segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Razão e Emoção - 2

   O ser humano é formado, neste sentido, por Razão e Emoção.

   Para nosso entendimento, meu e do leitor, Razão é o Intelecto, a Inteligência. O raciocínio é a aplicação da Razão. Entenda-se por “raciocínio” a concatenação de pensamentos, um pensamento organizado logicamente após o outro. E refletimos isso através da palavra (falada e escrita), pois não me adianta nada ter um conceito bonitaço dentro da minha cabeça se não o exponho em palavras (falada ou escrita). Entenda-se por “conceito” aquela imagem mental abstrata que está dentro da nossa mente, da nossa cabeça.

   Pouco me adianta ter idéias e pensamentos se não as exponho de público através da palavra (falada e/ou escrita). Morrerão comigo.

   O ser humano se comunica através da palavra (falada e/ou escrita), o que é óbvio. Porém, não confunda “comunicação” com “linguagem”. São coisas diferentes. A Linguagem é própria do ser humano, a “comunicação” é própria dos animais cujo gênero (animal) o ser humano faz parte. Porém, a Linguagem é específica do ser humano. Os animais irracionais têm Comunicação. Este termo “Linguagem” deve ser utilizado, obrigatoriamente, quando se referir única e exclusivamente a seres humanos, pois é a linguagem que nos diferencia, basicamente, dos animais irracionais. Um cachorro, um gato, um boi, um cavalo, etc, têm Comunicação, não têm Linguagem posto que a Linguagem vem do raciocínio, coisa que os animais irracionais não tem. Eles se comunicam. Esta distinção entre “linguagem” e “comunicação” pode parecer somente uma mera distinção de termos, mas, neste sentido, não é, vem da realidade.

   Emoção são as emoções em si, os sentimentos, desejos, sensações, vontades, intenções, etc, a parte psicológica do ser humano, vamos por assim dizer.

   Emoções – diferente do todo Emoção – são agitações dos sentimentos posto que todo sentimento é calmo e as emoções são agitações. Exemplos: Raiva é uma emoção posto que você está agitado quando está raivoso – de novo, não confunda agora esta emoção com aquela Emoção, o termo geral. Euforia é uma emoção posto que você está agitado quando está eufórico.

   Alegria é um sentimento posto que é calmo, você está feliz, alegre, mas está calmo. Ódio é um sentimento posto que você está calmo. Então existem sentimentos bons e sentimentos ruins. Emoções, de um modo geral, nunca são coisas boas, pois você está agitado.

   Exemplo da realidade: você está num show de rock, sertanejo, etc e está gritando feito um maluco (ou uma maluca) “estou feliz pra caralho”. Você não está feliz, você está eufórico!

   A nem toda emoção corresponde um sentimento. Euforia não é a emoção correspondente do sentimento Alegria. Raiva não é a emoção correspondente do sentimento Ódio. Por exemplo, eu posso odiar uma pessoa por anos e conviver com ela diariamente e nunca ter um acesso de raiva com essa pessoa, pois eu a odeio e ódio é calmo. E o ódio, neste sentido, leva à falsidade. Bem como posso ter um acesso de raiva com uma pessoa, mas foi coisa de momento, depois peço desculpas, pois eu estava nervoso, agitado, e isso não significa que odeio esta pessoa.

   Eu posso agora puxar Sócrates no famoso: “Conhece-te a ti mesmo”. Isto começa por saber o que são emoções e o que são sentimentos para você saber o que está sentindo – sentindo aqui do verbo sentir, não de sentimento, pois “sentimento” aqui, neste sentido, é um substantivo, não um verbo.

   Então, o ser humano é formado por Razão e Emoção. A parte racional e a parte emocional que, desta maneira, esta parte emocional não se confunde com a parte sentimental.

   Porém, Razão e Emoção, muitas vezes confundem-se dentro do ser humano e isto é natural, pois muitas vezes não sabemos onde termina uma e começa a outra e vice-versa.

   Seu Filho da Puta! Você, leitor, é um filho da puta!

   Talvez você, leitor, achou estranho eu, do nada, proferir esse calão, porém, eu somente estava demonstrando que não sabemos às vezes onde termina uma e começa a outra. Talvez alguns acharam engraçado eu proferir o calão assim, do nada, outros talvez ficaram ofendidos, outros, talvez, não gostaram de ler um “filho da puta” saído assim de repente, outros talvez acharam até uma coisa inteligente... vá saber, sei lá eu o que se passa na cabeça de quem lerá este texto. Porém, o ser humano tem certos padrões, vamos por assim dizer, que são intrínsecos. Então, mesmo eu não tendo certeza da reação de cada um posso, através desses padrões, imaginar as possíveis e prováveis reações e, para tanto, tive que “conhecer a mim mesmo” para poder conhecer os padrões tive que saber o que é Emoção e o que é Razão, tive de ler, estudar, pois toda confirmação e todo estudo é individual, neste sentido. Individualidade e coletivismo, a ser discorrido em outro momento.

   Estou distinguindo em palavras escritas o que é Razão e o que é Emoção, mas dentro do ser humano isso se confunde muitas vezes, pois no “calor do momento”, muitas vezes, perdemos a Razão, e a Emoção aflora. Não exatamente “perdemos”, mas há um desequilíbrio entre elas que, na realidade, é o que chamamos de “falta de maturidade” ou aquilo que Aristóteles chamava de “falta de temperança”, este desequilíbrio entre Razão e Emoção.

   Óbvio que somos seres humanos feitos de emoções, sentimentos, desejos, vontades, sensações, intenções, etc, a tal parte psicológica e isto nos confere o que chamamos de Humanidade. Então é um equilíbrio, pois não podemos viver o tempo todo raivosamente ou emocionados ou sentimentalizados – e nem conseguimos.

   Não adote este equilíbrio entre Razão e Emoção como um chavão genérico que vale para tudo na vida, pois a vida não é assim e você sabe disso... ou deveria saber.

   Aí entra o senso das proporções, o discernimento entre saber distinguir, até certo ponto, uma coisa da outra. Têm certas coisas na vida que são oito ou oitenta, não há terceira opção. E têm certas coisas na vida que têm “nuances”, camadas, níveis. Como se diz, muitas vezes uma história tem vários lados. O senso das proporções, o discernimento, vem daí. Porém, quando você detecta na realidade que uma coisa (ou situação) não tem terceira opção então... é óbvio, é isto ou é aquilo. Exemplo simples: este óculo tem armação da cor preta! Não há porque elucubrar dizendo: “mas este óculo poderia ter a armação da cor vermelha”. Não faz sentido. O teu enunciado, em si, está correto, este óculo poderia ter a armação da cor vermelha, mas em relação à coisa em si, está errado. Ele tem a armação na cor preta e ponto final.

   Não queira deixar se levar pela Emoção e esquecer a Razão. Não se perca em elucubrações, conjeturas, tergiversações inúteis. Tenha senso das proporções, discernimento entre as coisas. Não venha querer me levar à sua loucura, ao seu universo vocabular estúpido.

Um Poema Engraçado

Sinto a eletricidade do corpo
Entre cosquinhas e risadas
Temos a alegria dos porcos
Que fuçam na lama da estrada

Um beijo de lábios juntos
O cheiro do perfume suave
O teu batom é o rejunte
Que nos meus lábios não arde

O choque da realidade vivida
Com todo amor e carinho
É como desligar da tomada
Separar o nariz do focinho

Um abraço e um beijo infinito
Duradouro e apertado
Da boca nos cala o grito
Mas deixa o corpo colado

Quero guardar na lembrança
Esse momento estranho
Na lama fizemos lambança
E fomos tomar banho

Sinto a eletricidade do corpo
Da vida não se leva nada
O último suspiro de um morto
A cama é a nossa estrada

Sem ter o que fazer
Deitados pensando em tudo
Meu ser é o teu ser
Dane-se o mundo

sábado, 26 de novembro de 2022

Gado

   GADO: conjunto de animais (carneiros, cavalos, bois, cabritos, etc.) criados para diversos fins.

   Coletivo: alfeire, armentio, gadaria, rebanho, tropa, etc.

   Tem gado bovino, gado suíno, gado eqüino, gado ovino, etc.

   Sinuelo: porção de gado, acostumado a ser conduzido, que se junta aos bois e cavalos bravos com a finalidade de a estes servir de guia. Gado manso utilizado nos trabalhos rurais.

   O sinuelo que é aquele gado manso que vai na frente e a manada vai "de atrás". O sinuelo é o formador de opinião, mas é gado também.

   O sinuelo é conduzido pelo vaqueiro que, por sua vez, é conduzido pelo dono da fazenda.

   O sinuelo pode ser aquele tutuber, deputag, aquele influenciador(a), aquela celebridade da semana, pode ser até um presidente, etc, mas é gado também. Porém, é um gado remunerado que sabe que é gado manso, contenta-se em ser gado, admite ser gado manso com um cincerro (sineta) no pescoço e uma cincha para ser montado, e ainda sente orgulho disso porque julga não fazer parte da manada (são os idiotas úteis).

   Em toda manada tem os desgarrados, aqueles que, aparentemente, parecem rebeldes, mas não são, pois perdem-se do rebanho porque são tontos ou ficam apreciando a paisagem enquanto a boiada passa (são os inocentes úteis). Daí vem o vaqueiro com o cavalo (que é gado também) e traz o desgarrado de volta ao rebanho... e todos vivem felizes para sempre!


quinta-feira, 24 de novembro de 2022

Socialismo/Comunismo

 Socialismo/comunismo é a concentração de poder e dinheiro nas mãos de poucas pessoas às custas da miséria e do sofrimento da esmagadora maioria das pessoas. O ser humano vira um escravo pagador de impostos. É o governo de psicopatas malignos, bandidos, mentirosos.

terça-feira, 12 de abril de 2022

Gramsci, a Grande Propaganda e o Senso comum

   Fazendo uma análise da situação, em alguns pontos, no Brasil, à lamparina de Antonio Gramsci – uma hora com base na situação, outra com base nos escritos de Gramsci, indo e vindo - com relação a alguns trechos do Volume 2 dos Cadernos do Cárcere. Aliás, este volume 2 é uma dificuldade imensa encontrá-lo no mercado editorial brasileiro. Eu o tinha – e tenho - em PDF, mas queria o volume 2 em celulose para completar a coleção. Os volumes 1, 3, 4, 5 e 6 encontram-se com facilidade, porém, o volume 2 está sempre “indisponível” ou “esgotado” mesmo em sites de grandes editoras. As razões dessa “falta” não me cabem aqui analisar, mas deixarei, mais adiante, algumas meditações neste sentido à luz do maçarico do próprio Gramsci.

   O volume 2 que tenho, encontrei num sebo depois de muito garimpar por uns dois anos. Isso já tem uns três anos, mas escrevo agora porque terminei as labutações mentais em torno dos Cadernos do Cárcere com o intuito de libertar-me da preocupação de não ter estudado alguma coisa de Gramsci.

   Citarei alguns trechos (coisa que não gosto muito de fazer), mas a análise em questão exige, mesmo que seja para despertar o interesse do leitor por Gramsci.

   Gramsci começa fazendo uma pergunta: “Os intelectuais são um grupo autônomo e independente, ou cada grupo social tem uma sua própria categoria especializada de intelectuais?” GRAMSCI, Antonio, Cadernos do Cárcere, volume 2, página 15.

   E segue discorrendo sobre o assunto, como veremos adiante. Neste volume 2, o que nos interessa, além desta primeira parte (intelectuais), são algumas partes dos Cadernos Miscelâneos e a parte do Jornalismo (Caderno 24, de 1934).

 

   “Por isso, seria possível dizer que todos os homens são intelectuais, mas nem todos os homens têm na sociedade a função de intelectuais (assim, o fato de que alguém possa, em determinado momento, fritar dois ovos ou costurar um rasgão no paletó não significa que todos sejam cozinheiros ou alfaiates).” GRAMSCI, Antonio, Cadernos do Cárcere, volume 2, página 18.

   Gramsci começa o Caderno 12 (1932), caderno este que faz parte da compilação que forma o volume 2 (livro 2), fazendo apontamentos e notas dispersas para um grupo de ensaios sobre a história dos intelectuais. Lembrando que o corcunda Gramsci escreveu seus Cadernos do Cárcere quando estava numa das prisões do Mussolini (a prisão romana de Regina Coeli) onde ali residiu comendo e bebendo de graça por 8 “felizes” anos (1926-1934) e produziu as Cartas do Cárcere e os Cadernos do Cárcere, o que não trouxe muita felicidade para a humanidade.

   Várias partes dos Cadernos do Cárcere tem uma validade intrínseca em relação à realidade, porém, vai da moral de quem aplica tais conhecimentos e técnicas, ou seja, pode-se usar tanto para o bem como para o mal.

   A moralidade de uma técnica reside no uso que se faz dela e não na técnica em si. Ninguém é “dono” de uma técnica. Podemos usar uma arma de fogo tanto para nos defender como para assaltar, bem como podemos furar o olho de alguém com uma caneta ou utilizar um livro para iniciar um incêndio que pode alastrar-se pela sociedade.

 

   “O caso é diverso para os intelectuais urbanos: os técnicos de fábrica não exercem nenhuma função política sobre suas massas instrumentais, ou, pelo menos, é esta uma fase já superada; por vezes, ocorre precisamente o contrário, ou seja, que as massas instrumentais, pelo menos através de seus próprios intelectuais orgânicos, exerçam uma influência política sobre os técnicos.

   O ponto central da questão continua a ser a distinção entre intelectuais como categoria orgânica de cada grupo social fundamental e intelectuais como categoria tradicional, distinção da qual decorre toda uma série de problemas e de possíveis pesquisas históricas.” Idem, página 23.

   “É necessário fazer algumas distinções: 1) para alguns grupos sociais, o partido político é nada mais do que o modo próprio de elaborar sua categoria de intelectuais orgânicos...

   2) o partido político, para todos os grupos, é precisamente o mecanismo que realiza na sociedade civil a mesma função desempenhada pelo Estado, de modo mais vasto e mais sintético, na sociedade política, ou seja, proporciona a soldagem entre intelectuais orgânicos de um dado grupo, o dominante, e intelectuais tradicionais;...”. Idem, página 24.

   “A formação dos intelectuais tradicionais é o problema histórico mais interessante”. Idem, página 25.

 

   Intelectual orgânico, para Gramsci, são os propagandistas políticos em cada classe (ou categoria). Pode ser um cantor, um jogador de futebol, um ator, uma atriz, um político, um jornalista, um padre, um pastor, enfim, qualquer analfabeto cumpridor de ordens (condição essencial) a quem o “partido” carimbe com esse rótulo de “intelectual”; e este ser surge das sombras da ignorância para ser alçado à condição de “intelectual” e formar opiniões falando e/ou fazendo bobagens o dia inteiro na grande propaganda. Às vezes eles se alternam, um sai de cena para dar lugar ao outro, evitando assim a exposição maçante e excessiva da imagem do “intelectual”, senão todo mundo perceberá que é um imbecil.

   Lembrando que “propagandista político” não se refere exatamente à política partidária como a conhecemos no Brasil – se é que isso existe no Brasil. Propaganda política, para Gramsci, é a propaganda do partido comunista, das idéias comunistas, dos princípios comunistas.

   Por exemplo, um padre católico que não usa batina e constantemente está na grande propaganda (grande mídia) e posta fotos suas com camisetas apertadas explicitando uma vaidade imensa e faz comentários irrelevantes acerca da sua própria sexualidade; tal padre nem precisa falar para propagar ideias comunistas, ele próprio É a propagação de tal subversão, no caso, a teologia da libertação.

   Outro exemplo: um jornalista e/ou comentarista “homem” na televisão/youtube/jornal que usa sutiã por baixo da roupa achando que ninguém percebe, isso também é um propagandista ou um “intelectual orgânico”.

   Um político corrupto que propõe a descriminalização de pequenos furtos também é um propagandista a serviço do partidão, mesmo que não saiba. Como se diz: "esquerdistas e liberais são prostitutas políticas de comunistas".

   Um político “didireita” que entra com um projeto para criar órgão de fiscalização das redes sociais é um propagandista a serviço do partidão, mesmo que não saiba, pois está sendo usado momentaneamente como “intelectual orgânico” por ser um analfabeto, um idiota útil.

   Uma “cantora” que só sabe rebolar a bunda, tatua o próprio ânus, além de que, quando abre a boca, só saem obscenidades; é uma propagandista.

   Uma apresentadora de programas infantis que está sempre vestida escassamente com as coxas de fora, às vezes mostrando as polpas da bunda, também é uma propagandista, no caso uma das piores, pois trabalha influenciando crianças. Este tipo de apresentadora não precisa sequer mencionar a palavra “feminismo” porque ela É o feminismo encarnado, a vida dela é o feminismo em si. Umas até alugam um homem para gerar uma cria.

   Um apresentador cujo público é majoritariamente infantil, mas está sempre promovendo sexualidade, promiscuidade, bizarrices, lambuzando-se de melecas numa banheira, ensinando veladamente a fazer sexo oral, também é um propagandista, um dos piores que possa existir.

   Um apresentador aparentemente sério na forma, mas cujo conteúdo é voltado para bizarrices, programas populares no sábado ou domingo de tarde com mulheres coxudas dançando escassamente vestidas; também é um propagandista.

   Um apresentador de programas de entrevistas cuja forma e cujo conteúdo são aparentemente sérios, mas pratica a “espiral do silêncio”, ou seja, entrevista somente quem é da patotinha; também é um propagandista. Desses, no Brasil, você dá um chute numa touceira, saltam uns 300.

   Juízes que se afastam do Direito para praticar política terminam por basear suas decisões com o que sai na grande propaganda corrompendo-se e corrompendo o Direito; são propagandistas.

   "Cientistas", "especialistas" de todo gênero que pipocam na grande propaganda; sendo que de cientista e especialista tem somente o nome. São promovidos artificialmente à categoria de "cientistas", sendo que muitos deles falam bobagens que ouviram de orelhada (mesmo sem ter ouvido) ou são pagos para defender interesses escusos; são meros propagandistas.


“O tipo tradicional e vulgarizado do intelectual é dado pelo literato, pelo filósofo, pelo artista. Por isso, os jornalistas – que acreditam ser literatos, filósofos, artistas – crêem também ser os “verdadeiros” intelectuais.” GRAMSCI, Antonio, Cadernos do Cárcere, volume 2, página 53.

   O intelectual tradicional, para Gramsci, é o que se chama simplesmente de intelectual, é o verdadeiro intelectual. Aliás, no Brasil tornou-se necessário adjetivar com “verdadeiro(a)” porque as pessoas não sabem mais sequer o significado das palavras. O corcunda Gramsci foi um dos responsáveis, pois tem a mania de desdobrar os conceitos, significados e definições ad infinitum criando novas categorias e/ou classes bagunçando o significado original das palavras. Apesar de que Gramsci, neste ponto, não foi tão pernicioso como Kant, Hegel, Marx, etc, que não trabalham com definições, trabalham com “determinações” e vão desdobrando o objeto de estudo até o infinito na intenção de concretizá-lo, ou seja, desdobram tudo até causar náuseas no leitor e concretizam nada, mas geram um palavrório oco e vazio; palavras bonitas, mas vazias de conteúdo.

   E dê-lhe enfiar tal idéia na cabeça dos “jornalistas” brasileiros: “vocês são intelectuais, vocês são intelectuais, vocês são intelectuais”, repitam isso até virar verdade... somente na cabeça de vocês. Os "jornalistas" no Brasil - e em grande parte do mundo - não passam de idiotas úteis porque são idiotas e não sabem, mas são úteis para uma determinada causa. É Gramsci sussurrando no ar: "fazer todo mundo virar socialista sem nem perceber".

   Na página 75 temos uma passagem interessante: “A teoria de Freud, o complexo de Édipo, o ódio pelo pai – patrão, modelo, rival, expressão primeira do princípio de autoridade – colocado na ordem das coisas naturais. A influência de Freud sobre a literatura alemã é incalculável: ela está na base de uma nova ética revolucionária(!). Freud deu um novo aspecto ao eterno conflito entre pais e filhos. A emancipação dos filhos da tutela paterna é a tese em voga entre os atuais romancistas. Os pais abdicam de seu “patriarcado” e fazem autocrítica honrosa diante dos filhos, cujo senso moral ingênuo é o único capaz de quebrar o contrato social tirânico e perverso, de abolir as coerções de um dever mentiroso. (Cf. Hauptmann, Michael Kramer; e a novela de Jakob Wassermann, Um Pai).”

   Grosso modo, é a “ressignificação” da destruição da família e da propriedade privada. “Meu pai me oprime”. Lembrando que Freud é aquele imbecil que escreveu que o ciúme da mulher vem da inveja que ela tem do pênis masculino.

   O tal Complexo de Édipo de Freud é uma invenção maligna que distorceu brutalmente a cabeça das pessoas. O cocainômano Freud baseou-se na tragédia grega Édipo Rei de Sófocles para emprestar o nome do seu Complexo... e as semelhanças terminam aí. Talvez Freud tivesse o desejo de copular com a própria mãe e transferiu tal desejo para toda a humanidade estuprando a mente de várias pessoas que ainda acreditam nessa bobagem de “complexo de édipo”. Freud foi um propagandista, um intelectual orgânico alçado à categoria de intelectual.

   A promoção de imbecis como “intelectuais”, acarreta o efeito contrário no qual a sociedade passa a tratar estudiosos sérios como não-intelectuais, como caricaturas, malucos do bairro, figuras folclóricas, personagens histriônicos, teóricos da conspiração, etc, e são excluídos da “comunidade intelectual respeitável”, ou seja, inverte completamente a coisa e produz uma sociedade de analfabetos insanos, mas facilmente controlável pela corriola que manda no partidão, onde os tais intelectuais orgânicos se acham pensadores independentes, mas são escravos que se acham donos. Gramsci discorre com propriedade que os intelectuais orgânicos se acreditam serem autônomos e independentes mesmo dentro de seu grupo social onde todos repetem as mesmas coisas. Isto é feito de propósito, esta é uma das propostas gramscianas: criar novas classes para ter hegemonia cultural; como veremos agora na parte do Jornalismo.

 

   “O tipo de jornalismo considerado nestas notas é o que se poderia chamar de “integral” (no sentido que, no curso das próprias notas, ficará cada vez mais claro), isto é, o jornalismo que não somente pretende satisfazer todas as necessidades (de uma certa categoria) de seu público, mas pretende também criar e desenvolver estas necessidades e, consequentemente, em certo sentido, gerar seu público e ampliar progressivamente sua área.” Idem, página 197.

   O tal “jornalismo integral” de Gramsci nada mais é do que a propaganda, ou seja, o jornalista e o jornalismo são desviados de suas funções precípuas e são transformados em meros propagandistas a serviço da guerra cultural, ainda que eles saibam ou não. Este “ainda que eles saibam ou não” vem do conceito gramsciano de “fazer todo mundo virar socialista sem nem perceber”. Isto se dá através da manipulação do próprio jornalismo.

   “... o jornalismo que não somente pretende satisfazer todas as necessidades (de uma certa categoria) de seu público...”, o jornalismo sai de suas funções de satisfazer as necessidades de seu público, de fornecer e transmitir fatos e informações como eles acontecem na realidade e passa a “criar e desenvolver estas necessidades e, consequentemente, em certo sentido, gerar seu público e ampliar progressivamente sua área”. O jornalismo vira propaganda pura e simples que cria novas classes artificiais na sociedade, cria seu próprio público específico e amplia este público. O jornalismo transforma-se em propaganda que mente, distorce e manipula a opinião pública numa certa e específica direção.

   Por exemplo: movimentos, coletivos, ONGs, etc. Movimento feminista, gayzista, anti-racismo, etc. Cria-se um coletivo desses, fornece-se uma (ou várias causas) e promove-se tal coletivo na grande propaganda – aquilo que chamam de grande mídia no Brasil, mas que de jornalismo tem mais nada, é somente propaganda na guerra cultural para destruir a cultura de um país, criar dissensões, lutas de classes, fragmentar a sociedade, “dividir para conquistar”. Assim temos uma sociedade majoritariamente analfabeta e insana cujo controle social torna-se fácil por um grupo específico.

 O "jornalismo do tipo integral" cria novas classes, tais como "seu racista", "seu machista", "seu fascista", "seu negacionista", "seu anti-vax", "seu esquerdopata", "feminista", "seu extrema-direita", etc (o espectro político não interessa mais) e amplia essas classes gerando fragmentação da sociedade fazendo todo mundo virar socialista sem nem perceber. Não é preciso mais observar classes na realidade, vamos inventando novas classes e produzindo chavões até que a população passa a se preocupar somente com isso, com coisas irrelevantes, com picuinhas, com mesquinharias.

   Exemplos: separação de celebridades passam a ter uma importância incomensurável na sociedade; o biquíni novo da fulaninha vira assunto imprescindível no seio familiar; o último lançamento de um filme é motivo de brigas e discussões ferrenhas; pessoas desmancham amizades consangüineas com parentes, amizades de anos, brigam com conhecidos por causa de um jogador de futebol, por um político, por um cantor, um grupo, uma banda, etc, e ainda postam com vaidade nas redes socais: "corri meu irmão para fora de casa, ele é 'petista', 'bolsonarista', 'lulista', 'morista', 'cirista', ou sei lá que PQP", e postam isso com uma vaidade nojenta.

   Destruição da família é isso na realidade, e você, seu idiota útil, grita "Deus, Pátria, Família". Está destruindo sua família por uma pessoa que sequer sabe da sua existência, sequer sabe que você existe; esse político, celebridade, etc, nem sabe que você existe. Quando der um revés na tua vida quem você procurará? Esse político que nem sabe da sua existência e que você nem tem acesso a ele? Um desconhecido? Você mesmo fragmentou a sua vida, virou um átomo solto no mundo berrando "Deus, pátria, família".

 

   “Cada um destes tipos deveria ser caracterizado por uma orientação intelectual muito unitária e não antológica, isto é, deveria ter uma redação homogênea e disciplinada; portanto, poucos colaboradores “principais” devem escrever o corpo essencial de cada número. A orientação redacional deve ser fortemente organizada, de modo a produzir um trabalho intelectualmente homogêneo, apesar da necessária variedade do estilo e das personalidades literárias; a redação deve ter um estatuto escrito, o qual, quando coubesse, impediria as improvisações, os conflitos, as contradições (por exemplo, o conteúdo de cada número deve ser aprovado pela maioria da redação antes de ser publicado).” Idem, página 201.

   A “orientação intelectual muito unitária” é a ocupação dos espaços nas redações por diretores e editores que tenham somente uma mesma determinada orientação político-ideológica. A partir daí a coisa espalha-se, alastra-se como um incêndio pela redação e pela sociedade como um todo. Cria-se uma uniformidade no “jornalismo” em âmbito nacional.

   Para analisar como se dá esta uniformidade, vamos tomar como exemplo, de baixo para cima, um jornal de uma determinada região, um jornal de âmbito regional que abrange algumas cidades e que não seja de âmbito estadual. Tal jornal tem seu corpo editorial e redacional, tem seus diretores e editores. O repórter em seu serviço de rua capta uma notícia e vai investigar. No início capta algumas informações para dar o começo da reportagem. Este repórter entra em contato com seu editor específico de sua “página” (policial, coluna social, política, etc) e comunica ao editor que está fazendo tal reportagem. Pode acontecer que o editor fale: “nem perca seu tempo, o jornal não publicará isso porque não faz parte das pautas, da política do jornal”. O repórter então, a partir daí, será condicionado a buscar notícias as quais ele sabe que serão publicadas, ou seja, acontece um direcionamento das notícias e tal direcionamento pode tornar-se pernicioso no sentido de que umas notícias serão publicadas e outras não. A verdade em si será escamoteada do público e o repórter, acostumado a isso, não verá nada de errado. Caso o repórter insistir em tal notícia cujo editor avisou para “não perder seu tempo”, pode acontecer que o repórter será encostado numa seção sem importância ou perderá o emprego. É o que se conhece por censura.

   Analisando agora de cima para baixo, com relação a jornais de âmbito nacional, acontece que jornais menores por não terem meios de ação, neste caso, dinheiro, por serem jornais pequenos, eles captam notícias nacionais dos jornais maiores, ou seja, jornais menores não tem condições de terem uma sucursal em cada estado da federação (do país), então as notícias nacionais replicam de cima para baixo. O que sai num grande jornal, sai nos vários jornais menores espalhados pelo país e isso dá uma impressão de veracidade para o leitor, pois o leitor verá a mesma notícia num grande jornal e no jornal da sua cidade. Muitos jornais pequenos “copiam e colam” notícias nacionais e apresentam em letras pequenas “via Estadão”, “via Folha de São Paulo”, etc. Muitas vezes o leitor não percebe que a notícia é a mesma, mas guarda o fato essencial da notícia em sua cabeça; isso dá uma impressão de veracidade. De certo modo isto é natural. O problema é quando se extrapolam esses limites o “jornalismo” transforma-se somente nisto: uma uniformidade brutal, inorgânica e, nas maioria das vezes, mentirosa.

   Esta extrapolação de limites, principalmente limites morais, posso exemplificar com o seguinte: um jornal apoia certo político, um prefeito, um governador, etc. Neste jornal sairá somente notícias maravilhosas acerca do governo deste político. Os problemas reais da sociedade serão escamoteados, escondidos do público, mas o público percebe tais problemas na realidade e pela repetição constante de tais notícias lindas sobre o governo, o público pode resultar em dissonância cognitiva, aquele deslocamento das notícias em relação à realidade dos fatos. Em segundo plano, mas não menos importante, o público fica mal informado e/ou desinformado.

   A repetição constante, mas não mecânica, sugerida por Gramsci, é uma técnica que funciona, pois repete-se a mesma idéia, o mesmo conceito, porém com outras palavras. Por exemplo: "vou te eliminar... vou acabar contigo... darei um jeito em você...". Não é necessário repetir "vou te matar", está implícito e tem muito mais efeito.

   Na grande propaganda é comum encontrar, por exemplo, "isso é fake news", "checamos e constatamos que é boato", "tal pessoa acusou sem apresentar provas" e assim por diante repetimos constantemente, mas não mecanicamente.

 

   “Um organismo unitário de cultura, que oferecesse aos diversos estratos do público os três tipos supracitados de revista (e, ademais, entre os três tipos deveria circular um espírito comum), ao lado de coleções de livros correspondentes, satisfaria as exigências de uma certa massa de público, que é mais ativa intelectualmente, mas apenas em estado potencial, e que é a que mais importa elaborar, fazer pensar concretamente, transformar, homogeneizar, de acordo com um processo de desenvolvimento orgânico que conduza do simples senso comum ao pensamento coerente e sistemático.” Idem, página 201.

   Este “organismo unitário de cultura”, no Brasil, é o consórcio de imprensa que temos, vários grandes veículos de comunicação (jornais, televisões, revistas, etc) que estão uniformemente alinhados em uma certa corrente político-ideológica. As notícias que saem num jornal, saem em todos e espalham-se nacionalmente como um incêndio formando o senso comum da população.

   O senso comum é o imaginário popular, o fabulário popular. Senso comum não implica em bom senso e nem em mau senso, pode ser um como pode ser outro. O problema é quando o senso comum vira somente mau senso, ou seja, somente determinadas notícias tem permissão de sair na grande propaganda.

   É óbvio que muitas das coisas que Gramsci escreveu vieram de Kant, Croce, Hegel, Marx e vários outros autores. E também é lógico que não há um controle central que comanda todas as instâncias do processo cultural como se tivesse um gênio do mal, um vilão de histórias em quadrinhos, uma eminência parda que sabe de tudo.

   Utilizando agora o conceito tirado do Judô, a luta japonesa, conceito este bem delineado por Yuri Bezmenov, ex-agente da KGB, onde não precisamos usar a força para barrar um golpe do adversário, ainda mais se o adversário é mais forte fisicamente. Então usamos a força do adversário contra ele mesmo, ou seja, desviamos do golpe e damos um empurrão onde o adversário dá com a cara na parede ou desviamos do golpe, agarramos o braço do adversário e puxamos.

   Seguindo neste conceito, muitas vezes basta dar a direção do movimento e um “empurrãozinho” que o resto vem por si. Também se cria um ou vários movimentos em torno de uma causa onde a causa é a unidade do movimento e é o modo como se controla o movimento (ou coletivo), todos em torno de uma (ou várias) causas. E a grande propaganda dá a devida publicidade e promove uma evidência constante até criar-se um senso comum em torno da causa, causa esta sempre provinda de uma única corrente político-ideológica. De certo modo isto é natural em todo e qualquer grupo, mas podemos criar grupos e causas artificiais, como foi uma das propostas de Gramsci. Outros também formularam esta idéia de não somente observar classes existentes na realidade, mas agora criar “classes artificiais”, porém Gramsci, segundo meus conhecimentos, foi o autor mais específico neste ponto.

 

   “O senso comum não é algo rígido e imóvel, mas se transforma continuamente, enriquecendo-se com noções científicas e com opiniões filosóficas que penetraram no costume. O “senso comum” é o folclore da filosofia e ocupa sempre um lugar intermediário entre o folclore propriamente dito (isto é, tal como é entendido comumente) e a filosofia, a ciência, a economia dos cientistas. O senso comum cria o folclore, isto é, uma fase relativamente enrijecida dos conhecimentos populares de uma certa época e lugar.” Idem página 209.

   Vemos que a proposta de Gramsci é criar o senso comum na sociedade, aquela única corrente de pensamento que resulta em chavões populares advindos de uma única corrente filosófica e/ou ideológica.

   Como exemplos de senso comum, posso citar a “cultura do estupro”, “racismo estrutural”, homofobia, violência contra a mulher, a polícia sempre é a malvada da história, “estão encarcerando a população”, hoje tal profissão é malvada e amanhã já não é mais, etc, e também vai-se criando novos "sensos comuns", vai-se alternando a publicidade entre os já existentes de acordo com a moda do momento ou de acordo com um único fato que acontece na realidade e este único fato sai na grande propaganda como se fosse o senso comum da população inteira e acontece aquele bombardeio das mesmas "notícias" durante dias, semanas até.

   Certas coisas não tem como provar na realidade de um País grande como o Brasil, então manipulam as estatísticas, e a grande propaganda dá a devida publicidade promovendo o debate na sociedade até a causa transformar-se em projeto de lei que virará lei. Algumas vezes o próprio projeto de lei é, em si, a promoção do debate para depois virar lei. Umas vezes promove-se o debate primeiro, outras vezes entra-se primeiro com o projeto para promover o debate, porém, o resultado final é o mesmo: é aprovada uma lei que ferra com o cidadão, cuja lei, atualmente, somar-se-á com as mais de 190 mil leis vigentes que temos no Brasil. É o cidadão completamente sufocado, infantilizado, analfabeto e insano. É o socialismo, é a proposta de Gramsci: "fazer todo mundo virar socialista sem nem perceber".

   Bem como Gramsci escreveu anteriormente sobre as redações e editoras de livros, ou seja, o mercado editorial, promove-se no mercado editorial somente uma única corrente filosófica e/ou ideológica e a população tem somente acesso a esta única corrente. É tirado da população o contraditório. Como bem escreveu Lênin (além de outros), “o ser humano avança pelo contraditório”. Porém, a proposta de Lênin, e de Gramsci, não é fornecer o contraditório para a população, pois assim a população fica mais inteligente. Como queremos controlar a sociedade, fornecemos somente uma única corrente de pensamento através do mercado editorial e da grande propaganda e emburrecemos a população afim de controlá-la mais facilmente.

   Mesmo que determinado livro de outra corrente seja publicado, a grande propaganda não dará publicidade e visibilidade a este livro. É óbvio que nem toda grande editora é comunista, vamos por assim dizer, mas acontece que por determinado livro não sair na grande propaganda, obviamente não venderá como deveria e então a editora terá uma certa reticência em publicá-lo. Caso o livro tenha um conteúdo excelente, mas seja de um autor desconhecido ou de um autor que não faz parte do “beautiful people” haverá uma certa resistência em publicá-lo. E se for publicado, tal livro sofrerá um boicote da “intelectualidade oficial” e da grande propaganda. E isto se dá em várias áreas no Brasil. Concentração de dinheiro e poder, é o tal "organismo unitário de cultura" agindo na realidade, é Gramsci na cara de todo mundo, que oferece a mesma corrente filosófica e/ou ideológica aos diferentes estratos do público.

   O problema é que não se tem o controle do processo, como alguns pensam que tem. Cito como exemplo o meu caso do Volume 2 dos Cadernos do Cárcere cujo livro não se encontra no mercado editorial. Gramsci tomou no rabo com a sua própria proposta: controle da grande propaganda. Apesar de que alguns podem elucubrar que este livro não está presente no mercado editorial justamente para que a população não tenha conhecimento, ocasionando assim a confirmação do que Gramsci escreveu. Porém, caso a proposta de Gramsci seja elitizar o conhecimento, isso vai contra ele mesmo. Por outro lado, até admito que isso seja a confirmação do que Gramsci escreveu porque todo comunista é mentiroso ao extremo.

   No fim, tudo resulta numa questão de inteligência e moral (ou falta delas - decai a inteligência, decai a moral e vice-versa), pois nos Cadernos do Cárcere fica bem clara a aversão de Gramsci ao Cristianismo e, bem ou mal, o Cristianismo ensina a moral para seus praticantes ou, pelo menos, fornece uma boa base.

   Procurei evitar repetir, neste texto, coisas que já estão no senso comum de quem tem algum conhecimento do assunto, coisas como “destruição do ocidente”, da moral judaico-cristã, destruição da família, destruição da propriedade privada, etc, pois isto já é sabido.

   Para encerrar, menciono Hugo von Hofmannsthal, escritor e dramaturgo austríaco que escreveu um livro chamado Idéias Austríacas, Discursos e Ensaios. Neste livro, Hofmannsthal diz que: “Nada está na real política de uma nação, que antes não esteja na literatura”. Posso parafrasear: “Nada está na cultura de uma nação, que antes não esteja na literatura”.

   Como Gramsci bem escreveu anteriormente: “O “senso comum” é o folclore da filosofia e ocupa sempre um lugar intermediário entre o folclore propriamente dito (isto é, tal como é entendido comumente) e a filosofia, a ciência, a economia dos cientistas. O senso comum cria o folclore, isto é, uma fase relativamente enrijecida dos conhecimentos populares de uma certa época e lugar”.

   É um processo de inda e vinda, mas geralmente a literatura forma o senso comum de uma sociedade, ou seja, vem de cima para baixo, é assim que a literatura age na realidade.

   Autores escrevem sua literatura numa linguagem um pouco mais rebuscada em relação à linguagem coloquial da população, então ocorre uma troca de palavras até chegar na população, ocorre uma metonímia (troca de palavras). O problema é quando, nesta troca de palavras, perde-se o conceito original do autor. Quando, nesta troca de palavras, mantém-se o conceito original do autor, temos a formação do senso comum, que pode ser um bom senso ou um mau senso. E este senso comum pode ou não, ao longo do tempo, transformar-se em cultura na sociedade.

   Por exemplo: Gramsci quem criou e/ou propagou os conceitos e definições de "sociedade civil", "hegemonia cultural", "revolução passiva", "filosofia da práxis", "intelectual orgânico" e outras expressões que já fazem parte do vocabulário das pessoas na sociedade ou fazem parte de determinados grupos.

   Em outro texto veremos mais profundamente como se dá essa “troca de palavras”, pois isso envolve conceitos básicos de linguística tais como signo, significado (e vários sentidos) e referente. E significados básicos como conceito, significado e definição.

domingo, 20 de março de 2022

O Brasil é Socialista há Décadas

   Primeiro tentarei definir o que é um país socialista usando as definições correntes sobre socialismo e depois tentarei definir, tanto em termos acadêmicos como na realidade, o que é socialismo/comunismo.

   Socialismo, segundo uma das definições, é a união do poder político com o poder econômico; união no sentido de promiscuidade onde a economia do país fica centralizada e a iniciativa privada aproveita os lucros, e o prejuízo é tirado da arrecadação que sai picada do bolso do cidadão fazendo com que o cidadão não note que, quando chega lá em cima, são três ou quatro montanhas de dinheiro de imposto. O governo estabelece “agências” controladoras (comitês, conselhos, órgãos fiscalizadores, “sovietes”, etc) que, através do excesso de burocracia (que se traduz no excesso de leis) “fiscalizam” a iniciativa privada impondo controles que, em última instância, sufocam a própria iniciativa privada, ou seja, colocam o empresariado de joelhos. E o cidadão, por sua vez, fica infantilizado, não consegue mais resolver os próprios problemas sem ter um intermediário imposto pelo “estado” (que é formado por pessoas).

   A tal “parceria público-privada” que temos de um modo exacerbado no Brasil é mais uma das características disso. O governo (formado por pessoas) “fiscaliza”, “controla” e determina as regras. O empresariado somente obedece a tais regras e, ao mesmo tempo, o empresariado colabora para eleger os “representantes” do povo gerando um ciclo onde, depois, o empresariado cobra dos “representantes” do povo o retorno dos seus interesses, geralmente escusos. De certo modo esse “retorno” se dá através de leis provindas do lobby (promiscuidade entre o poder político e o poder econômico).

   No Brasil temos oligopólios, oligarcas, grupos brigando pelo poder. Quando um grupo desses vence a “parada” (ou vem um grupo de fora), daí o país transforma-se em comunista de direito e de fato: concentração total de dinheiro e poder nas mãos de poucas pessoas através da miséria e do sofrimento da maioria. Grosso modo, um ditador com a sua corriola que fica acima na escala hierárquica (o partido-estado, o partido que está acima do estado).

   Há décadas, o Brasil, tanto na mentalidade, cultura, no sistema financeiro, sistema político, sistema administrativo, etc, é socialista. Óbvio que hão exceções, mas as exceções, como o próprio nome diz, estão fora da regra, então não podemos analisar somente pela exceção.

   Lembrando que “socialismo”, “comunismo”, “capitalismo”, “liberalismo”, “neoliberalismo”, etc, são somente termos, nomes de coisas (Aristóteles). Não estou dizendo que estas coisas não existam na realidade, mas chega um momento no qual tem de se olhar para a realidade para somente depois nominar a coisa. Não podemos nos prender tanto às definições, porém, as definições são necessárias como base para se raciocinar.

   Exemplo: o que causa a pobreza em um país?

   O comunista dirá que o capitalismo causa a pobreza num país; o capitalista dirá que o que causa a pobreza é o comunismo. Neste momento tem de se olhar para a realidade!

   O que causa a pobreza num país (ou no mundo) depende de várias variáveis, não é tão simples assim. Então, neste sentido, tem de se olhar para a realidade para depois nominar a coisa. Caso você queira dizer que a China, por exemplo, é capitalista... diga; caso queira dizer que a China tem “capitalismo de estado”... diga; caso queira dizer que a China é comunista... diga.

   Olhe para a realidade, estude, colha informações, veja o que acontece na China, analise e depois nomine o que acontece com base na realidade, no certo e no errado. Dei a China como exemplo, porém, vale para qualquer país.

   Sistemas, modelos de sociedade existem vários, mas não existe um sistema perfeito; o que existe são uns sistemas melhores do que os outros. Todo sistema, modelo de sociedade, etc, esbarra na moral. Mesmo o melhor dos sistemas sempre sucumbirá quando alguém trapacear nesse sistema. Não é à toa que os pais fundadores dos Estados Unidos escreveram que a constituição deles somente se adequa a uma população que tenha moral. Aliás, a constituição americana do norte é uma das mais longevas do mundo e isso criou a identidade da população, terra da oportunidade, da liberdade, etc; apesar de que já está mudando porque a moral e a cultura tradicional da população vem sendo destruída.

   Voltando ao Brasil, vou analisar agora de baixo para cima. No Brasil temos uma das cargas tributárias (senão a maior) mais elevada do mundo. São vários impostos que tiram os meios de ação da população, a população fica sem ter meios de ação (grosso modo, dinheiro) para combater a tal da “elite”.

   Impostos como IPVA, IPTU, etc, que não tem razão de existir, sufocam a população tirando seus meios de ação. O cidadão, mesmo entendendo o que está acontecendo, não pode fazer nada. Todo imposto, taxa, arrecadação, etc, vem de alguma lei. As tais "ações afirmativas", bolsa-família (agora auxílio-brasil que virou permanente na lei), bolsa absorvente, bolsa isso, bolsa aquilo, etc, tornam-se permanentes, vai-se mudando somente o nome. Fundão eleitoral, várias leis de "fomento", inúmeras mordomias, etc; isso é socialismo puro: o governo tira do dinheiro do imposto de todos e redistribui para as "minorias", ou seja, dá uma esmola para certas minorias e fica com o grosso do butim. Concentração de dinheiro e poder às custas da miséria e do sofrimento da maioria.

   Como exemplo vou analisar o IPVA. Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores. O nome está dizendo, você paga um aluguel todo ano para poder usar seu veículo (carro, moto, etc). Você compra um veículo e o Estado (nem o governo) te ajudam em nada sendo que na compra já tem impostos embutidos e depois você tem de pagar o IPVA todo ano senão vem o governo e lhe toma o veículo, ou seja, o veículo não é seu. Essa é a realidade.

   O problema não são, neste sentido, os impostos em si; o problema é o excesso de impostos e o seu aumento progressivo (Marx). Do modo como as sociedades são organizadas atualmente, organização esta que surgiu naturalmente ao longo da história da humanidade, é praticamente impossível acabar com os governos.

   Com relação a este ponto, farei um adendo. Como surgiu a organização atual das sociedades no mundo?

   Vamos imaginar lá atrás, na época dos camponeses, vamos por dizer assim, que um criador de gado, um criador de ovelhas, um plantador de trigo, etc, no momento que um deles precisava levar as cabeças de gado, por exemplo, vendidas para quem comprou, teve que existir uma estrada, ou ele teria que passar pelas terras do outro camponês. Esses camponeses se juntaram e resolveram construir uma estrada para uso comum. Como cada um deles não poderia deixar seu trabalho para construir a estrada contrataram um grupo de outras pessoas para construírem a estrada e pagaram a esse grupo. Esta é uma primeira idéia de “governo” ou “Estado”. Não entrarei nas definições de governo e Estado, mas, basicamente, o Estado é permanente, o governo é provisório; o governo é o gerente do Estado por um determinado período de anos (tempo), depende da legislação de cada país.

   Antigamente no Brasil (e em outros países), não existia a figura do Delegado de Polícia, do Coronel da PM, do Juíz, etc. Isso veio com o passar do tempo. De certo modo a sociedade foi se organizando naturalmente.

   Dada essa base, volto aos “sistemas”, aos “modelos de sociedade” cujos quais não existe um perfeito e nunca existirá, porém, existem uns sistemas melhores do que outros e, mesmo este, sucumbirá à falta de moral, sucumbirá aos criminosos que trapaceiam no tal “sistema”.

   No Brasil, devido à essa baixeza intelectual que leva à baixeza moral; decai a inteligência, decai a moral e vice-versa, não importa qual decai primeiro, uma vem de arrasto da outra.

   Falando agora no sistema de leis Brasileiro. O nosso sistema de leis é todo ele socialista. A esmagadora maioria dos artigos, parágrafos, incisos, letras, alíneas, etc, das nossas leis são subjetivos o que deixa margem as interpretações. As margens as interpretações são as famosas brechas na lei. O juiz interpreta a lei de uma maneira, o promotor de outra maneira e o advogado interpreta de outra maneira. O que isso ocasiona é que no fim fica valendo a opinião de quem tem mais condições financeiras, mais dinheiro para pagar um bom escritório de advocacia. Por isso que quem tem dinheiro não vai preso aqui no Brasil. Você pode perguntar isso para qualquer Juiz. Ele dirá que quem tem condições de pagar um bom escritório de advocacia não vai preso.

   O TSE (Tribunal Superior Eleitoral, com seus TREs) é mais um exemplo de país socialista. Esta estrovenga que leva o nome de "tribunal", só existe no Brasil. O socialismo no Brasil foi aperfeiçoado. Lembrando que todo país que possui conselhos, comitês, órgãos públicos, etc, em excesso, é país socialista. São os tais sovietes da modernidade; e serão usados quando necessário contra a população.

   A incompetência reinante em países socialistas é mais uma característica do socialismo/comunismo. Tal incompetência vem da burrice, do analfabetismo funcional, da aversão ao conhecimento, etc. A baixeza intelectual e a baixeza moral são características de países socialistas/comunistas... ou capitalistas, neoliberalistas, etc; como já se disse: chame como quiser, mas olhe para a realidade, foque no certo e no errado, o nome você dá depois.

   Segundo Igor Shafarevich, um cientista da computação Russo, no seu livro O Fenômeno Socialista, ele define uma sociedade socialista em dois pontos: uma economia centralizada (que leva à economia de crédito) e uma organização hierárquica em forma de pirâmide. No alto, uma “elite” e, logo abaixo, o segundo escalão, o terceiro, etc, até chegar na base da pirâmide a maioria da população. Concentração de dinheiro e poder nas mãos de poucas pessoas à custa da miséria e do sofrimento da população. Parasitas.

   Shafarevich também afirma que toda civilização na história da humanidade começa a desaparecer quando perde a religiosidade, a espiritualidade, etc, chame como quiser. Foi assim com o Império Romano, com os Incas, com os Maias, etc. Aliás, este ponto do livro é interessantíssimo, pois Shafarevich, quando começou suas pesquisas, não estava interessado em saber sobre ascensão e declínio de civilizações, ele queria somente estudar o fenômeno socialista.

   Neste momento alguém pode pensar que estou concordando com a tal “lutas de classes”, porém, tem nada a ver. A história do mundo não é a história das lutas de classes, até porque é praticamente impossível estratificar uma sociedade em classes sociais. Podemos estratificar em classes financeiras, classe A, B, C, D, etc; mas é uma questão quantitativa, não qualitativa. Caso eu for rico, negro e homossexual, a qual classe social eu pertenço? Caso eu for branco, pobre (ou rico) e homossexual, a qual classe social eu pertenço? E também não podemos confundir profissões com classes sociais.

   O problema de se raciocinar por grupos e não individualidades é esse: não se sabe a qual grupo se pertence e, ao mesmo tempo, eu pertenço a vários grupos e a nenhum grupo. Fico perdido no tempo e no espaço. Vira coisa de circunstâncias, coisa de momento; num momento sou de tal grupo, no outro sou de outro grupo, vai da minha vontade, e isso não é individualidade porque o indivíduo perde a moral e a moral passa a ser a moral do grupo e, por conseguinte, o indivíduo perde a sua identidade e torna-se presa fácil para o “governo”, feito por outras pessoas.

   Outra característica de uma sociedade socialista é a sua economia brutalmente centralizada nas mãos de poucas pessoas.

   O fato de o Brasil fazer parte do BRICS também é significativo, pois o BRICS não é somente um bloco comercial, o BRICS é o bloco de países reconhecidamente socialistas e/ou comunistas perante o mundo.

   Darei agora um exemplo da realidade. Tomarei como base os Estados Unidos que, segundo as definições correntes, ainda é considerado uma sociedade capitalista. Lá, nos EUA, uma pessoa trabalhando de garçom e/ou vendedor ainda consegue economizar um dinheiro por conta própria – até debaixo do colchão ou no banco, tanto faz – durante uns seis ou sete meses - e comprar um carro, usado, óbvio, mas será um carro bom e, dependendo do indivíduo que procurar tal carro, talvez será em estado de novo e tal carro servirá para o que se pretende.

   No Brasil, começa que uma pessoa trabalhando de garçom e/ou vendedor não sobra dinheiro para economizar, pois a carga tributária é enorme (o sistema financeiro é centralizado). Porém, vamos dizer que alguém faça um sacrifício e consiga economizar um dinheiro nesses mesmos seis ou sete meses; comprará um carro usado, mas será uma lata velha, com os documentos atrasados e provavelmente cheio de multas que, depois, o cidadão perderá para o governo numa blitz.

   Com relação aos financiamentos, no Brasil paga-se 2,5 carros, em média, ao final da quitação. Nos EUA e em outros países, paga-se 1,5 carro, o que é óbvio, a financiadora deve ter o lucro dela porque emprestou o dinheiro, que será pago parcelado, o que é justo. Lembrando que nos EUA isso está terminando, aos poucos, mas está terminando.

   No Brasil, a esmagadora maioria ainda pensa que o Brasil é capitalista por causa do consumismo. Ora, o consumismo é característica de sociedades socialistas. Consumismo é consumir de um modo excessivo. "Capitalista" é a pessoa que quer acumular capital. Em sociedades socialistas a propaganda é forte no sentido de "compre agora e economize dinheiro"; economizar gastando?!?

   As pessoas se acotovelam, atropelam-se em liquidações porque a grande propaganda as manipula para isso. Compra-se um tênis de marca, por exemplo, e encalacra-se em várias prestações quando poderia ter comprado um tênis que se adequasse ao seu orçamento.

   Capitalista, nesse sentido, jamais terá a mentalidade consumista, o que é óbvio. Como acumularei capital se gasto mais do que ganho? Neste ponto entra a sociedade socialista com alta carga tributária e a propaganda excessiva para o consumismo. Muitas vezes, através da grande propaganda - aquilo que chamam de grande mídia foi transformada em instrumento de propaganda - e através dela criam um desejo o qual o cidadão não tinha e a própria propaganda oferece a solução desse desejo (o qual você não tinha). A propaganda age na emoção e não na razão, a propaganda não é feita para você raciocinar, ao contrário, a propaganda excessiva emburrece as pessoas.

   No Brasil - e em vários países do mundo - temos somente a grande propaganda (aquilo que chamam de grande mídia), eu chamo de grande propaganda porque de jornalismo tem mais nada.

   "§ 1. O tipo de jornalismo considerado nestas notas é o que se poderia ser chamado de "integral" (no sentido que, no curso das próprias notas, ficará cada vez mais claro), isto é, o jornalismo que não somente pretende satisfazer todas as necessidades (de uma certa categoria) de seu público, mas pretende também criar e desenvolver estas necessidades e, consequentemente, em certo sentido, gerar seu público e ampliar progressivamente sua área." Cadernos do Cárcere, volume 2, página 197, Antonio Gramsci.

   Esse tipo de "jornalismo", além de vender produtos e serviços inúteis, presta-se também a manipular a sociedade através de mentiras, distorções, fake news, etc. Cria-se uma uniformidade onde tudo a ser publicado tem de passar primeiro pelo crivo (censura) da própria redação. E isso gera que o repórter, por exemplo, vai atrás somente das notícias que ele sabe que serão publicadas. Aquelas notícias às quais o repórter está investigando, mas que não fazem parte da "pauta" do jornal (ou emissora de rádio ou TV), o editor dirá: "nem perca seu tempo, o jornal não vai publicar". E, caso o repórter insistir, será colocado num setor de menor importância ou perderá o emprego. Em algumas redações a coisa está tão concentrada que o repórter, jornalista, etc, sequer escolhe a notícia, a "pauta" vem pronta de cima. As decisões, principalmente de cunho moral, ficam restritas a um grupo reduzido de pessoas.

   E antes que alguém diga que o que estou descrevendo é o capitalismo e não o socialismo, lembro que são somente nomes de coisas e, neste sentido, dê o nome que quiser, mas observe a realidade, veja primeiro se a coisa em si é certa ou errada para depois nominá-la.

   No Brasil e em boa parte do mundo, alguns órgãos de comunicação utilizam a propaganda como uma técnica nazista:

   "Toda  propaganda  deve  ser  popular  e  estabelecer  o  seu  nível  espiritual  de acordo  com  a  capacidade  de  compreensão  do  mais  ignorante  dentre  aqueles  a quem  ela  pretende  se  dirigir.  Assim  a  sua  elevação  espiritual  deverá  ser  mantida tanto  mais  baixa  quanto  maior  for  a  massa  humana  que  ela  deverá  abranger. Tratando-se, como no caso da propaganda da manutenção de uma guerra, de atrair ao  seu  círculo  de  atividade  um  povo  inteiro,  deve  se  proceder  com  o  máximo cuidado, a fim de evitar concepções intelectuais demasiadamente elevadas." Minha Luta, página 170, Adolf Hitler.

   Depois se perguntam como o povo Alemão aceitou que o nazismo promovesse os campos de concentração. A propaganda, utilizada desta maneira, emburrece a população transformando-a em massa de manobra.

   "O povo, na sua grande maioria, é de índole feminina tão acentuada, que se deixa  guiar,  no  seu  modo  de  pensar  e  agir,  menos  pela  reflexão  do  que  pelo sentimento. Esses   sentimentos,   porém,   não   são   complicados   mas   simples   e consistentes. Neles não há grandes diferenciações. São ou positivos ou negativos: amor ou ódio, justiça ou injustiça, verdade ou mentira. Nunca, porém, o meio termo." Minha Luta, página 173, Adolf Hitler.

   A propaganda age na emoção, não no raciocínio; a população fica com a mentalidade de "contra" ou a "favor" sem sequer se perguntar o porquê de ser contra ou a favor de alguma coisa. O sujeito é contra tal coisa, mas não se pergunta porquê é contra, não faz nem um exame interior para saber se realmente (em questões de moral) é contra ou a favor. Então, este sujeito transforma-se em massa de manobra, pois quando for malignamente manipulado para ser a favor desta coisa ele continuará sem se perguntar, agora, se é realmente a favor bem como não se perguntava quando era contra, será jogado de um lado para o outro de acordo com as conveniências da grande propaganda.

   Com relação à economia de crédito, característica de países socialistas, tira-se do cidadão a opção de compra à vista e o cidadão passa a achar bom ter crédito. Por exemplo, para a esmagadora maioria dos Brasileiros, caso estragar sua geladeira dentro de casa, sendo que não tem mais conserto; o cidadão terá que se encalacrar em várias prestações porque senão não conseguirá adquirir uma geladeira nova. E o cidadão passa a considerar isso bom, mas não percebe que lhe foi tirada a opção de compra à vista, de barganha, de negociar. As regras são estabelecidas de cima para baixo de acordo com a promiscuidade do poder político com o poder econômico, característica de países ditos socialistas.

   Com relação à mentalidade da população, cultura, etc, em países socialistas, como o Brasil, têm-se essa confusão mental, emburrecimento no qual o cidadão não sabe mais quais as regras da sociedade na qual vive. Promove-se “lutas de classes” ao extremo, branco contra preto, rico contra pobre, homossexual contra heterossexual; indivíduos contra indivíduos. Dividir para conquistar. Emburrecer através da propaganda.

   Poderia dar várias outras características da realidade de como se faz para identificar os tais “sistemas” de um país, porém, acredito que já é o suficiente.

   No original de O Capital está no plural “lutas de classes”, pois as lutas não devem acontecer somente entre as “classes”, mas entre os indivíduos da sociedade. É a luta sem fim, discussão, brigas, fragmentação da sociedade, destruição da família, destruição da propriedade privada, etc.

   Porém, eles querem a destruição da sua família, da sua propriedade privada, não da deles, pois sabem que a família e a propriedade privada são a única forma de se ter progresso. Como bem disse o filósofo Olavo de Carvalho: “Eles querem a destruição da SUA família, seu trouxa”.

   E, para isso, primeiro emburrecem você, transformam você num analfabeto funcional que sequer entende o significado das palavras e das coisas. O analfabeto funcional lê um texto, mas não entende o referente que está ali escrito porque sequer tem mais o conceito de signo, significado (e vários sentidos) e referente.

   A cultura da sociedade transforma-se numa pasta mental, numa confusão enorme onde ninguém mais se entende. Fala-se a mesma língua, mas não se fala a mesma linguagem. As pessoas perdem o gosto pelo conhecimento até nas coisas mais simples como, por exemplo, sequer querem consultar um dicionário para ver o significado das palavras, a convenção da língua. E, se não tem sequer o significado das palavras, como entenderá o referente, o que a coisa é na realidade?

   Não me estenderei aqui em signo, significado (e vários sentidos) e referente, pois já foi dito em outros textos.

   Para encerrar, posso dizer que comunismo, enquanto sistema, é concentração de dinheiro e poder nas mãos de poucas pessoas à custa do sofrimento e miséria da maioria, é o governo de criminosos.

   Por isso o filósofo Olavo de Carvalho afirmava que a briga é entre Cristianismo e comunismo, pois o Cristianismo ensina moral para as pessoas; faça o certo, não faça o errado e puna quem fizer o errado (criminosos).

   No comunismo, usando esse termo corrente, a moral é relativa; é social, econômica e política, ou seja, fica-se numa confusão mental na qual não se sabe mais o certo e o errado.

   Culturalmente, o problema é essa baixeza intelectual que leva à baixeza moral; decai a inteligência, decai a moral e vice-versa, não importa qual decai primeiro, uma vem de arrasto da outra. Não confunda inteligência com astúcia maligna, são coisas diferentes. A inteligência é ligada ao bem, ao belo e à verdade. A astúcia maligna é a caricatura satânica da inteligência. Astúcia maligna é "dar um jeitinho em tudo", subir na vida pisando em cima dos outros, querer levar vantagem em tudo, mentir, não cumprir acordos, roubar, matar, usar de falsidade, etc.

   A realidade se impõe. Veja o certo e o errado, o ser humano nasce sabendo o que é o certo e o que é o errado. A moral vem de princípios como: não mentirás, não matarás, não roubarás, não se corromperás e não corromperás os outros, etc. Isso é moral.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Trocar Conceitos por Palavras

   Tudo o que falamos e escrevemos são nossos pensamentos ou raciocínios, mesmo quando falamos ou escrevemos mentiras. Pelo quê uma pessoa fala ou escreve podemos saber se esta pessoa é burra ou não.

  Começarei definindo, para o nosso entendimento (meu e do leitor), a palavra “Conceito”. Do dicionário: “faculdade intelectiva e cognoscitiva do ser humano; mente, espírito, pensamento.” Este é o significado do signo Conceito. E, como já vimos, todo significado é genérico, mas, ao mesmo tempo, todo signo tem seu significado (que é genérico) e seus sentidos, ou seja, uma palavra (no caso, um signo) tem o seu significado e tem seus vários sentidos os quais podemos empregar essa palavra (signo).

     Grosso modo, é o que está no dicionário. O significado é um signo explicado por outros signos, ou seja, é dizer o que é uma palavra através de outras palavras. Não entrarei de novo no “nome das coisas” de Aristóteles que, neste sentido, são os signos. E lembrando, um signo é algo que simboliza alguma coisa; toda palavra é um signo, mas nem todo signo é uma palavra. Uma imagem também é um signo, um cheiro é um signo, um gosto, etc; pois representa, simboliza uma coisa ou várias coisas ao mesmo tempo.

   Então, Conceito é aquela imagem mental abstrata, é o que está dentro da nossa cabeça. Repito, esta definição de conceito é para o entendimento deste texto, sabemos que existem outros significados e/ou definições do signo Conceito. Não estou aqui determinando que esta definição de Conceito seja absoluta, é somente para o entendimento deste texto; e também não estou inventando nada, esta definição aqui presente tem por base o dicionário e definições de outros autores.

   Lembrando também a diferença entre significado, sentidos e definição. Significado já vimos. Sentidos de um significado também já vimos, mas nunca é demais repetir: sentidos são significados um pouco mais específicos. Por exemplo: “Aquela pessoa tem inteligência” e “Aquela pessoa trabalha em uma agência de inteligência”. O signo é o mesmo: Inteligência, porém, este signo foi empregado em dois sentidos diferentes. Pelo simples fato de eu dizer que “Aquela pessoa trabalha em uma agência de inteligência” não significa propriamente que estou dizendo que aquela pessoa é inteligente. Simples assim. Os vários sentidos também podemos chamar de significante.

   A estrutura das línguas comprova isso e, no caso, da Língua Portuguesa é o que encontramos em qualquer dicionário. Temos sempre o primeiro significado mais próximo do signo (às vezes até numerado, 1, 2, 3, etc), o primeiro é o significado genérico, os outros são os sentidos nos quais podemos empregar o signo. Não me estenderei nesta parte, pois já foi dito isso, mas posso acrescentar que de acordo com o sentido da palavra (signo) empregado na frase o referente (o que a coisa é) muda um pouco, mas não foge do significado genérico como vimos anteriormente no exemplo do signo "inteligência".

   Definição é você delimitar a coisa, é você ser mais específico ao dizer o que uma coisa é. Coisa é “tudo o que existe ou possa existir, de natureza corpórea ou incorpórea.” Por exemplo: um lápis é uma coisa corpórea, liberdade é uma coisa incorpórea. Coisa, num sentido mais filosófico pode ser "tudo aquilo que há e tudo aquilo que existe". Tudo o que existe são os objetos corpóreos; tudo que há engloba objetos corpóreos e incorpóreos. Neste sentido, lápis há e existe; liberdade somente há.

   Lápis: um objeto composto por um bastão de grafite envolto por uma camada de madeira que serve para rabiscar, escrever e desenhar no papel. Este é o significado do signo “lápis” e é genérico porque significa todos os lápis do mundo que tem um bastão de grafite e são envoltos por uma camada de madeira. Caso eu tomar um lápis em específico, por exemplo, um lápis com um bastão de grafite envolto por uma camada de madeira que serve para rabiscar, escrever e desenhar no papel e é pintado na cor verde, tem o formato sextavado e tem um tamanho de 20 centímetros, estarei dando a “definição” deste lápis em específico, estarei delimitando-o (estarei dizendo o que é esta coisa chamada lápis especificamente), pois tem outros lápis que tem um formato cilíndrico, são na cor preta, etc.

E há o conceito do signo “lápis”, aquela imagem mental abstrata que se forma na sua mente ao perceber a coisa através dos cinco sentidos básicos: tato, olfato, paladar, visão e audição.

No momento em que você expressa um conceito em palavras (signos) você está ou significando a coisa (com seus vários sentidos) ou definindo-a ou somente falando (ou escrevendo) sobre ela. Percebam, quando eu escrevi “através dos cinco sentidos básicos” e quando eu escrevi “com seus vários sentidos” empreguei o signo “sentidos” em duas formas (sentidos) diferentes e, a partir daí, o entendimento das duas expressões tornam-se diferentes. Na primeira expressão estou falando dos sentidos básicos do ser humano e na segunda expressão estou falando dos sentidos que o significado de um signo pode adotar de acordo com a circunstância. Simples assim e bastante óbvio.

Muitas vezes não sabemos expressar um conceito em palavras, não sabemos dizer em palavras o que é tal coisa porque não sabemos o significado e seus vários sentidos e, a partir daí, não conseguimos saber o referente da coisa. Signo, significado (e seus vários sentidos) e o referente. O referente é o que a coisa é em si na realidade.

Muitas vezes é trabalhoso (mas não difícil) significar e/ou definir um conceito em palavras. Existem conceitos objetivos e conceitos subjetivos. Conceitos objetivos, basicamente, partem dos objetos corpóreos, objetos que existem fisicamente no mundo. E conceitos subjetivos, basicamente, partem de objetos incorpóreos que não existem fisicamente, como no exemplo anterior: lápis e liberdade. Não existe um objeto físico chamado liberdade (qual é o tamanho da liberdade, qual é a cor), porém, sabemos o que é liberdade através do seu significado e da sua definição; o significado e a definição vêm do conceito através da observação da realidade.

Então, resumindo, “conceito” é aquela imagem mental abstrata que está na nossa mente que vem da observação da realidade e quando externamos essa imagem em palavras torna-se ou um significado ou uma definição ou estamos somente falando (ou escrevendo) a respeito dessa coisa sem significa-la ou defini-la, grosso modo, estamos somente falando (ou escrevendo) a respeito dela sem dizer o que é esta coisa.

Não entrarei aqui, de novo, nas partes que compõem o todo (ou nos particulares e gerais de Aristóteles), mas darei uma breve explanação com relação ao objeto do assunto: Conceito.

Como vimos, um conceito é uma imagem mental abstrata e traduzimos os conceitos em palavras, pois é dessa forma que o ser humano se comunica basicamente, através da palavra falada e da palavra escrita.

Um signo (que simboliza uma coisa) é um geral composto de vários particulares (ou um todo composto de várias partes). Por exemplo: Inteligência. Dentro do conceito Inteligência (expresso através do signo gramatical Inteligência) podemos encontrar várias partes através da observação da realidade. A saber: conhecimento, raciocínio, percepção, etc. São partes que compõem o todo chamado de Inteligência. Podemos decompor qualquer coisa em suas partes através da observação da realidade. Isso é, de certo modo, natural, faz parte do ser humano, nascemos assim, é assim que entendemos e compreendemos as coisas.

O processo às vezes se dá partindo dos particulares (ou de um particular em específico) e vamos para o todo; e às vezes partimos do todo e vamos decompondo-o em partes, indo e voltando das partes para o todo e vice-versa. Por exemplo, ao consultar o dicionário em busca do significado de um signo (uma palavra neste caso) estamos partindo de uma parte que compõe o todo porque o significado é genérico e não explica especificamente o que é a coisa (o referente). A partir daí temos que raciocinar e investigar mais coisas (partes) para chegar ao entendimento do que é a coisa em si. É um processo natural do ser humano. Um sentido específico de um significado não nos dá um referente absoluto posto que temos de analisar as várias partes que compõem o todo.

Continuando no exemplo do signo Inteligência (ou poderia tomar qualquer outro signo), mas vamos continuar neste. Inteligência: “faculdade de conhecer, compreender e aprender.” Este é o significado. Inteligência: “capacidade de compreender e resolver novos problemas e conflitos e de adaptar-se a novas situações.” Este é um sentido do signo Inteligência, tirado do dicionário. Dependendo do dicionário temos seis ou sete sentidos um pouco diferentes do significado genérico de Inteligência, mas não completamente diferentes.

Esta é a base para sabermos o referente, o que é a coisa em si na realidade, além do conhecimento intuitivo e da percepção.

Como já foi dito, um dicionário não é o “bam bam bam” do entendimento, mas é a base, é onde está a convenção da língua e da linguagem. Quando não se sabe o significado (e os sentidos) de um signo torna-se impossível exprimir em palavras o referente, torna-se impossível expressar o conceito.

E como já foi dito, a língua e a linguagem são convenções e não tem como ser diferente. Todos nós que temos que ter o mesmo significado e sentidos dos signos, pois isso nos dá a base para sabermos o referente na realidade e a realidade é uma só para todos.

Um bom exemplo neste sentido são as diferentes línguas existentes no mundo. Um Brasileiro por falar a Língua Portuguesa, de certo modo, tem uma mentalidade um pouco diferente de um Alemão que fala a Língua Alemã. Porém, o entendimento básico das coisas é o mesmo. Por exemplo, uma árvore é uma árvore em qualquer lugar mundo não importando em qual língua eu expresso o signo “árvore”. O referente é o mesmo, o conceito “árvore” basicamente é o mesmo. Liberdade, esperança, igualdade, fraternidade, correr, dormir, comer, pular, etc, o conceito básico é o mesmo em qualquer lugar do mundo não importando a língua que se fala.

O problema é quando se trocam conceitos por palavras.

Agora tomarei como base o livro de Arthur Schopenhauer “Sobre a Quadrúplice Raiz do Princípio de Razão Suficiente” que é a tese que deu o título de Doutor a Schopenhauer em 1813. Óbvio que tal título de Doutor na época era diferente do título de Doutor que temos hoje em dia, principalmente no Brasil.

Página 49: “Aristóteles... demonstra cuidadosamente no sétimo capítulo do segundo livro dos Segundos Analíticos que a definição de uma coisa e a prova de sua existência são duas coisas diferentes e eternamente separadas, pois pela primeira tomamos conhecimento do que é pensado, por meio da outra, porém, de que algo assim existe; e como um oráculo do futuro, profere ele a sentença: ‘a existência não pertence à essência de uma coisa; pois existência não é uma propriedade’. Isso significa: A existência jamais pode pertencer à essência das coisas. – Ao contrário disso. O quanto o senhor von Schelling venera a prova ontológica pode ser verificado a partir de uma longa nota da página 152 do primeiro volume de seus Escritos filosóficos de 1809. Mas algo ainda assim mais instrutivo pode ser verificado ali, a saber: que basta matraquear atrevidamente, fazendo ares de grandeza, para lançar poeira nos olhos dos alemães. Mas que até um patrono tão inteiramente deplorável como Hegel, cuja inteira filosofastria era propriamente uma monstruosa amplificação da prova ontológica, tenha querido defende-la contra a crítica de Kant, é uma aliança da qual se envergonharia a própria prova ontológica, por mais que não seja muito de se envergonhar. – Apenas não se espere de mim que fale com apreço de pessoas que levaram a filosofia ao desprezo.”

Coloquei este trecho para mostrar que a “troca de conceitos por palavras” vem de longe.

Agora pulo para a página 107: “Amiga – disseram-lhe-, as coisas andam mal para ti, muito mal, desde o dia de teu fatal encontro com o velho cabeça-dura de Königsberg [Kant]; tão mal como para tuas irmãs, a prova ontológica e físico-teológica. Mas, tem coragem: nós não te abandonamos por isso (tu sabes, somos pagos para isso). Entretanto, não há outra coisa a fazer: deves mudar de nome e de vestimentas; porque se te chamarmos por teu nome, todos fogem de nós. Incógnita, porém, nós te tomamos pelo braço e te reconduzimos novamente para entre as pessoas; apenas, porém, como dito, incógnita: isso dá certo! Primeiramente, pois: daqui para diante, teu objeto portará o nome: “o absoluto”; isso soa exótico, decente e nobre – e nós sabemos melhor do que qualquer um o quanto se pode impingir aos alemães com aparências de nobreza – qualquer um sabe o que se entende por essa palavra, e ainda se crê sábio por isso.... O absoluto, exclamas (e nós contigo), ‘que diabos, isso tem de ser, senão não existiria absolutamente nada!’ (e com isso bates com o punho sobre a mesa). Mas de onde procederia ele? ‘Estúpida pergunta! Já não disse que é o absoluto?’ – Isso dá certo, podes crer, dá certo! Os alemães estão habituados a aceitar palavras no lugar de conceitos: para tanto nós os temos adestrado desde a juventude – olha só a hegelianada, que outra coisa é senão um palavrório vazio, oco, e ainda por cima nauseabundo? E, no entanto, que esplêndida carreira fez essa criatura filosófica ministerial! Para isso, não foi preciso senão que alguns companheiros venais entoassem a glória daquela ruindade – para que sua voz, na cavidade oca de mil cabeças estúpidas, encontrasse um eco que ainda hoje ressoa e se propaga. E eis que assim logo se fez de uma cabeça vulgar, sim, de um vulgar charlatão, um grande filósofo. Portanto, toma coragem! Além disso, amiga e protetora, nós te secundamos também por outra razão: com efeito, sem ti não podemos viver” – O velho critiqueiro de Königsberg criticou a razão e cortou-lhe as asas? Pois bem, inventamos então uma nova razão, da qual ninguém tinha ouvido falar até aquele momento; uma razão que não pensa, mas intui imediatamente, que intui idéias (uma palavra distinta, criada para mistificação) em carne e osso; ou também uma razão que apreende, que apreende imediatamente aquilo que tu e os outros apenas queriam demonstrar; ou ainda – para aqueles que só admitem pouco, mas que também com pouco se satisfazem – o presente. E assim, damos conceitos populares de há muito inoculados por inspirações imediatas dessa nova razão, criticada à exaustão, degrademo-la, chamemo-la entendimento, e mandemo-la passear.”

O que Schopenhauer está dizendo é que trocaram conceitos por palavras. Razão agora se chama entendimento. E o que é entendimento? Ora, entendimento é razão! E o que é razão? Ora, tu és burro? Razão é entendimento! Não entendes uma coisa tão simples assim? Entendimento é razão e razão é entendimento... está explicado.

A amiga Prova Cosmológica agora chamemos de Absoluto! E o que é o absoluto? Ora, o absoluto é o infinito! E o que é o infinito? Ora, tu és burro? Infinito é o absoluto, cara!

Não precisamos mais significar as coisas, basta colocar outra palavra no lugar, seja esta palavra um sinônimo ou não.

Isto dá certo, pode crer!

O mundo é o finito e o absoluto é o infinito. E o que é o finito? Ora, tu és burro? Já falei que o finito é o mundo!

E podemos colocar também uma expressão no lugar de qualquer coisa esdrúxula que inventamos sem base nenhuma na realidade, como por exemplo: Politicamente Correto!

Temos também vários outros chavões imbecis: "consciência de classe", "pensamento crítico", "lutas de classes", "estado democrático de direito", "liberal na economia, conservador nos costumes", "desvelamento do ser", "não é crime, é doença", "racismo estrutural", "dívida histórica", "a culpa é do sistema", "crise climática", "desenvolvimento sustentável", "sociedade igualitária", "combate à pobreza", "direitos dos trabalhadores", "isolamento social", "classes sociais", "direitos humanos", "os fins justificam os meios", "discordo do que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizer", "responsabilidade fiscal", "regras democráticas", "aquecimento global", "reformas estruturantes", "vacinação em massa", "manter a governabilidade", "linha da pobreza", "estruturas de poder", "combustível fóssil", "implodir o sistema", "tirania da maioria", "disparidade de gênero", "liberdade de mercado", "milícia digital", "nome social", "ação afirmativa", "isso será um avanço", "isso será um retrocesso", "nunca ouvi falar, mas não tem cabimento", "imperativo categórico", "democracia representativa", "dinheiro público", "desconto antecipado", "redenção democrática", "direitos dos trabalhadores", "compre agora e economize dinheiro", "a exceção é o que confirma a regra", "o Brasil não é para amadores", "consulta o pai dos burros", "pedantismo gramatical"... e por aí vai.

É a gosto do freguês, o freguês escolhe seus chavões prediletos para repetir como um papagaio. Daria para escrever um livro somente com essas expressões. Um glossário. Aliás, já existem dicionários e glossários de, por exemplos, Marx, Gramsci e Heidegger, além de vários outros. Para ler e entender (se for possível) autores desta cepa, deste estilo de escrita oco, vazio, nauseabundo; primeiro você tem de entender a linguagem própria deles para depois começar a entender do quê eles estão falando. E muitas vezes estão falando de nada; palavras bonitas, mas vazias de conteúdo; muitas vezes sem significado e na maioria das vezes sem referente. Eles usam palavras já existentes na língua e inventam um significado novo saído da cabeça maluca e/ou maligna deles e isso bagunça o referente, você já não sabe mais do que se está falando, mas fica tentando adivinhar e chama essa adivinhação de "interpretação de texto".

Mas vamos nos deter em analisar como exemplo a expressão "politicamente correto", pois a análise se estende para todas as outras expressões.

O que é “politicamente correto”? Qual o significado dessa expressão?

Partirei do básico. Politicamente vem de política: “arte ou ciência de governar”, significado genérico. “Derivação: sentido figurado. habilidade no relacionar-se com os outros, tendo em vista a obtenção de resultados desejados”.

Politicamente: “ocupar-se de política; fazer política”.

Correto: “que se corrigiu”. “possuidor de bom caráter; digno, honrado (diz-se de pessoa)”.

Não coloquei todos os sentidos de “política”, “politicamente” e “correto”, mas já dá para entender.

Politicamente Correto é alguém que é correto na política?

É alguém que tem uma política correta?

É alguém possuidor de bom caráter na política?

Ou é outra coisa?

São significados diferentes. Alguém que é correto na política obrigatoriamente é um político. Alguém que tem uma política correta não necessariamente é um político, pode ser um cidadão ali que tem uma política de vida e segue ela. São coisas diferentes.

Então o que é politicamente correto? Ora, inventemos um significado qualquer que nem significado é. Politicamente correto agora é “evitar certas palavras preconceituosas com relação a grupos de sexo, raça, gênero ou sei lá mais o quê”. Ou mais, faremos dossiês, artigos acadêmicos, livros inteiros tentando explicar o que é “politicamente correto” (somos pagos para isso).

Daremos mil “significados” de politicamente correto. Ganharemos pela quantidade e não pela qualidade. Eu vou citando você e você vai me citando, a nossa patota vai se auto-promovendo, assim teremos milhões de citações acadêmicas. O que importa a verdade? O que importa a realidade? Verdade e realidade são coisas ultrapassadas, são retrocessos, não é um avanço, não são coisas progressistas.

Mas voltando. “Evitar certas palavras”... quais palavras devo evitar? Existe uma lista de palavras que devo evitar?

Ora, tu és burro? As palavras que tu deves evitar são as palavras preconceituosas em relação aos grupos ali!

Mas o que é “preconceituoso”? Não é um conceito subjetivo?

O que decorre disso na realidade é que se alguém me falar alguma coisa que eu não goste (vai do meu capricho), eu digo que é politicamente incorreto. Pronto: acrescentei mais uma palavra (ou expressão) na tal da lista que não existe! E o absurdo não pára de crescer.

Quando dizem que “politicamente correto” é uma forma de censura eu concordo, mas o estrago vai mais além: causa emburrecimento.

Trocar conceitos por palavras ou expressões inventadas dá nisso: emburrecimento geral.

E podemos ver que na expressão “politicamente correto” foram juntados dois signos que não dá para juntar. Um altera o significado do outro. A partir daí não há base na realidade e temos que inventar alguma coisa para significar em palavras o que é isso. É como a frase: "A pedra da bola pegou fogo". Ortograficamente e sintaticamente está correta, mas semanticamente não tem sentido nenhum. E num texto e/ou discurso temos que, obrigatoriamente, preencher os três: ortografia, sintaxe e semântica.

Com palavras bonitas, mas vazias de conteúdo estamos fora da realidade. Trocamos conceitos por palavras esvaziadas de significados, de sentidos e de definições, e por isso não captamos mais o referente.

Passamos a falar por chavões, palavras vazias, signos sem significados e, por conseguinte, sem referente. Nos distanciamos da realidade, vivemos em um mundo de ilusão onde não nos entendemos mais. Falamos a mesma língua, mas não falamos a mesma linguagem.

Língua é a Língua Portuguesa, a Língua Inglesa, a Língua Francesa, etc.

Linguagem engloba a língua, todo signo tem um conceito, um significado, uma definição e, de acordo com seu sentido, tem seu referente que forma a mentalidade de uma nação que fala a mesma língua.

Caso eu fale “politicamente correto” e isso enseja várias adivinhações de acordo com a cabeça de cada um, temos confusão, não nos entendemos mais. Nesta hora precisa de um supremo sabedor da verdade para nos dizer o que significa isso, sendo que o supremo sabedor da verdade também não sabe o que é, então ele junta palavras bonitas, mas vazias de conteúdo e você sai repetindo isso por aí.

Falamos a mesma língua, mas não falamos a mesma linguagem. E assim vamos emburrecendo.

Êêê, vamos todo mundo ficarmos burros, assim teremos igualdade... que, aliás, “igualdade” é um conceito subjetivo.

Ficaremos todos iguais na burrice, mas sempre tem uns que são “mais iguais do que os outros”.

Uma população burra é fácil de controlar, mas a burrice leva à violência, uma pessoa burra só sabe resolver as coisas na base da violência (seja ela física e/ou psicológica), isso é fato.

A estultice, a estupidez de quem pensa que pode controlar uma população burra, drogada e promíscua é equivalente à burrice dessa mesma população.

Mas tudo em prol da “revolução”, da revolução surgirá o novo ser humano!

Dos escombros da humanidade surgirá o novo ser humano... não sei como.

Mas posso imaginar: esse novo ser humano que surgirá virá do caos que leva à ordem.

E assim vamos trocando conceitos por palavras: “do caos vem a ordem” é um chavão de tamanha estupidez e é errado em tantos níveis que até é difícil explicar. Mas vamos repetindo isso através da grande propaganda que todo mundo acredita que do caos vem a ordem... e vamos promovendo o caos, vamos promovendo a destruição esperando a reconstrução a partir dos entulhos que restaram da burrice. Vamos juntar os entulhos para formar uma pilha de escombros e vamos dar a esse conceito um novo nome: sociedade igualitária. Uma expressão esvaziada de tudo.