Analisarei a Espiral do Silêncio tomando como base a “reportagem” do Fantástico deste domingo passado (20-06-2021) sobre o laboratório de Wuhan. Deixo bem claro que a “espiral do silêncio” não é somente isso que colocarei aqui, não pretendo encerrar o assunto, mas é a base.
Segundo a “reportagem”, a culpa de ninguém ter investigado o
assunto é do ex-Presidente Trump porque ele começou a falar do assunto
espalhando “teorias conspiratórias”. E, “diante disso muitos cientistas que
acreditavam em um escape acidental de laboratório pararam de tocar no assunto com medo de
serem confundidos com espalhadores de fake news como o ex-presidente”.
Isso é errado em tantos níveis que até é difícil explicar.
Mas vamos lá.
O Trump começou a falar ano passado que o coronavírus veio
do laboratório de Wuhan na China e foi rotulado de “teórico da conspiração”, de "maluco".
Agora se confirma que houve um provável escape do laboratório de Wuhan, os
e-mails do Tony Fauci também confirmam algo parecido. Porém, a culpa é do Trump
por ter falado no assunto. Então ele deveria ter ficado quieto. Espiral do
Silêncio.
Talvez alguém que assistiu à “reportagem” do Fantástico pensará:
“É, realmente a culpa é do Trump”. Talvez esse alguém, a partir de agora,
quando pesquisar e descobrir uma coisa nova que “ainda” não tem a confirmação
da grande propaganda, esse alguém ficará quieto para não ser taxado de “teórico
da conspiração”. Espiral do Silêncio.
A espiral do silêncio age na emoção das pessoas bem como a
propaganda. Escrevi antes “a grande propaganda” porque não dá mais para chamar
de grande mídia, de jornalismo não tem mais nada, é somente propaganda visando
causar uma emoção nas pessoas e geralmente essa emoção é o medo. O medo embota
o raciocínio, emburrece as pessoas. Esse medo constante que chamam de “insegurança”,
stress, essa incerteza acerca de tudo, até da própria vida.
Na grande propaganda é esse bombardeio constante e diário de
medo que emburrece as pessoas e emburrece primeiro os próprios “jornalistas”.
Depois, pelo alcance que essas pessoas têm nos meios de comunicação, isso
alastra-se como um incêndio pela sociedade. A partir daí as pessoas comentam somente
o que sai na grande propaganda; o que não sai na grande propaganda não existe
na realidade. E o que sai na grande propaganda é somente o medo, então, o medo
torna-se a realidade para essas pessoas. E a “cura“ para esse medo está na
própria “solução” que a grande propaganda oferece junto com esse medo. E esta “solução”
geralmente é “compre isso, “compre aquilo”, “faça o que nós dizemos”, “viva sua
vida da maneira que nós determinarmos”, etc. E junto com a “solução” vem mais
medo ainda e o ciclo perpetua-se, pois as pessoas já emburrecidas não conseguem
sair desse ciclo. Torna-se confortável obedecer a ordens bovinamente. Caso você
desobedecer, o medo vem mais forte ainda. Caso você obedecer, o ciclo continua.
Então não se trata de obedecer ou desobedecer, trata-se de
raciocinar, de ter gosto pelo conhecimento e pesquisar, informar-se acerca dos
assuntos os quais você tem interesse, antes de sair falando bobagens.
No exemplo em questão, por que os tais médicos que ficaram
calados não foram informar-se acerca do assunto que o Trump estava falando?
Espiral do silêncio. Ficaram com medo de serem rotulados e tiveram aversão ao
conhecimento, sequer foram pesquisar, informar-se; ou, se foram pesquisar,
ficaram com medo de falar, mesmo sabendo da verdade. Espiral do silêncio.
Joseph Goebbels, Hermann Göring, Adolf Hitler e outros
escreveram: “A propaganda é feita para causar uma emoção nas pessoas”. A
propaganda não é feita para evocar raciocínios, para fazer pensar, é feita para
causar um desejo e na própria propaganda é oferecida a “solução” desse desejo
causado. E esse desejo, na maioria das vezes, a pessoa não tinha e nem precisa
ter, a propaganda causa e/ou desperta o “desejo” e oferece a “solução”.
Um exemplo bem simples: “Liquidação, compre agora e
economize dinheiro”. Economize gastando dinheiro?!? E as pessoas nem se
perguntam se precisam daquilo que a propaganda está oferecendo. Assim é com
outras coisas que não envolvem aspectos financeiros. “Temos uma pandemia, um vírus
mortal” cuja taxa de letalidade é menos de 3% e cuja taxa de contágio é quatro
vezes menor do que o sarampo até.
Porém, daí vem a argumentação do número de mortos. “Chegamos
a 500 mil mortos, fale da taxa de letalidade e de contágio para um familiar que
perdeu um ente querido”. Daí tem que explicar que esse número está
supernotificado, mas as pessoas já não querem mais saber, pois não saiu nada a
esse respeito na grande propaganda. Reagem pela emoção, pelo medo... e o medo
embota o raciocínio. Você é rotulado de “negacionista”, de “teórico da
conspiração”, etc. Até que se comprove a coisa quando sai na grande propaganda
e o ciclo se renova. E, ainda assim, você continua sendo chamado de “negacionista”,
de “teórico da conspiração”.
A falta de raciocínio causa perda de memória. As pessoas não
lembram sequer do que fizeram no dia anterior; e como lembrarão de uma coisa
mais complexa que exige um pouco mais de raciocínio? Mas a grande propaganda
está aí para lembrá-las, para lembrá-las somente do que saiu na grande
propaganda. Aquilo que não sai na grande propaganda não existe.
E a grande propaganda é rápida, “dinâmica", não permite raciocínio, não
permite que você pense, é aquele bombardeio explosivo que destrói o raciocínio,
que emburrece as pessoas.
E os “jornalistas” da grande propaganda, já emburrecidos,
propagam esse emburrecimento pela sociedade. As pessoas escutam e repetem como
papagaios o que sai na grande propaganda. E decai a inteligência decai a moral
e vice-versa. Uma vem de arrasto da outra. Não importa qual decai primeiro. E
as pessoas entram na espiral do silêncio com medo de serem rotuladas de alguma
coisa qualquer e já não sabem mais reconhecer o certo e o errado. Decai a
inteligência decai a moral e vice-versa.
Poderia falar agora sobre “inteligência” e “astúcia maligna”,
mas, para não me estender, serei breve, pois o “dinamismo” da grande propaganda
não permite textos minimamente mais complexos.
A inteligência é fortemente ligada ao bem, ao belo e à
verdade. A astúcia maligna é a caricatura satânica da inteligência. A astúcia
maligna, na realidade, é o jeitinho brasileiro, levar vantagem em tudo, subir
na vida pisando em cima dos outros, é mentir para seus amigos e familiares,
roubar, corrupção, etc, é a cultura da mentira e do fingimento. Eu minto e
finjo que não estou mentindo, eu finjo e minto que não estou fingindo. E o
cidadão, já emburrecido, confunde Inteligência com Astúcia Maligna. Julga que
uma pessoa que tem uma posição de poder e/ou dinheiro é inteligente. Não
raciocina mais sobre como essa pessoa chegou lá, sobre o que ela fez na vida
para ter dinheiro e/ou uma posição de poder. Acredita bovinamente na “ôtoridade”
porque é uma “ôtoridade” seja ela um político, uma celebridade, etc.