O materialismo dialético, a doutrina de Marx, deve ser conquistada a cada dia, assimilada a cada hora, a partir da práxis. Por outro lado, a doutrina de Marx, em sua inatacável unidade e totalidade, constitui a arma para a condução da prática, para o domínio dos fenômenos e de suas leis. Se dessa totalidade for destacado (ou apenas subestimado) um só elemento constitutivo, teremos de novo a rigidez e a unilateralidade. Basta que se perca a relação dos momentos uns com os outros, e lá se vai o chão da dialética marxista sobre o qual apoiamos os pés. “Pois qualquer verdade – diz Lênin – se a exagerarmos, se ultrapassamos os limites de sua validade, pode tornar-se um absurdo; aliás, é inevitável que, em tais circunstâncias, ela se torne um absurdo.”
Lukács escreve sobre o "Materialismo Dialético", a doutrina de Marx?!?
Um sujeito como Marx que não trabalha com definições, somente trabalha com determinações, como bem disse José Paulo Netto: "se você é o leitor que pretende encontrar definições, Marx não é o autor para você"; ou seja, Marx não define nada em seus escritos além de uma pasta mental cinzenta pegajosa, Marx diz uma coisa e no parágrafo seguinte ele pode dizer exatamente o contrário que, para os manipulados seguidores dele, Marx continua certo e continua determinando como os idiotas devem pensar, porém, já veremos o que é essa "doutrina de Marx", o materialismo dialético à luz de Lukács.
Antes veremos que o problema de não se trabalhar com definições é o mesmo problema de somente trabalhar com definições, ou seja, vai contra a realidade. Um bom autor observa a realidade e escreve sobre ela sem mascaramentos ou truques de palavras que possam confundir o leitor. Quando alguém começa um livro, por exemplo, e decide não trabalhar com definições, esse alguém certamente embromará no texto, enrolará o leitor para que pense que o gênio é o autor e o burro é o leitor que não entendeu nada.
Da mesma maneira quando você decide definir tudo, certamente você nem começará o livro porque na vida algumas coisas tem definições e outras não, é impossível definir tudo da mesma maneira que é impraticável não definir nada.
Aristóteles, há 2.500 anos já nos mostrou o caminho e o caminho é o mesmo, não mudou nesse tempo. Ainda que alguns tentem construir seu próprio caminho nesse sentido, o máximo que conseguem é abrir picadas a facão no meio da mata escura onde acabam por desviar da luz que Aristóteles nos deixou. Vejam vocês, os insetos são atraídos pela luz, algumas pessoas fogem dela.
Quando Aristóteles, na "Ética a Nicômaco", nos diz sobre a coragem e a bravura ele sequer tenta definir tais coisas, mas escreve sobre elas, cita exemplos, analisa, pois são coisas incorpóreas e subjetivas e o leitor entende perfeitamente o que são coragem e bravura.
Por outro lado, nos "Analíticos Posteriores", Aristóteles afirma que a ciência e o seu objeto diferem da opinião e do seu objeto e depois define o que é opinião e e analisa a ciência, pois aquela é passível de definição, esta não. E nos diz que a opinião (doxa) pode ser objeto da ciência, porém, a ciência não pode ser objeto da opinião, e assim ele vai descrevendo a realidade, definindo o que pode ser definido e analisando e significando o que, em si, não tem como definir.
O materialismo dialético, bla bla bla Marx que deve ser bla bla bla a cada dia, bla bla bla a cada hora, a partir da práxis... agora o leitor tem de saber o que é essa tal práxis a qual Lukács se refere, senão não entenderá o texto. Deixo para o leitor essa parte, não vou explicar tudo, pois não pretendo escrever um livro.
Vamos focar nisto: “Pois qualquer verdade – diz Lênin – se a exagerarmos, se ultrapassamos os limites de sua validade, pode tornar-se um absurdo; aliás, é inevitável que, em tais circunstâncias, ela se torne um absurdo.”
Esta citação de Lênin feita por Lukács é, claramente, um sofisma, aliás, esses autores desta cepa ideológica-filosófica, desta corrente aprisionadora ideológica-filosófica sofista, cuja volta brutal e avassaladora na história da humanidade podemos dizer que se deu com Kant, este enganador de uma figa, sofista enrolador, esta miserável carcaça celibatária que, junto com Hegel, Fichte, Marx, Gramsci, toda a Escola de Frankfurt e, mais recentemente, Heidegger, Paulo Freire, Foucault, além de vários e inúmeros outros, desorganizam fundamentalmente e emburrecem para sempre as cabeças por meio de um palavrório oco, vazio e nauseabundo, como bem disse Schopenhauer sobre Kant e Hegel. Trocam conceitos por palavras vazias de significado, pois não trabalham com definições, trabalham com determinações, determinam absurdos como se fossem leis supremas.
O materialismo dialético, a doutrina de Marx citada por Lukács nada mais é do que mentir, mentir e mentir até tudo se tornar um absurdo e, como bem disse Lênin com a sua semântica oculta maligna, quanto mais você mente é inevitável que tudo se torne um absurdo - nesta parte dá a impressão de que Lênin não mentiu, mas é preciso entender que é assim mesmo: eles trabalham com a verossimilhança.
Exagerar a verdade é eufemismo para a mentira. Exagerar a verdade é mentir. Um lápis, por exemplo, medido com a régua tem 18 centímetros e vem Lênin ou Lukács ou Marx (qualquer um desta cepa burra maldita maligna) e nos diz que o lápis tem, na verdade, 20 centímetros!
Ele não está mentindo, está somente exagerando a verdade em 2 centímetros, está somente fazendo uma ultrapassagem em lugar proibido dos limites da sua validade. É a mesma coisa quando um idiota diz que não está mentindo porque está somente faltando com a verdade. Faltar com a verdade é eufemismo para mentira, mas significa mentira.
Por que Lukács escolheu exatamente esta citação de Lênin para encerrar o parágrafo no qual discorria sobre o materialismo dialético?
Ele poderia ter escolhido outra citação de Lênin, qualquer outra citação de outro autor, etc, por que exatamente essa?
Essa resposta somente Lukács nos pode dar com exatidão, mas por uma questão de interpretação de texto nem precisamos de Lukács, está bem claro: o materialismo dialético, a doutrina de Marx é mentir, mentir e mentir até tudo tornar-se um absurdo... e daí mentir mais ainda!
Veja bem, não é mentir simples mentiras, tem de ser mentiras elaboradas, escritas com um certo profissionalismo estilístico, com uma robustez literária, às vezes até com juras de amor simulando um significado sagrado onde a palavra "doutrina" transforma-se ocultamente em "religião".
Ninguém acredita em uma mentira pura e simples e como já nos alertou Dante em sua Divina Comédia no canto XXVII: "Então não imaginavas que eu fosse lógico?", disse o querubim negro depois que convenceu o Frade Guido de que o lugar dele era no inferno; palavras dele:
No momento da minha morte, São Francisco veio buscar minha alma, mas antes que ele pudesse me levar um querubim negro se antecipou e, utilizando argumentos lógicos, demonstrou que eu deveria ir para o inferno: "Para baixo ele virá comigo, pois deu conselho fraudulento. Não se pode absolver o impenitente, nem pode o arrependido ainda querer pecar, pois assim nada vale seu arrependimento." Coitado de mim. Quando ele me tomou ainda falou: "Nem imaginavas que eu pudesse argumentar tão bem, não foi?" O demônio me levou até Minós, que se enrolou no rabo oito vezes e, de tanta raiva ainda o mordeu, me enviando a esta oitava vala para ser prisioneiro do fogo eterno.
Pobre Frade... mas ninguém mandou mentir!
Lukács, através de Lênin, em uma simples citação, sem querer nos disse uma verdade.
Ps.: Agora se entende de onde vem a expressão "morder o próprio rabo de raiva"!https://www.marxists.org/portugues/lukacs/1933/mes/marx.pdf
https://www.stelle.com.br/pt/inferno/canto_27.html
https://www.stelle.com.br/pt/inferno/inferno_27.html