O ser humano é formado, neste sentido, por Razão e Emoção.
Para nosso entendimento, meu e do leitor, Razão é o
Intelecto, a Inteligência. O raciocínio é a aplicação da Razão. Entenda-se por “raciocínio”
a concatenação de pensamentos, um pensamento organizado logicamente após
o outro. E refletimos isso através da palavra (falada e escrita), pois não me
adianta nada ter um conceito bonitaço dentro da minha cabeça se não o exponho
em palavras (falada ou escrita). Entenda-se por “conceito” aquela imagem mental
abstrata que está dentro da nossa mente, da nossa cabeça.
Pouco me adianta ter idéias e pensamentos se não as exponho
de público através da palavra (falada e/ou escrita). Morrerão comigo.
O ser humano se comunica através da palavra (falada e/ou
escrita), o que é óbvio. Porém, não confunda “comunicação” com “linguagem”. São
coisas diferentes. A Linguagem é própria do ser humano, a “comunicação” é
própria dos animais cujo gênero (animal) o ser humano faz parte. Porém, a
Linguagem é específica do ser humano. Os animais irracionais têm Comunicação. Este
termo “Linguagem” deve ser utilizado, obrigatoriamente, quando se referir única
e exclusivamente a seres humanos, pois é a linguagem que nos diferencia,
basicamente, dos animais irracionais. Um cachorro, um gato, um boi, um cavalo,
etc, têm Comunicação, não têm Linguagem posto que a Linguagem vem do
raciocínio, coisa que os animais irracionais não tem. Eles se comunicam. Esta
distinção entre “linguagem” e “comunicação” pode parecer somente uma mera
distinção de termos, mas, neste sentido, não é, vem da realidade.
Emoção são as emoções em si, os sentimentos, desejos,
sensações, vontades, intenções, etc, a parte psicológica do ser humano, vamos
por assim dizer.
Emoções – diferente do todo Emoção – são agitações dos sentimentos
posto que todo sentimento é calmo e as emoções são agitações. Exemplos: Raiva é
uma emoção posto que você está agitado quando está raivoso – de novo, não
confunda agora esta emoção com aquela Emoção, o termo geral. Euforia é uma
emoção posto que você está agitado quando está eufórico.
Alegria é um sentimento posto que é calmo, você está feliz,
alegre, mas está calmo. Ódio é um sentimento posto que você está calmo. Então existem
sentimentos bons e sentimentos ruins. Emoções, de um modo geral, nunca são coisas boas, pois você está agitado.
Exemplo da realidade: você está num show de rock, sertanejo,
etc e está gritando feito um maluco (ou uma maluca) “estou feliz pra caralho”.
Você não está feliz, você está eufórico!
A nem toda emoção corresponde um sentimento. Euforia não é a
emoção correspondente do sentimento Alegria. Raiva não é a emoção
correspondente do sentimento Ódio. Por exemplo, eu posso odiar uma pessoa por
anos e conviver com ela diariamente e nunca ter um acesso de raiva com essa
pessoa, pois eu a odeio e ódio é calmo. E o ódio, neste sentido, leva à
falsidade. Bem como posso ter um acesso de raiva com uma pessoa, mas foi coisa
de momento, depois peço desculpas, pois eu estava nervoso, agitado, e isso não significa
que odeio esta pessoa.
Eu posso agora puxar Sócrates no famoso: “Conhece-te a ti
mesmo”. Isto começa por saber o que são emoções e o que são sentimentos para
você saber o que está sentindo – sentindo aqui do verbo sentir, não de
sentimento, pois “sentimento” aqui, neste sentido, é um substantivo, não um
verbo.
Então, o ser humano é formado por Razão e Emoção. A parte
racional e a parte emocional que, desta maneira, esta parte emocional não se
confunde com a parte sentimental.
Porém, Razão e Emoção, muitas vezes confundem-se dentro do
ser humano e isto é natural, pois muitas vezes não sabemos onde termina uma e
começa a outra e vice-versa.
Seu Filho da Puta! Você, leitor, é um filho da puta!
Talvez você, leitor, achou estranho eu, do nada, proferir
esse calão, porém, eu somente estava demonstrando que não sabemos às vezes onde
termina uma e começa a outra. Talvez alguns acharam engraçado eu proferir o
calão assim, do nada, outros talvez ficaram ofendidos, outros, talvez, não
gostaram de ler um “filho da puta” saído assim de repente, outros talvez
acharam até uma coisa inteligente... vá saber, sei lá eu o que se passa na
cabeça de quem lerá este texto. Porém, o ser humano tem certos padrões, vamos
por assim dizer, que são intrínsecos. Então, mesmo eu não tendo certeza da reação
de cada um posso, através desses padrões, imaginar as possíveis e prováveis
reações e, para tanto, tive que “conhecer a mim mesmo” para poder conhecer os
padrões tive que saber o que é Emoção e o que é Razão, tive de ler, estudar, pois toda confirmação e todo estudo é individual, neste sentido. Individualidade e
coletivismo, a ser discorrido em outro momento.
Estou distinguindo em palavras escritas o que é Razão e o
que é Emoção, mas dentro do ser humano isso se confunde muitas vezes, pois no “calor
do momento”, muitas vezes, perdemos a Razão, e a Emoção aflora. Não exatamente “perdemos”,
mas há um desequilíbrio entre elas que, na realidade, é o que chamamos de “falta
de maturidade” ou aquilo que Aristóteles chamava de “falta de temperança”, este
desequilíbrio entre Razão e Emoção.
Óbvio que somos seres humanos feitos de emoções,
sentimentos, desejos, vontades, sensações, intenções, etc, a tal parte
psicológica e isto nos confere o que chamamos de Humanidade. Então é um
equilíbrio, pois não podemos viver o tempo todo raivosamente ou emocionados ou
sentimentalizados – e nem conseguimos.
Não adote este equilíbrio entre Razão e Emoção como um
chavão genérico que vale para tudo na vida, pois a vida não é assim e você sabe
disso... ou deveria saber.
Aí entra o senso das proporções, o discernimento entre saber
distinguir, até certo ponto, uma coisa da outra. Têm certas coisas na vida que
são oito ou oitenta, não há terceira opção. E têm certas coisas na vida que têm
“nuances”, camadas, níveis. Como se diz, muitas vezes uma história tem vários
lados. O senso das proporções, o discernimento, vem daí. Porém, quando você
detecta na realidade que uma coisa (ou situação) não tem terceira opção
então... é óbvio, é isto ou é aquilo. Exemplo simples: este óculo tem armação
da cor preta! Não há porque elucubrar dizendo: “mas este óculo poderia ter a
armação da cor vermelha”. Não faz sentido. O teu enunciado, em si, está
correto, este óculo poderia ter a armação da cor vermelha, mas em relação à
coisa em si, está errado. Ele tem a armação na cor preta e ponto final.
Não queira deixar se levar pela Emoção e esquecer a Razão. Não se perca em elucubrações, conjeturas, tergiversações inúteis. Tenha senso das proporções, discernimento entre as coisas. Não venha querer me levar à sua loucura, ao seu universo vocabular estúpido.