Hoje falarei da formação de um ser humano desde a sua
concepção. Começarei discorrendo sobre a expressão “Construção Social”. Ela
significa basicamente que o ser humano é construído socialmente de acordo com a
sociedade na qual vive, de acordo com o meio-ambiente, de acordo com os princípios familiares ensinados, de acordo com o que aprende na escola, de acordo com as
atitudes, com o modo de agir do seu círculo social. A palavra "sociedade" aqui pode referir-se também a um pequeno grupo de pessoas (sua família, sua rua, seu bairro, sua cidade, etc). Na prática é tudo aquilo que
você aprende na sua vida, seja em termos de pensamentos, de idéias, de
atitudes, ações, princípios morais, caráter e assim por diante.
Atualmente esta expressão "Construção Social" é utilizada para
falar somente de identidade de gênero no tocante ao aspecto sexual: eu sou
heterossexual, sou homossexual, sou binário e por aí vai. Mas a construção
social não age somente na opção sexual de uma pessoa, ela age em todas as
áreas, isso é óbvio. Princípios aqui são o que se chama popularmente de "valores", mas o correto é dizer Princípios, Princípios Morais Universais.
Se você cresce num ambiente de maus princípios aprendendo a
mentir, a roubar, esta terá sido, basicamente, a sua construção social. É
aquele ditado popular: diga-me com quem
andas e eu te direi quem és. Ou quando alguém fala para ter cuidado com
certas companhias. Isso faz parte da construção social. E a construção social é
um fato, é verdade.
O problema é que escondem o outro lado da coisa: a índole - as características individuais que vem com cada pessoa desde a sua concepção. Isso também é fato,
também é verdade. Neste sentido o ser humano não nasce uma tábula rasa, não
nasce bom e a sociedade o corrompe (como dizem alguns incautos), não nasce ruim
(como dizem outros), mas contempla o bem e o mal no sentido de que são
intrínsecos à alma e ao espírito humano, e são mesmo.
Basta observar bebês de colo, bebês de berço com meses de
idade e veremos que esses bebês têm diferenças, assim como nós tivemos quando
éramos bebês. Se você perguntar para seu pai ou para sua mãe - geralmente a mãe
observa melhor essas coisas - ela irá falar as diferenças que tinham entre você
e seus irmãos ou irmãs quando eram bebês. Num berçário ou em uma maternidade um
bebê acorda e dorme em horário diferente de outro bebê, chora em horário
diferente, um chora mais do que o outro, um é mais introvertido, outro é mais
extrovertido. Em tenra idade (antes dos 13 anos) sempre tem aquele capetinha da
turma, aquele tímido, aquele normal e assim por diante. Isso prova que todos
temos uma índole desde a concepção. Na barriga da mãe uns “chutam” mais do que
os outros. Mesmo que estes “chutes” sejam por causa física (desconforto, dor,
etc), ainda assim mostram as diferenças de índole já no ventre materno pois
todos reagimos à dor física de modo diferente, uns suportam menos do que
outros. E a mesma coisa é em relação às dores emocionais.
Então vemos que a formação de uma pessoa envolve duas
coisas: a índole e a construção social.
Antigamente dizíamos que o ser humano nasce com
características inatas cujas quais são as características naturais que nascem
com cada indivíduo; e dizíamos que o ser humano é também produto do meio
ambiente no qual vive. Mudou-se a terminologia, mas são essas duas coisas que
agem na formação de uma pessoa: a índole e a construção social. Porém, hoje se fala somente em construção
social. Esqueceu-se da índole.
A índole é o conjunto de traços e qualidades inerentes ao
indivíduo desde a sua concepção; é o caráter inicial, são as suas inclinações,
a sua vocação natural, o seu temperamento natural, aquela voz interior, aquele
pensamento que lhe avisa quando você está prestes a fazer besteira na sua vida.
E não tem como mudar a índole de uma pessoa, mas tem como confundir essa índole
dando a essa pessoa princípios de caráter e temperamento contrários à sua própria
índole, ou seja, dando uma construção social contrária à sua índole.
Se uma criança de índole boa for construída socialmente em
um ambiente de maus princípios essa criança poderá não se tornar um adulto ruim,
mas certamente se tornará um adulto confuso, ignorante, sem muito entendimento
das coisas (independentemente da sua inteligência).
Para esclarecer vamos fazer 4 classificações tendo por base
a índole e a construção social.
A pessoa nasce com uma índole boa - é lógico que essa índole
boa tem níveis - uma pessoa tem bom caráter, mas outra tem caráter melhor
ainda. Mas para nossa classificação, para nosso entendimento, vamos tomar
índole boa e índole ruim.
1 - A pessoa nasce com uma índole boa e é construída
socialmente em uma sociedade com bons princípios;
2 - A pessoa nasce com uma índole boa e é construída
socialmente em uma sociedade com maus princípios;
3 - A pessoa nasce com uma índole ruim e é construída
socialmente em uma sociedade com bons princípios e
4 - A pessoa nasce com uma índole ruim e é construída
socialmente em uma sociedade com maus princípios.
É lógico que esses princípios também têm níveis. Você é criado em
uma família sem muitas brigas, teus pais te ensinam coisas boas, teus amigos
não são mentirosos, ladrões. Ou você é criado num ambiente de mentiras,
enganações, brigas, em uma família de ladrões, enfim. Tem vários níveis.
E o que pode acontecer em cada uma dessas 4 classificações
é:
1 - Índole boa com bons princípios resulta em boa educação e
com certeza essa criança se tornará um adulto maduro, inteligente, consciente
de si, uma pessoa boa e forte.
2 - Índole boa com maus princípios : dependendo do nível de maus princípios da sociedade essa criança poderá se tornar um bandido ou não, mas com
certeza será um adulto confuso porque a sua índole boa dirá uma coisa, mas o
ambiente no qual ela viveu lhe ensinou outra coisa. Se uma criança assim, com
índole boa, for criada num ambiente de mentiras ela se tornará um adulto
mentiroso, mas interiormente terá alguma coisa lhe dizendo que isso é errado e
isso fará com que ela seja um adulto confuso.
3 - Índole ruim com bons princípios . Uma criança que nasce com
uma índole mais para ruim, mas é criada num ambiente de bons princípios, a
probabilidade dela se tornar um adulto maduro, consciente, uma boa pessoa, será
grande porque ela aprenderá coisas boas. E aprenderá através dos bons exemplos
da sociedade, aprenderá através do convívio desde criança o que se deve fazer
para ter uma vida boa e isso fará com que ela mesma controle seus maus desejos,
com que ela mesma controle a sua índole ruim.
Vejam bem, a formação do caráter, dos bons princípios independe da condição social da pessoa. Eu posso ser rico e ser um bandido, bem como posso ser pobre e ser um bandido.
Vejam bem, a formação do caráter, dos bons princípios independe da condição social da pessoa. Eu posso ser rico e ser um bandido, bem como posso ser pobre e ser um bandido.
E 4 - Índole ruim com maus princípios: esta combinação é a pior
de todas, é essa combinação que produz monstros, psicopatas (assassinos em
série) e outros tantos.
Neste último caso, índole ruim e construção social com maus princípios morais, posso dar dois exemplos: uma favela, uma comunidade de qualquer grande
centro. Ali tem pessoas que estão no mesmo ambiente, mas a maioria se tornam
boas pessoas, outros se tornam bandidos e poucos se tornam os chefes da
bandidagem. Esses que se tornam os chefes é porque juntou a fome com a vontade
de comer: índole ruim e ambiente de maus princípios. Os que são bandidos, mas não
se tornam os chefes da bandidagem provavelmente é porque a índole deles não é
tão ruim uma vez que foram criados no mesmo ambiente, na mesma favela.
E o segundo exemplo: um ambiente político onde predomina a mentira, a enganação, os conluios e interesses próprios em detrimento do interesse público. Essas pessoas deveriam ser a elite de uma sociedade, mas a predominância de péssimos princípios faz com que os bandidos (índole ruim e maus princípios) se tornem os chefes, pois eles tem a habilidade natural de mentir, enganar, roubar, matar, etc.
E o segundo exemplo: um ambiente político onde predomina a mentira, a enganação, os conluios e interesses próprios em detrimento do interesse público. Essas pessoas deveriam ser a elite de uma sociedade, mas a predominância de péssimos princípios faz com que os bandidos (índole ruim e maus princípios) se tornem os chefes, pois eles tem a habilidade natural de mentir, enganar, roubar, matar, etc.
Então vemos que quando uma sociedade é formada por maus princípios, por mentiras, enganações, levar vantagem em tudo (o famoso jeitinho),
esta sociedade passa a produzir, a educar, a formar cada vez mais pessoas assim
porque a construção social, o ambiente no qual você vive tem uma influência
enorme na sua formação.
Para estragar uma sociedade próspera basta introduzir maus princípios e, inexoravelmente, emergirá um grupo de homens de má índole que
controlará essa sociedade.
O contrário também é válido: para ter uma sociedade com bons princípios basta cultivar esses bons princípios que as pessoas de má índole serão
naturalmente e facilmente identificadas e jamais chegarão ao poder. A palavra "sociedade" aqui pode referir-se também a um pequeno grupo de pessoas (sua família, sua rua, seu bairro, sua cidade, etc).
Vejam bem, procuro não utilizar a palavra “elite”, pois ela foi
descaracterizada. Elite significa o que há de mais valorizado e de melhor
qualidade, portanto, utilizar “elite” em expressões como “elite dominante”,
além de incultura gramatical é ilógico e é idiotice. Expressões como “elite
dominante” sequer são entidades lógicas. São entidades gramaticais, mas não são
válidas; e não são entidades retóricas.
O processo de introdução de maus princípios (ou bons princípios)
geralmente começa com a linguagem.
Posso classificar em três: pensamento/raciocínio,
linguagem e comportamento. O ser humano pensa, comunica (fala e escreve) e age. Os três
são indivisíveis, estão interligados, muda-se um e automaticamente muda-se os
outros dois. Porém, dos três, é mais fácil mudar a linguagem do que o
pensamento/raciocínio ou o comportamento.
Mudando-se a entidade gramatical muda-se automaticamente o entendimento da entidade lógica e muda-se, obviamente, a entidade retórica. Mudando a linguagem, muda automaticamente o pensamento/raciocínio e o comportamento de um ser humano. E estabelecendo uma linguagem na infância, estabelece-se, basicamente, o pensamento/raciocínio e o comportamento.
Mudando-se a entidade gramatical muda-se automaticamente o entendimento da entidade lógica e muda-se, obviamente, a entidade retórica. Mudando a linguagem, muda automaticamente o pensamento/raciocínio e o comportamento de um ser humano. E estabelecendo uma linguagem na infância, estabelece-se, basicamente, o pensamento/raciocínio e o comportamento.
Enfim, são estas duas coisas: a índole e a construção social,
e são indivisíveis. Mas em relação a crianças em processo de formação, a construção
social é predominante. É nas fases infantil e de adolescência que uma pessoa
aprenderá determinados princípios que carregará para o resto da sua vida e esses princípios são muito difíceis de mudar depois de adulto. A
tentativa de mudança da índole de um adulto através de maus princípios provoca tamanha confusão
nos indivíduos e, por conseguinte, bagunça toda a sociedade.
Eu dei o processo aqui somente em linhas gerais, mas
acredito que deu para entender que o problema é quando falam somente um lado da
coisa e esquecem o outro lado. Quando falam somente da construção social e
esquecem da índole e vice-versa, quando falam somente da coletividade e
esquecem da individualidade ou quando falam da individualidade e esquecem da
coletividade. São duas coisas indissociáveis, indivisíveis, uma não vive sem a
outra. É preciso ter discernimento para entender. Por exemplo, quando dizem que o homem e a mulher são sexos opostos, isso
é mentira, é mau princípio. O homem e a mulher são sexos complementares, que se
complementam, que unem forças, que unem suas individualidades para viver bem em
coletividade e depois passam os Princípios para seus filhos.
Qual é a sua índole? Como você era quando criança?