sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Intelectuais de Esquerda do Brasil


   A esquerda não está desesperada. Isso é jogo de cena. A esquerda historicamente sempre gostou de uma luta, a esquerda se fez através de lutas. A esquerda justamente está perdendo terreno porque esmoreceu, amoleceu. E a direita foi crescendo. A esquerda, do alto da sua prepotência, fez pouco caso desse crescimento, não deu bola. Acharam que estavam “por cima da carne seca”. Cometeram aquele erro básico de pensar que a parada estava ganha, de que nunca mais sairiam do poder.

   Seus intelectuais orgânicos transformaram-se em celebridades, perderam a seriedade. Estão muito mais interessados em aparecer nos holofotes do que em analisar a situação com a seriedade que a própria definição do conceito de intelectual exige. Isso é intrínseco de um intelectual, faz parte do seu caráter, e quando o intelectual perde esta habilidade, perde também a seriedade e começa a buscar a fama. Nada contra a fama, desde que essa fama venha da sua seriedade, do seu trabalho de intelectual e não o contrário. E ainda assim o intelectual deve manter-se com reservas em relação à fama.

   Os intelectuais de esquerda se perderam no meio do caminho e, por conseguinte, toda a esquerda se perdeu. Foi um efeito dominó e o que fez cair a primeira pedra foi a arrogância pública de seus intelectuais. São raríssimos - raríssimos - os intelectuais que tem a habilidade de tornarem-se públicos sem perder a seriedade. Se o sujeito não tem essa habilidade deve manter-se intelectual, deve manter a sua seriedade fazendo seu trabalho longe dos holofotes. A classe dos intelectuais de esquerda transformou-se em holofítica, inorgânica. E foi engolida, digerida e defecada pelos intelectuais de direita.

   A base de um intelectual é a honestidade intelectual que se traduz em coerência na práxis. Coerência entre falar e fazer. Coerência entre teoria e prática. “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”, tal ditado já caiu de moda faz tempo. Ninguém mais suporta a mentira que se esconde por trás desse ditado, pois falar uma coisa e fazer outra é mentir descaradamente.
Os intelectuais de esquerda transformaram-se em meros políticos que atuam na politicagem como lobistas. Aí está. Os intelectuais de esquerda atualmente são lobistas que fazem lobby partidário com fins ideológicos visando seus próprios interesses. E pior, nem sabem mais qual a sua própria ideologia.

   São tantas correntes de esquerda, tantas facções (facção Mickey Mouse, facção Cebolinha, facção Caviar, etc.) que se tornaram piada. O blá-blá-blá da esquerda é alienado e alienante, está fora da realidade, e a sua prática é um mero ativismo. A própria linguagem utilizada não tem sonoridade nem ritmo. Esse discurso fanático, repetidor de clichês, essa incontinência verbal já ficou cansativa. Nazista, homofóbico, fascista, misógino, intolerante, machista.

   Discursos inflamados, às vezes com voz trêmula, carregados de emoção, estão contribuindo em nada para o avanço político.

   Mas tem um ponto a favor: os intelectuais de esquerda, agindo desta forma, gritando e berrando como ativistas, inseriram-se na massa, transformaram-se numa classe, ouviram a voz do povo e tornaram-se o povo. Quem sabe aprendam alguma coisa com o povo que tanto defendem.

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