sábado, 20 de abril de 2019

Índole e Construção Social

   Hoje falarei da formação de um ser humano desde a sua concepção. Começarei discorrendo sobre a expressão “Construção Social”. Ela significa basicamente que o ser humano é construído socialmente de acordo com a sociedade na qual vive, de acordo com o meio-ambiente, de acordo com os princípios familiares ensinados, de acordo com o que aprende na escola, de acordo com as atitudes, com o modo de agir do seu círculo social. A palavra "sociedade" aqui pode referir-se também a um pequeno grupo de pessoas (sua família, sua rua, seu bairro, sua cidade, etc). Na prática é tudo aquilo que você aprende na sua vida, seja em termos de pensamentos, de idéias, de atitudes, ações, princípios morais, caráter e assim por diante.
   Atualmente esta expressão "Construção Social" é utilizada para falar somente de identidade de gênero no tocante ao aspecto sexual: eu sou heterossexual, sou homossexual, sou binário e por aí vai. Mas a construção social não age somente na opção sexual de uma pessoa, ela age em todas as áreas, isso é óbvio. Princípios aqui são o que se chama popularmente de "valores", mas o correto é dizer Princípios, Princípios Morais Universais.
   Se você cresce num ambiente de maus princípios aprendendo a mentir, a roubar, esta terá sido, basicamente, a sua construção social. É aquele ditado popular: diga-me com quem andas e eu te direi quem és. Ou quando alguém fala para ter cuidado com certas companhias. Isso faz parte da construção social. E a construção social é um fato, é verdade.
   O problema é que escondem o outro lado da coisa: a índole - as características individuais que vem com cada pessoa desde a sua concepção. Isso também é fato, também é verdade. Neste sentido o ser humano não nasce uma tábula rasa, não nasce bom e a sociedade o corrompe (como dizem alguns incautos), não nasce ruim (como dizem outros), mas contempla o bem e o mal no sentido de que são intrínsecos à alma e ao espírito humano, e são mesmo.
   Basta observar bebês de colo, bebês de berço com meses de idade e veremos que esses bebês têm diferenças, assim como nós tivemos quando éramos bebês. Se você perguntar para seu pai ou para sua mãe - geralmente a mãe observa melhor essas coisas - ela irá falar as diferenças que tinham entre você e seus irmãos ou irmãs quando eram bebês. Num berçário ou em uma maternidade um bebê acorda e dorme em horário diferente de outro bebê, chora em horário diferente, um chora mais do que o outro, um é mais introvertido, outro é mais extrovertido. Em tenra idade (antes dos 13 anos) sempre tem aquele capetinha da turma, aquele tímido, aquele normal e assim por diante. Isso prova que todos temos uma índole desde a concepção. Na barriga da mãe uns “chutam” mais do que os outros. Mesmo que estes “chutes” sejam por causa física (desconforto, dor, etc), ainda assim mostram as diferenças de índole já no ventre materno pois todos reagimos à dor física de modo diferente, uns suportam menos do que outros. E a mesma coisa é em relação às dores emocionais.
   Então vemos que a formação de uma pessoa envolve duas coisas: a índole e a construção social.
   Antigamente dizíamos que o ser humano nasce com características inatas cujas quais são as características naturais que nascem com cada indivíduo; e dizíamos que o ser humano é também produto do meio ambiente no qual vive. Mudou-se a terminologia, mas são essas duas coisas que agem na formação de uma pessoa: a índole e a construção social. Porém, hoje se fala somente em construção social. Esqueceu-se da índole.
   A índole é o conjunto de traços e qualidades inerentes ao indivíduo desde a sua concepção; é o caráter inicial, são as suas inclinações, a sua vocação natural, o seu temperamento natural, aquela voz interior, aquele pensamento que lhe avisa quando você está prestes a fazer besteira na sua vida. E não tem como mudar a índole de uma pessoa, mas tem como confundir essa índole dando a essa pessoa princípios de caráter e temperamento contrários à sua própria índole, ou seja, dando uma construção social contrária à sua índole.
   Se uma criança de índole boa for construída socialmente em um ambiente de maus princípios essa criança poderá não se tornar um adulto ruim, mas certamente se tornará um adulto confuso, ignorante, sem muito entendimento das coisas (independentemente da sua inteligência).
   Para esclarecer vamos fazer 4 classificações tendo por base a índole e a construção social.
   A pessoa nasce com uma índole boa - é lógico que essa índole boa tem níveis - uma pessoa tem bom caráter, mas outra tem caráter melhor ainda. Mas para nossa classificação, para nosso entendimento, vamos tomar índole boa e índole ruim.
   1 - A pessoa nasce com uma índole boa e é construída socialmente em uma sociedade com bons princípios;
   2 - A pessoa nasce com uma índole boa e é construída socialmente em uma sociedade com maus princípios;
   3 - A pessoa nasce com uma índole ruim e é construída socialmente em uma sociedade com bons princípios e
   4 - A pessoa nasce com uma índole ruim e é construída socialmente em uma sociedade com maus princípios.
   É lógico que esses princípios também têm níveis. Você é criado em uma família sem muitas brigas, teus pais te ensinam coisas boas, teus amigos não são mentirosos, ladrões. Ou você é criado num ambiente de mentiras, enganações, brigas, em uma família de ladrões, enfim. Tem vários níveis.
   E o que pode acontecer em cada uma dessas 4 classificações é:
   1 - Índole boa com bons princípios resulta em boa educação e com certeza essa criança se tornará um adulto maduro, inteligente, consciente de si, uma pessoa boa e forte.
   2 - Índole boa com maus princípios : dependendo do nível de maus princípios da sociedade essa criança poderá se tornar um bandido ou não, mas com certeza será um adulto confuso porque a sua índole boa dirá uma coisa, mas o ambiente no qual ela viveu lhe ensinou outra coisa. Se uma criança assim, com índole boa, for criada num ambiente de mentiras ela se tornará um adulto mentiroso, mas interiormente terá alguma coisa lhe dizendo que isso é errado e isso fará com que ela seja um adulto confuso.
   3 - Índole ruim com bons princípios . Uma criança que nasce com uma índole mais para ruim, mas é criada num ambiente de bons princípios, a probabilidade dela se tornar um adulto maduro, consciente, uma boa pessoa, será grande porque ela aprenderá coisas boas. E aprenderá através dos bons exemplos da sociedade, aprenderá através do convívio desde criança o que se deve fazer para ter uma vida boa e isso fará com que ela mesma controle seus maus desejos, com que ela mesma controle a sua índole ruim.
   Vejam bem, a formação do caráter, dos bons princípios independe da condição social da pessoa. Eu posso ser rico e ser um bandido, bem como posso ser pobre e ser um bandido.
   E 4 - Índole ruim com maus princípios: esta combinação é a pior de todas, é essa combinação que produz monstros, psicopatas (assassinos em série) e outros tantos.
   Neste último caso, índole ruim e construção social com maus princípios morais, posso dar dois exemplos: uma favela, uma comunidade de qualquer grande centro. Ali tem pessoas que estão no mesmo ambiente, mas a maioria se tornam boas pessoas, outros se tornam bandidos e poucos se tornam os chefes da bandidagem. Esses que se tornam os chefes é porque juntou a fome com a vontade de comer: índole ruim e ambiente de maus princípios. Os que são bandidos, mas não se tornam os chefes da bandidagem provavelmente é porque a índole deles não é tão ruim uma vez que foram criados no mesmo ambiente, na mesma favela.
   E o segundo exemplo: um ambiente político onde predomina a mentira, a enganação, os conluios e interesses próprios em detrimento do interesse público. Essas pessoas deveriam ser a elite de uma sociedade, mas a predominância de péssimos princípios faz com que os bandidos (índole ruim e maus princípios) se tornem os chefes, pois eles tem a habilidade natural de mentir, enganar, roubar, matar, etc.
   Então vemos que quando uma sociedade é formada por maus princípios, por mentiras, enganações, levar vantagem em tudo (o famoso jeitinho), esta sociedade passa a produzir, a educar, a formar cada vez mais pessoas assim porque a construção social, o ambiente no qual você vive tem uma influência enorme na sua formação.
   Para estragar uma sociedade próspera basta introduzir maus princípios e, inexoravelmente, emergirá um grupo de homens de má índole que controlará essa sociedade.
   O contrário também é válido: para ter uma sociedade com bons princípios basta cultivar esses bons princípios que as pessoas de má índole serão naturalmente e facilmente identificadas e jamais chegarão ao poder. A palavra "sociedade" aqui pode referir-se também a um pequeno grupo de pessoas (sua família, sua rua, seu bairro, sua cidade, etc).
   Vejam bem, procuro não utilizar a palavra “elite”, pois ela foi descaracterizada. Elite significa o que há de mais valorizado e de melhor qualidade, portanto, utilizar “elite” em expressões como “elite dominante”, além de incultura gramatical é ilógico e é idiotice. Expressões como “elite dominante” sequer são entidades lógicas. São entidades gramaticais, mas não são válidas; e não são entidades retóricas.
   O processo de introdução de maus princípios (ou bons princípios) geralmente começa com a linguagem.
   Posso classificar em três: pensamento/raciocínio, linguagem e comportamento. O ser humano pensa, comunica (fala e escreve) e age. Os três são indivisíveis, estão interligados, muda-se um e automaticamente muda-se os outros dois. Porém, dos três, é mais fácil mudar a linguagem do que o pensamento/raciocínio ou o comportamento.
   Mudando-se a entidade gramatical muda-se automaticamente o entendimento da entidade lógica e muda-se, obviamente, a entidade retórica. Mudando a linguagem, muda automaticamente o pensamento/raciocínio e o comportamento de um ser humano. E estabelecendo uma linguagem na infância, estabelece-se, basicamente, o pensamento/raciocínio e o comportamento.
   Enfim, são estas duas coisas: a índole e a construção social, e são indivisíveis. Mas em relação a crianças em processo de formação, a construção social é predominante. É nas fases infantil e de adolescência que uma pessoa aprenderá determinados princípios que carregará para o resto da sua vida e esses princípios são muito difíceis de mudar depois de adulto. A tentativa de mudança da índole de um adulto através de maus princípios provoca tamanha confusão nos indivíduos e, por conseguinte, bagunça toda a sociedade.
   Eu dei o processo aqui somente em linhas gerais, mas acredito que deu para entender que o problema é quando falam somente um lado da coisa e esquecem o outro lado. Quando falam somente da construção social e esquecem da índole e vice-versa, quando falam somente da coletividade e esquecem da individualidade ou quando falam da individualidade e esquecem da coletividade. São duas coisas indissociáveis, indivisíveis, uma não vive sem a outra. É preciso ter discernimento para entender. Por exemplo, quando dizem que o homem e a mulher são sexos opostos, isso é mentira, é mau princípio. O homem e a mulher são sexos complementares, que se complementam, que unem forças, que unem suas individualidades para viver bem em coletividade e depois passam os Princípios para seus filhos.
   Qual é a sua índole? Como você era quando criança?

sexta-feira, 19 de abril de 2019

Os Trouxas

   A chamada direita no Brasil, agora representada pelo governo Bolsonaro, continua sendo feita de trouxa pela chamada esquerda. O “recuo” da censura feita pelos Ministros Dias Toffoli (o totonho) e Moraes (o kojak) não foi propriamente um recuo. Agora com a autorização do Totonho para que o Lula dê entrevistas ficou bem clara a intenção da tal “censura”.
   Novamente eles mataram dois coelhos com uma só cajadada: fizeram um teste para saber o que aconteceria com o avanço autoritário do STF (a técnica do pé-na-porta) e liberaram o Lula para dar entrevistas.
   Os crimes cometidos por esses dois Ministros, como apontados pelo jurista Modesto Carvalhosa durante os últimos atos de censura, passarão em branco.
   O STF está se tornando, simbolicamente, o partido-estado. Depois, será fácil transferir esse símbolo.
   O processo de comunização do Brasil vai muito bem, obrigado, segue de vento em popa e está tudo como dantes no quartel de Abrantes.

terça-feira, 16 de abril de 2019

Sinto Muito

Sinto muito que você não sinta
Da mesma maneira que eu sinto
Sinto muito que você não sinta
Mas tenta sentir o que eu sinto

Sinto muito por tudo isso
Isso é o que você não sente
Isso tudo é o que eu sinto
Você tenta e nada sente

Sinto muito por lhe causar isso
Desculpas mudam o que sente
Sinto que você não perdoa isso
Sinto muito que você não sente

Sinto muito tudo o que eu sinto
E sinto tudo que você não sente
E você não sente o que eu sinto
Sinto muito que você não sente

domingo, 14 de abril de 2019

Paulo Freire I

   "Em 1943, Getúlio Vargas promulga a "Consolidação das Leis do Trabalho" (CLT). Esta legislação confirma os sindicatos no seu papel de instituições ligadas ao governo e entrega de pés e mãos amarradas a classe operária à classe dominante.
   Por causa desta legislação, um sindicato não tem mais necessidade para sobreviver de ser implantado em uma empresa, nem de obter o apoio dos trabalhadores. Para existir, basta que seja reconhecido pelo Ministério do Trabalho. Ele se torna então o representante oficial e obrigatório da profissão para todas as reivindicações ou negociações." (FREIRE, p. 163).

   FREIRE, Paulo. Multinacionais e Trabalhadores no Brasil: 2 ed. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1977.

sexta-feira, 12 de abril de 2019

Bolsonaro, o antipresidente

   A matéria veiculada no jornal El País (link abaixo), de autoria de Eliane Brum, cunha um termo novo: Antipresidência.
   Eliane Brum pode ter cunhado um termo novo (Antipresidência), mas o conceito é antigo. É a boa e velha estratégia das tesouras que a esquerda usa e abusa no jogo do poder. É a dialética de Hegel e de Marx amplamente utilizada e popularizada por Lênin. FHC e Lula "cansaram" de fazer isso. A única diferença é que Bolsonaro e sua equipe somente se livraram dos partidos e criaram as duas lâminas da tesoura dentro do próprio governo.
   Mais ou menos como os Ministros do STF vem fazendo há anos: algumas vezes uns votam contra e outros a favor; e outras vezes outros votam contra e uns a favor para não desgastar a imagem de um ou de outro. Uma vez um dá uma declaração polêmica e outro é diplomático e ameniza a declaração; outra vez esse outro dá uma declaração polêmica e o um (que antes foi polêmico) agora é diplomático. Falsas brigas e falsas discórdias. E assim vão se alternando, como uma tesoura que vai cortando o que vem pela frente. É a mentira pura e simples sob o nome de "política".
   E a população fica mais perdida e confusa do que cego em tiroteio e, com o tempo, os próprios estrategistas das tesouras terminam confusos porque depois de tantas mentiras, depois que a mentira vira sinônimo de política é impossível alguém manter a sanidade.
   É isso que vem acontecendo no Brasil há décadas: mentir é a regra. E acreditam que isso não é mentira, acham que é política. E quem não mente é taxado de ingênuo, de otário, de etc.
   Lembro o que Rui Barbosa disse na sessão de 17 de dezembro de 1914 por ocasião do caso Satélite II: "De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto..."
   E quando a mentira se torna a regra, a violência vem ao natural, pois a mentira leva à insanidade e a insanidade leva, inexoravelmente, à violência.

https://brasil.elpais.com/brasil/2019/04/10/opinion/1554907780_837463.html

http://www.casaruibarbosa.gov.br/dados/DOC/artigos/rui_barbosa/FCRB_RuiBarbosa_Requerimento_de_informacoes_sobre_o_caso_do_Satelite-II.pdf

quinta-feira, 11 de abril de 2019

Eram os Hebreus/Israelitas negros?

   Faz algum tempo que surgiu a possibilidade de que os Hebreus são negros. As evidências são muitas, mas não vou escrever sobre elas aqui. Quem tiver interesse basta pesquisar.
   Sendo verdade que os Hebreus da Bíblia eram negros, que Moisés era negro, que Jesus Cristo era negro e que a esmagadora maioria dos profetas bíblicos (senão todos) eram negros, então a Bíblia, o Cristianismo e a chamada "cultura judaico-cristã" são, na verdade, cultura negra e essa seria a verdadeira religião de "matriz africana".
   E não estou falando de pessoas escuras queimadas de sol, mas nascidas negras.
   Em se tratando de povo sofrido, cuja maldição divina parece que caiu sobre eles de forma bíblica, não há povo mais sofrido do que os negros. A impressão que fica é que tudo o que esse povo faz enquanto povo, - enquanto coletividade -, nada dá certo. A impressão que fica é que alguma coisa foi rompida e somente quando essa aliança for restabelecida as coisas darão certo para todos.

quinta-feira, 4 de abril de 2019

Estado, Nação e País

Eleições são necessárias por uma simples razão: a alternância democrática de governos na gerência do Estado. Políticos eleitos são funcionários públicos de cargo eletivo, mas são funcionários públicos, nada além disso.
Governos são somente isto mesmo: gerentes do Estado, e nada além disto. Governos não são entidades supremas e transcendentais, governos não são o poder.
O poder é o Estado e o Brasil não tem Estado, o que deixa nosso País entregue às influências alienígenas, sem pátria. Isso deixa nosso País à gerência do tráfico... de influências e de interesses escusos de pessoas que, provavelmente, tiveram o pai preso e a mãe na zona e, com 18 anos de idade, foram seduzidos por aquele tio degenerado designado tutor pelo governo que, além de usar, abusou das cavidades e agora, já crescidos, eles procuram compartilhar o mesmo prazer sentido com a população brasileira.
O Brasil, desde 1822, tem governos, mas nunca teve Estado. Desde 1822, tem políticas de governo, mas nunca teve política de Estado.
Dizendo de uma forma bem clara: sem Estado não há nação, sem nação não há país e sem país não há povo. Portanto, não temos Estado, por conseguinte não somos nação e temos um país (geograficamente falando), mas somos um amontoado de pessoas - um amontoado bem grande, diga-se de passagem - vivendo em um território sem Estado. E um território sem Estado é um território sem Lei. É um território que fica ao léu, à mercê de governos formados por grupos com espírito imundo que fazem a população brasileira de refém, e esta, como prostituta de cabaré apaixonada pelo cafetão, adora apanhar - quanto mais apanha, mais se apaixona. Neste momento alguém deve estar se divertindo com os gracejos, mas lembre-se de que você, possivelmente, é uma das prostitutas.

Um Estado se define fisicamente pelo seu País. Um País é a área geográfica, é o seu território físico, suas riquezas naturais (minérios, aquíferos, espaço aéreo, espaço marítimo, etc). Uma Nação é o País em conjunto com a sua população e o Estado envolve a Nação e o País. O Estado deve proteger a sua Nação. E o Estado é regulado pela Constituição.
Mas não confundam Estado com governo e também não confundam Estado com partidos políticos.
O Estado é formado pelas instituições: População, Executivo, Legislativo, Judiciário e Forças Armadas.
Em ordem de importância a população vem, inexoravelmente, primeiro, depois acaba-se a ordem de importância, pois as outras instituições são independentes e harmoniosas entre si. No estado de coisas atualmente faz-se necessário dizer que esta é uma organização de Estado para fins de... organização. Antes que alguém diga que separando a população das outras instituições estamos querendo transformar uns nos inimigos dos outros, reiteramos: é uma organização para orientar mentalmente o entendimento do Estado posto que todos fazemos parte da população, TODOS somos povo.
As Forças Armadas e o Judiciário diferenciam-se pelo fato de que são instituições que devem ter obrigatoriamente políticas de Estado, mas não de governo. Novamente, falo de política e não do que temos no Brasil: politicalha, cujo sufixo define com propriedade a nossa classe politicalha.
"Política é a arte de gerir o Estado, segundo princípios definidos, regras morais, leis escritas e tradições respeitáveis" (BARBBOSA, 1954). E os governos são gerentes do Estado respeitando as políticas do Estado.
O Estado é definitivo, permanente, motorista; o governo é transitório, passageiro, passageiro. Existem políticas de Estado e políticas de governo. As políticas de Estado são aquelas definidas pela Constituição. As políticas de governo são definidas pelo restante das leis (ordinárias, complementares, etc.), desde que, obrigatoriamente, essas leis sigam as normas da Constituição.
Aquilo que temos no Brasil é uma balbúrdia onde os governos que entram desmantelam o Estado e remontam a seu gosto e a população nunca sabe quais as normas vigentes, e pior, nem se importa em saber - e com razão, afinal qual prostituta tem interesse pelas regras da casa?
E os governos podem desmantelar e remontar o Estado justamente porque não temos uma Constituição séria, sólida e bem elaborada e planejada para ser política de Estado que seja definitiva, duradoura.
O simples fato de que com essa Constituição de 1988 começaram a aparecer inúmeras e incontáveis ações de inconstitucionalidade prova a bagunça que é essa coisa que chamamos de "constituição". Além disso, uma "constituição" em que vários artigos contém a expressão "a ser regulamentado em Lei complementar" é uma aberração jurídica, uma teratologia, uma monstruosidade. Uma Lei complementar NÃO pode regulamentar ou regular a Constituição, é uma inversão de valores.
Explicando em miúdos: o "a ser regulamentado em Lei complementar" foi canalhice e/ou incompetência dos legisladores na época que deixaram essas brechas - brechas não, rombos, buracos enormes - que permitiram aos poderes executivo, legislativo e judiciário ao longo desses 30 anos defecarem (defecarem não, cagarem mesmo) na constituição.
O problema é que, fazendo uma nova constituição, teremos que lidar com o espírito humano desonesto da nossa politicalha, pois serão eles que comporão a nossa gloriosa assembléia constituinte. E o resultado será uma nova Constituição com o adendo: pior.
Mas tem o dilema, já posto em outro artigo, fazer ou não fazer uma nova Constituição?
Em se fazendo-a, como será feita? Dando um “gópi” e escolhendo em uma prateleira um conjunto de notáveis ou fazendo-a com essa politicalha do Congresso Nacional? Eis o dilema.
Independentemente dessa escolha, o ponto principal é que a Constituição seja planejada, elaborada, séria, honesta, com princípios definidos, regras morais, artigos objetivos e bem escritos, com tradições responsáveis, clara, concisa e precisa.
Referências:
BARBOSA, Ruy. Lições de Ruy. 2ª ed. Livraria Progresso Editora, Salvador, 1954.