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sexta-feira, 3 de maio de 2024
Instalar e Configurar o Slackware Linux - 2025
domingo, 28 de abril de 2024
É verdade que dos 513 Deputados Federais somente 28 tiveram votação suficiente?
Vamos dirimir essa questão.
Entrando nos três links das referências ao final o leitor poderá comprovar o presente texto.
No primeiro link o leitor pode baixar o arquivo CSV disponibilizado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e abrir no Excel.
O escopo do presente texto foi comprovar que dos 513 Deputados Federais em 2022, computando-se votos corridos do primeiro ao quingentésimo décimo terceiro, 421 entraram na vaga (tiveram votação suficiente e foram eleitos) e 92 não entraram na vaga (tiveram votação suficiente, mas não foram eleitos).
O quociente partidário define o número de vagas a que cada partido terá direito. Esse cálculo é feito dividindo-se a quantidade de votos válidos para determinado partido ou federação pelo quociente eleitoral. Em eleições gerais, a conta é feita separadamente para caga cargo (deputado estadual ou deputado federal).
domingo, 21 de abril de 2024
Por que o Socialismo?
Eu como Einstein, começo este texto da mesma maneira e com a mesma frase do ensaio “Por que Socialismo?” de Albert Einstein, disponível aqui:
https://monthlyreview.org/2009/05/01/why-socialism/.
O texto de Einstein foi publicado em 1949, sendo que em 1920 Ludwig von Mises, também em um ensaio, já havia publicado “O Cálculo Econômico sob o Socialismo”, disponível em:
Em seu ensaio, Mises (apesar de ser Liberal) destruiu a tal economia planificada/planejada:
"Portanto, o princípio básico da troca poderá operar livremente em um estado socialista, dentro dos limites permitidos. E a troca nem sempre precisará se desenvolver na sua forma direta. As mesmas bases que sempre sustentaram as trocas indiretas continuarão existindo em um estado socialista, trazendo vantagens para aqueles que incorrerem nelas. Donde se segue que o estado socialista também irá permitir o uso de um meio de troca universal -- isto é, o dinheiro. Sua função será fundamentalmente a mesma tanto na sociedade socialista quanto na competitiva; em ambas, ele serve como meio universal de troca.
No entanto, a significância do dinheiro em uma sociedade em que os meios de produção são controlados pelo estado será diferente daquela em que os meios de produção são propriedade privada. Com efeito, a significância será incomparavelmente menor, uma vez que o material disponível para troca será mais limitado, já que as trocas estarão confinadas apenas aos bens de consumo. Ademais, exatamente pelo fato de os bens de produção jamais se tornarem objeto de troca, será impossível determinar seu valor monetário. Sob esse aspecto, o dinheiro jamais poderá determinar, em um estado socialista, o valor dos bens de produção da mesma forma que ele o faz em uma sociedade competitiva. No socialismo, portanto, o cálculo em termos monetários será impossível."
Depois, no livro Ação Humana, Mises sacramentou o estrago na tal "economia planejada" mostrando que economia planificada é o “triângulo redondo”, ou seja, é impossível e somente leva à miséria e ao sofrimento da maioria:
“O paradoxo do "planejamento" é que, em uma economia planejada, é impossível planejar. É impossível se fazer planejamento econômico onde não há um livre mercado determinando os preços. De um lado, se não há liberdade para a determinação dos preços, é impossível saber a genuína demanda dos consumidores. De outro, se não há preços livres, não há como fazer um cálculo econômico sensato.
Se não há preços livres, é impossível fazer cálculo de custos. Sem cálculo de custos, é impossível estimar lucros e prejuízos. Sem se estimar lucros e prejuízos, é impossível fazer qualquer investimento racional. E sem investimentos racionais, é impossível atender às genuínas demandas da população.
E daí tem-se a escassez generalizada.
Uma economia planejada ou dirigida pode ser tudo, menos economia. É apenas um sistema de tatear no escuro. Não permite uma escolha racional de meios que tenham em vista alcançar objetivos desejados.
Aquilo que os socialistas e intervencionistas chamam de "planejamento consciente" significa, na realidade, a eliminação de toda a ação consciente e proposital.”
Talvez Einstein não tivesse lido Mises, contudo, isso coloca Mises como inteligência superior à de Einstein, pelo menos no tocante à economia.
Posso dar vários exemplos da realidade de que a tal “economia planificada’ sempre foi uma fraude, uma crueldade planejada para colocar os trabalhadores na miséria e no sofrimento. Apesar de sua obviedade, nunca é demais citar o experimento fracassado de Lênin na URSS que começou em 1917. Até hoje temos o exemplo de Cuba onde a escassez é generalizada, além de vários outros países socialistas/comunistas como Índia, África do Sul, etc.
No Brasil tivemos o governo Sarney (1985-1990), um excelente exemplo real da tal “economia planificada” onde a inflação chegou a 80% ao mês. O pessoal mais antigo lembrará dos tais “fiscais do Sarney”, o que é um belo exemplo da tentativa (fraudulenta e frustrada) de Oskar Lange de refutar Mises. Depois veio Hayek. Hayek percebeu que Lange cometeu vários erros.
“No socialismo de Lange, teria de haver um exército de controladores (fiscais) para verificar os cálculos feitos pelos dirigentes das empresas. Porém, o que exatamente motivaria os dirigentes das empresas e das filiais? O que os impediria de trapacear? Ademais, os resultados desses cálculos teriam de ser comparados com cálculos contrafatuais que deveriam ser realizados posteriormente a fim de se determinar se os chefes das empresas haviam de fato escolhido a melhor combinação possível de fatores de produção. Tudo isso exigiria um imenso estado burocrático.”; disponível em:
Deixo agora para o leitor, sobre esse período do governo Sarney, um trecho do livro “Você foi Enganado, Mentiras, Exageros e Contradições dos últimos Presidentes do Brasil” de Chico Otávio e Cristina Tardáguila (leitura fortemente recomendada); páginas 97 e 98:
“O país estava eufórico – o governo, a população e até mesmo a imprensa. Poucas semanas depois do lançamento do plano econômico, a Rede Globo decidiu encampar o projeto. O então todo-poderoso José Bonifácio de oliveira Sobrinho, o Boni, que comandava todas as áreas de programação da emissora, debruçou-se sobre uma mesa e criou não só uma campanha telivisiva, como também um forte slogan: “Tem que dar certo!”. Na época, Boni não hesitou em convocar nomes de grande apelo popular para defender o Cruzado. A apresentadora Xuxa Meneghel, por exemplo, tinha acabado de estrear seu programa infantil, o Xou da Xuxa, Usava marias-chiquinhas e chamava as crianças de “baixinhos”. Na TV, abraçada a um urso de pelúcia, pedia que eles lembrassem às mães da importância de pedir a nota fiscal nos mercados. A atriz Lucélia Santos fazia um sucesso estrondoso como protagonista da novela Sinhá Moça, exibida às 18 horas na emissora. No comercial de que participou, dizia com firmeza:
- O pão nosso de cada dia, o café, o leite... Tudo tem que andar dentro da tabela. Não pague nem um centavo a mais e comece bem o seu dia. Tem que dar certo!”
Até a economista portuguesa naturalizada brasileira Maria da Conceição Tavares, crítica ferrenha de planos econômicos anteriores, deixou-se contaminar pela proposta de combate à inflação. Em entrevista à TV, emocionou-se ao dizer que estava “muito contente” com a equipe econômica de Sarney, pois ela ajudava “o governo a reencontrar seu rumo”. Para Maria da Conceição, o Plano Cruzado era um “programa sério” que dava ao brasileiro a oportunidade de ter esperanças novamente.”
E aí temos o “imenso estado burocrático”, todos vivendo do dinheiro de imposto que sai picado do bolso do cidadão e o cidadão não nota porque o cidadão vira um escravo pagador de impostos vivendo na "igualdade"... mas sempre tem uns mais iguais do que os outros. E é óbvio que a Maria da Conceição Tavares - uma espécie de Olavo de Carvalho de saias no tocante à oratória e ao cigarro -, elogiaria uma medida socialista dessas. É assim que se socializa um país, passo a passo (o socialismo Fabiano, aliás, é o único que existe), pois o próprio Einstein afirma (com razão) em seu ensaio que:
“Contudo é preciso lembrar que uma economia planejada ainda não é socialismo. Uma economia planejada pode ser acompanhada por uma escravização completa do indivíduo. A realização do socialismo requer a solução de alguns problemas sociopolíticos extremamente difíceis: como é possível, em face da centralização abrangente do poder político e econômico, impedir que a burocracia se torne todo-poderosa e prepotente? Como se podem proteger os direitos do indivíduo e garantir com isso um contrapeso democrático ao poder da burocracia?”
Uma “economia planificada” que, na realidade do "chão de fábrica", traduz-se basicamente em tabelamento de preços pelo governo é uma das características principais daquilo que se chama Socialismo, junto com forte imposto progressivo (alta carga tributária - segunda medida do Manifesto Comunista), são as duas características principais. Essas duas características praticamente definem se um determinado país é Socialista/Comunista, pois elas acarretam numa sucessão de fatores sociológicos que levam à concentração de dinheiro e poder nas mãos de poucas pessoas às custas da miséria e do sofrimento da esmagadora maioria.
Em relação às duas perguntas de Einstein no trecho acima, a resposta é “Não”, no caso de socialismo/comunismo não é possível impedir que a burocracia se torne toda-poderosa e, por conseguinte, não tem como proteger os direitos do indivíduo. Sem Moral, em sistema nenhum de governo é possível as duas perguntas terem respostas favoráveis posto que não existe modelo perfeito de sociedade e nem sistema perfeito de governo. O que existe são uns modelos melhores do que outros e, ainda assim, depende de cada país e é sazonal ao longo do tempo.
República, Monarquia, Parlamentarismo, República Parlamentarista, Democracia, Aristocracia, Tirania, Semipresidencialismo, etc; incluindo sistemas financeiros, econômicos, sociológicos, administrativos, etc; todos eles esbarram na Moral, basta alguém trapacear mesmo no melhor dos modelos que ele desmorona como um castelo de cartas. Como exemplo cito de novo o Brasil que, até 1889, era Monarquia e deram um golpe (trapacearam) e transformou-se em República e a coisa não melhorou em nada, ao contrário. Caso hoje o Brasil voltasse a ser Monarquia, também não mudaria em nada. O problema é a baixeza intelectual e moral da população. Decai a inteligência, decai a moral e vice-versa, não importando qual decai primeiro, uma vem de arrasto da outra.
Não sou Liberal, nem Libertário, nem Positivista, nem Socialista, nem Capitalista, nem Comunista, etc, sou um ser humano.
Aliás, quero que essas “teorias econômicas”, analisadas como um todo, explodam-se, pois todas elas na história da humanidade sempre desconsideram a Moral.
Por exemplo, um Liberal muitas vezes se auto-define como “Liberal na economia e Conservador nos costumes”. É um mero chavão, mas tem muitos que acreditam nisso. Esta é uma mentalidade liberal/positivista, em se tratando daquele positivismo de Augusto Comte.
Liberal na economia e conservador nos costumes, porém, você sempre será logrado nos costumes, o prejuízo financeiro sempre vem depois. No lado positivista, a economia é a parte técnica e os costumes são a parte ideológica, que é desconsiderada por eles. Exemplo: temos dois ou mais sócios numa empresa e lá pelas tantas um sócio passa a perna no(s) outro(s); isso são costumes, ele mentiu, enganou o(s) outro(s). Ideologicamente ele passou uma idéia errada a respeito do caráter dele.
Todo Liberal/Positivista sempre será enganado nos costumes, o prejuízo econômico/financeiro vem, inexoravelmente, depois. Aí parte-se para a briga no Poder Judiciário, ou seja, o Estado (daí o Estado 'burrocrático' é bom) intervindo nas Relações Sociais porque as relações Sociais não tiveram Moral, porém, se a sociedade de um modo geral não tem Moral, como o Poder Judiciário - que faz parte da sociedade - poderá ter?
Por isso que certos autores dizem que "liberal é putinha de comunista".
Einstein até pode ser considerado um gênio, até pode ter sido colocado como um gênio pela grande propaganda (tipo um Chê Guevara intelectual), mas não podemos nos esquecer que, além de ter sido um Socialista (e Socialismo, sempre, sempre, sempre, leva ao Comunismo), Einstein foi aquele que em entrevista ao George Sylvester Viereck publicada no The Saturday Evening Post em 1929, disse em resposta à pergunta de George “Você culpa o Kaiser pela ruína da Alemanha?”, ao que Einstein respondeu:
"- O Kaiser teve boas intenções. Ele muitas vezes tem os instintos corretos. Suas intuições com frequência foram mais inspiradas do que as razões elaboradas de seu ministério de Relações Exteriores. Infelizmente, ele sempre estava cercado por conselheiros precários."
Provavelmente ele falava do Kaiser Guilherme II que dispensou Otto Von Bismarck em 1890 por propor leis anti-socialistas e que depois, Guilherme II, levou o mundo à primeira guerra mundial. E Einstein se dizia pacifista.
Todo aquele que se diz socialista/comunista é um burro - astucioso maligno - mentiroso, fingido e criminoso.
Agora lembrei de Bill Gates ao defender o socialismo fazendo toda uma enrolação com o clima, disponível em https://www.socialismocriativo.com.br/bill-gates-surpreende-o-mundo-ao-afirmar-so-o-socialismo-e-capaz-de-salvar-o-clima-o-setor-privado-e-incapaz/.
Em pesquisa rápida no socialista Google você encontrará essa entrevista em outros sites.
Lembrei-me também do Fórum Econômico mundial no qual Xi Jinping é o palestrante de honra há anos, sendo que Klaus Schwab ressaltou em 2018 e vem confirmando ao longo desses anos de FEM que: "A China é o modelo de sociedade que queremos para o mundo".
Parece-me estranho tantas pessoas com dinheiro e poder defenderem o Socialismo/Comunismo que pretende ser uma ideologia que diz combater pessoas com dinheiro e poder. Eles combatem a si próprios?!?
Referências
https://www.jstor.org/stable/10.5749/j.ctttsbzm
https://mises.org.br/article/2398/por-que-uma-economia-dirigida-sempre-ira-fracassar
https://www.marxists.org/portugues/einstein/1949/05/socialismo.htm
https://monthlyreview.org/2009/05/01/why-socialism/
Einstein Socialista. Organização: Hugo Albuquerque. Editora Autonomia Literária, 2023.
Você foi Enganado: mentiras, exageros e contradições dos últimos presidentes do Brasil. Chico Otávio e Cristina Tardáguila. Editora Intrínseca, 2018.
domingo, 14 de abril de 2024
Arquivo de Configuração apache2.conf para PHP FPM/FastCGI
Tradução do artigo do filósofo Gottfried Wilhelm Leibniz sobre o sistema binário
EXPLICAÇÃO DA ARITMÉTICA BINÁRIA
Acredita-se que Leibniz foi o primeiro a utilizar o sistema binário em meados de 1700 (o artigo foi publicado em 1703), alguns dizem que Leibniz foi o inventor do sistema binário, porém, há controvérsias.
O que se sabe é que este artigo de Leibniz é o primeiro documento de que se tem notícia sobre o sistema binário como o conhecemos, onde o próprio Leibniz menciona as figuras chinesas de Fuxi datadas de mais de 4 mil anos atrás.
EXPLICAÇÃO DA ARITMÉTICA BINÁRIA QUE USA APENAS OS CARACTERES 0 E 1 COM ALGUMAS OBSERVAÇÕES SOBRE SUA UTILIDADE E SOBRE A LUZ QUE LANÇA SOBRE AS ANTIGAS FIGURAS CHINESAS DE FUXI
O cálculo normal da aritmética é feito de acordo com a progressão de dezenas. São usados dez caracteres, que são 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, que significam zero, um e os números sucessivos até nove, inclusive. E então, ao chegar a dez, recomeça-se escrevendo dez (10); dez vezes dez ou cem (100); dez vezes cem ou mil (1000); dez vezes mil ou 10 mil (10000) e assim por diante.

Mas em vez da progressão de dezenas, durante muitos anos usei a progressão mais simples de todas, que procede de dois em dois, tendo descoberto que é útil para o aperfeiçoamento da ciência dos números. Assim não utilizo outros caracteres exceto 0 e 1 e ao chegar a dois, começo de novo. É por isso que dois é aqui expresso por "10" e duas vezes dois, ou quatro, por "100", duas vezes quatro, ou oito, por "1000", duas vezes oito, ou dezesseis, por "10000", e assim por diante. Veja a Tabela de Números que pode ser estendida até onde for desejado.
Um olhar torna evidente a razão de uma célebre propriedade da progressão geométrica por dois em números inteiros, propriedade esta que sustenta que se tivermos apenas um desses números para cada grau podemos compor a partir deles todos os outros números inteiros abaixo do duplo do mais alto grau.

Pois aqui é como se disséssemos, por exemplo, que 111, ou 7, é a soma de quatro, dois e um, e que 1101, ou 13, é a soma de oito, quatro e um. Esta propriedade permite aos avaliadores pesar todos os tipos de massas com poucos pesos e pode servir na cunhagem para fornecer vários valores com poucas moedas. Estabelecer esta expressão de números nos permite realizar com muita facilidade todo tipo de operações.

E todas essas operações são tão fáceis que não haveria necessidade de adivinhar ou experimentar nada, como tem de ser feito na divisão comum. Não haveria mais necessidade de aprender nada de cor como acontece no cálculo comum onde é preciso decorar, por exemplo, que 6 e 7 juntos são 13 e que 5 multiplicado por 3 dá 15 de acordo com a Tabela "um vezes um é um" que é chamada Pitagórica(1). Mas aqui, tudo isso é encontrado e provado a partir da fonte, como fica claro nos exemplos anteriores sob os sinais meia-lua e círculo com ponto.
Contudo, não estou de forma alguma recomendando esta forma de contar a fim de introduzi-la no lugar da prática comum de contar até dez. Pois, além de estarmos acostumados com isso, não temos necessidade de decorar o que já aprendemos. A prática de contar até dez é mais curta e os números não são tão longos. E se estivéssemos acostumados a avançar por doze ou dezesseis, haveria ainda mais vantagem. Mas o cálculo por dois, isto é, por 0 e 1, como compensação pelo seu comprimento, é a forma mais fundamental de cálculo para a ciência e oferece novas descobertas que são então consideradas úteis, mesmo para a prática de números e especialmente para geometria.
A razão para isto é que, à medida que os números são reduzidos aos princípios mais simples, como 0 e 1, uma ordem maravilhosa torna-se aparente em todo o processo. Por exemplo, na própria Tabela dos Números fica claro em cada coluna que ela é regida por ciclos que sempre recomeçam. Na primeira coluna é 01, na segunda 0011, na terceira 00001111, na quarta 0000000011111111 e assim por diante. E pequenos zeros foram colocados na tabela para preencher a lacuna no início da coluna e para enfatizar melhor esses ciclos. Além disso, foram traçadas linhas dentro da tabela, o que mostra que o que está contido nas linhas sempre ocorre novamente abaixo delas. E acontece ainda que números quadrados, números cúbicos e outras potências, também números triangulares, números piramidais e outros números de figuras têm ciclos semelhantes de modo que as tabelas deles podem ser escritas imediatamente sem qualquer cálculo. E esta tarefa, demorada no início, mas que então fornece os meios para tornar o cálculo econômico e prosseguir até o infinito por meio de regras é infinitamente vantajosa.
O que é surpreendente neste cálculo é que esta aritmética de 0 e 1 contém o mistério das linhas de um antigo rei e filósofo chamado Fuxi(2), que se acredita ter vivido há mais de 4.000 anos e a quem os chineses consideram como o fundador de seu império e de suas ciências. Existem várias figuras lineares que lhe são atribuídas, todas elas remontando a esta aritmética, mas basta dar aqui a "Figura das Oito Cova", como é chamada, que se diz fundamental, e juntar a elas a explicação que é óbvia, desde que se note, em primeiro lugar, que uma linha inteira (-) significa unidade, ou 1, e em segundo lugar, que uma linha quebrada (--) significa zero, ou 0.

Os Chineses perderam o significado de "Cova" ou "Lineações de Fuxi" talvez há mais de mil anos e escreveram comentários sobre o assunto em que procuraram não sei que significados distantes, de modo que a sua verdadeira explicação vêm dos europeus. Eis como: há pouco mais de dois anos enviei ao Reverendo Padre Bouvet(3), célebre jesuíta francês que vive em Pequim, o meu método de contar por 0 e 1 e nada mais foi necessário para fazê-lo reconhecer que meu método foi a chave que o lembrou das figuras de Fuxi. Escrevendo-me em 14 de novembro de 1701, enviou-me a grande figura deste príncipe filosófico, que vai até 64, e não deixa mais margem para duvidar da veracidade da nossa interpretação de modo que se pode dizer que este Padre decifrou o enigma de Fuxi com a ajuda do que eu havia comunicado a ele. E como estas figuras são talvez o mais antigo monumento da ciência que existe no mundo, esta restituição do seu significado após tão grande intervalo de tempo parecerá ainda mais curiosa.
A concordância entre os números de Fuxi e minha Tabela de Números é mais óbvia quando os zeros iniciais são fornecidos na Tabela; parecem supérfluos, mas são úteis para mostrar melhor os ciclos da coluna, assim como lhes forneci pequenos anéis para distingui-los dos zeros necessários. E este acordo deixa-me com uma opinião elevada sobre a profundidade das meditações de Fuxi, uma vez que o que nos parece fácil agora não o foi naqueles tempos distantes. A aritmética binária ou diádica é, com efeito, muito fácil hoje em dia, exigindo pouca reflexão uma vez que é grandemente auxiliada pelo nosso modo de contar, do qual, ao que parece, apenas o excesso é removido. Mas esta aritmética comum por dezenas não parece muito antiga e pelo menos os Gregos e os Romanos a ignoravam e foram privados de suas vantagens. Parece que a Europa deve a sua introdução a Gerbert, que se tornou Papa sob o nome de Silvestre II(4), que a herdou dos Mouros da Espanha.
Ora, como se acredita na China que Fuxi é mesmo o autor dos caracteres chineses, embora estes tenham sido muito alterados em épocas posteriores, o seu ensaio sobre aritmética leva-nos a concluir que algo considerável poderia mesmo ser encontrado nestes caracteres no que diz respeito aos números e ideias se alguém pudesse descobrir os fundamentos da escrita chinesa, tanto mais que se acredita na China que ele teve consideração pelos números ao estabelecê-los. O Reverendo Padre Bouvet está fortemente inclinado a insistir neste ponto e é muito capaz de o conseguir de várias maneiras. No entanto, não sei se alguma vez houve uma vantagem nesta escrita Chinesa semelhante àquela que necessariamente tem de haver no projeto da Característica I que é que todo raciocínio derivável de noções poderia ser derivado dos caracteres dessas noções por uma forma de cálculo que seria um dos meios mais importantes de ajudar a mente humana.
NOTAS:
1. Leibniz está aqui se referindo à tabuada de multiplicação (Tabuada).
2. Uma figura mitológica, que se diz ter vivido no terceiro milênio a.C.
3. Joachim Bouvet (1656-1730), um missionário jesuíta francês que passou a maior parte da sua vida adulta na China. Ele e Leibniz corresponderam-se entre 1697 e 1707.
4. No seu “Discurso sobre a teologia natural dos chineses” (1716), Leibniz repetiu a sua afirmação de que Gerbert (ou seja, Gerbert d'Aurillac), que foi papa de 999 a 1003, introduziu o sistema decimal para a Europa cristã. Veja Leibniz, Writings on China , trad. e Ed. Daniel J. Cook e Henry Rosemont Jr. (Chicago: Tribunal Aberto, 1994), p135. A afirmação de Leibniz está errada; embora se acredite tradicionalmente que Gerbert introduziu os algarismos arábicos na Europa cristã, ele não introduziu o sistema decimal.
https://www.leibniz-translations.com/binary.htm