
Razão é, para o nosso entendimento, o intelecto, a capacidade de raciocínio - o raciocínio é a aplicação da Razão -, o senso das proporções, a capacidade de inteligência, etc. É também a capacidade de autoconhecimento que nos faz saber quando estamos sentidos e que nos permite não deixar que as emoções tomem conta. E, quando as emoções começarem a tomar conta, a Razão nos traz de volta à normalidade.
Emoção é, para o nosso entendimento, as emoções em si, os sentimentos, as vontades, os desejos, sensações, intenções, etc; a parte psicológica do ser humano, a psiquê.
O ser humano é formado, neste sentido, por Razão e Emoção.
Posso definir, para o nosso entendimento, que sentimento é o
ato ou efeito de sentir, aquilo que sentimos interiormente.
Emoções são agitações dos sentimentos posto que todo sentimento é calmo.
Faço essa distinção entre as palavras Emoção, emoção e emoções. Emoção com "E" maiúsculo, para o nosso entendimento, é o complementar da Razão e vice-versa, como veremos adiante. A Emoção engloba as emoções e os sentimentos. As "emoções" são simplesmente o plural de "emoção".
Por exemplo, raiva é uma emoção e ódio é um sentimento. Este
vem de forma calma, aquela vem de forma explosiva. A raiva vem e passa. O ódio,
quando se instala no ser humano, permanece por muito tempo. A alegria é um
sentimento, a euforia é uma emoção.
Nem todo sentimento corresponde uma emoção e vice-versa, por exemplo, a raiva não é a emoção do sentimento ódio, pois a raiva necessariamente não leva ao ódio; e a alegria não é o sentimento da emoção euforia, pois a alegria não leva necessariamente à euforia. Ainda que estejam relacionados enquanto emoções e sentimentos, são coisas distintas.
Faço esta classificação básica dos sentimentos e das emoções
como método de autoconhecimento. Muitas vezes confundimos os sentimentos com as
emoções e vice-versa.
Quando estamos com raiva não significa que odiamos o objeto
da nossa raiva posto que a raiva dá e passa. E quando odiamos outra pessoa,
muitas vezes não ficamos com raiva dela; ou não externamos essa raiva e sequer
deixamos a raiva transparecer para os outros. Este é o ódio no seu
começo.
É importante saber identificar o que estamos sentindo.
Muitas vezes falamos que odiamos uma pessoa sendo que somente estamos com raiva
dela. O ódio é um dos piores sentimentos, pois vem de forma calma, instala-se
paulatinamente, e depois não sabemos como retirar o ódio de nós mesmos.
Existem sentimentos bons e sentimentos ruins. As emoções
são, basicamente, ruins, posto que são agitações dos sentimentos.
Quando choramos de forma calma - sem ser um choro
convulsivo, descontrolado - posso dizer que é um sentimento. Chorar
copiosamente é uma emoção, por isso o correto é dizer que fulano está emocionado. É fato que existe uma linha tênue entre os sentimentos e as emoções e, às vezes,
torna-se difícil saber quando estamos sentidos ou emocionados. “Sentidos”
referem-se aos sentimentos e “emocionados” referem-se às emoções.
Basicamente, as emoções são agitações dos sentimentos. Geralmente quando estamos emocionados não nos apercebemos
disto, pois já ultrapassamos a linha tênue. Perdemos a Razão.
A Razão serve para controlar os sentimentos, serve para não
deixar que os sentimentos se transformem em emoções. E, ao mesmo tempo, a Razão
serve para que não nos tornemos sem sentimentos. Não falo aqui somente daquela razão no sentido de
estar certo ou errado, esta faz parte da Razão.
É óbvio também que, às vezes, não conseguimos nos controlar.
Porém, quando o descontrole emocional toma conta do ser humano dizemos que ciclano
perdeu a Razão. E quando o descontrole sentimental toma conta de forma permanente
do ser humano entramos em um processo de perda da Razão no qual passamos a
reagir somente aos sentimentos e emoções que as palavras e as coisas nos causam. Não
raciocinamos mais com o significado das palavras e das coisas. Simplesmente reagimos
pelas emoções que, com o tempo, acarretam em reação pelo instinto. E o instinto, neste caso, é irracional. O instinto somente é válido quando é aquele impulso natural que nos faz agir com uma finalidade específica e que não está de todo independente da Razão.
A Razão é baseada na analítica que leva à lógica e nos dá a capacidade de raciocínio
necessária. A Razão baseada na analítica que leva à lógica, que nos dá a capacidade de raciocínio
necessária, nos traz aquela virtude que chamamos de Prudência, Temperança, Moderação.
A Virtude é o equilíbrio
entre a Razão e a Emoção, equilíbrio este, dado pela Razão. Para chegarmos nesse equilíbrio primeiro temos de saber o
que estamos sentindo. Temos de saber identificar nossos sentimentos e emoções.
Temos de saber quando estamos sentidos ou emocionados. A partir daí saberemos
como não ultrapassar a linha.
A virtuosidade não é algo inalcançável. A Virtude não é algo que
somente os santos possuem. A Virtude está ao alcance de todos. A "filosofia" moderna colocou a Virtude como algo inatingível. E a mitologia moderna, aquilo que chamam de "religião atualmente, corrobora
a Virtude como algo místico, algo ao alcance dos “deuses” somente.
A Razão é também um processo mental a ser praticado através do
controle das vontades e dos desejos. Por exemplo, caso eu extravase minhas
emoções de maneira consciente, ainda assim estarei consciente. É óbvio que,
nesse processo, poderei perder o controle, poderei perder a Razão momentaneamente.
Porém, não será uma perda permanente. Este exemplo aplica-se somente a pessoas
adultas, maduras.
Crianças, adolescentes e jovens quando submetidos a
situações que os levam à perda da Razão (afloramento das emoções) não tem
consciência do fato. O estresse causado por tais situações prejudicá-lo-ão de forma permanente.
A lógica da qual eu falo é aquela lógica baseada na análise de um fato. Fazemos uma análise de um fato ou situação (analítica), de uma verdade, sendo que podemos chegar a uma conclusão e esta conclusão pode ter lógica ou não; caso a conclusão tenha lógica em si podemos encerrar o processo de análise ou continuar para nos aprofundarmos no assunto, estudar para entender mais. Caso a conclusão, após a análise, não tenha lógica em si se faz necessário continuar o processo de análise. A lógica é o que vem depois da analítica e sem analítica não há lógica.
Todo argumento é lógico e toda opinião é baseada em um fato, senão não é opinião. Porém, posso construir um argumento lógico baseado num fato (verdade) ou em uma mentira. A mentira, para ser uma mentira, precisa ter lógica. Por exemplo, caso eu afirmar que esta coisa é vermelha (sendo que esta coisa é verde) todo mundo identificará a mentira, mas se eu argumentar que o espectro visível de cores depende
da frequência e do comprimento de onda e depende também da espécie que vê a cor
e varia muito de uma espécie animal para outra, posso aventar que a coisa é, na
realidade, vermelha e que você não está enxergando o espectro real da cor.
Outro exemplo: caso eu falar que sou negro, mesmo sendo branco,
todo mundo identificará a mentira. Porém, caso se eu falar que tenho um avô por parte de mãe que era
negro e uma avó por parte de pai que era negra e que fui criado dentro da cultura afro-brasileira (seja lá o que for isso) e mesmo sabendo que tenho a pele branca, posso dizer
que sou negro. Isso dará lógica à
mentira.
Com os sentimentos e as emoções o processo é o mesmo. Quando
mentimos para nós mesmos em relação aos nossos sentimentos e emoções estamos
nos enganando. Entramos em um processo de perda da Razão no qual passamos a
reagir somente às emoções que as palavras e as coisas nos causam. Não
raciocinamos mais com o significado das palavras e das coisas. Simplesmente
reagimos pelo instinto. E o instinto é irracional.
Por exemplo, quando somos xingados e perguntamos a quem nos
xingou o que significa esta palavra e este alguém não sabe o significado da
palavra e responde que não precisa saber o significado, que basta saber que é
um xingamento, eu pergunto: - Como você sabe que é um xingamento se não sabe o
significado da palavra?
Para saber que é um xingamento você precisa saber que a palavra
tem um significado ruim, mas se você não sabe sequer o que significa a palavra,
como sabe que é um xingamento e não um elogio?
Aí está a lógica da verdade. Perdemos a Razão quando não
sabemos o significado e o referente das coisas e das palavras. E o que se segue depois é que
passamos a reagir somente à Emoção que as coisas e as palavras nos causam. A
concepção zoológica da humanidade advém desse processo.
Óbvio também é, que a lógica depende do conhecimento. Porém,
para se ter Razão baseada na analítica que leva à lógica da verdade não se faz necessário ter
conhecimento de todas as coisas. Basta saber reconhecer e identificar o que são sentimentos e o que são emoções em você mesmo. A partir daí você saberá reconhecer e
identificar o que são sentimentos e o que são emoções nos outros.
Por exemplo, quando você sabe distinguir entre raiva e ódio em você mesmo, saberá distinguir nos outros, pois todos somos seres humanos e temos os mesmos sentimentos e as mesmas emoções porque o ser humano é um ser racional e um ser emocional. Não há como separar um do outro.
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