quinta-feira, 16 de maio de 2019

O Sistema da Pirâmide

   Já há algum tempo - milênios ou milhões de anos, dependendo se você raciocina com criacionismo ou evolucionismo -, temos no mundo um sistema hierárquico em forma de pirâmide onde a “autoridade” é exercida de cima para baixo.
   A palavra “autoridade” está entre aspas porque seu sentido original foi deturpado. Autoridade, no seu sentido original, vem de autor, que implica responsabilidade por suas palavras e por seus atos (tem a ver com moral). É diferente de autoritarismo, que implica falta de responsabilidade por suas palavras e seus atos (falta de moral).
   As “autoridades constituídas”, na verdade são autoritários constituídos. É evidente que uma autoridade constituída pode (e deve) ter moral nas suas palavras e nos seus atos. Porém, o sistema da pirâmide favorece que uma autoridade se transforme em um autoritário, pois este é investido somente de poder legal, enquanto aquela, além do poder legal deve, obrigatoriamente, ter moral.
   Não vou, no momento, discorrer sobre o que é moral e como adquiri-la, até porque outros já fizeram isto com mais propriedade e autoridade. Mas vou assumir, para o presente estudo, o sentido de “moral” como aquele que está no senso comum, no imaginário: ter virtudes tais como ser honesto, ter conduta reta, ter coragem, ter respeito para com os outros, ter bons valores, ter bons costumes, ser respeitado. Tal sentido não contém toda a definição do que é moral, mas encerra perfeitamente a compreensão do que é moral e, por conseguinte, como adquiri-la.
   O sistema da pirâmide do qual escrevo é, por assim dizer, um esquema mental no qual, como já foi dito, as ordens emanam de cima para baixo não importando se quem está embaixo concorda ou não.
Esquematicamente, o sistema é o que está na figura abaixo:
   É simples; uma pirâmide dividida em camadas onde na base está o número maior de pessoas. Podem ser poucas ou várias camadas, dependendo do grupo de pessoas que estamos analisando. Poderia até ser feita uma pirâmide da hierarquia mundial.
   Lembre que uma pirâmide tem três dimensões: altura, largura e profundidade (ou comprimento).
   Ao analisar o organograma de qualquer empresa privada, instituição pública, família, grupo temporário de pessoas, seja o que for em se tratando de coletividade, temos uma pirâmide; basta traçar três retas formando um triângulo.
   Analisando-se, neste sentido, as três religiões reveladas: Cristianismo, Judaísmo e Islamismo, representadas por seus respectivos livros sagrados, temos o mesmo sistema piramidal, a saber, de forma genérica: em cima Deus, na camada logo abaixo anjos (ou outra denominação), depois messias, profetas, santos, etc, e assim sucessivamente até chegarmos nos seres humanos ou nos chamados “espíritos inferiores ou malignos” que habitam o que chamam de inferno (ou outra denominação). Destas últimas duas classes, não sei qual tem em maior quantidade por isso não posso precisar qual é a base dessa pirâmide: nós ou os demônios.
   Este pensamento de hierarquia está presente como um esquema mental no senso comum das pessoas na realidade física, no mundo físico no qual vivemos.
   A noção de hierarquia é intrínseca no ser humano, faz parte dele. O ser humano sempre obedeceu a alguém e/ou sempre mandou em alguém. Aquele que não obedece a ninguém e não manda em ninguém está vivendo sozinho isolado fisicamente por conta própria.
   Alguém poderá dizer: -“Eu não obedeço ninguém, sigo minha própria cabeça”. Isto é ilusão! Caso alguém dê um conselho para este alguém e este alguém seguir o conselho, no todo ou em partes, ele obedeceu. “Obedecer a alguém” não é um termo pejorativo, faz parte da vida em coletividade, bem como mandar. As pessoas confundem obedecer com submeter-se, obediência com submissão. E confundem autoridade com autoritarismo.
   O sistema da pirâmide, por falta de uma nominação melhor, enquanto esquema mental, pode ser encontrado também na filosofia de um modo geral e, como exemplos, cito Aristóteles e Platão. Poderia citar outros filósofos desde os tempos antigos até os dias atuais, porém, a lista ficaria muito extensa.
   Este conceito geral, esta apreensão intelectual da essência deste modelo de hierarquia, está profundamente arraigado na mentalidade do ser humano. São milênios - ou milhões - dessa mentalidade penetrando na consciência humana, cuja repetição subliminarmente intensa atingiu o subconsciente afetando as emoções, as vontades, os desejos, os sentimentos, as opiniões, etc.
   Poderia dizer que esta mentalidade vem desde a queda do paraíso. Poderíamos culpar Moisés por isso, pois, supostamente, foi ele quem escreveu o Gênesis e, de quebra, colocou na cabeça da maioria da humanidade a “recompensa da vida eterna”, que um dia voltaremos para junto de Deus, basta respeitar a hierarquia da pirâmide nesta vida física. O próprio Jesus Cristo estabeleceu hierarquicamente que “ninguém vai ao Pai senão por mim”. Maomé fez algo semelhante no Islamismo. Das três religiões reveladas somente o Cristianismo tem um esquema mental um pouco diferente das outras duas: existe um messias com nome e rosto que voltará um dia. No Judaísmo e no Islamismo existe o messias, mas somente se saberá quem é o messias quando ele próprio se revelar. É uma coisa meio assim misteriosa. Em alguns rabinos ortodoxos, já de idade avançada, esse esquema mental de não precisar de intermediários para chegar em Deus ainda é presente. Porém, o Talmud - a Torah oral escrevinhada - estabeleceu há tempos mais um nível intermediário entre Deus e os judeus, bem como o Novo Testamento no Cristianismo. O Islamismo é submissão pura e simples.
   Sendo a religião - enquanto conceito - a infância da filosofia, é através dela, da religião, que certos esquemas mentais, certas mentalidades e certos pensamentos entram na mente dos seres humanos, principalmente na infância não metafórica.
   Na modernidade outras correntes de pensamento estão entrando no lugar das religiões, no entanto, o sistema piramidal está se tornando cada vez mais forte.
   Não vejo nenhum problema em estabelecer-se uma hierarquia nas relações humanas entre os seres humanos e entre os seres humanos e os mundos físico e metafísico (ou espiritual).
   A questão básica é: “o que devemos reconhecer e respeitar na hierarquia? ”
   A resposta é: a moral.
   O caminho para a escravidão é aceitar um autoritário mascarado de “autoridade” imposta de cima para baixo posto que toda “autoridade” surgida assim não tem moral na sua essência. A autoridade - no verdadeiro sentido da palavra - tem moral e é autoridade justamente por ter moral.
   Em tempos modernos, a autoridade sem moral é o que se chama de opressor, pois todo opressor é autoritário. Uma pessoa que cultiva a moral em si e, por decorrência, nos outros, jamais será opressora e jamais será oprimida. Mesmo que o pior dos opressores entre na sua vida, ela jamais será oprimida, pois a coragem para lutar vem da força moral e a força moral vem da certeza de que se está fazendo o certo, o bem e o justo para si e para os outros. E quando ficar em dúvida entre “se dar bem” e prejudicar alguém, escolha com coragem e depois chore com os castigos ou alegre-se com as recompensas, pois uma dessas duas virá com a mesma certeza da morte.
   E lembre-se sempre que, nessa escolha, é possível todos saírem ganhando, uns mais, outros menos, mas faça a sua escolha na rotina diária de modo que todos possam sair ganhando. Esta deve ser a hierarquia da vida.

sexta-feira, 3 de maio de 2019

A Constituição e a Prisão em Segunda Instância


   Todo este imbróglio em torno da prisão em segunda instância tem sua origem no artigo 5º, inciso LVII, da Constituição Federal, que preceitua que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.
   Este inciso LVII foi mal construído e jamais deveria ter sido sequer colocado na Constituição (quanto mais aprovado) por ferir um dos quatro preceitos: clareza, concisão, precisão e realidade, como veremos adiante. Aliás, analisando-se os institutos jurídicos das últimas 4 ou 5 décadas (ou mais) no Brasil veremos que, além da quantidade de leis vigentes no Brasil ser absurda - em torno de 190 mil leis vigentes -, elas não são, em sua esmagadora maioria, claras nem concisas nem precisas e nem reais.
   Os artigos, incisos, letras, etc, das leis devem ser claros, concisos e precisos no tocante à sua escrita formal, a saber:
   Claro: compreensível, sem dúvida, inequívoco;
   Conciso: sucinto, expressar um conteúdo sem excesso de palavras;
   Preciso: exato, ir direto ao ponto.
   Porém, além dos preceitos acima, o legislador deve levar em conta, também, a realidade da aplicação prática da lei, como veremos no exemplo adiante.
   O objetivo final de toda Lei é mudar o comportamento da sociedade, seja para melhor ou para pior, e leis mal escritas causam estragos quase irreparáveis na sociedade.
   Tomando-se como exemplo o inciso LVII posso depreender ele é conciso, mas não é, principalmente, claro e, secundariamente, preciso.
   A concisão desse inciso reside na expressão do conteúdo sem excesso de palavras.
   Peca na sua clareza porque não deixa claro, obviamente, se é possível ou não a prisão em segunda - ou qualquer instância que for -, no ordenamento jurídico brasileiro.
   E tem uma certa precisão porque trata da presunção de inocência, mas não define exatamente a partir de quando se deve dar a prisão ao culpado; a popular “brecha” na lei: deixa no ar a interpretação.
   Caso o inciso LVII tivesse a seguinte escrita: “Ninguém poderá ser PRESO até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”, teríamos um inciso claro, conciso e preciso, mas que não seria real, não seria aplicável na realidade física. Aí está a realidade da lei, a aplicabilidade prática da lei.
   Tendo o inciso LVII a escrita acima, ninguém mais seria preso aqui no Brasil por qualquer crime que cometesse devido à demora nos processos judiciais, demora esta que não me cabe no momento analisar. Mas posso aventar a possibilidade de que, em sendo as leis claras, concisas e precisas, essa demora se reduziria automaticamente, pois leis claras, concisas e precisas deixam pouca ou nenhuma margem às interpretações e permitem recursos às instâncias recursais somente quando houver necessidade de recurso por um erro no processo, falta de indícios e/ou provas, etc.
   Outro exemplo de escrita do inciso LVII: “Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória, mas o tribunal poderá determinar a execução provisória das penas privativas de liberdade, restritivas de direitos ou pecuniárias, sem prejuízo do conhecimento de recursos que vierem a ser interpostos”. Ou, em uma linguagem mais popular: “Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória, mas poderá ter a execução da sentença determinada por decisão em segunda instância”. Lembro aqui para ficarem atentos na diferença entre “poderá” e “deverá”.
   Apesar de que, para mim, execução da pena, presunção de inocência, prisão, etc, não são matérias que se coloquem na Constituição. Por causa de aberrações jurídicas como esta é que a nossa suposta constituição não passa de um mero catálogo de artigos. É uma estrovenga enorme que, agindo de traição, penetrou fundo no Brasileiro e abriu rombos na sociedade... se é que me entendem.
   Outro ponto: o Brasil é o único país do mundo que tem quatro instâncias, vamos por assim dizer; a primeira instância são as comarcas, a segunda instância são os Tribunais de Justiça, e o STJ (Superior Tribunal de Justiça) e o STF (Supremo Tribunal Federal) são as instâncias recursais.
     O que vemos no ordenamento jurídico brasileiro é o excesso de recursos baseado nas famosas “brechas” na lei. Essas famosas “brechas” na lei nada mais são do que as margens excessivas de interpretação porque a lei, no seu texto escrito, ou não é clara ou não é concisa ou não é precisa, como vimos no exemplo do inciso LVII do artigo 5º da Constituição Brasileira. Aliás, chegamos ao ponto em que o excesso de recursos já se constitui por si mesmo uma "brecha" na lei onde o réu utiliza esse instituto para protelar a execução da pena.
   O excesso de margem à interpretação nas leis, leva ao autoritarismo de um ser humano sobre os outros, substitui a paz pela desordem e substitui a duração das instituições pela sua derrocada. É exatamente para evitar o caos, a corrupção, a desordem, que as leis devem ser claras, concisas e precisas e devem ter aplicabilidade prática na realidade física.
   Os legisladores, ao formular uma lei, devem, obrigatoriamente, seguir estes preceitos de clareza, concisão, precisão e realidade.
   A votação no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a prisão em segunda instância já ocorreu 4 vezes nos últimos anos e está indo para uma quinta vez, onde, novamente, o STF decidirá arbitrariamente, ao sabor do momento, a prisão ou não em segunda instância. E o STF perde tempo e dinheiro discutindo questões que já deveriam estar expressas na lei.
   Vemos que, por um erro causado pela incompetência do legislativo ao formular e aprovar abestalhadamente um inciso na Constituição, promove toda esta balbúrdia no Brasil no que concerne a uma pequena parcela do ordenamento jurídico. Estenda-se isto à maioria do ordenamento jurídico e temos o que temos no Brasil.
   Ao analisar-se a Constituição (e outras leis) no Brasil veremos que sua esmagadora maioria é mal formulada, mal escrita e não tem aplicabilidade prática. Donde conclui-se que no Brasil temos um excesso excessivamente excessivo de simulacros de Leis, ou seja, não temos Leis: é uma terra sem Lei onde impera a mentira, a politicagem, a ladroagem, a corrupção, crimes variados, maus valores, etc.
   Quem pode mais, chora menos; mas, de qualquer maneira, todos choram. Até quando?

sábado, 20 de abril de 2019

Índole e Construção Social

   Hoje falarei da formação de um ser humano desde a sua concepção. Começarei discorrendo sobre a expressão “Construção Social”. Ela significa basicamente que o ser humano é construído socialmente de acordo com a sociedade na qual vive, de acordo com o meio-ambiente, de acordo com os princípios familiares ensinados, de acordo com o que aprende na escola, de acordo com as atitudes, com o modo de agir do seu círculo social. A palavra "sociedade" aqui pode referir-se também a um pequeno grupo de pessoas (sua família, sua rua, seu bairro, sua cidade, etc). Na prática é tudo aquilo que você aprende na sua vida, seja em termos de pensamentos, de idéias, de atitudes, ações, princípios morais, caráter e assim por diante.
   Atualmente esta expressão "Construção Social" é utilizada para falar somente de identidade de gênero no tocante ao aspecto sexual: eu sou heterossexual, sou homossexual, sou binário e por aí vai. Mas a construção social não age somente na opção sexual de uma pessoa, ela age em todas as áreas, isso é óbvio. Princípios aqui são o que se chama popularmente de "valores", mas o correto é dizer Princípios, Princípios Morais Universais.
   Se você cresce num ambiente de maus princípios aprendendo a mentir, a roubar, esta terá sido, basicamente, a sua construção social. É aquele ditado popular: diga-me com quem andas e eu te direi quem és. Ou quando alguém fala para ter cuidado com certas companhias. Isso faz parte da construção social. E a construção social é um fato, é verdade.
   O problema é que escondem o outro lado da coisa: a índole - as características individuais que vem com cada pessoa desde a sua concepção. Isso também é fato, também é verdade. Neste sentido o ser humano não nasce uma tábula rasa, não nasce bom e a sociedade o corrompe (como dizem alguns incautos), não nasce ruim (como dizem outros), mas contempla o bem e o mal no sentido de que são intrínsecos à alma e ao espírito humano, e são mesmo.
   Basta observar bebês de colo, bebês de berço com meses de idade e veremos que esses bebês têm diferenças, assim como nós tivemos quando éramos bebês. Se você perguntar para seu pai ou para sua mãe - geralmente a mãe observa melhor essas coisas - ela irá falar as diferenças que tinham entre você e seus irmãos ou irmãs quando eram bebês. Num berçário ou em uma maternidade um bebê acorda e dorme em horário diferente de outro bebê, chora em horário diferente, um chora mais do que o outro, um é mais introvertido, outro é mais extrovertido. Em tenra idade (antes dos 13 anos) sempre tem aquele capetinha da turma, aquele tímido, aquele normal e assim por diante. Isso prova que todos temos uma índole desde a concepção. Na barriga da mãe uns “chutam” mais do que os outros. Mesmo que estes “chutes” sejam por causa física (desconforto, dor, etc), ainda assim mostram as diferenças de índole já no ventre materno pois todos reagimos à dor física de modo diferente, uns suportam menos do que outros. E a mesma coisa é em relação às dores emocionais.
   Então vemos que a formação de uma pessoa envolve duas coisas: a índole e a construção social.
   Antigamente dizíamos que o ser humano nasce com características inatas cujas quais são as características naturais que nascem com cada indivíduo; e dizíamos que o ser humano é também produto do meio ambiente no qual vive. Mudou-se a terminologia, mas são essas duas coisas que agem na formação de uma pessoa: a índole e a construção social. Porém, hoje se fala somente em construção social. Esqueceu-se da índole.
   A índole é o conjunto de traços e qualidades inerentes ao indivíduo desde a sua concepção; é o caráter inicial, são as suas inclinações, a sua vocação natural, o seu temperamento natural, aquela voz interior, aquele pensamento que lhe avisa quando você está prestes a fazer besteira na sua vida. E não tem como mudar a índole de uma pessoa, mas tem como confundir essa índole dando a essa pessoa princípios de caráter e temperamento contrários à sua própria índole, ou seja, dando uma construção social contrária à sua índole.
   Se uma criança de índole boa for construída socialmente em um ambiente de maus princípios essa criança poderá não se tornar um adulto ruim, mas certamente se tornará um adulto confuso, ignorante, sem muito entendimento das coisas (independentemente da sua inteligência).
   Para esclarecer vamos fazer 4 classificações tendo por base a índole e a construção social.
   A pessoa nasce com uma índole boa - é lógico que essa índole boa tem níveis - uma pessoa tem bom caráter, mas outra tem caráter melhor ainda. Mas para nossa classificação, para nosso entendimento, vamos tomar índole boa e índole ruim.
   1 - A pessoa nasce com uma índole boa e é construída socialmente em uma sociedade com bons princípios;
   2 - A pessoa nasce com uma índole boa e é construída socialmente em uma sociedade com maus princípios;
   3 - A pessoa nasce com uma índole ruim e é construída socialmente em uma sociedade com bons princípios e
   4 - A pessoa nasce com uma índole ruim e é construída socialmente em uma sociedade com maus princípios.
   É lógico que esses princípios também têm níveis. Você é criado em uma família sem muitas brigas, teus pais te ensinam coisas boas, teus amigos não são mentirosos, ladrões. Ou você é criado num ambiente de mentiras, enganações, brigas, em uma família de ladrões, enfim. Tem vários níveis.
   E o que pode acontecer em cada uma dessas 4 classificações é:
   1 - Índole boa com bons princípios resulta em boa educação e com certeza essa criança se tornará um adulto maduro, inteligente, consciente de si, uma pessoa boa e forte.
   2 - Índole boa com maus princípios : dependendo do nível de maus princípios da sociedade essa criança poderá se tornar um bandido ou não, mas com certeza será um adulto confuso porque a sua índole boa dirá uma coisa, mas o ambiente no qual ela viveu lhe ensinou outra coisa. Se uma criança assim, com índole boa, for criada num ambiente de mentiras ela se tornará um adulto mentiroso, mas interiormente terá alguma coisa lhe dizendo que isso é errado e isso fará com que ela seja um adulto confuso.
   3 - Índole ruim com bons princípios . Uma criança que nasce com uma índole mais para ruim, mas é criada num ambiente de bons princípios, a probabilidade dela se tornar um adulto maduro, consciente, uma boa pessoa, será grande porque ela aprenderá coisas boas. E aprenderá através dos bons exemplos da sociedade, aprenderá através do convívio desde criança o que se deve fazer para ter uma vida boa e isso fará com que ela mesma controle seus maus desejos, com que ela mesma controle a sua índole ruim.
   Vejam bem, a formação do caráter, dos bons princípios independe da condição social da pessoa. Eu posso ser rico e ser um bandido, bem como posso ser pobre e ser um bandido.
   E 4 - Índole ruim com maus princípios: esta combinação é a pior de todas, é essa combinação que produz monstros, psicopatas (assassinos em série) e outros tantos.
   Neste último caso, índole ruim e construção social com maus princípios morais, posso dar dois exemplos: uma favela, uma comunidade de qualquer grande centro. Ali tem pessoas que estão no mesmo ambiente, mas a maioria se tornam boas pessoas, outros se tornam bandidos e poucos se tornam os chefes da bandidagem. Esses que se tornam os chefes é porque juntou a fome com a vontade de comer: índole ruim e ambiente de maus princípios. Os que são bandidos, mas não se tornam os chefes da bandidagem provavelmente é porque a índole deles não é tão ruim uma vez que foram criados no mesmo ambiente, na mesma favela.
   E o segundo exemplo: um ambiente político onde predomina a mentira, a enganação, os conluios e interesses próprios em detrimento do interesse público. Essas pessoas deveriam ser a elite de uma sociedade, mas a predominância de péssimos princípios faz com que os bandidos (índole ruim e maus princípios) se tornem os chefes, pois eles tem a habilidade natural de mentir, enganar, roubar, matar, etc.
   Então vemos que quando uma sociedade é formada por maus princípios, por mentiras, enganações, levar vantagem em tudo (o famoso jeitinho), esta sociedade passa a produzir, a educar, a formar cada vez mais pessoas assim porque a construção social, o ambiente no qual você vive tem uma influência enorme na sua formação.
   Para estragar uma sociedade próspera basta introduzir maus princípios e, inexoravelmente, emergirá um grupo de homens de má índole que controlará essa sociedade.
   O contrário também é válido: para ter uma sociedade com bons princípios basta cultivar esses bons princípios que as pessoas de má índole serão naturalmente e facilmente identificadas e jamais chegarão ao poder. A palavra "sociedade" aqui pode referir-se também a um pequeno grupo de pessoas (sua família, sua rua, seu bairro, sua cidade, etc).
   Vejam bem, procuro não utilizar a palavra “elite”, pois ela foi descaracterizada. Elite significa o que há de mais valorizado e de melhor qualidade, portanto, utilizar “elite” em expressões como “elite dominante”, além de incultura gramatical é ilógico e é idiotice. Expressões como “elite dominante” sequer são entidades lógicas. São entidades gramaticais, mas não são válidas; e não são entidades retóricas.
   O processo de introdução de maus princípios (ou bons princípios) geralmente começa com a linguagem.
   Posso classificar em três: pensamento/raciocínio, linguagem e comportamento. O ser humano pensa, comunica (fala e escreve) e age. Os três são indivisíveis, estão interligados, muda-se um e automaticamente muda-se os outros dois. Porém, dos três, é mais fácil mudar a linguagem do que o pensamento/raciocínio ou o comportamento.
   Mudando-se a entidade gramatical muda-se automaticamente o entendimento da entidade lógica e muda-se, obviamente, a entidade retórica. Mudando a linguagem, muda automaticamente o pensamento/raciocínio e o comportamento de um ser humano. E estabelecendo uma linguagem na infância, estabelece-se, basicamente, o pensamento/raciocínio e o comportamento.
   Enfim, são estas duas coisas: a índole e a construção social, e são indivisíveis. Mas em relação a crianças em processo de formação, a construção social é predominante. É nas fases infantil e de adolescência que uma pessoa aprenderá determinados princípios que carregará para o resto da sua vida e esses princípios são muito difíceis de mudar depois de adulto. A tentativa de mudança da índole de um adulto através de maus princípios provoca tamanha confusão nos indivíduos e, por conseguinte, bagunça toda a sociedade.
   Eu dei o processo aqui somente em linhas gerais, mas acredito que deu para entender que o problema é quando falam somente um lado da coisa e esquecem o outro lado. Quando falam somente da construção social e esquecem da índole e vice-versa, quando falam somente da coletividade e esquecem da individualidade ou quando falam da individualidade e esquecem da coletividade. São duas coisas indissociáveis, indivisíveis, uma não vive sem a outra. É preciso ter discernimento para entender. Por exemplo, quando dizem que o homem e a mulher são sexos opostos, isso é mentira, é mau princípio. O homem e a mulher são sexos complementares, que se complementam, que unem forças, que unem suas individualidades para viver bem em coletividade e depois passam os Princípios para seus filhos.
   Qual é a sua índole? Como você era quando criança?

sexta-feira, 19 de abril de 2019

Os Trouxas

   A chamada direita no Brasil, agora representada pelo governo Bolsonaro, continua sendo feita de trouxa pela chamada esquerda. O “recuo” da censura feita pelos Ministros Dias Toffoli (o totonho) e Moraes (o kojak) não foi propriamente um recuo. Agora com a autorização do Totonho para que o Lula dê entrevistas ficou bem clara a intenção da tal “censura”.
   Novamente eles mataram dois coelhos com uma só cajadada: fizeram um teste para saber o que aconteceria com o avanço autoritário do STF (a técnica do pé-na-porta) e liberaram o Lula para dar entrevistas.
   Os crimes cometidos por esses dois Ministros, como apontados pelo jurista Modesto Carvalhosa durante os últimos atos de censura, passarão em branco.
   O STF está se tornando, simbolicamente, o partido-estado. Depois, será fácil transferir esse símbolo.
   O processo de comunização do Brasil vai muito bem, obrigado, segue de vento em popa e está tudo como dantes no quartel de Abrantes.

terça-feira, 16 de abril de 2019

Sinto Muito

Sinto muito que você não sinta
Da mesma maneira que eu sinto
Sinto muito que você não sinta
Mas tenta sentir o que eu sinto

Sinto muito por tudo isso
Isso é o que você não sente
Isso tudo é o que eu sinto
Você tenta e nada sente

Sinto muito por lhe causar isso
Desculpas mudam o que sente
Sinto que você não perdoa isso
Sinto muito que você não sente

Sinto muito tudo o que eu sinto
E sinto tudo que você não sente
E você não sente o que eu sinto
Sinto muito que você não sente