fundamentais sintetizam essas reformas”:
Direitos humanos. Descriminalização progressiva do consumo de drogas. Constitucionalização dos direitos de casais homoafetivos como entidade familiar plena. Promoção de políticas públicas e educacionais de combate ao racismo, ao machismo, à homofobia e a toda forma de preconceito.

     E, no mesmo caderno, na página 54 “ANEXO II RESOLUÇÃO SOBRE COMBATE AO RACISMO”:
6. Considerando que somos 53% da população brasileira e que existe uma intrínseca associação entre o combate ao racismo e a luta de classes, é fundamental o fortalecimento das instâncias do Partido dos Trabalhadores, particularmente da Secretaria Nacional e Secretarias Estaduais de Combate ao Racismo, que são equipamentos políticos estratégicos para restabelecer a relação necessária entre a sociedade, seus territórios e o partido.

     Segundo o caderno de resoluções do PT, posso levantar a hipótese de que o STF, conscientemente ou inconscientemente, está promovendo a luta de classes. Mas é somente uma hipótese, desculpem-me se estou errado, mas não quero ser processado pelo STF. Longe de mim. Já deixo aqui minha retratação antecipada, tipo um Habeas Corpus preventivo: desculpem-me.
     Xs Meninxs do STF talvez mereçam uma palmada jurídica no entremeio de suas togas pretas - coisa que não serei eu a fazer. Com tanta coisa mais importante para se resolver neste país abençoado por Deus, ficam se preocupando com questões que, apesar de certa importância, não resolverão o problema dos homicídios no Brasil. E eu relaciono o problema dos homicídios com essas pautas do STF porque tratam-se de questões de violência.
     Não obstante as questões políticas, o que me causa assombro é que alegam questões ideológicas para combater o racismo e a homofobia, mas usam as mesmas questões ideológicas, porém em sentido contrário, para promover essas leis. É uma confusão mental difícil de entender.
     Xs Meninxs do STF, agindo dessa maneira, com esse modus operandi, estão promovendo o preconceito e o isolamento da classe LGBTI+, pois, quem não é LGBTI+, para não correr risco de acusações absurdas durante a aplicação prática da lei se manterá longe, não contratará e não conviverá com LGBTI+. Talvez até os próprios LGBTI+ começarão a processarem-se uns aos outros, começarão a lutar entre si. E o ciclo de luta de classes torna-se infinito, pois a população LGBTI+ alegará, com razão, que está sendo discriminada e proporá maior endurecimento da lei perpetuando um ciclo sem fim.
     Vejam bem, não estou indo contra as reivindicações dos grupos LGBTI+. Estou dizendo que fazer leis baseadas na emoção e sem dados reais conclusivos nunca dá certo. É preciso saber do que estamos tratando antes de promulgar leis. Fôssemos endurecer as leis contra homicídio sem um estudo prévio sério acarretaria em desordem, encarceramento em massa e aumento dos crimes bárbaros.
     É assim que se muda o comportamento de uma sociedade inteira: através das Leis.


Referências