Um Filósofo não tem a memória mecânica muito boa. Um
Filósofo tem o aparato cerebral configurado para pensar e raciocinar, não para decorar citações e citar autores. Alguém já viu na obra dos grandes autores citações de
outros autores?
Na obra de Aristóteles, por exemplo, alguém já viu ele
citando: segundo Platão e colaboradores o mundo ideal é o das formas estáveis.
Mesmo Platão quando fala de Sócrates não faz citações dele,
mas escreve seus ensinamentos. Não vemos Platão escrever: segundo Sócrates e
colaboradores a maiêutica é o parto do conhecimento. Não. Platão escreve os
pensamentos de Sócrates e descreve as situações das quais decorrem esses
pensamentos.
Um grande autor menciona outro autor quando tem uma
concordância ou uma discordância. Ou quando quer reforçar seu ponto de vista,
mas sem citações, e sim expressando o âmago do seu pensamento.
Citações são usadas somente para expressar uma emoção, para
elogiar determinado autor ou para mostrar que o citador sabe copiar e colar uma
citação utilizando uma frase impactante.
Vemos que hoje em dia ainda temos a disputa entre dois
profetas: Aristóteles e Platão.
Toda a filosofia que veio depois deles podemos colocar de um
lado e de outro: o mundo do real e o mundo das idéias. Uma luta entre duas "classes", segundo o imbecil do Marx. Por outro lado, estes dois, Platão e Aristóteles, tem a mesma origem e
a luta entre eles não passa de uma ilusão.
A ambiguidade das coisas é indivisível, o mundo das idéias e
o mundo do real são como o corpo e a alma: um não existe sem o outro. A alma é
matéria, matéria etérea ainda desconhecida para nós.
Fazendo uma comparação grosseira, a alma está para o corpo
assim como o ar está para as ondas sonoras. A voz se propaga no ar e a alma se
propaga no corpo, mas o ar está por toda parte bem como a alma e as ondas sonoras tem alcance limitado bem como a alma.
A nossa alma se propaga pela essência. Podemos dizer, sem ter certeza, que algumas almas tem uma essência maior do
que outras, sem que isso seja uma luta. É uma união. Duas almas se encontram; a maior não diminui, mas a menor aumenta.
Há uma troca. Agora especulando, talvez a alma seja
as sensações e as emoções. Talvez isso explique porque quando encontramos
alguém, simpatizamos ou antipatizamos com esse alguém sem que isso seja uma
coisa ruim, sem que isso seja uma luta, mas que seja um encontro entre almas.
Uma troca aberta onde todos saem ganhando.
Por isso não me preocupo com o mundo, nem com o pecado nem
com a carne. Existe uma substância maior que regula tudo isso.
A essência, a substância primeira que todos conhecem como
Deus, não importando o nome.
O nome é uma questão semântica, gramatical. A substância, a
essência é a mesma. Por substância e essência entendo que são sinônimos. Chamo
a partir de agora de essência.
A essência se manifesta na alma de cada ser animal, humano
ou não. Sendo um ser humano a essência se manifesta através da razão e da
emoção: um ser humano sente uma emoção e através da razão julga se a emoção é
válida. Este processo muitas vezes é inconsciente.
Por inconsciente entendo aquilo que acontece sem pensar,
acontece automaticamente. Comumente se diz: ele deixou se levar pela emoção. Isso é um erro.
Ninguém deixa se levar pela emoção. A emoção vem e toma conta. Deixar se levar pela emoção implica em ter controle das emoções. Deixar se levar pela emoção implica em saber, por exemplo, quando a raiva aparece e você sabe que está com raiva e se deixa levar pela raiva. Mas todos nós sabemos que a raiva é incontrolável. Se alguém "deixou se levar pela raiva" então não estava com raiva ou estava com raiva, mas não se deixou levar por ela, foi tomado pela raiva. Ou começou a ter raiva, teve consciência disso e daí sim, deixou se levar pela raiva, deixou a raiva tomar conta do seu ser.
Há que se fazer uma distinção entre sentimentos e emoções. Entendo por sentimento aquilo que sentimos de forma branda, calma; e por emoção aquilo que sentimos de forma arrebatadora, agitada. Por exemplo, a alegria é um sentimento posto que é calma; a euforia é uma emoção posto que é uma agitação. O ódio é um sentimento posto que vem de forma calma; a raiva é uma emoção posto que é uma explosão. A raiva dá e passa, o ódio quando se instala, permanece. Uma pessoa com ódio pode não agir com raiva em momento nenhum. Uma pessoa com raiva pode dizer que está com ódio, mas é um engano, ela não sabe o que está sentindo. Uma pessoa eufórica pode dizer que está alegre, mas é um engano, ela não sabe o que está sentindo.
Por isso é que a razão serve para controlar as emoções.
Por isso é que a razão serve para controlar as emoções.
Para esclarecer: cada situação é uma situação.
E como saber como agir em cada situação? É simples: siga
seus pensamentos. A essência também chamada Deus está em todos nós. E ela age
em cada um de nós de acordo com o que pensamos.
Esclarecendo melhor: se você tem um pensamento maligno,
analise com a razão e, caso decidir segui-lo, siga-o e sofra as consequências
depois.
Se você tem um pensamento bom: siga-o.
Cada pensamento tem a sua consequência. Somos a soma das
consequências dos nossos pensamentos.
Por consequência, neste caso, entendo as atitudes, os atos,
as ações, as práticas, os efeitos, tudo aquilo que resulta dos nossos
pensamentos.
Por pensamento bom entendo tudo aquilo que gera um ato que
colocado em prática causa um bem para si e para as outras pessoas.
A teoria é o pensamento e a prática é a materialização do
pensamento. Por exemplo, eu penso em sentar ou sinto vontade de sentar ou quero
sentar, caso eu tenha uma cadeira por perto, eu sento. Caso eu não tenha uma
cadeira nem nada parecido por perto, eu sento no chão ou fico em pé. Isso
acontece automaticamente. É a razão com a emoção.
É como pensar e depois escrever ou falar. O falar é a
materialização do pensamento, o escrever também o é. Por exemplo, eu penso em
construir uma cadeira, essa é a teoria. Ao planejar por escrito como farei a
cadeira já estou realizando a prática e ao pegar a madeira, o, pregos, serrote,
etc, e serrar a madeira, juntar as peças e dar a forma à cadeira, esse processo
todo é a prática. A cadeira finalizada é a materialização do pensamento.
O falar e o escrever envolvem a razão e a emoção. Eu falo
com a razão e com a emoção.
Eu escrevo com a razão e com a emoção. A razão e a
emoção fazem parte da essência, fazem parte daquilo que conhecemos como Deus, não
importando em qual língua.
Esse conflito falso entre razão e emoção, religião e
ciência, rico e pobre, homem e mulher e várias outras coisas provoca um
pensamento dualista que leva à luta, leva à luta com você mesmo e com os
outros. O contraditório não é luta, o contraditório é concordância.
Razão e emoção são complementares, são a essência. O que
existe é a essência, nada mais.
Siga seus pensamentos utilizando a razão e a emoção.
Siga seus pensamentos, dessa forma você saberá quem você é,
e será essência.
Caso você mentir para você mesmo, você mentirá para os
outros e não será essência.
Assim foi escrito.
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