Teria sido muito mais proveitoso o famigerado "tweet" se no texto o Bolsonaro tivesse colocado algo como: "Não me sinto confortável em mostrar, mas imagine você passando na hora com a sua família e vendo a cena do vídeo, o que você faria? Provavelmente nada, talvez falasse algo como "que pouca vergonha" e seguiria seu caminho com seus filhos. Caso você fizesse alguma coisa simples, como chamar a atenção do dedador e do mijador você seria acusado de homofobia e provavelmente tomaria uma dedada e uma mijada do nosso valoroso Poder Judiciário."
O carnaval tem que acabar por uns 50 anos no Brasil.
Conteúdo de Exatas e Humanas!
Utilize os textos, contanto que fale de mim (bem ou mal)... e se for para fins comerciais, eu quero a minha parte!
quarta-feira, 6 de março de 2019
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019
O Governo Bolsonaro
O Presidente Jair Messias Bolsonaro está sendo um frouxo. Não parecia o ser durante a campanha, pelo contrário, inspirava multidões.
Será que os eleitores brasileiros foram terrivelmente enganados mais uma vez?
Será o Bolsonaro uma repetição das mentiras, dos exageros e das contradições dos últimos presidentes do Brasil nos últimos 40 anos?.. ou mais.
Caso a resposta seja sim, então será a pá de cal na esperança do brasileiro em relação ao que chamam de política aqui no Brasil.
Pensava-se que o vice de Bolsonaro e seus Ministros fossem pessoas sérias, mas seus discursos e atitudes estão mostrando o contrário. Por enquanto não estou vendo diferença nenhuma entre o governo Bolsonaro e o governo Lula. Alguém poderá dizer que o governo Bolsonaro está somente no começo, porém, o que eu vi até o momento foram ações impregnadas de puro marketing, nada mais do que isso, marketing! E o governo Lula começou da mesma maneira: repleto de ações de marketing, propaganda, publicidade e vazio de ações concretas em prol do Brasil.
Até o próprio slogan do Bolsonaro está errado: "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos". O "tudo" engloba o "todos" e Deus, sendo o criador de tudo o que existe, sendo o grande arquiteto do universo, está acima de tudo. Com este slogan, Bolsonaro coloca o Brasil acima de Deus e isto causa alguns problemas, como por exemplo, o óbvio: colocar o Brasil acima de Deus, querer adorar o Brasil como se fosse Deus. Não pretendo entrar aqui em uma discussão filosófica, mas ninguém em todo o governo do Bolsonaro sabe que o "tudo" engloba o "todos", e isso tanto gramaticalmente quanto filosoficamente. Mas encerro esta questão por aqui.
Para resolver 70% dos problemas do Brasil, basta o Bolsonaro investir na segurança pública. Colocar delegacias em cada bairro de cada cidade, construir presídios, colocar PMs nas ruas para o policiamento ostensivo e aparelhar com equipamentos e dar treinamento aos policiais, tanto da civil quanto da PM.
Aliás, a Polícia Civil está acabada no Brasil. Os Policiais Civis no Brasil são meros funcionários públicos. E não por culpa deles, isso todo mundo sabe. O desmantelamento das polícias no Brasil é coisa que vem de uns 30 anos para mais. Um delegado de polícia não manda mais coisa nenhuma, é um mero representante não sei do quê. A polícia civil atua no depois do crime e a PM atua no antes, na prevenção. Sem PMs nas ruas e a civil sem condições de produzir provas técnicas, temos o que temos aí: criminalidade.
Um inquérito policial não vale de nada, pois ele é todo refeito na fase processual no fórum, ou seja, o Juiz ouve de novo o acusado, as testemunhas, a vítima, e refaz tudo de novo. Além disso, a Polícia Civil não produz prova técnica nenhuma porque não tem condições para tal e os delegados, enquanto classe, não estão nem aí.
Para provar meu ponto de vista cito apenas alguns casos de relevância como o do PC Farias, Celso Daniel, Toninho do PT, Marielle e o próprio Bolsonaro (a facada). Alguém poderá argumentar que são da competência da Polícia Federal, mas se a Polícia Federal não tem condições de produzir prova técnica, o que sobra para as polícias civis que cuidam dos casos da população em geral?
O argumento de que as Polícias Civis são competência dos estados não procede, pois o poder legal e a arrecadação estão concentrados no governo federal. Basta ver que praticamente todos os estados brasileiros estão endividados com a união.
Dinheiro para as quatro áreas nas quais o governo federal deveria atuar (educação, saúde, segurança e infraestrutura) acredito que não tenha, mas para uma área tem de sobra. E esta área de início deve ser a da segurança pública. A área da educação dará frutos somente em 10 ou 20 anos. A área da saúde dará frutos imediatos, mas não atinge a educação e a segurança pública. A área da segurança pública é a única que dá frutos imediatos e que atinge a área da saúde e da educação.
A população brasileira cresceu, mas o número de policiais civis, de PMs, de quartéis, de delegacias, além de não acompanhar proporcionalmente o crescimento da população, diminuiu. E isto é um grave problema, pois quem combate bandido é a polícia. Nenhum advogado ou médico, por exemplo, chega em casa após um dia de trabalho, coloca 3 ou 4 armas na cintura, dá um beijo na esposa e diz: "Já volto, vou patrulhar o bairro". Isso é atribuição das polícias, é para isso que as polícias existem na sociedade. Quando o número de policiais não acompanha o crescimento da população, temos um problema de quantidade e quando o cidadão tem que atravessar a cidade para fazer um simples registro de ocorrência porque não tem uma delegacia minimamente próxima de sua casa, vem a forte sensação de insegurança e desamparo por parte dos frouxos que habitam e habitaram nosso governo federal há décadas.
Dinheiro há! Basta o Bolsonaro querer fazer o investimento necessário em segurança pública, colocando delegacias em cada bairro de cada cidade, construir presídios, colocar PMs nas ruas para o policiamento ostensivo e aparelhar com equipamentos e dar treinamento aos policiais, tanto da civil quanto da PM. Basta querer e resolverá 70% dos problemas dos brasileiros.
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019
Caso Pavesi - 2
Até 1997 no Brasil a lei federal estabelecia que todos os
brasileiros eram, automaticamente, doadores de órgãos. Em 2001 as regras
mudaram e a decisão passou para as mãos da família. Em 2017, o senador Lasier
Martins entrou com um projeto de lei para retornar à condição antiga, ou seja,
para que os médicos não precisem mais do consentimento da família e nem do
doador. Em 20/06/2018 esse projeto entrou na pauta da reunião do senado tendo
como relatora a senadora Ana Amélia.
Se esse projeto for aprovado, os médicos é que voltarão a
decidir quem é doador ou não. Dois decretos assinados pelo então presidente da
República, Michel Temer, um em 2016 e outro em 2017, também foram essenciais
para o aumento na taxa de doadores efetivos. Um deles determina que uma
aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) permaneça em solo exclusivamente para
transporte de órgãos para transplante. Desde a assinatura do decreto, em junho
de 2016, a FAB transportou 512 órgãos: 235 fígados; 143 corações; 76 rins; 21
pâncreas; 27 pulmões; 6 tecidos ósseos; e 4 baços.
Já o Decreto nº 9.175/2017 regulamenta e detalha os
critérios de notificação de morte encefálica. Com ele, essa notificação deixa
de ser obrigatoriamente feita por neurologistas e torna-se atribuição de outros
médicos, devidamente treinados. No médio e longo prazo, segundo Rafael Paim, os
números vão revelar como esse decreto contribui para que mais doações sejam
efetivadas. "Agora, outros médicos, adequadamente qualificados, podem atestar
morte encefálica", explica.
Segundo eu entendo, desde 2017 qualquer médico adequadamente
qualificado pode atestar morte encefálica. No texto não indica o que é esse
“adequadamente qualificado”. Antes precisava de um neurologista, agora não
precisa mais se especializar em neurologia para atestar a morte encefálica. Foi
aberta, desde 2017, a temporada de caça aos doadores de órgãos e em 2019, caso
o projeto do senador Lasier Martins seja aprovado, o abate geral será
sacramentado e, lógico, sempre com o apoio da grande mídia.
Abaixo tem links que explicam o que é a morte encefálica
e como acontece a doação de órgãos no Brasil, sempre com o apoio da grande
mídia.
Mas em linhas gerais morte encefálica não é a morte real e
somente podem ser retirados órgãos de uma pessoa viva ou que acabou de morrer,
não se tira órgãos de cadáver, isso todo médico sabe.
As córneas podem ser retiradas até 6 horas depois que o
coração parou de funcionar, mas as córneas não são órgãos, são tecidos. Os
órgãos do corpo humano precisam ser retirados imediatamente após o coração
parar de bater, senão não prestam mais. Os médicos mantêm o coração e a
respiração através de equipamentos. A morte de uma pessoa envolve três
aspectos: a morte encefálica, a parada do coração e a perda da capacidade
respiratória. Uma pessoa morre somente após acontecer essas três coisas juntas.
No Brasil uma pessoa é declarada legalmente morta após o
médico atestar somente a morte encefálica.
Além disso, o transplantado, a pessoa que receberá o órgão
precisa ter o seu sistema imunológico praticamente reduzido à zero e depois que
receber o órgão terá que tomar remédios o resto da sua vida. E não poderá nem
pegar uma gripe senão pode morrer porque o sistema imunológico precisa estar
baixo, precisa ter imunidade baixa, como os médicos dizem, para não haver a
famosa rejeição.
Então vamos pensar um pouco: o transplante não é uma coisa
natural; fosse natural, o corpo do transplantado aceitaria naturalmente o
órgão, sem necessidade de remédios, sem necessidade de reduzir o sistema
imunológico da pessoa, assim como a AIDS faz. Mas o corpo não aceita porque o
corpo humano é programado para rejeitar tudo o que não faz parte dele e tudo
que ele não pode absorver. Um exemplo interessante é a transfusão de sangue. Havendo
compatibilidade, salva vidas. Se o sangue não for compatível, a pessoa morre.
Tudo o que é inserido como parte do corpo e não há compatibilidade, é
automaticamente rejeitado e o corpo morre, exceto com o uso de medicamentos. No
transplante, o transplantado passa a tomar pelo menos 8 comprimidos ao dia e
com isso ele se torna "sócio" das industrias de medicamentos. Ou ele
contribui (e nesse caso somos todos nós, pois o dinheiro que paga os remédios é
dinheiro público), ou ele morre.
E com um órgão transplantado o nosso corpo não reconhece
aquele órgão, e rejeita, e como o corpo não tem como jogar para fora o órgão
transplantado o sistema imunológico começa a combater o órgão, nosso corpo vê o
órgão como um ser estranho, que não faz parte do organismo e para evitar a
rejeição os médicos inventaram de reduzir o sistema imunológico do
transplantado com remédios chamados de imunossupressores que abaixam a imunidade
natural, praticamente reduzem a quase zero o sistema imunológico e a pessoa
fica gastando dinheiro com remédios o resto da sua curta vida e tem uma
qualidade baixa de vida porque qualquer doença pode matá-lo.
No site da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de
Órgãos) no item O QUE É CONDIÇÃO MÍNIMA PARA A MANUTENÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA?
Diz o seguinte:
“São esperados do paciente receptor e das pessoas de seu
convívio próximo:
1) a compreensão de que o bem recebido, seja ele público
(doador falecido) ou particular (doador vivo), exige estilo de vida específico
para a preservação desse bem;”
Pelo que se entende, o doador falecido vira um bem público
enquanto que o doador vivo é um bem particular. Na cabeça dessa gente, os
órgãos humanos são um bem, uma mercadoria. E não sou eu que estou dizendo, está
escrito ali.
“2) compromisso permanente na busca dessa preservação
(exceto em quadros fulminantes, os receptores são informados sobre o rigor
necessário com o uso de medicação imunossupressora e implicações desse uso, e
sobre a necessidade de exames e acompanhamento médico e psicológico contínuos).”
Pelo que se entende, se o transplantado depois de um ano,
por exemplo, decidir abandonar o tratamento, os médicos dirão: está vendo, o
paciente morreu porque abandonou o tratamento. Mas é lógico que irá morrer,
está com o sistema imunológico baixo e a imunidade ficou baixa porque o
transplantado ingeriu medicação imunossupressora.
O transplante de órgãos aqui no Brasil é o procedimento mais
bem pago pelo SUS e o dinheiro do SUS é dinheiro de impostos, é dinheiro
público.
Se a questão é humanitária: “doe órgãos e salve vidas”,
então porque os médicos não fazem a cirurgia de graça? Porque os médicos são os
únicos que ganham dinheiro com os transplantes?
Se a questão é salvar vidas, cadê o juramento de Hipócrates,
o pai da medicina, o juramento que os médicos fazem?
Hoje em dia o que existe é a hipocrisia, é o juramento de
hipócrita.
Se a questão é humanitária: dê órgãos e salve vidas então
porque os médicos não fazem a cirurgia de transplante de graça?
E antes que algum idiota diga: mas o que tem a ver uma coisa
com a outra? Os médicos precisam ganhar pelo seu trabalho, eles estudaram para
isso.
Ótimo, então eu posso vender meus órgãos tanto em vida como
depois de morrer. São meus, eu nasci com eles, eu cuidei deles. A lei proíbe a
venda de órgãos, mas permite que os médicos ganhem dinheiro com os
transplantes, então a questão não é humanitária, é comercial.
Não importa se o dinheiro vem da iniciativa privada ou for dinheiro
público (de impostos) havendo dinheiro envolvido é comércio. E não estou
falando dos custos do material, das coisas físicas utilizadas para o
transplante, gaze, hospital, leito, bisturi, essas coisas, estou falando do
trabalho do médico nesse caso. Se a questão é humanitária, salvar vidas, então os
médicos devem fazer as cirurgias de transplante de graça, sem cobrar nada pelo
seu trabalho.
Porque a questão humanitária vale somente para quem dá os
órgãos? Fazem parecer que a pessoa que não dá órgãos é um monstro; e não é. É
um direito individual, se eu não quero dar meus órgãos é problema meu. A única
coisa que eu tenho na vida é meu corpo e meus pensamentos.
E o governo e a classe médica querem
que a gente dê os órgãos para eles ganharem dinheiro.
Alguém pode falar:
- Ah, mas qual o problema, você vai estar morto mesmo e vai
salvar uma vida.
- E daí? Eu não quero dar meus órgãos, é problema meu, é um direito meu, o que você tem a ver com isso?
- E daí? Eu não quero dar meus órgãos, é problema meu, é um direito meu, o que você tem a ver com isso?
- Ah, mas que ser humano horrível que você é, não quer dar os
órgãos para salvar uma vida.
- Então porque você não dá seus órgãos em vida?
Se você está tão preocupado assim em salvar vidas dando
órgãos, se você está tão preocupado com a fila de espera do transplante, então
dê teus órgãos legalmente, faça um documento hoje, vá no cartório e
depois se mate seu infeliz. É um direito seu. Enquanto você não fizer isso, não
venha encher meu saco com essa história de salvar vidas dando órgãos.
Se a questão é humanitária: “faça sua parte, dê órgãos e
salve vidas”, então porque os médicos não fazem a parte deles fazendo a
cirurgia de transplante de graça?
É uma questão lógica humanitária: ou o governo libera de vez
o comércio de órgãos para que todo mundo possa ganhar dinheiro com isso ou os
médicos que parem de cobrar pela cirurgia de transplante.
Porque somente os médicos podem ganhar dinheiro com isso? Eu
gastei dinheiro com comida para manter meus órgãos funcionando, fiz
investimentos em academias, estudei, mesmo que minimamente, para saber como não
pegar uma gripe, como não pegar uma doença; e daí tenho que dar de graça meus
órgãos? E todo o investimento que eu fiz, assim como o médico investiu na
faculdade de medicina?
Eu sei que parece absurdo o que eu acabei de falar, mas se a
questão é salvar vidas, porque o médico cirurgião de transplantes não pode se
tornar um pouco mais humanitário fazendo a cirurgia de graça, não cobrando pela
cirurgia de transplante? Isso diminuiria os custos do transplante.
Vejam bem, não estou generalizando toda a classe médica,
estou falando somente dos médicos que fazem cirurgias de transplante de órgãos
e não estou dizendo que são maus médicos, são bons profissionais.
Em vez de o senador Lasier Martins entrar com esse projeto
para transformar todos os brasileiros de novo em doadores automáticos de órgãos
tirando o direito individual mais básico de um ser humano que é o controle do
seu próprio corpo, o corpo é a única coisa que nós temos de verdade, é
basicamente a única coisa que podemos dizer que é nossa, o senador Lasier
deveria entrar com um projeto tornando gratuito todo o processo de transplante
de órgãos, inclusive o trabalho do médico cirurgião de transplante de órgãos.
Deveria dizer especificamente na lei: o médico cirurgião não
pode cobrar e nem receber qualquer tipo de vantagem pela cirurgia de transplante
de órgãos, a não ser o próprio salário. Se um piloto da força aérea brasileira
pode fazer o transporte dos órgãos não recebendo nada mais além do que o
próprio salário, porque o médico tem que receber um percentual além do próprio
salário?
É lógico que daí pode acontecer que alguns médicos, não
todos, não queiram mais fazer essas cirurgias, mas daí eu pergunto: onde fica a
parte humanitária? Um médico tem muitas formas de ganhar dinheiro. O
transplante de órgãos é uma questão humanitária, não pode e nem deve ter
dinheiro envolvido para nenhuma das partes porque se o médico ganha dinheiro
com isso, então deixa de ser uma questão humanitária, estamos falando de órgãos
humanos e não de mercadorias.
E para finalizar, deixo uma pergunta que sempre me intrigou,
sempre me deixou com a pulga atrás da orelha: quantos médicos no Brasil são
doadores de órgãos?
Link para acompanhamento do projeto. É só clicar em
“Acompanhar esta matéria” e cadastrar teu e-mail que você recebe as
movimentações do projeto:
Links:
Links Pavesi:
Caso Pavesi - 1
Eu venho acompanhando o Caso Pavesi já há algum tempo. Paulo
Airton Pavesi teve seu filho de 10 anos morto no hospital e os órgãos dele
foram retirados de forma ilegal. Paulo Veronesi Pavesi, o Paulinho, no dia 19
de abril de 2000 caiu de uma grade de proteção do prédio onde morava, bateu a
cabeça e foi internado no hospital Pedro Sanches em Poços de Caldas, Minas
Gerais, com suspeita de traumatismo craniano. Dois dias depois, no dia 21 de
abril, ele foi transferido para a Santa Casa de Misericórdia, ainda vivo, para
fazer uma arteriografia e terminou tendo seus órgãos retirados. No dia 22 de
abril Paulinho foi sepultado.
O caso Pavesi é uma história que bem daria um filme, tanto
pelo modo como aconteceu a morte de Paulinho como pela luta do pai dele, Paulo
Airton Pavesi, que já dura 19 anos. Atualmente asilado fora do país e morando
na Inglaterra, tendo em vista várias ameaças de morte sofridas pelas denúncias
feitas sobre a máfia de tráfico de órgãos no Brasil.
O processo começou na justiça de primeira instância e foi
parar na esfera federal. Os advogados dos acusados entraram com uma petição para
que o processo fosse encaminhado de volta para a justiça comum alegando não se
tratar de crime federal, mas tráfico de órgãos é crime federal, porém, o
processo mesmo assim foi encaminhado de volta para a esfera estadual e
reiniciou do zero e ficou parado por vários anos.
Em 2011, o Juiz Narciso Alvarenga Monteiro de Castro entrou
no caso e em 2013 condenou em primeira instância os médicos envolvidos por
remoção ilegal de órgãos, ou seja, 13 anos após o fato e constatou que haviam
fortes indícios de envolvimento de tráfico de órgãos. Mas as condenações foram anuladas
em segunda instância em 2016 e o Tribunal de Justiça de Minas Gerais devolveu o
processo para que fosse julgado novamente em primeira instância para que os
acusados respondessem especificamente pelo crime de homicídio doloso, quando há
intenção de matar, sendo que iriam a júri popular. Mas o julgamento, ao longo
dos anos, foi adiado por quatro vezes e o caso até hoje não teve nenhum
desfecho.
É uma história que envolve a morte de uma criança de 10
anos, médicos, promotores, um procurador que de acusador passou a testemunha de
defesa dos acusados e um ex-deputado federal que atuou como autor e relator na
lei dos transplantes de órgãos aqui no Brasil e foi um dos idealizadores do
sistema único de saúde, o SUS, este mesmo SUS que não funciona. Este caso foi
amplamente divulgado pela imprensa na época e teve repercussão internacional,
porém, até hoje nenhuma providência definitiva foi tomada.
O pai, Paulo Pavesi, do canal Conexão Pavesi do
Youtube, teve a sua vida destruída por querer uma solução para o caso do seu
filho, pois o processo irá prescrever ano que vem
e ele espera por alguma solução antes que o processo prescreva.
O caso dele lembra o caso da Maria da Penha Maia Fernandes
que originou a Lei Maria da Penha aqui no Brasil. O caso Maria da Penha também
demorou 19 anos para ser resolvido, pois a nossa justiça é inoperante. Maria da
Penha conseguiu sobreviver e Paulinho está morto e teve seus órgãos retirados
enquanto ainda estava vivo e com condições de sobreviver e este fato resta
completamente provado nos autos do processo.
Vemos que os anos passam e as coisas não mudam aqui no
Brasil porque a justiça brasileira não funciona para a população brasileira. Os
direitos humanos, ainda que tardiamente, deram atenção ao caso Maria da Penha,
mas ignoraram completamente o caso de Paulo Veronesi Pavesi, o Paulinho.
O processo de asilo, pedido em 2008 pelo pai Paulo Airton
Pavesi na Itália foi concedido por haver provas mais do que suficientes de que
não haviam mais condições de Paulo Pavesi permanecer no Brasil, pois além de
não ter respaldo algum da justiça brasileira e dos direitos humanos, estava
sofrendo ameaças de morte, fatos estes que, após analisados, levaram a justiça
italiana a conceder-lhe o asilo.
Esperamos que este caso sirva de lição para todos nós, da
mesma maneira como foi o caso Maria da Penha que, a partir daí, implantaram-se
mecanismos legais para que novos casos como esse não aconteçam de novo jamais
aqui no Brasil.
Lembro que está tramitando no Congresso Nacional o projeto
de lei n° 453, de 2017, da autoria do senador Lasier Martins que altera o
artigo 4º da lei de transplantes de órgãos no Brasil. O artigo 4º atualmente
diz que a autorização da doação de órgãos no Brasil depende dos familiares. Com
a aprovação do projeto muda a situação atual na qual, para doar os órgãos, você
precisa declarar que quer doar os órgãos depois de morrer ou então, se você não
declarou nada, é a sua família que irá decidir. Os médicos atualmente devem a
pedir a autorização da família de qualquer maneira.
Com o projeto aprovado você
precisará declarar por escrito que quer ou que não quer doar os órgãos. Isso praticamente
transforma todos os cidadãos brasileiros em doadores de órgãos, pois os médicos
não precisarão mais consultar os familiares. Ou então, você terá que colocar um
selo na sua carteira de identidade dizendo expressamente que quer ou que não
quer doar os órgãos. E se não tiver selo nenhum na sua carteira de identidade os
médicos podem retirar seus órgãos sem o consentimento dos seus familiares.
O que está escrito no final da justificação do tal projeto
de lei do senador Lasier Martins é “deixar claro e inequívoco que a vontade da
família do morto não pode se sobrepor à expressa manifestação válida do titular
do direito de personalidade envolvido na questão da doação de partes do seu
próprio corpo para depois de sua morte, condicionando-se esse consentimento
familiar apenas para as hipóteses de silêncio em vida do doador a esse respeito”.
Aqui não se entende muito bem, pois no projeto ele libera a consulta à família
e na justificação ele condiciona o consentimento familiar para a hipótese de
silêncio em vida do doador, mas o que vale é o que está no artigo que diz que
não se precisará mais consultar familiar nenhum. Ou os médicos consultarão os
familiares e perguntarão: ele deixou por escrito que não quer ser doador de
órgãos? Os familiares vão dizer que não ou que não sabem. Como isso acontecerá
na prática?
Segundo o texto que eu li na página do próprio senador
Lasier Martins, esse texto diz que o projeto dispensa a autorização da família
para remover órgãos quando o falecido já tiver se manifestado em vida sobre o
assunto e que o projeto é para facilitar a doação de órgãos. Mas na prática,
acredito eu, se não tiver nenhum selo na carteira de identidade, os médicos é
que decidirão na hora sem consultar os familiares.
E tem uma coisa que algumas pessoas não sabem: não se tira
órgãos de pessoas mortas, de cadáver. As córneas podem ser retiradas até 6
horas depois que o coração parou de funcionar, mas as córneas não são órgãos,
são tecidos. Os órgãos do corpo humano, como os rins e o fígado, precisam ser
retirados imediatamente após o coração parar de bater, senão não prestam mais.
Depois de retirados, os órgãos até podem ser conservados no gelo durante um
tempo, mas precisam ser retirados imediatamente após o coração parar de bater,
por isso que os médicos, em caso de doação de órgãos, mantêm o coração e a
respiração através de equipamentos.
Além disso, tem mais coisas envolvidas como, por exemplo, a morte
encefálica não é a morte real. A morte de uma pessoa envolve três aspectos: a
morte encefálica, a parada do coração e a perda da capacidade respiratória. Uma
pessoa morre somente após acontecer essas três coisas juntas e no Brasil uma
pessoa é declarada legalmente morta após o médico atestar somente a morte
encefálica. Ou seja, no caso de um paciente entrar em coma, os médicos aqui no
Brasil não precisarão mais consultar a família para desligar os aparelhos. Eles
declaram a morte encefálica, retiram os órgãos e depois avisam a família: ó,
ele morreu e nós retiramos os órgãos para salvar outras vidas. Isso me parece,
não posso afirmar com certeza, mas me parece a aprovação da eutanásia aqui no
Brasil.
E sobre o Paulo Pavesi, talvez se ele tivesse o apoio de
alguma ong, uma dessas entidades de esquerda, acredito que rapidinho ele
conseguiria uma solução para o caso dele aqui no Brasil. Mas como ele não é de
esquerda, ele não teve nenhum apoio. E onde estão as organizações de direita,
se é que existem, para dar apoio para ele? Essa é uma pergunta que fica.
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019
Vento
Vento, vento que venta.
Vento simão.
Não é o macaco,
Mas é um ventão.
Frio e calculista.
Violento ao extremo.
Tempestade de areia
Alguns dias por ano.
Vento africano
De outras paragens.
Não é o minuano,
Mas traz friagem.
Vento, vento que venta.
Corrente de vento
Impulsiona a vela
Em direção ao norte.
Vindo do norte,
O vento Mossoró
Vem do oceano
Contrário ao marajó.
Vento que fala,
Vento que venta,
Vento que não cala,
Vento que atormenta.
Vento, vento que venta.
Não venta forte,
Faça uma brisa
Que vem do norte.
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