segunda-feira, 11 de março de 2019

O Mentor

   Existe uma figura chamada "mentor". Segundo a etimologia da palavra, ela vem do latim Méntòr,òris, do antropológico grego Méntór, personagem da Odisseia, de Homero, sVIII a.C., amigo e conselheiro de Ulisses, de que Palas Atena tomou a figura para instruir e formar Telêmaco, donde vem seu uso como substantivo, como "conselheiro, guia".
   A figura do mentor confunde-se com a história da humanidade e confunde-se com a própria tradição. Geralmente o mentor é uma pessoa mais velha, mais sábia e mais experiente, e não pode ser diferente, pois é intrínseco da própria figura do mentor. Pode existir um mentor mais novo que seu pupilo, mas daí não se chama mentor, chama-se um conselheiro momentâneo, por falta de um nome melhor.
   A figura do mentor nos remete aos nossos próprios pais, que são (ou deveriam ser), basicamente, nossos primeiros e eternos mentores, e depois, em um segundo momento, os professores e as professoras que teremos ao longo da vida.
   Podemos ter vários mentores em nossa vida, mas sempre existirá um que nos será predileto. Posso fazer aqui uma distinção para fins de entendimento: o mentor, na verdadeira acepção da palavra, é único. Mas essa unicidade pode ser momentânea tendo em vista que, ao longo da vida, teremos um mentor no trabalho, um mentor sentimental, um mentor na vida, etc. Porém, mesmo assim, teremos um que nos será predileto. Teremos aquele é a rocha sólida na qual nos agarramos em todos os momentos, fáceis ou difíceis.
   Em alguns países do mundo isto é bem claro e reflete-se no respeito aos mais velhos. O respeito do qual eu falo é aquele respeito por consideração, estima, reverência, e não o "respeito obrigatório" que se dá a uma pessoa mais velha simplesmente por ela ser mais velha. Isto não é respeito, é educação para com os mais velhos, educação, esta sim, é obrigatória.
   O respeito acontece naturalmente através, principalmente, da moral. Ou se tem moral ou não se tem, e daí vem o respeito.
   Atualmente parece-me que isto foi perdido. Hoje em dia os mais novos mandam os mais velhos irem estudar, mesmo em casos nos quais os mais velhos vivenciaram pessoalmente, fizeram parte da história, estiveram lá e sentiram com seus cinco sentidos. Estes mais velhos sequer são ouvidos pelos mais novos.
   A tradição é passada dos mais velhos para os mais novos, mas quando não se tem tradição não há o que se passar. Quando se diz popularmente "devemos respeito aos mais velhos", pode-se cair no engodo de ter de respeitar uma pessoa mais velha simplesmente por ela ser mais velha e esquecemos de levar em conta a moral dessa pessoa mais velha. É aí onde entra a figura do mentor: o mentor é aquela pessoa mais velha que tem moral e que nos orienta com conselhos sábios, é aquela pessoa em quem podemos confiar. É aquela pessoa que nos passará as tradições que deram certo na vida. É aquela pessoa que conservará as tradições que vem dando certo e deixará para os mais novos criarem suas próprias tradições dentro do seu momento histórico, mas respeitando a historicidade da humanidade.
   Posso ter um mentor momentâneo, por exemplo, no trabalho. Este mentor será aquele que me dará todas as orientações referentes ao modo como devo proceder no trabalho. Talvez, um dia, eu ficarei no lugar do mentor sendo que ele me treinará e me orientará para tal e deixará bem claro que estou sendo orientado para isso.
   Penso que esta mentalidade não existe mais. O que existe é um treinamento mecânico, técnico, que leva as pessoas a "puxarem o tapete" umas das outras. Quando a "puxação de tapete" se transforma na regra ninguém fica em pé. E uma sociedade assim vai se arrastando, rastejando, até que alguém se levanta e tem seu tapete puxado novamente, perpetuando um ciclo de arrasto onde ninguém se ajuda e, quando ajuda, é para se arrastar.
   Dizem que os mais novos são rebeldes por natureza, mas penso que isto é mentira. Os mais novos tem um ego exacerbado que os faz parecerem rebeldes justamente porque, de um modo geral, não tem experiência de vida, não vivenciaram situações, situações estas que vivenciarão com o passar dos anos, é um ciclo natural. A "rebeldia" dos mais novos é confundida com o afã, com a inquietação, com a ansiedade de querer fazer as coisas. Estas sim são próprias da juventude.
   O ciclo natural é os mais velhos orientando os mais novos. Quando se perde isto em uma sociedade, tem-se o caos, têm-se diversas revoluções que não conservam as tradições, pelo contrário, destroem-nas. E daí cada geração mais nova tenta criar suas próprias tradições... que serão destruídas pela geração seguinte. É o ciclo da revolução perpétua.
   Uma geração sem amparo da geração anterior, uma geração que não escuta a geração anterior está fadada ao fracasso, inexoravelmente. É o ciclo da revolução fracassada. Quando essa mentalidade se instaura em uma sociedade, os mais novos não pedem conselhos aos mais velhos, pelo contrário, os desprezam.
   A figura do mentor, enquanto mentalidade, é importantíssima para o bom andamento de qualquer sociedade. Mas quando temos várias gerações de "revolucionários" e cada um tentando impingir seu próprio ritmo de fazer as coisas sem levar em conta as opiniões dos mais velhos naquilo que vem dando certo na sociedade, temos, repito, o caos. Quando temos várias gerações de "revolucionários", não se tem mais pais que possam orientar os filhos, não se têm mais pessoas mais velhas com moral suficiente para serem respeitadas, e daí, os mais novos, sem amparo, tentam fazer as coisas do seu próprio jeito sem ter conhecimento e experiência para tal. Tentam "reinventar a roda" dando a ela formato quadrado, triangular ou, até mesmo, redondo, mas com seu eixo preso em uma mentalidade que não gira, em uma mentalidade que se arrasta, que rasteja.
   Uma pessoa mais velha que trabalhou a vida inteira em trabalhos braçais e não teve muito sucesso financeiro, não significa que não tenha bons conselhos de vida para dar. A retidão de caráter, a moral independe do sucesso financeiro. E o contrário também é válido: uma pessoa com sucesso financeiro pode ter retidão de caráter e moral. Dividir a humanidade entre ricos e pobres com o intento de definir a moral é pensamento revolucionário que não conserva a tradição, mas conserva a humanidade dividida entre ricos e pobres... poucos ricos e muitos pobres.
   Quando se tem um mentor sem moral que visa somente o sucesso financeiro, é o caminho para o fracasso porque sobe-se somente financeiramente e quanto mais se sobe tendo em vista somente o dinheiro, mais se encontra pessoas com essa mentalidade e a briga fica ainda mais acirrada, mais violenta, mais sem moral, sem escrúpulos. Acabarão todos se matando. Isso também é inexorável. E nesse processo, a humanidade vem de arrasto.
   Uma família que cria seus filhos para se manter exclusivamente com dinheiro e poder baterá de frente com outra família de mesmo gênero. E basta uma simples intriga para que essas famílias entrem em choque iniciando um processo de auto-destruição.
   Não estou aqui fazendo uma defesa da pobreza, isso seria ingenuidade, pois todos precisamos de dinheiro, mas é possível ter dinheiro e conservar a moral. Basta ter um mentor inteligente com esse pensamento, com essa mentalidade, mas isso é coisa rara hoje em dia, raríssima.

quinta-feira, 7 de março de 2019

O Globo Brasil - O Carnaval tem que acabar

   A "reportagem" intitulada Post polêmico de Bolsonaro tem destaque na imprensa internacional publicada no site do jornal O Globo no dia 06/03/2019 (o link está abaixo) sobre o vídeo postado pelo Presidente Bolsonaro com cenas dignas da peça "Os Macaquinhos" e da exposição do "Queer Museum" (na época esse tipo de coisa era considerada arte), segundo a "notícia" o post tem destaque na imprensa internacional.


   Mas o que me chamou a atenção é que a "reportagem", sem aparente autoria, chama a tal "golden shower" de prática sexual... duas vezes.
   Desde quando um ser humano mijar na cabeça de outro é prática sexual?
   Eu devo estar desatualizado das práticas sexuais modernas. Talvez o autor da digníssima reportagem de O Globo Brasil queira que alguém pratique tal ato sexual com ele ou, talvez, o pai desse autor não lhe deu "mijadas" suficientes quando era criança. Ou, quem sabe, o autor foi concebido através desse tal "golden shower". Seria um milagre da ciência: o primeiro nascido de uma mijada na cabeça.

O carnaval tem que acabar por uns 50 anos no Brasil.

https://oglobo.globo.com/brasil/post-polemico-de-bolsonaro-tem-destaque-na-imprensa-internacional-23502520

quarta-feira, 6 de março de 2019

Bolsonaro Twitter Carnaval

Teria sido muito mais proveitoso o famigerado "tweet" se no texto o Bolsonaro tivesse colocado algo como: "Não me sinto confortável em mostrar, mas imagine você passando na hora com a sua família e vendo a cena do vídeo, o que você faria? Provavelmente nada, talvez falasse algo como "que pouca vergonha" e seguiria seu caminho com seus filhos. Caso você fizesse alguma coisa simples, como chamar a atenção do dedador e do mijador você seria acusado de homofobia e provavelmente tomaria uma dedada e uma mijada do nosso valoroso Poder Judiciário."
O carnaval tem que acabar por uns 50 anos no Brasil.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

O Governo Bolsonaro

   O Presidente Jair Messias Bolsonaro está sendo um frouxo. Não parecia o ser durante a campanha, pelo contrário, inspirava multidões.
   Será que os eleitores brasileiros foram terrivelmente enganados mais uma vez?
  Será o Bolsonaro uma repetição das mentiras, dos exageros e das contradições dos últimos presidentes do Brasil nos últimos 40 anos?.. ou mais.
   Caso a resposta seja sim, então será a pá de cal na esperança do brasileiro em relação ao que chamam de política aqui no Brasil.
   Pensava-se que o vice de Bolsonaro e seus Ministros fossem pessoas sérias, mas seus discursos e atitudes estão mostrando o contrário. Por enquanto não estou vendo diferença nenhuma entre o governo Bolsonaro e o governo Lula. Alguém poderá dizer que o governo Bolsonaro está somente no começo, porém, o que eu vi até o momento foram ações impregnadas de puro marketing, nada mais do que isso, marketing! E o governo Lula começou da mesma maneira: repleto de ações de marketing, propaganda, publicidade e vazio de ações concretas em prol do Brasil.
   Até o próprio slogan do Bolsonaro está errado: "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos". O "tudo" engloba o "todos" e Deus, sendo o criador de tudo o que existe, sendo o grande arquiteto do universo, está acima de tudo. Com este slogan, Bolsonaro coloca o Brasil acima de Deus e isto causa alguns problemas, como por exemplo, o óbvio: colocar o Brasil acima de Deus, querer adorar o Brasil  como se fosse Deus. Não pretendo entrar aqui em uma discussão filosófica, mas ninguém em todo o governo do Bolsonaro sabe que o "tudo" engloba o "todos", e isso tanto gramaticalmente quanto filosoficamente. Mas encerro esta questão por aqui.
   Para resolver 70% dos problemas do Brasil, basta o Bolsonaro investir na segurança pública. Colocar delegacias em cada bairro de cada cidade, construir presídios, colocar PMs nas ruas para o policiamento ostensivo e aparelhar com equipamentos e dar treinamento aos policiais, tanto da civil quanto da PM.
   Aliás, a Polícia Civil está acabada no Brasil. Os Policiais Civis no Brasil são meros funcionários públicos. E não por culpa deles, isso todo mundo sabe. O desmantelamento das polícias no Brasil é coisa que vem de uns 30 anos para mais. Um delegado de polícia não manda mais coisa nenhuma, é um mero representante não sei do quê. A polícia civil atua no depois do crime e a PM atua no antes, na prevenção. Sem PMs nas ruas e a civil sem condições de produzir provas técnicas, temos o que temos aí: criminalidade.
   Um inquérito policial não vale de nada, pois ele é todo refeito na fase processual no fórum, ou seja, o Juiz ouve de novo o acusado, as testemunhas, a vítima, e refaz tudo de novo. Além disso, a Polícia Civil não produz prova técnica nenhuma porque não tem condições para tal e os delegados, enquanto classe, não estão nem aí.
   Para provar meu ponto de vista cito apenas alguns casos de relevância como o do PC Farias, Celso Daniel, Toninho do PT, Marielle e o próprio Bolsonaro (a facada). Alguém poderá argumentar que são da competência da Polícia Federal, mas se a Polícia Federal não tem condições de produzir prova técnica, o que sobra para as polícias civis que cuidam dos casos da população em geral?
   O argumento de que as Polícias Civis são competência dos estados não procede, pois o poder legal e a arrecadação estão concentrados no governo federal. Basta ver que praticamente todos os estados brasileiros estão endividados com a união.
   Dinheiro para as quatro áreas nas quais o governo federal deveria atuar (educação, saúde, segurança e infraestrutura) acredito que não tenha, mas para uma área tem de sobra. E esta área de início deve ser a da segurança pública. A área da educação dará frutos somente em 10 ou 20 anos. A área da saúde dará frutos imediatos, mas não atinge a educação e a segurança pública. A área da segurança pública é a única que dá frutos imediatos e que atinge a área da saúde e da educação.
   A população brasileira cresceu, mas o número de policiais civis, de PMs, de quartéis, de delegacias, além de não acompanhar proporcionalmente o crescimento da população, diminuiu. E isto é um grave problema, pois quem combate bandido é a polícia. Nenhum advogado ou médico, por exemplo, chega em casa após um dia de trabalho, coloca 3 ou 4 armas na cintura, dá um beijo na esposa e diz: "Já volto, vou patrulhar o bairro". Isso é atribuição das polícias, é para isso que as polícias existem na sociedade. Quando o número de policiais não acompanha o crescimento da população, temos um problema de quantidade e quando o cidadão tem que atravessar a cidade para fazer um simples registro de ocorrência porque não tem uma delegacia minimamente próxima de sua casa, vem a forte sensação de insegurança e desamparo por parte dos frouxos que habitam e habitaram nosso governo federal há décadas.
   Dinheiro há! Basta o Bolsonaro querer fazer o investimento necessário em segurança pública, colocando delegacias em cada bairro de cada cidade, construir presídios, colocar PMs nas ruas para o policiamento ostensivo e aparelhar com equipamentos e dar treinamento aos policiais, tanto da civil quanto da PM. Basta querer e resolverá 70% dos problemas dos brasileiros.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Caso Pavesi - 2


   Até 1997 no Brasil a lei federal estabelecia que todos os brasileiros eram, automaticamente, doadores de órgãos. Em 2001 as regras mudaram e a decisão passou para as mãos da família. Em 2017, o senador Lasier Martins entrou com um projeto de lei para retornar à condição antiga, ou seja, para que os médicos não precisem mais do consentimento da família e nem do doador. Em 20/06/2018 esse projeto entrou na pauta da reunião do senado tendo como relatora a senadora Ana Amélia.
   Se esse projeto for aprovado, os médicos é que voltarão a decidir quem é doador ou não. Dois decretos assinados pelo então presidente da República, Michel Temer, um em 2016 e outro em 2017, também foram essenciais para o aumento na taxa de doadores efetivos. Um deles determina que uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) permaneça em solo exclusivamente para transporte de órgãos para transplante. Desde a assinatura do decreto, em junho de 2016, a FAB transportou 512 órgãos: 235 fígados; 143 corações; 76 rins; 21 pâncreas; 27 pulmões; 6 tecidos ósseos; e 4 baços.
Já o Decreto nº 9.175/2017 regulamenta e detalha os critérios de notificação de morte encefálica. Com ele, essa notificação deixa de ser obrigatoriamente feita por neurologistas e torna-se atribuição de outros médicos, devidamente treinados. No médio e longo prazo, segundo Rafael Paim, os números vão revelar como esse decreto contribui para que mais doações sejam efetivadas. "Agora, outros médicos, adequadamente qualificados, podem atestar morte encefálica", explica.
   Segundo eu entendo, desde 2017 qualquer médico adequadamente qualificado pode atestar morte encefálica. No texto não indica o que é esse “adequadamente qualificado”. Antes precisava de um neurologista, agora não precisa mais se especializar em neurologia para atestar a morte encefálica. Foi aberta, desde 2017, a temporada de caça aos doadores de órgãos e em 2019, caso o projeto do senador Lasier Martins seja aprovado, o abate geral será sacramentado e, lógico, sempre com o apoio da grande mídia.
  Abaixo tem links que explicam o que é a morte encefálica e como acontece a doação de órgãos no Brasil, sempre com o apoio da grande mídia.
   Mas em linhas gerais morte encefálica não é a morte real e somente podem ser retirados órgãos de uma pessoa viva ou que acabou de morrer, não se tira órgãos de cadáver, isso todo médico sabe.
   As córneas podem ser retiradas até 6 horas depois que o coração parou de funcionar, mas as córneas não são órgãos, são tecidos. Os órgãos do corpo humano precisam ser retirados imediatamente após o coração parar de bater, senão não prestam mais. Os médicos mantêm o coração e a respiração através de equipamentos. A morte de uma pessoa envolve três aspectos: a morte encefálica, a parada do coração e a perda da capacidade respiratória. Uma pessoa morre somente após acontecer essas três coisas juntas.
   No Brasil uma pessoa é declarada legalmente morta após o médico atestar somente a morte encefálica.
   Além disso, o transplantado, a pessoa que receberá o órgão precisa ter o seu sistema imunológico praticamente reduzido à zero e depois que receber o órgão terá que tomar remédios o resto da sua vida. E não poderá nem pegar uma gripe senão pode morrer porque o sistema imunológico precisa estar baixo, precisa ter imunidade baixa, como os médicos dizem, para não haver a famosa rejeição.
   Então vamos pensar um pouco: o transplante não é uma coisa natural; fosse natural, o corpo do transplantado aceitaria naturalmente o órgão, sem necessidade de remédios, sem necessidade de reduzir o sistema imunológico da pessoa, assim como a AIDS faz. Mas o corpo não aceita porque o corpo humano é programado para rejeitar tudo o que não faz parte dele e tudo que ele não pode absorver. Um exemplo interessante é a transfusão de sangue. Havendo compatibilidade, salva vidas. Se o sangue não for compatível, a pessoa morre. Tudo o que é inserido como parte do corpo e não há compatibilidade, é automaticamente rejeitado e o corpo morre, exceto com o uso de medicamentos. No transplante, o transplantado passa a tomar pelo menos 8 comprimidos ao dia e com isso ele se torna "sócio" das industrias de medicamentos. Ou ele contribui (e nesse caso somos todos nós, pois o dinheiro que paga os remédios é dinheiro público), ou ele morre.
   E com um órgão transplantado o nosso corpo não reconhece aquele órgão, e rejeita, e como o corpo não tem como jogar para fora o órgão transplantado o sistema imunológico começa a combater o órgão, nosso corpo vê o órgão como um ser estranho, que não faz parte do organismo e para evitar a rejeição os médicos inventaram de reduzir o sistema imunológico do transplantado com remédios chamados de imunossupressores que abaixam a imunidade natural, praticamente reduzem a quase zero o sistema imunológico e a pessoa fica gastando dinheiro com remédios o resto da sua curta vida e tem uma qualidade baixa de vida porque qualquer doença pode matá-lo.
   No site da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos) no item O QUE É CONDIÇÃO MÍNIMA PARA A MANUTENÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA? Diz o seguinte:
“São esperados do paciente receptor e das pessoas de seu convívio próximo:
   1) a compreensão de que o bem recebido, seja ele público (doador falecido) ou particular (doador vivo), exige estilo de vida específico para a preservação desse bem;”
Pelo que se entende, o doador falecido vira um bem público enquanto que o doador vivo é um bem particular. Na cabeça dessa gente, os órgãos humanos são um bem, uma mercadoria. E não sou eu que estou dizendo, está escrito ali.
“2) compromisso permanente na busca dessa preservação (exceto em quadros fulminantes, os receptores são informados sobre o rigor necessário com o uso de medicação imunossupressora e implicações desse uso, e sobre a necessidade de exames e acompanhamento médico e psicológico contínuos).”
   Pelo que se entende, se o transplantado depois de um ano, por exemplo, decidir abandonar o tratamento, os médicos dirão: está vendo, o paciente morreu porque abandonou o tratamento. Mas é lógico que irá morrer, está com o sistema imunológico baixo e a imunidade ficou baixa porque o transplantado ingeriu medicação imunossupressora.
   O transplante de órgãos aqui no Brasil é o procedimento mais bem pago pelo SUS e o dinheiro do SUS é dinheiro de impostos, é dinheiro público.
Se a questão é humanitária: “doe órgãos e salve vidas”, então porque os médicos não fazem a cirurgia de graça? Porque os médicos são os únicos que ganham dinheiro com os transplantes?
Se a questão é salvar vidas, cadê o juramento de Hipócrates, o pai da medicina, o juramento que os médicos fazem?
   Hoje em dia o que existe é a hipocrisia, é o juramento de hipócrita.
   Se a questão é humanitária: dê órgãos e salve vidas então porque os médicos não fazem a cirurgia de transplante de graça?
   E antes que algum idiota diga: mas o que tem a ver uma coisa com a outra? Os médicos precisam ganhar pelo seu trabalho, eles estudaram para isso.
   Ótimo, então eu posso vender meus órgãos tanto em vida como depois de morrer. São meus, eu nasci com eles, eu cuidei deles. A lei proíbe a venda de órgãos, mas permite que os médicos ganhem dinheiro com os transplantes, então a questão não é humanitária, é comercial.
   Não importa se o dinheiro vem da iniciativa privada ou for dinheiro público (de impostos) havendo dinheiro envolvido é comércio. E não estou falando dos custos do material, das coisas físicas utilizadas para o transplante, gaze, hospital, leito, bisturi, essas coisas, estou falando do trabalho do médico nesse caso. Se a questão é humanitária, salvar vidas, então os médicos devem fazer as cirurgias de transplante de graça, sem cobrar nada pelo seu trabalho.
Porque a questão humanitária vale somente para quem dá os órgãos? Fazem parecer que a pessoa que não dá órgãos é um monstro; e não é. É um direito individual, se eu não quero dar meus órgãos é problema meu. A única coisa que eu tenho na vida é meu corpo e meus pensamentos.
   E o governo e a classe médica querem que a gente dê os órgãos para eles ganharem dinheiro.
   Alguém pode falar:
   - Ah, mas qual o problema, você vai estar morto mesmo e vai salvar uma vida.
   - E daí? Eu não quero dar meus órgãos, é problema meu, é um direito meu, o que você tem a ver com isso?
   - Ah, mas que ser humano horrível que você é, não quer dar os órgãos para salvar uma vida.
   - Então porque você não dá seus órgãos em vida?
   Se você está tão preocupado assim em salvar vidas dando órgãos, se você está tão preocupado com a fila de espera do transplante, então dê teus órgãos legalmente, faça um documento hoje, vá no cartório e depois se mate seu infeliz. É um direito seu. Enquanto você não fizer isso, não venha encher meu saco com essa história de salvar vidas dando órgãos.
   Se a questão é humanitária: “faça sua parte, dê órgãos e salve vidas”, então porque os médicos não fazem a parte deles fazendo a cirurgia de transplante de graça?
   É uma questão lógica humanitária: ou o governo libera de vez o comércio de órgãos para que todo mundo possa ganhar dinheiro com isso ou os médicos que parem de cobrar pela cirurgia de transplante.
   Porque somente os médicos podem ganhar dinheiro com isso? Eu gastei dinheiro com comida para manter meus órgãos funcionando, fiz investimentos em academias, estudei, mesmo que minimamente, para saber como não pegar uma gripe, como não pegar uma doença; e daí tenho que dar de graça meus órgãos? E todo o investimento que eu fiz, assim como o médico investiu na faculdade de medicina?
   Eu sei que parece absurdo o que eu acabei de falar, mas se a questão é salvar vidas, porque o médico cirurgião de transplantes não pode se tornar um pouco mais humanitário fazendo a cirurgia de graça, não cobrando pela cirurgia de transplante? Isso diminuiria os custos do transplante.
   Vejam bem, não estou generalizando toda a classe médica, estou falando somente dos médicos que fazem cirurgias de transplante de órgãos e não estou dizendo que são maus médicos, são bons profissionais.
   Em vez de o senador Lasier Martins entrar com esse projeto para transformar todos os brasileiros de novo em doadores automáticos de órgãos tirando o direito individual mais básico de um ser humano que é o controle do seu próprio corpo, o corpo é a única coisa que nós temos de verdade, é basicamente a única coisa que podemos dizer que é nossa, o senador Lasier deveria entrar com um projeto tornando gratuito todo o processo de transplante de órgãos, inclusive o trabalho do médico cirurgião de transplante de órgãos.
   Deveria dizer especificamente na lei: o médico cirurgião não pode cobrar e nem receber qualquer tipo de vantagem pela cirurgia de transplante de órgãos, a não ser o próprio salário. Se um piloto da força aérea brasileira pode fazer o transporte dos órgãos não recebendo nada mais além do que o próprio salário, porque o médico tem que receber um percentual além do próprio salário?
   É lógico que daí pode acontecer que alguns médicos, não todos, não queiram mais fazer essas cirurgias, mas daí eu pergunto: onde fica a parte humanitária? Um médico tem muitas formas de ganhar dinheiro. O transplante de órgãos é uma questão humanitária, não pode e nem deve ter dinheiro envolvido para nenhuma das partes porque se o médico ganha dinheiro com isso, então deixa de ser uma questão humanitária, estamos falando de órgãos humanos e não de mercadorias.
   E para finalizar, deixo uma pergunta que sempre me intrigou, sempre me deixou com a pulga atrás da orelha: quantos médicos no Brasil são doadores de órgãos? 

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