Tudo o que falamos e escrevemos são nossos pensamentos ou raciocínios, mesmo quando falamos ou escrevemos mentiras. Pelo quê uma pessoa fala ou escreve podemos saber se esta pessoa é burra ou não.
Começarei definindo, para o nosso entendimento (meu e do leitor), o signo “Conceito”. Do dicionário: “faculdade intelectiva e cognoscitiva do ser humano; mente, espírito, pensamento.” Este é o significado do signo Conceito. E, como já vimos, todo significado é genérico, mas, ao mesmo tempo, todo signo tem seu significado (que é genérico) e seus sentidos, ou seja, uma palavra (no caso, um signo) tem o seu significado e tem seus vários sentidos os quais podemos empregar essa palavra (signo).
Grosso modo, é o que está no dicionário. O
significado é um signo explicado por outros signos, ou seja, é dizer o que é
uma palavra através de outras palavras. Não entrarei de novo no “nome das
coisas” de Aristóteles que, neste sentido, são os signos. E lembrando, um signo
é algo que simboliza alguma coisa; toda palavra é um signo, mas nem todo signo
é uma palavra. Uma imagem também é um signo, um cheiro é um signo, um gosto, etc; pois representa, simboliza uma
coisa ou várias coisas ao mesmo tempo.
Então, Conceito é aquela imagem mental
abstrata, é o que está dentro da nossa cabeça. Repito, esta definição de
conceito é para o entendimento deste texto, sabemos que existem outros significados
e/ou definições do signo Conceito. Não estou aqui determinando que esta
definição de Conceito seja absoluta, é somente para o entendimento deste texto;
e também não estou inventando nada, esta definição aqui presente tem por base o
dicionário e definições de outros autores.
Lembrando também a diferença entre
significado, sentidos e definição. Significado já vimos. Sentidos de um
significado também já vimos, mas nunca é demais repetir: sentidos são
significados um pouco mais específicos. Por exemplo: “Aquela pessoa tem
inteligência” e “Aquela pessoa trabalha em uma agência de inteligência”. O
signo é o mesmo: Inteligência, porém, este signo foi empregado em dois sentidos
diferentes. Pelo simples fato de eu dizer que “Aquela pessoa trabalha em uma
agência de inteligência” não significa propriamente que estou dizendo que
aquela pessoa é inteligente. Simples assim. Os vários sentidos também podemos chamar de significante.
A estrutura das línguas comprova isso e,
no caso, da Língua Portuguesa é o que encontramos em qualquer dicionário. Temos
sempre o primeiro significado mais próximo do signo (às vezes até numerado, 1,
2, 3, etc), o primeiro é o significado genérico, os outros são os sentidos nos
quais podemos empregar o signo. Não me estenderei nesta parte, pois já foi dito
isso, mas posso acrescentar que de acordo com o sentido da palavra (signo) empregado na frase o referente (o que a coisa é) muda um pouco, mas não foge do significado genérico como vimos anteriormente no exemplo do signo "inteligência".
Definição é você delimitar a coisa, é você
ser mais específico ao dizer o que uma coisa é. Coisa é “tudo
o que existe ou possa existir, de natureza corpórea ou incorpórea.” Por
exemplo: um lápis é uma coisa corpórea, liberdade é uma coisa incorpórea.
Lápis: um objeto composto por um bastão de
grafite envolto por uma camada de madeira que serve para rabiscar, escrever e
desenhar no papel. Este é o significado do signo “lápis” e é genérico porque
significa todos os lápis do mundo que tem um bastão de grafite e são envoltos
por uma camada de madeira. Caso eu tomar um lápis em específico, por exemplo,
um lápis com um bastão de grafite envolto por uma camada de madeira que serve
para rabiscar, escrever e desenhar no papel e é pintado na cor verde, tem o
formato sextavado e tem um tamanho de 20 centímetros, estarei dando a “definição”
deste lápis em específico, estarei delimitando-o (estarei dizendo o que é esta
coisa chamada lápis especificamente), pois tem outros lápis que tem um formato
cilíndrico, são na cor preta, etc.
E há o conceito do signo “lápis”, aquela
imagem mental abstrata que se forma na sua mente ao perceber a coisa através
dos cinco sentidos básicos: tato, olfato, paladar, visão e audição.
No momento em que você expressa um
conceito em palavras (signos) você está ou significando a coisa (com seus
vários sentidos) ou definindo-a ou somente falando (ou escrevendo) sobre ela.
Percebam, quando eu escrevi “através dos cinco sentidos básicos” e quando eu
escrevi “com seus vários sentidos” empreguei o signo “sentidos” em duas
formas (sentidos) diferentes e, a partir daí, o entendimento das duas expressões
tornam-se diferentes. Na primeira expressão estou falando dos sentidos básicos
do ser humano e na segunda expressão estou falando dos sentidos que o
significado de um signo pode adotar de acordo com a circunstância. Simples
assim e bastante óbvio.
Muitas vezes não sabemos expressar um
conceito em palavras, não sabemos dizer em palavras o que é tal coisa porque
não sabemos o significado e seus vários sentidos e, a partir daí, não
conseguimos saber o referente da coisa. Signo, significado (e seus vários
sentidos) e o referente. O referente é o que a coisa é em si na realidade.
Muitas vezes é trabalhoso (mas não
difícil) significar e/ou definir um conceito em palavras. Existem conceitos
objetivos e conceitos subjetivos. Conceitos objetivos, basicamente, partem dos
objetos corpóreos, objetos que existem fisicamente no mundo. E conceitos
subjetivos, basicamente, partem de objetos incorpóreos que não existem
fisicamente, como no exemplo anterior: lápis e liberdade. Não existe um objeto
físico chamado liberdade (qual é o tamanho da liberdade, qual é a cor), porém, sabemos o que é liberdade através do seu
significado e da sua definição; o significado e a definição vêm do conceito
através da observação da realidade.
Então, resumindo, “conceito” é aquela
imagem mental abstrata que está na nossa mente que vem da observação da
realidade e quando externamos essa imagem em palavras torna-se ou um
significado ou uma definição ou estamos somente falando (ou escrevendo) a
respeito dessa coisa sem significa-la ou defini-la, grosso modo, estamos
somente falando (ou escrevendo) a respeito dela sem dizer o que é esta coisa.
Não entrarei aqui, de novo, nas partes que
compõem o todo (ou nos particulares e gerais de Aristóteles), mas darei uma
breve explanação com relação ao objeto do assunto: Conceito.
Como vimos, um conceito é uma imagem
mental abstrata e traduzimos os conceitos em palavras, pois é dessa forma que o
ser humano se comunica basicamente, através da palavra falada e da palavra
escrita.
Um signo (que simboliza uma coisa) é um geral
composto de vários particulares (ou um todo composto de várias partes). Por
exemplo: Inteligência. Dentro do conceito Inteligência (expresso através do
signo gramatical Inteligência) podemos encontrar várias partes através da
observação da realidade. A saber: conhecimento, raciocínio, percepção, etc. São
partes que compõem o todo chamado de Inteligência. Podemos decompor qualquer
coisa em suas partes através da observação da realidade. Isso é, de certo modo,
natural, faz parte do ser humano, nascemos assim, é assim que entendemos e
compreendemos as coisas.
O processo às vezes se dá partindo dos
particulares (ou de um particular em específico) e vamos para o todo; e às
vezes partimos do todo e vamos decompondo-o em partes, indo e voltando das partes
para o todo e vice-versa. Por exemplo, ao consultar o dicionário em busca do
significado de um signo (uma palavra neste caso) estamos partindo de uma parte
que compõe o todo porque o significado é genérico e não explica especificamente
o que é a coisa (o referente). A partir daí temos que raciocinar e investigar
mais coisas (partes) para chegar ao entendimento do que é a coisa em si. É um
processo natural do ser humano. Um sentido específico de um significado
não nos dá um referente absoluto posto que temos de analisar as várias partes que compõem o todo.
Continuando no exemplo do signo Inteligência
(ou poderia tomar qualquer outro signo), mas vamos continuar neste.
Inteligência: “faculdade de conhecer, compreender e aprender.” Este é o
significado. Inteligência: “capacidade de compreender e resolver novos
problemas e conflitos e de adaptar-se a novas situações.” Este é um sentido do
signo Inteligência, tirado do dicionário. Dependendo do dicionário temos seis
ou sete sentidos um pouco diferentes do significado genérico de Inteligência,
mas não completamente diferentes.
Esta é a base para sabermos o referente, o
que é a coisa em si na realidade, além do conhecimento intuitivo e da percepção.
Como já foi dito, um dicionário não é o “bam
bam bam” do entendimento, mas é a base obrigatória, é onde está a convenção da língua e da
linguagem. Quando não se sabe o significado (e os sentidos) de um signo
torna-se impossível exprimir em palavras o referente, torna-se impossível
expressar o conceito.
E como já foi dito, a língua e a linguagem
são convenções e não tem como ser diferente. Todos nós que temos que ter o
mesmo significado e sentidos dos signos, pois isso nos dá a base para sabermos
o referente na realidade e a realidade é uma só para todos.
Um bom exemplo neste sentido são as
diferentes línguas existentes no mundo. Um Brasileiro por falar a Língua
Portuguesa, de certo modo, tem uma mentalidade um pouco diferente de um Alemão
que fala a Língua Alemã. Porém, o entendimento básico das coisas é o mesmo. Por
exemplo, uma árvore é uma árvore em qualquer lugar mundo não importando em qual
língua eu expresso o signo “árvore”. O referente é o mesmo, o conceito “árvore”
basicamente é o mesmo. Liberdade, esperança, igualdade, fraternidade, correr,
dormir, comer, pular, etc, o conceito básico é o mesmo em qualquer lugar do
mundo não importando a língua que se fala.
O problema é quando se trocam conceitos por
palavras.
Agora tomarei como base o livro de Arthur
Schopenhauer “Sobre a Quadrúplice Raiz do Princípio de Razão Suficiente” que é
a tese que deu o título de Doutor a Schopenhauer em 1813. Óbvio que tal título
de Doutor na época era diferente do título de Doutor que temos hoje em dia,
principalmente no Brasil.
Página 49: “Aristóteles... demonstra
cuidadosamente no sétimo capítulo do segundo livro dos Segundos Analíticos
que a definição de uma coisa e a prova de sua existência são duas coisas
diferentes e eternamente separadas, pois pela primeira tomamos conhecimento do
que é pensado, por meio da outra, porém, de que algo assim existe; e
como um oráculo do futuro, profere ele a sentença: ‘a existência não pertence à
essência de uma coisa; pois existência não é uma propriedade’. Isso significa:
A existência jamais pode pertencer à essência das coisas. – Ao contrário disso.
O quanto o senhor von Schelling venera a prova ontológica pode ser verificado a
partir de uma longa nota da página 152 do primeiro volume de seus Escritos
filosóficos de 1809. Mas algo ainda assim mais instrutivo pode ser
verificado ali, a saber: que basta matraquear atrevidamente, fazendo ares de
grandeza, para lançar poeira nos olhos dos alemães. Mas que até um patrono tão
inteiramente deplorável como Hegel, cuja inteira filosofastria era propriamente
uma monstruosa amplificação da prova ontológica, tenha querido defende-la
contra a crítica de Kant, é uma aliança da qual se envergonharia a própria
prova ontológica, por mais que não seja muito de se envergonhar. – Apenas não
se espere de mim que fale com apreço de pessoas que levaram a filosofia ao
desprezo.”
Coloquei este trecho para mostrar que a “troca
de conceitos por palavras” vem de longe.
Agora pulo para a página 107: “Amiga – disseram-lhe-,
as coisas andam mal para ti, muito mal, desde o dia de teu fatal encontro com o
velho cabeça-dura de Königsberg [Kant]; tão mal como para tuas irmãs, a prova
ontológica e físico-teológica. Mas, tem coragem: nós não te abandonamos por
isso (tu sabes, somos pagos para isso). Entretanto, não há outra coisa a fazer:
deves mudar de nome e de vestimentas; porque se te chamarmos por teu nome,
todos fogem de nós. Incógnita, porém, nós te tomamos pelo braço e te
reconduzimos novamente para entre as pessoas; apenas, porém, como dito,
incógnita: isso dá certo! Primeiramente, pois: daqui para diante, teu objeto
portará o nome: “o absoluto”; isso soa exótico, decente e nobre – e nós sabemos
melhor do que qualquer um o quanto se pode impingir aos alemães com aparências
de nobreza – qualquer um sabe o que se entende por essa palavra, e ainda se crê
sábio por isso.... O absoluto, exclamas (e nós contigo), ‘que diabos, isso
tem de ser, senão não existiria absolutamente nada!’ (e com isso bates com
o punho sobre a mesa). Mas de onde procederia ele? ‘Estúpida pergunta! Já não
disse que é o absoluto?’ – Isso dá certo, podes crer, dá certo! Os alemães
estão habituados a aceitar palavras no lugar de conceitos: para tanto nós os
temos adestrado desde a juventude – olha só a hegelianada, que outra coisa é
senão um palavrório vazio, oco, e ainda por cima nauseabundo? E, no entanto,
que esplêndida carreira fez essa criatura filosófica ministerial! Para isso,
não foi preciso senão que alguns companheiros venais entoassem a glória daquela
ruindade – para que sua voz, na cavidade oca de mil cabeças estúpidas,
encontrasse um eco que ainda hoje ressoa e se propaga. E eis que assim logo se
fez de uma cabeça vulgar, sim, de um vulgar charlatão, um grande filósofo. Portanto,
toma coragem! Além disso, amiga e protetora, nós te secundamos também por outra
razão: com efeito, sem ti não podemos viver” – O velho critiqueiro de
Königsberg criticou a razão e cortou-lhe as asas? Pois bem, inventamos então
uma nova razão, da qual ninguém tinha ouvido falar até aquele momento;
uma razão que não pensa, mas intui imediatamente, que intui idéias (uma
palavra distinta, criada para mistificação) em carne e osso; ou também uma
razão que apreende, que apreende imediatamente aquilo que tu e os outros apenas
queriam demonstrar; ou ainda – para aqueles que só admitem pouco, mas que também
com pouco se satisfazem – o presente. E assim, damos conceitos populares de há
muito inoculados por inspirações imediatas dessa nova razão, criticada à
exaustão, degrademo-la, chamemo-la entendimento, e mandemo-la passear.”
O que Schopenhauer está dizendo é que
trocaram conceitos por palavras. Razão agora se chama entendimento. E o que é
entendimento? Ora, entendimento é razão! E o que é razão? Ora, tu és burro?
Razão é entendimento! Não entendes uma coisa tão simples assim? Entendimento é razão e razão é entendimento... está explicado.
A amiga Prova Cosmológica agora chamemos
de Absoluto! E o que é o absoluto? Ora, o absoluto é o infinito! E o que é o
infinito? Ora, tu és burro? Infinito é o absoluto, cara!
Não precisamos mais significar as coisas,
basta colocar outra palavra no lugar, seja esta palavra um sinônimo ou não.
Isto dá certo, pode crer!
O mundo é o finito e o absoluto é o
infinito. E o que é o finito? Ora, tu és burro? Já falei que o finito é o
mundo!
E podemos colocar também uma expressão no
lugar de qualquer coisa esdrúxula que inventamos sem base nenhuma na realidade,
como por exemplo: Politicamente Correto!
Temos também vários outros chavões imbecis: "consciência de classe", "pensamento crítico", "lutas de classes", "estado democrático de direito", "liberal na economia, conservador nos costumes", "desvelamento do ser", "não é crime, é doença", "racismo estrutural", "dívida histórica", "a culpa é do sistema", "crise climática", "desenvolvimento sustentável", "sociedade igualitária", "combate à pobreza", "direitos dos trabalhadores", "isolamento social", "classes sociais", "direitos humanos", "os fins justificam os meios", "discordo do que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizer", "responsabilidade fiscal", "regras democráticas", "aquecimento global", "reformas estruturantes", "vacinação em massa", "manter a governabilidade", "linha da pobreza", "estruturas de poder", "combustível fóssil", "implodir o sistema", "tirania da maioria", "disparidade de gênero", "liberdade de mercado", "milícia digital", "nome social", "ação afirmativa", "isso será um avanço", "isso será um retrocesso", "nunca ouvi falar, mas não tem cabimento", "imperativo categórico", "democracia representativa", "dinheiro público", "desconto antecipado", "redenção democrática", "direitos dos trabalhadores", "compre agora e economize dinheiro", "a exceção é o que confirma a regra", "o Brasil não é para amadores", "consulta o pai dos burros", "pedantismo gramatical"... e por aí vai.
É a gosto do freguês, o freguês escolhe seus chavões prediletos para repetir como um papagaio. Daria para escrever um livro somente com essas expressões. Um glossário. Aliás, já existem dicionários e glossários de, por exemplos, Marx, Gramsci e Heidegger, além de vários outros. Para ler e entender (se for possível) autores desta cepa, deste estilo de escrita oco, vazio, nauseabundo; primeiro você tem de entender a linguagem própria deles para depois começar a entender do quê eles estão falando. E muitas vezes estão falando de nada; palavras bonitas, mas vazias de conteúdo; muitas vezes sem significado e na maioria das vezes sem referente. Eles usam palavras já existentes na língua e inventam um significado novo saído da cabeça maluca e/ou maligna deles e isso bagunça o referente, você já não sabe mais do que se está falando, mas fica tentando adivinhar e chama essa adivinhação de "interpretação de texto".
Mas vamos nos deter em analisar como exemplo a expressão "politicamente correto", pois a análise se estende para todas as outras expressões.
O que é “politicamente correto”? Qual o
significado dessa expressão?
Partirei do básico. Politicamente vem de
política: “arte ou ciência de governar”, significado genérico. “Derivação:
sentido figurado. habilidade no relacionar-se com os outros, tendo em vista a
obtenção de resultados desejados”.
Politicamente: “ocupar-se de política;
fazer política”.
Correto: “que se corrigiu”. “possuidor de
bom caráter; digno, honrado (diz-se de pessoa)”.
Não coloquei todos os sentidos de “política”,
“politicamente” e “correto”, mas já dá para entender.
Politicamente Correto é alguém que é
correto na política?
É alguém que tem uma política correta?
É alguém possuidor de bom caráter na
política?
Ou é outra coisa?
São significados diferentes. Alguém que é
correto na política obrigatoriamente é um político. Alguém que tem uma política
correta não necessariamente é um político, pode ser um cidadão ali que tem uma
política de vida e segue ela. São coisas diferentes.
Então o que é politicamente correto? Ora, inventemos um significado qualquer que nem significado é. Politicamente correto agora é “evitar certas palavras preconceituosas com relação a grupos de sexo, raça, gênero ou sei lá mais o quê”. Ou mais, faremos dossiês, artigos acadêmicos, livros inteiros tentando explicar o que é “politicamente correto” (somos pagos para isso).
Daremos mil “significados” de politicamente correto. Ganharemos pela quantidade
e não pela qualidade. Eu vou citando você e você vai me citando, a nossa patota
vai se auto-promovendo, assim teremos milhões de citações acadêmicas. O que
importa a verdade? O que importa a realidade? Verdade e realidade são coisas ultrapassadas,
são retrocessos, não é um avanço, não são coisas progressistas.
Mas voltando. “Evitar certas palavras”...
quais palavras devo evitar? Existe uma lista de palavras que devo evitar?
Ora, tu és burro? As palavras que tu deves
evitar são as palavras preconceituosas em relação aos grupos ali!
Mas o que é “preconceituoso”? Não é um
conceito subjetivo?
O que decorre disso na realidade é que se
alguém me falar alguma coisa que eu não goste (vai do meu capricho), eu digo
que é politicamente incorreto. Pronto: acrescentei mais uma palavra (ou expressão) na tal da
lista que não existe! E o absurdo não pára de crescer.
Quando dizem que “politicamente correto” é
uma forma de censura eu concordo, mas o estrago vai mais além: causa
emburrecimento.
Trocar conceitos por palavras ou
expressões inventadas dá nisso: emburrecimento geral.
E podemos ver que na expressão “politicamente
correto” foram juntados dois signos que não dá para juntar. Um altera o
significado do outro. A partir daí não há base na realidade e temos que inventar
alguma coisa para significar em palavras o que é isso. É como a frase: "A pedra da bola pegou fogo". Ortograficamente e sintaticamente está correta, mas semanticamente não tem sentido nenhum. E num texto e/ou discurso temos que, obrigatoriamente, preencher os três: ortografia, sintaxe e semântica.
Com palavras bonitas, mas vazias de conteúdo estamos fora da realidade. Trocamos conceitos por palavras esvaziadas de significados,
de sentidos e de definições, e por isso não captamos mais o referente.
Passamos a falar por chavões, palavras
vazias, signos sem significados e, por conseguinte, sem referente. Nos
distanciamos da realidade, vivemos em um mundo de ilusão onde não nos
entendemos mais. Falamos a mesma língua, mas não falamos a mesma linguagem.
Língua é a Língua Portuguesa, a Língua Inglesa,
a Língua Francesa, etc.
Linguagem engloba a língua, todo signo tem
um conceito, um significado, uma definição e, de acordo com seu sentido, tem seu referente que
forma a mentalidade de uma nação que fala a mesma língua.
Caso eu fale “politicamente correto” e isso
enseja várias adivinhações de acordo com a cabeça de cada um, temos confusão,
não nos entendemos mais. Nesta hora precisa de um supremo sabedor da verdade para nos dizer o que significa isso, sendo que o supremo sabedor da verdade também não sabe o que é, então ele junta palavras bonitas, mas vazias de conteúdo e você sai repetindo isso por aí.
Falamos a mesma língua, mas não falamos a
mesma linguagem. E assim vamos emburrecendo.
Êêê, vamos todo mundo ficarmos burros, assim teremos igualdade... que, aliás, “igualdade” é um conceito subjetivo.
Ficaremos todos iguais na burrice, mas sempre
tem uns que são “mais iguais do que os outros”.
Uma população burra é fácil de controlar,
mas a burrice leva à violência, uma pessoa burra só sabe resolver as coisas na
base da violência (seja ela física e/ou psicológica), isso é fato.
A estultice, a estupidez de quem pensa que
pode controlar uma população burra, drogada e promíscua é equivalente à burrice
dessa mesma população.
Mas tudo em prol da “revolução”, da revolução
surgirá o novo ser humano!
Dos escombros da humanidade surgirá o novo
ser humano... não sei como.
Mas posso imaginar: esse novo ser humano que
surgirá virá do caos que leva à ordem.
E assim vamos trocando conceitos por
palavras: “do caos vem a ordem” é um chavão de tamanha estupidez e é errado em
tantos níveis que até é difícil explicar. Mas vamos repetindo isso através da
grande propaganda que todo mundo acredita que do caos vem a ordem... e vamos promovendo
o caos, vamos promovendo a destruição esperando a reconstrução a partir dos entulhos que
restaram da burrice. Vamos juntar os entulhos para formar uma pilha de escombros
e vamos dar a esse conceito um novo nome: sociedade igualitária. Uma expressão esvaziada de tudo.