O mundo está se encaminhando para a reação por instinto animal puro e simples. Esta é a concepção zoológica da humanidade.
Instinto é o impulso interior que faz um animal executar
inconscientemente atos adequados às necessidades de sobrevivência própria, da
sua espécie ou da sua prole. Porém, instinto também é um impulso natural
independente da razão que faz o ser humano agir sem pensar, sem raciocinar.
Lembrando que “pensamento” é distinto de “raciocínio”. O
raciocínio é a concatenação de pensamentos, é a organização lógica dos
pensamentos, é um pensamento organizado logicamente após o outro. E nós
expressamos nossos pensamentos e raciocínios através da palavra falada e da palavra
escrita. Por exemplo, a frase: “Nunca ouvi falar disso, mas não tem cabimento”;
são somente dois pensamentos jogados ao vento, não há um raciocínio porque a
segunda oração não “bate”, não “fecha” com a primeira, não há um raciocínio,
não há uma organização analítica-lógica. A pessoa está dizendo, admitindo que
nunca ouviu falar do que o outro está dizendo, mas ao mesmo tempo está chegando
numa conclusão. Como isso é possível? Caso falasse: “Nunca ouvi falar, mas tem
cabimento” seria a mesma estupidez, pois se nunca ouviu falar daquilo que o
outro está dizendo, como pode chegar numa conclusão? O correto seria responder:
“Nunca ouvi falar, mas vou pesquisar, irei me informar a respeito”.
Nós expressamos nossos pensamentos e raciocínios através da
palavra falada e da palavra escrita, através da linguagem. Quando você diz: “Perdi
a linha de raciocínio” é porque estava seguindo um raciocínio e esqueceu o que
estava falando - ou escrevendo -, ou veio um pensamento maluco e você perdeu a
linha de raciocínio. Isto é óbvio, é natural, então podemos perceber na
realidade a distinção entre pensamento e raciocínio e como isso se expressa nas
palavras faladas e escritas. Tudo o que você fala e escreve são seus
pensamentos e raciocínios, você está demonstrando para as outras pessoas como é
a sua cabeça, como você pensa e raciocina.
O ser humano é um ser racional e um ser emocional. É
impossível separar essas duas condições em um ser humano. Razão, aqui no sentido
de raciocínio, não no sentido de certo ou errado. E emoção no sentido de
emoções em si, sentimentos, desejos, vontades, intenções, sensações, etc, a
parte psicológica do ser humano.
Eu posso separar a razão da emoção na linguagem (signo,
significado), como fiz anteriormente, mas na realidade é impossível separar a
razão da emoção dentro de um ser humano. Essas minhas palavras neste texto
provavelmente estão evocando pensamentos e/ou raciocínios no leitor e
provocando emoções. Este conjunto “razão e emoção” é o referente, é o que a
coisa é em si na realidade.
Decai a inteligência, decai a moral e vice-versa; decai uma, a outra vem de arrasto.
Talvez o leitor não se sinta atraído por este início de
texto, porém, independentemente disto, comprova o que eu afirmei. Talvez o
leitor não gostou das palavras em si, talvez não está entendendo do quê estou
falando, talvez o título do texto evocou um raciocínio específico e provocou
uma emoção específica, talvez o leitor esteja pensando e/ou raciocinando: “É,
até concordo com algumas coisas até agora (razão), mas não estou gostando muito
do texto - ou estou gostando (emoção)”. Razão e emoção.
Intrinsecamente o ser humano é um ser racional e emocional.
Talvez o leitor raciocine com a palavra “emocional”, utilizada por mim na frase
anterior, como transtorno afetivo ou forte abalo sentimental. Mas o sentido
desta palavra neste momento vai mais além, como dito antes, emoção são as
emoções em si, sentimentos, desejos, vontades, intenções, sensações, etc, a
parte psicológica do ser humano.
É impossível separar a razão da emoção dentro de um ser
humano, mas é possível causar um desequilíbrio. É possível fazer a pessoa
reagir à emoção que as palavras e as coisas causam nela. Para tanto, basta
emburrecer as pessoas. Basta fazê-las perder o raciocínio. Geralmente a perda
de raciocínio vem de um medo ou uma ansiosidade constante que faz a pessoa reagir
pela emoção que as palavras e as coisas causam nela.
Vou comer teu cu, trouxa! Talvez o leitor sentiu, ao ler a
frase anterior, um certo desconforto ou achou engraçada a frase pelo inusitado
da coisa ou até esteja pensando em parar de ler o texto pelo uso de palavrões;
não tenho como saber exatamente a emoção causada, mas pelo raciocínio posso
imaginar de acordo com a emoção que eu sentiria ao ler a frase ou imaginar pela reação de alguém que já tenha lido e me contado o que sentiu. Razão e emoção.
Há uma distinção entre “emoção” e “sentimento”. Emoção é uma
agitação dos sentimentos. Lembrando que o sentido de “emoção” em “razão e emoção”,
anteriormente ditos, vai além do sentido que estamos vendo agora. Por exemplo,
neste sentido específico de agora, raiva é uma emoção posto que é uma agitação,
ódio é um sentimento posto que é calmo; alegria é um sentimento posto que é
calma, euforia é uma emoção posto que é uma agitação. Mas nem todo sentimento
está relacionado à uma emoção.
Dentro do significado de uma palavra temos vários sentidos
os quais podemos empregar essa palavra e é preciso deixar bem claro em qual
sentido empregamos uma palavra em uma determinada circunstância. É preciso
falar e escrever com clareza senão não vamos nos entender, estaremos falando a
mesma língua, mas não estaremos falando a mesma linguagem e isso afeta a
mentalidade das pessoas, afeta o raciocínio e afeta a emoção.
Causado esse desequilíbrio entre razão e emoção, as pessoas emburrecem,
perdem o raciocínio e passam a reagir pela emoção que as palavras e as coisas
causam nela. Citando Aristóteles: “A palavra cão, não morde”. Vamos imaginar
uma situação onde estamos reunidos um grupo de 4 amigos. E um deles, na sua
fala usa a palavra cachorro e o outro encolhe de medo as pernas na cadeira e
diz: “Já fui mordido por um cachorro”! E o outro responde: “Mas não tem nenhum cachorro
aqui na sala, é um medo infundado”. É o que se chama de “trauma” em psicologia.
Vem do desequilíbrio entre razão e emoção. Não há um cachorro presente na sala,
mas a ansiosidade e/ou o medo (emoção) não deixam a pessoa raciocinar.
Como diz Santo Tomás de Aquino na Suma Teológica: “O bem vem
da razão”. Você não precisará ter lido a Suma para entender que o bem vem da
razão. Quantas vezes na sua vida você fez coisas erradas e depois disse: “É que
eu não estava pensando direito” ou “É que não pensei direito no que estava
fazendo”.
Depois da reação pela emoção vem a reação pelo instinto. O
raciocínio (razão) vai decaindo até que o ser humano deixa de reagir pela
emoção - o que já é errado - e passa a reagir pelo instinto. Pessoas que saem
na rua peladas com cartazes dizendo que estão “protestando” é reação pelo
instinto. Pessoas que comem filhotes de ratos vivos é reação pelo instinto,
pessoas que saem na rua, mesmo vestidas, quebrando tudo e tacando fogo nas
coisas é reação pelo instinto. Caso eu sair sozinho pelado na rua com um cartaz
dizendo que estou “protestando” serei considerado um louco, um maluco. Caso eu
sair sozinho vestido na rua quebrando tudo e tacando fogo nas residências e
comércios, serei considerado um maluco: “Olha lá, o cara enlouqueceu, acha que
está protestando”. Porém, se eu sair na rua, nestes casos, com mais 30 ou 50
pessoas daí não é loucura, é um “protesto”. Neste sentido, um hospício está
repleto de pessoas “protestando”.
A concepção zoológica da humanidade é fazer as pessoas
reagirem pelo instinto animal puro e simples. Isso vai se alastrando como um
incêndio pela sociedade. Porém, de certa forma, é impossível de se fazer isto
no mundo todo, mas causa miséria e sofrimento durante o processo.
Por mais que se queira, vamos por assim dizer, ser “frio e
calculista”, é impossível para a esmagadora maioria das pessoas, pois o ser
humano não controla suas emoções (emoções em si, sentimentos, desejos,
vontades, intenções, sensações, etc, a parte psicológica do ser humano), mas equilibra
a emoção pela razão (raciocínio).
Decai a inteligência, decai a moral e vice-versa; decai uma, a outra vem de arrasto.
Sábias palavras de Santo Tomás de Aquino: “O bem vem da
razão”. E ponto final.
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