O Anuel (corruptela de Immanuel, o Kant), em 1785 defecou o termo Imperativo em sua obra - obra aqui no sentido de “obreiro”, aquele que vai aos pés -, Fundamentação da Metafísica dos Costumes.
Vou direto ao ponto:
“A representação de um princípio objectivo, enquanto obrigante para uma
vontade, chama-se um mandamento (da razão), e a fórmula do mandamento chama-se
Imperativo.” Fundamentação da Metafísica dos Costumes, página 48, tradução de
Paulo Quintela.
“A representação de um princípio objetivo, na medida em que coage a vontade, denomina-se mandamento (da razão), e a fórmula do mandamento chama-se IMPERATIVO.” Fundamentação da Metafísica dos Costumes, página 17, tradução de Antônio Pinto de Carvalho.
Depois na tradução de Paulo Quintela (seguirei com essa), página 50:
“Ora, todos os imperativos ordenam ou hipotética ou categoricamente.
Os hipotéticos representam a necessidade prática de uma acção possível como
meio de alcançar qualquer outra coisa que se quer (ou que é possível que se
queira). O imperativo categórico seria aquele que nos representasse uma acção
como objectivamente necessária por si mesma, sem relação com qualquer outra
finalidade.
Como toda a lei prática representa uma acção possível como boa e por isso como necessária para um sujeito praticamente determinável pela razão, todos os imperativos são fórmulas da determinação da acção que é necessária segundo o princípio de uma vontade boa de qualquer maneira. No caso de a acção ser apenas boa como meio para qualquer outra coisa, o imperativo é hipotético; se a acção é representada como boa em si, por conseguinte como necessária numa vontade em si conforme à razão como princípio dessa vontade, então o imperativo é categórico.”
Até aí
tudo bem. O Anuel (parece nome de anjo, caído) está usando seu próprio Imperativo
Categórico no seu estilo de escrita no qual afirma coisas, sentenças, palavras,
expressões, etc, das quais o leitor conclui: “É assim porque é assim e não
precisamos explicar, provar ou sequer demonstrar”. Esta é a base do
Imperativo Categórico.
Vou afirmando coisas sem precisar dizer o porquê delas. E se alguém perguntar eu respondo que é um “conhecimento a priori” e demonstro que estou com a razão sem precisar demonstrar nada. E assim não levo em consideração a pergunta básica da Filosofia: Quid. O quê. O cerne da questão, o ponto básico, do quê estamos falando, qual é o assunto, qual o objeto de assunto.
Vamos adiante, página 52:
“Há por fim um imperativo que, sem se basear como condição em qualquer
outra intenção a atingir por um certo comportamento, ordena imediatamente este
comportamento. Este imperativo é categórico. Não se relaciona com a matéria da acção e com o que dela
deve resultar, mas com a forma e o princípio de que ela mesma deriva; e o essencialmente bom na acção reside na disposição (Gesinnung)
(*), seja qual for o resultado. Este imperativo pode-se chamar o
imperativo da moralidade.
(*) A palavra prudência é tomada em sentido duplo: ou pode designar a prudência nas relações com o mundo, ou a prudência privada. A primeira é a destreza de uma pessoa no exercício de influência sobre outras para as utilizar para as suas intenções. A segunda é a sagacidade em reunir todas estas intenções para alcançar uma vantagem pessoal durável. A última é propriamente aquela sobre que reverte mesmo o valor da primeira, e quem é prudente no primeiro sentido mas não no segundo, desse se poderá antes dizer: é esperto e manhoso, mas em suma é imprudente. (Nota de Kant.)”
Veja só que beleza. Mandamento agora chama-se Imperativo que agora se desdobra em Imperativo Categórico e Imperativo Hipotético e o Imperativo Categórico agora pode-se chamar Imperativo da Moralidade. Vou trocando conceitos por palavras e vou desdobrando tudo numa sequência sem fim.
O imperativo categórico é o imperativo da moralidade. Eu mando os
outros fazerem as coisas sem me preocupar com a merda que dará e depois que der
merda eu digo que a culpa e a responsabilidade são suas, pois você que não
entendeu o que eu disse. E isso é chamado agora de imperativo categórico
(moralidade). E de qual “moralidade” o charlatão maligno está falando?
“Ora, caso queira saber, leia todo o calhamaço das charlatanices malignas que eu
escrevi e ainda assim não compreenderás, pois tu és burro! Eu sou o gênio! O
conteúdo não importa mais, o que importa é que eu escrevo com palavras bonitas,
elegantes, afetadas até, muitas vezes nauseabundas, mas você não nota. Você só
presta atenção na boniteza das minhas palavras e nas afetações
que elas te causam.
E quando
começares a entender, eu desdobrarei o conceito, o significado e a definição de
“moralidade” em um turbilhão de novas classificações saídas do meu
conhecimento a priori, ou seja, vou inventado coisas da minha
cabeça, mas transcrevo-as para o papel usando palavras bonitas (até lindas),
mas vazias de conteúdo. Troco conceitos por palavras e assim vou emburrecendo a
patuleia.
Eu invento uma coisa... vamos chamá-la de Imperativo, mas já existe o conceito e a palavra Mandamento! Não interessa.
Agora mandamento chama-se imperativo e afirmo isso categoricamente. Daí eu desdobro em imperativo hipotético
e imperativo categórico... e a trama se complica. Neste momento nem eu mesmo
sei do quê estou falando, mas isso enseja mais desdobramentos. Daí eu digo que
o imperativo categórico ordena um comportamento (não interessa qual) e ele não
se relaciona com a matéria da ação e com o que dela deve resultar (resultado),
mas com a forma e o princípio de que ela mesma (a ação) deriva - mas isso ficou
muito feio, não dá para se entender – então acrescento: o essencialmente bom na
ação reside na disposição (Gesinnung), seja qual for o
resultado. Este imperativo pode-se chamar o imperativo da
moralidade.
Enfim, o
que importa é o resultado, não interessa o quê eu farei para atingi-lo; e
desdobro agora o tal imperativo categórico e passo
a chamá-lo de moralidade. Mas... pera lá... isso também ficou feio,
então colocarei ali no meio que “o essencialmente bom na ação reside na
prudência”, escrevo a palavra bom e seguro todos pela
emoção e tchan tchan tchan tchannn... desdobro o conceito prudência em
vários outros conceitos, significados, definições, etc e estendo ao infinito
emburrecendo a patuléia até chegarmos a um estado mental que beira a insanidade
e malignidade, mas de um modo estranho, continuo sendo um gênio da filosofia”.
Grosso modo, o Anuel trocou a palavra Mandamento por imperativo e
desdobrou o conceito em vários outros conceitos ferindo de morte a Lógica.
Esse
charlatão maligno fez uma distorção brutal até do próprio Aristóteles, pois há termos
verbais equívocos (homônimos) os quais você pode desdobrar, mas não existem
conceitos equívocos. A equivocidade (neste sentido, equivalência) está nos
significados e quando você vai trocando palavras por conceitos, você vai
desdobrando o conceito em outros conceitos sem se dar conta que neste ponto do
seu raciocínio você mesmo já não sabe mais do quê está falando.
Eu posso
desdobrar um conceito em vários significados com palavras diferentes (sem alterar o conceito), mas posso
fazer isso somente até um certo limite; e este limite é determinado pela coisa
em si (o referente). E o charlatão diz que “se a acção é representada como
boa em si, por conseguinte como necessária numa vontade em si
conforme à razão como princípio dessa vontade, então o imperativo é categórico”.
Percebam: redundância, tautologia, masturbação mental, ele vai indo e
voltando. Depois ele desdobra “razão” e “vontade” em outros conceitos alterando
o que a coisa é, e assim vai indo, junto com a humanidade.
Charlatães malignos como Anuel - e existem vários, todos famosos com milhões de
citações na “Academia” – trocam conceitos por palavras, desdobram a substância.
A substância é o que permanece, e não o que se perpetua numa imutabilidade,
pois Aristóteles admite uma mutação substancial. Porém, uma substância pode ser
completa ou incompleta. A primeira é simples (conceito), a segunda é composta
(significado e vários sentidos) e somente se pode desdobrar em palavras a
segunda, nunca a primeira, coisa que o charlatão do Kant faz muito. Não se pode
desdobrar um conceito em outro conceito, pois vai contra os Princípios da
Lógica (Identidade, Não Contradição e Terceiro Excluído). No momento em que eu
troco um conceito por outro - conceitos são expressos através de palavras
(signos) -, neste momento estou querendo alterar o que a coisa é em si, ou
seja, estou brigando com a realidade, estou ficando burro e maluco e estou
dando um significado falso para o referente.
Como bem
disse o Mário Ferreira dos Santos: “Kant desconhecia a obra aristotélica, e
fundou-se nas afirmativas de Wolf”. E eu complemento: ainda assim, o charlatão
burro maligno não entendeu muita coisa.
No Brasil temos, por exemplo, Paulo Freire, que repete à ufa em praticamente toda sua obra: "educação é política" ou "educação é um ato político". E usa o mesmo estilo de escrita: "Não é demais repetir aqui essa afirmação, ainda recusada por muita gente, apesar de sua obviedade, a educação é um ato político" (Professora, sim, Tia, não, página 83, Paz e Terra, 2013). Percebam o imperativo categórico, a troca de uma palavra por um significado falso e a troca de conceitos. Dizer que educação é um ato político é a mesma coisa que dizer que céu é uma poça d'água. Fere os Princípios da Lógica. O que resultou disso foi que as pessoas começaram a praticar "política" dentro da sala de aula, sendo que o que se entende por política no Brasil é você defender seu candidato e falar mal do outro. É o que estão fazendo dentro das salas de aula. Não sabem o que é Educação nem Política, assim como Paulo Freire também não sabia ou, caso sabia, então também é um charlatão maligno.
O Imperativo Categórico de Kant posso resumir como sendo um estilo de escrita e de fala no qual você afirma uma coisa trocando conceitos por palavras, fazendo sofismas, jogos de palavras ao mesmo tempo em que afirma categoricamente: “isto é aquilo porque é aqueloutro” (banana é pepino porque é abacaxi).
De certo modo, o tal materialismo dialético de Marx veio, basicamente, de Hegel e Kant (além de outros) que resultou no mesmo: um estilo de escrita e fala baseado em mentiras, sofismas, jogos de palavras, troca de conceitos por palavras, coisas ilógicas em si porque ferem de morte os Princípios Básicos da Lógica Formal que são naturais. É, grosso modo, a Dialética Erística que, de certo modo, tem um apelo emocional porque nos permite vencer um debate sem precisar ter razão, porém, sequer vencemos o debate, é uma ilusão, somente perdemos a alma pela corrupção da inteligência.
A
definição de uma coisa e a prova de sua existência são duas coisas diferentes e
separadas, isto é auto-evidente, porém, Kant passou a chamar a auto-evidência
das coisas de a priori e desdobrou o tal a priori,
bem como Kant passou a chamar a razão de entendimento. E
o que é Razão? Ora, é entendimento. E o que é entendimento? Ora, é razão. E
assim vou nesse ciclo imbecil, mas ali no meio coloco umas palavras bonitas,
crio uma salada mental, tranço um emaranhado de termos e expressões no qual
prendo o leitor numa teia para sugar-lhe a seiva da inteligência.
Sobre a
Crítica da Razão Pura, outra “obra” do Kant, não há o que discorrer, pois
Arthur Schopenhauer em “Sobre a Quadrúplice Raiz do Princípio de Razão
Suficiente” já elucidou.
Caso o
leitor queira, leia os §§ 20 a 23 do quarto capítulo... ou leia o livro todo do Schopenhauer,
caso quiser, ou nem leia, muitos não se interessam mesmo. Por um lado é até
bom isso, pois sobra mais inteligência para mim e para quem se interessa.
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