A esquerda não está desesperada. Isso é jogo de cena. A
esquerda historicamente sempre gostou de uma luta, a esquerda se fez através de
lutas. A esquerda justamente está perdendo terreno porque esmoreceu, amoleceu.
E a direita foi crescendo. A esquerda, do alto da sua prepotência, fez pouco
caso desse crescimento, não deu bola. Acharam que estavam “por cima da carne
seca”. Cometeram aquele erro básico de pensar que a parada estava ganha, de que
nunca mais sairiam do poder.
Seus intelectuais orgânicos transformaram-se em
celebridades, perderam a seriedade. Estão muito mais interessados em aparecer
nos holofotes do que em analisar a situação com a seriedade que a própria
definição do conceito de intelectual exige. Isso é intrínseco de um
intelectual, faz parte do seu caráter, e quando o intelectual perde esta
habilidade, perde também a seriedade e começa a buscar a fama. Nada contra a
fama, desde que essa fama venha da sua seriedade, do seu trabalho de
intelectual e não o contrário. E ainda assim o intelectual deve manter-se com
reservas em relação à fama.
Os intelectuais de esquerda se perderam no meio do caminho
e, por conseguinte, toda a esquerda se perdeu. Foi um efeito dominó e o que fez
cair a primeira pedra foi a arrogância pública de seus intelectuais. São
raríssimos - raríssimos - os intelectuais que tem a habilidade de tornarem-se
públicos sem perder a seriedade. Se o sujeito não tem essa habilidade deve
manter-se intelectual, deve manter a sua seriedade fazendo seu trabalho longe
dos holofotes. A classe dos intelectuais de esquerda transformou-se em
holofítica, inorgânica. E foi engolida, digerida e defecada pelos intelectuais
de direita.
A base de um intelectual é a honestidade intelectual que se
traduz em coerência na práxis. Coerência
entre falar e fazer. Coerência entre teoria e prática. “Faça o que eu digo, mas
não faça o que eu faço”, tal ditado já caiu de moda faz tempo. Ninguém mais
suporta a mentira que se esconde por trás desse ditado, pois falar uma coisa e
fazer outra é mentir descaradamente.
Os intelectuais de esquerda transformaram-se em meros políticos
que atuam na politicagem como lobistas. Aí está. Os intelectuais de esquerda atualmente são lobistas que fazem lobby
partidário com fins ideológicos visando seus próprios interesses. E pior, nem
sabem mais qual a sua própria ideologia.
São tantas correntes de esquerda, tantas facções (facção Mickey
Mouse, facção Cebolinha, facção Caviar, etc.) que se tornaram piada. O
blá-blá-blá da esquerda é alienado e alienante, está fora da realidade, e a sua
prática é um mero ativismo. A própria linguagem utilizada não tem sonoridade
nem ritmo. Esse discurso fanático, repetidor de clichês, essa incontinência
verbal já ficou cansativa. Nazista, homofóbico, fascista, misógino, intolerante,
machista.
Discursos inflamados, às vezes com voz trêmula, carregados
de emoção, estão contribuindo em nada para o avanço político.
Mas tem um ponto a favor: os intelectuais de esquerda, agindo
desta forma, gritando e berrando como ativistas, inseriram-se na massa,
transformaram-se numa classe, ouviram a voz do povo e tornaram-se o povo. Quem
sabe aprendam alguma coisa com o povo que tanto defendem.
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