quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

A Morte da Poética


Um poeta tem conhecimento
Da língua na qual escreve.
Eu escrevo com sentimento,
Mas não penso no que escrevo.

Não faço escansão dos versos,
Não faço escansão do poema,
Somente cuido da rima, de certo,
Pois a rima dá música ao poema.

Mas a musicalidade não é tudo,
É preciso uma certa técnica.
Inspiração sempre ajuda,
Mas a técnica... é a técnica.

Sem técnica não tem arte.
Sem arte não tem poema.
E um poema mal feito é a morte,
É a morte do poema.

Escrever com inspiração!
De certo modo ajuda
Escrever com o coração...
Mas o coração não é tudo.

Somos feitos de vários órgãos,
Somos feitos até de ilusão.
A ilusão não é um órgão,
Mas, depende da interpretação.

O poeta escreve para si mesmo.
Às vezes, para os outros.
Se eu não leio o que escrevo,
Então, estou morto.

Quem lerá estes versos?
Quem saberá interpretá-los?
Um poema é feito de sentimentos
E sentimentos são análogos.

Mas um poema exige técnica.
Exige que se deixe bem claro.
É como escrever uma crônica
Onde tenha versos rimados.

Aí o poema fica confuso:
Se ler verso por verso, a rima até ajuda,
Mas na compreensão de tudo
O sentimento que foi passado, muda.

Então vem a explicação:
O poeta passa sentimentos
Que os outros entenderão,
Apesar dos pensamentos.

Eu sinto da mesma forma que você,
Mas tenho outros pensamentos.
Eu vejo o que outro ser humano vê
E tenho os mesmos sentimentos.

É uma questão de interpretação.
Eu interpreto meus sentimentos
E escrevo meus pensamentos
Para que você tenha sentimentos.

Sentir e pensar são duas formas.
Aquela vem primeiro na lógica,
Esta, é mais como uma arma
Que funciona de forma fisiológica.

A química do corpo pode ser mudada.
O alimento que comemos,
Não é o mesmo da alma.
Sentimentos e pensamentos.

Estamos na dualidade
Onde tudo se confunde.
Eu sinto de verdade,
Mas o pensamento me ilude.

E voltamos à técnica
Onde tudo se corrige.
Esta é a poética
Onde o poema vive.

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