“Será aconselhável que um não especialista em assuntos econômicos e sociais manifeste pontos de vista sobre o tema 'socialismo'? Por várias razões, eu acredito que sim.”
Eu como Einstein, começo este texto da mesma maneira com a
mesma frase do ensaio “Por que Socialismo?” de Albert Einstein, disponível aqui:
https://monthlyreview.org/2009/05/01/why-socialism/.
O texto analisado foi publicado em 1949, sendo que em 1920 Ludwig
von Mises, também em um ensaio, já havia publicado “O Cálculo Econômico sob o
Socialismo”, disponível em https://mises.org.br/article/1141/o-calculo-economico-sob-o-socialismo#:~:text=Na%20economia%20socialista%20que%20Mises,privada%20dos%20meios%20de%20produ%C3%A7%C3%A3o.
Em seu ensaio, Mises destruiu a tal economia planificada/planejada:
"Portanto, o princípio básico da troca poderá operar livremente em um estado socialista, dentro dos limites permitidos. E a troca nem sempre precisará se desenvolver na sua forma direta. As mesmas bases que sempre sustentaram as trocas indiretas continuarão existindo em um estado socialista, trazendo vantagens para aqueles que incorrerem nelas. Donde se segue que o estado socialista também irá permitir o uso de um meio de troca universal -- isto é, o dinheiro. Sua função será fundamentalmente a mesma tanto na sociedade socialista quanto na competitiva; em ambas, ele serve como meio universal de troca.
No entanto, a significância do dinheiro em uma sociedade em que os meios de produção são controlados pelo estado será diferente daquela em que os meios de produção são propriedade privada. Com efeito, a significância será incomparavelmente menor, uma vez que o material disponível para troca será mais limitado, já que as trocas estarão confinadas apenas aos bens de consumo. Ademais, exatamente pelo fato de os bens de produção jamais se tornarem objeto de troca, será impossível determinar seu valor monetário. Sob esse aspecto, o dinheiro jamais poderá determinar, em um estado socialista, o valor dos bens de produção da mesma forma que ele o faz em uma sociedade competitiva. No socialismo, portanto, o cálculo em termos monetários será impossível."
“O paradoxo do
"planejamento" é que, em uma economia planejada, é impossível
planejar. É impossível se fazer
planejamento econômico onde não há um livre mercado determinando os preços. De um lado, se não há liberdade para a
determinação dos preços, é impossível saber a genuína demanda dos
consumidores. De outro, se não há preços
livres, não há como fazer um cálculo econômico sensato.
Se não há
preços livres, é impossível fazer cálculo de custos. Sem cálculo de custos, é impossível estimar
lucros e prejuízos. Sem se estimar
lucros e prejuízos, é impossível fazer qualquer investimento racional. E sem investimentos racionais, é impossível
atender às genuínas demandas da população.
E daí tem-se a
escassez generalizada.
Uma economia
planejada ou dirigida pode ser tudo, menos economia. É apenas um sistema de
tatear no escuro. Não permite uma escolha racional de meios que tenham em vista
alcançar objetivos desejados.
Aquilo que os socialistas e intervencionistas chamam de "planejamento consciente" significa, na realidade, a eliminação de toda a ação consciente e proposital.”
Talvez Einstein não tivesse lido Mises, contudo, isso coloca
Mises como inteligência superior à de Einstein, pelo menos no tocante à
economia.
Posso dar vários exemplos da realidade de que a tal “economia
planificada’ sempre foi uma fraude, uma crueldade planejada para colocar os
trabalhadores na miséria e no sofrimento. Apesar de sua obviedade, nunca é
demais citar o experimento fracassado de Lênin na URSS que começou em 1917. Até
hoje temos o exemplo de Cuba onde a escassez é generalizada.
No Brasil tivemos o governo Sarney (1985-1990), um excelente exemplo real da tal “economia planificada” onde a inflação chegou a 80% ao mês. O pessoal mais antigo lembrará dos tais “fiscais do Sarney”, o que é um belo exemplo da tentativa (fraudulenta e frustrada) de Oskar Lange de refutar Mises. Depois veio Hayek. Hayek percebeu que Lange cometeu vários erros.
“No socialismo
de Lange, teria de haver um exército de controladores (fiscais) para verificar
os cálculos feitos pelos dirigentes das empresas. Porém, o que exatamente motivaria os
dirigentes das empresas e das filiais? O
que os impediria de trapacear? Ademais,
os resultados desses cálculos teriam de ser comparados com cálculos
contrafatuais que deveriam ser realizados posteriormente a fim de se determinar
se os chefes das empresas haviam de fato escolhido a melhor combinação possível
de fatores de produção. Tudo isso iria
exigir um imenso estado burocrático.”; disponível em https://mises.org.br/article/1141/o-calculo-economico-sob-o-socialismo#:~:text=Na%20economia%20socialista%20que%20Mises,privada%20dos%20meios%20de%20produ%C3%A7%C3%A3o.
Deixo agora para o leitor, sobre esse período do governo
Sarney, um trecho do livro “Você foi Enganado, Mentiras, Exageros e
Contradições dos últimos Presidentes do Brasil” de Chico Otávio e Cristina
Tardáguila (leitura fortemente recomendada); páginas 97 e 98:
“O país estava eufórico – o governo, a população e até mesmo a imprensa. Poucas semanas depois do lançamento do plano econômico, a Rede Globo decidiu encampar o projeto. O então todo-poderoso José Bonifácio de oliveira Sobrinho, o Boni, que comandava todas as áreas de programação da emissora, debruçou-se sobre uma mesa e criou não só uma campanha telivisiva, como também um forte slogan: “Tem que dar certo!”. Na época, Boni não hesitou em convocar nomes de grande apelo popular para defender o Cruzado. A apresentadora Xuxa Meneghel, por exemplo, tinha acabado de estrear seu programa infantil, o Xou da Xuxa, Usava marias-chiquinhas e chamava as crianças de “baixinhos”. Na TV, abraçada a um urso de pelúcia, pedia que eles lembrassem às mães da importância de pedir a nota fiscal nos mercados. A atriz Lucélia Santos fazia um sucesso estrondoso como protagonista da novela Sinhá Moça, exibida às 18 horas na emissora. No comercial de que participou, dizia com firmeza:
- O pão nosso de cada dia, o café, o leite... Tudo tem que andar dentro da tabela. Não pague nem um centavo a mais e comece bem o seu dia. Tem que dar certo!”
Até a economista portuguesa naturalizada brasileira Maria da Conceição Tavares, crítica ferrenha de planos econômicos anteriores, deixou-se contaminar pela proposta de combate à inflação. Em entrevista à TV, emocionou-se ao dizer que estava “muito contente” com a equipe econômica de Sarney, pois ela ajudava “o governo a reencontrar seu rumo”. Para Maria da Conceição, o Plano Cruzado era um “programa sério” que dava ao brasileiro a oportunidade de ter esperanças novamente.”
E aí temos o “imenso estado burocrático”, todos vivendo do dinheiro de imposto que sai picado do
bolso do cidadão e o cidadão não nota porque o cidadão vira um ser humano escravo
pagador de impostos vivendo na "igualdade"... mas sempre tem uns mais iguais do que os outros. E é óbvio que a Maria da Conceição Tavares, uma espécie de Olavo de Carvalho de saias, elogiaria uma medida socialista dessas. É assim que se socializa um país, passo a passo
(o socialismo Fabiano, aliás, é o único que existe), pois o próprio Einstein afirma
(com razão) em seu ensaio que:
“Contudo é preciso lembrar que uma economia planejada ainda não é socialismo. Uma economia planejada pode ser acompanhada por uma escravização completa do indivíduo. A realização do socialismo requer a solução de alguns problemas sociopolíticos extremamente difíceis: como é possível, em face da centralização abrangente do poder político e econômico, impedir que a burocracia se torne todo-poderosa e prepotente? Como se podem proteger os direitos do indivíduo e garantir com isso um contrapeso democrático ao poder da burocracia?”
Uma “economia planificada” que, na realidade do "chão de fábrica", traduz-se basicamente em tabelamento de preços pelo governo é uma das características
principais daquilo que se chama Socialismo, junto com forte imposto progressivo
(alta carga tributária - segunda medida do Manifesto Comunista), são as duas características principais. Essas duas
características praticamente definem se um determinado país é Socialista/Comunista,
pois elas acarretam numa sucessão de fatores sociológicos que levam à
concentração de dinheiro e poder nas mãos de poucas pessoas às custas da
miséria e do sofrimento da esmagadora maioria.
Em relação às duas perguntas de Einstein no trecho acima, a resposta é “Não”, no caso de socialismo/comunismo não é possível impedir que a burocracia se torne toda-poderosa, e não tem como proteger os direitos do indivíduo. Aliás, sem Moral, em sistema nenhum de governo é possível as duas perguntas terem respostas favoráveis posto que não existe modelo perfeito de sociedade e nem sistema perfeito de governo. O que existe são uns modelos melhores do que outros e, ainda assim, depende de cada país e é sazonal ao longo do tempo.
República, Monarquia, Parlamentarismo, República Parlamentarista, Democracia, Aristocracia, Tirania, Semipresidencialismo, etc; incluindo sistemas financeiros, econômicos, sociológicos, administrativos, etc; todos eles esbarram na Moral, basta alguém trapacear mesmo no melhor dos modelos que ele desmorona como um castelo de cartas. Como exemplo cito de novo o Brasil que, até 1889, era Monarquia e deram um golpe (trapacearam) e transformou-se em República e a coisa não melhorou em nada, ao contrário. Caso hoje o Brasil voltasse a ser Monarquia, também não mudaria em nada. O problema é a baixeza intelectual e moral da população. Decai a inteligência, decai a moral e vice-versa, não importando qual decai primeiro, uma vem de arrasto da outra.
Não sou Liberal, nem Libertário, nem Positivista, nem
Socialista, Nem Capitalista, nem Comunista, etc, sou um ser humano escrevendo.
Aliás, quero que essas “teorias econômicas”, analisadas como um todo, explodam-se,
pois todas elas na história da humanidade sempre desconsideram a Moral.
Por exemplo, um Liberal muitas vezes se auto-define como “Liberal
na economia e conservador nos costumes”. É um mero chavão, mas tem muitos que
acreditam nisso. Esta é uma mentalidade liberal/positivista, em se tratando
daquele positivismo de Augusto Comte.
Liberal na economia e conservador nos costumes, porém, você
sempre será logrado nos costumes, o prejuízo financeiro sempre vem depois. No lado positivista,
a economia é a parte técnica e os costumes são a parte ideológica que é desconsiderada por eles.
Exemplo: temos dois ou mais sócios numa empresa e lá pelas tantas um sócio
passa a perna no(s) outro(s); isso são costumes, ele mentiu, enganou o(s)
outro(s). Ideologicamente ele passou uma idéia errada a respeito do caráter
dele.
Todo Liberal/Positivista sempre será enganado nos costumes,
o prejuízo econômico/financeiro vem, inexoravelmente, depois. Aí parte-se para
a briga no Poder Judiciário, ou seja, o Estado (daí o Estado 'burrocrático' é bom) intervindo
nas Relações Sociais porque as relações Sociais não tiveram Moral, porém, se a sociedade de um modo geral não tem Moral, como o Poder Judiciário - que faz parte da sociedade - poderá ter?
Einstein até pode ser considerado um gênio, até pode
ter sido colocado como um gênio pela grande propaganda (tipo um Chê Guevara intelectual), mas não podemos nos
esquecer que além de ter sido um Socialista (e Socialismo, sempre, sempre,
sempre, leva ao Comunismo), Einstein foi aquele que em entrevista ao George
Sylvester Viereck publicada no The Saturday Evening Post em 1929, disse
em resposta à pergunta de George “Você culpa o Kaiser pela ruína da Alemanha?”,
ao que Einstein respondeu:
- O Kaiser teve boas intenções. Ele muitas vezes tem os instintos
corretos. Suas intuições com frequência foram mais inspiradas do que as razões
elaboradas de seu ministério de Relações Exteriores. Infelizmente, ele sempre
estava cercado por conselheiros precários.
Provavelmente ele falava do Kaiser Guilherme II que dispensou Otto Von
Bismarck em 1890 por propor leis anti-socialistas e que depois levou o mundo à
primeira guerra mundial. E Einstein se dizia pacifista.
Todo aquele que se diz socialista/comunista é um burro - astucioso maligno - mentiroso,
fingido e criminoso.
Agora lembrei de Bill Gates ao defender o socialismo fazendo toda uma enrolação com o clima, disponível em https://www.socialismocriativo.com.br/bill-gates-surpreende-o-mundo-ao-afirmar-so-o-socialismo-e-capaz-de-salvar-o-clima-o-setor-privado-e-incapaz/.
Em pesquisa rápida no socialista Google você encontrará essa entrevista em outros sites.
Lembrei-me também do Fórum Econômico mundial no qual Xi Jinping é o palestrante de honra há anos, sendo que Klaus Schwab ressaltou em 2018 e vem confirmando ao longo desses anos de FEM que: "A China é o modelo de sociedade que queremos para o mundo".
Parece-me estranho tantas pessoas com dinheiro e poder defenderem o Socialismo/Comunismo que pretende ser uma ideologia que diz combater pessoas com dinheiro e poder. Eles combatem a si próprios?!?
Referências
https://www.jstor.org/stable/10.5749/j.ctttsbzm
https://mises.org.br/article/2398/por-que-uma-economia-dirigida-sempre-ira-fracassar
https://www.marxists.org/portugues/einstein/1949/05/socialismo.htm
https://monthlyreview.org/2009/05/01/why-socialism/
Einstein Socialista. Organização: Hugo Albuquerque. Editora
Autonomia Literária, 2023.
Você foi Enganado: mentiras, exageros e contradições dos
últimos presidentes do Brasil. Chico Otávio e Cristina Tardáguila. Editora Intrínseca,
2018.