Recentemente saiu a notícia do projeto Em Frente Brasil que
visa combater a criminalidade violenta. Tal projeto foi lançado em cerimônia
oficiosa e pomposa pelo governo federal, tal como era feito no governo Lula.
Projetos de nomes bonitos lançados em cerimônias bonitas e muito puxa-saquismo
entre os integrantes, egos exacerbados.
A Força Nacional será colocada inicialmente em cinco
municípios do País. Força Nacional esta, idealizada e criada em 2004 pelo então
Ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos no governo Lula. Márcio Thomaz Bastos,
depois que deixou o ministério, trabalhou como advogado. Entre os casos famosos
em que trabalhou, foi o advogado de defesa de empreiteiras na Operação Castelo
de Areia e na Operação Lava Jato. Em 1992, juntamente com o jurista Evandro
Lins e Silva, participou da redação da petição que resultou no impeachment do ex-presidente
da República Fernando Collor e depois foi agraciado com o cargo de Ministro da
Justiça no governo Lula.
Os cidadãos brasileiros já ouviram falar da Força Nacional
aqui e ali, mas agora, o governo Bolsonaro, através do Ministro Sérgio Moro,
coloca a Força Nacional na linha de frente. Não obstante a intenção deste
projeto Em Frente Brasil ser nobre, não é uma mudança estrutural. Os municípios
não precisam de uma Força Nacional atuando por alguns meses tal qual se coloca
o Exército nos morros. Os municípios e os estados precisam de mais policiais,
mais equipamentos, melhores condições. Os estados e os municípios precisam de
maior autonomia legal e de arrecadação, pois estão todos endividados com o governo
federal.
A mim este projeto parece uma medida paliativa que, com o
tempo, se tornará inócua. A pompa durante o lançamento do projeto foi uma bela
jogada de marketing, talvez para dar à população o senso comum de que o governo
está fazendo algo profundo contra a criminalidade.
Até agora não vi nada neste governo Bolsonaro que me
chamasse a atenção. Foram mudanças superficiais, nenhuma mudança estrutural,
como a descentralização do poder do governo federal para os estados e
municípios.
Revogar decretos e leis do governo anterior não significa
muita coisa, são medidas passageiras, pois o próximo governo, se for da oposição,
revogará os decretos do Bolsonaro. Temos esse ciclo no Brasil há décadas, mas
mudanças estruturais: nenhuma.
É uma pena, pois eu tinha muitas esperanças no governo
Bolsonaro, mas, repito, até agora não vi nada que me chamasse a atenção.