Mas primeiro farei uma pequena introdução do método e do raciocínio de Marx (o raciocínio de Marx é uma coisa, a obra marxista é outra).
Da análise do texto decorrerão outros desdobramentos, pois o
próprio Marx não trabalhava com definições, mas trabalhava com “determinações”
e ia desdobrando infinitamente o objeto da análise para concretizá-lo. Isto é
fato: Marx não trabalhava com definições. Ele desdobrava o objeto infinitamente
na intenção de concretizá-lo. Isto, por si, é um absurdo. Desdobrando-se um
objeto de análise infinitamente como se poderá concretizá-lo?
"Objeto" aqui é toda e qualquer coisa a se analisada. Exemplo: capital, um lápis, uma cadeira, liberdade, esperança, etc.
"Objeto" aqui é toda e qualquer coisa a se analisada. Exemplo: capital, um lápis, uma cadeira, liberdade, esperança, etc.
Quando se desdobra um objeto desta maneira (infinitamente) o
que acontece é uma confusão mental imensa (nunca saberemos o que é o objeto),
pois esses desdobramentos acarretarão em outros desdobramentos e assim até o
infinito. Exemplo: no Capital, Marx fala por primeiro que o capital é uma
relação social, não é uma coisa, depois desdobra o capital em “determinações” e
no decorrer diz que o capital pode ser moeda também (o capital teria nascido da
moeda e depois a moeda se transforma em capital?!?), e moeda (dinheiro) sabemos
que é uma coisa e não uma relação social, e assim Marx vai “desdobrando”
infinitamente o objeto em “determinações”, vai mudando o eixo. Aliás, tanto capital quanto relação social são coisas, porém, não tem como se saber em qual sentido Marx emprega esses termos. Não há na obra marxista uma única
definição de quaisquer coisas. Como dizem certos marxistas: "Se você é um leitor que pretende encontrar definições, Marx não é o autor para você".
Mercadoria, mais-valia, etc, desafio o leitor a encontrar
uma única definição de qualquer conceito básico em toda a obra marxista. Não
encontrará, mas está lançado o desafio.
Esse raciocínio (ou falta dele) de Marx, estendeu-se
a todos os outros autores posteriores a ele. Basta perceber que o universo
semântico das várias obras comunistas posteriores a Marx são semelhantes. As
expressões utilizadas são bastantes parecidas, o estilo de escrita é
semelhante, ressalvadas, claro, diferenças de estilo pessoal na escrita. Mas,
no geral, são semelhantes.
Um aluno que lê e estuda Marx (ou outro autor comunista
posterior a Marx) por um, dois ou mais anos, penetra nesse universo semântico e
absorve o raciocínio de Marx por osmose. Passa a repetir as mesmas expressões e
passa a desdobrar as coisas em infinitas “determinações” que, aparentemente, tem
uma relação com o objeto anterior, mas esta relação logo perde-se em uma
relativização maluca porque o objeto é desdobrado infinitamente e não se chega
a conclusão nenhuma. E sabemos que existem coisas na vida que tem definições
(conceitos objetivos) e outras coisas não tem definições (conceitos subjetivos). E tem coisas que encontrar uma definição dá um pouco mais de trabalho e estudo.
Penso eu que este método de não se trabalhar com definição
nenhuma leva à loucura e ao emburrecimento, por motivos óbvios. É o desdobramento
infinito do pensamento: uma coisa leva a outra, que leva a outra... e assim
sucessivamente num ciclo sem fim. Não foi à toa que Marx propôs a tal “Lutas de
Classes”, lutas no plural, pois a luta não é somente entre as classes, mas
acontece dentro de uma mesma classe também. É a luta sem fim, ninguém mais se
entende, pois vão se desdobrando os pensamentos e as argumentações, onde ninguém
chega a conclusão nenhuma, mas têm-se discussões infinitas onde vai se mudando de eixo na discussão e cada um pensa
que tem razão, porém, não tem razão, tem “determinações” num processo de relativizações sem fim.
E chega-se num ponto em que um dos lados DETERMINA que está certo sem argumentação nenhuma. E isto segue-se num ciclo sem fim de lutas, brigas de egos, discussões intermináveis em torno de nada, etc. Basta ver algum debate até entre marxistas sérios para perceber que não se chega a conclusão nenhuma. Cada um tem a sua própria “determinação” a respeito da obra de Marx. Acredito que é por isso que a obra comunista no mundo é incomensurável. Cada autor, após um tempo de estudo, julga-se automaticamente apto a escrever sua própria obra encontrando novas “determinações”.
E chega-se num ponto em que um dos lados DETERMINA que está certo sem argumentação nenhuma. E isto segue-se num ciclo sem fim de lutas, brigas de egos, discussões intermináveis em torno de nada, etc. Basta ver algum debate até entre marxistas sérios para perceber que não se chega a conclusão nenhuma. Cada um tem a sua própria “determinação” a respeito da obra de Marx. Acredito que é por isso que a obra comunista no mundo é incomensurável. Cada autor, após um tempo de estudo, julga-se automaticamente apto a escrever sua própria obra encontrando novas “determinações”.
Este raciocínio é perigoso, pois leva à mentira, à
enganação. Chega um momento em que não se encontra mais uma “determinação” no
objeto (as informações do objeto se esgotam) e passa-se a relativizar inventando
determinações achando que essas determinações têm alguma relação com o objeto,
mas não tem, pois foram tantas “determinações” extraídas do objeto que o
sujeito (a pessoa que está analisando o objeto) já se perdeu numa confusão
mental.
Bom, após este breve prolegômeno, passo ao texto
propriamente dito: Propriedade Privada e Comunismo. Escolhi este texto porque
Marx dá umas pinceladas em Filosofia. São poucos os textos onde Marx entra em
Filosofia. Sua obra é mais voltada para alguma coisa parecida com economia.
Segue aqui todo o primeiro parágrafo, para ninguém falar que
retirei citações fora do contexto. Depois vamos desdobrando em “determinações, como
Marx faria:
“Todavia, a antítese entre a não-posse de propriedade e
propriedade ainda é uma antítese indeterminada, não concebida em sua referência
ativa às relações intrínsecas, não concebidas ainda como uma contradição, desde
que não é compreendida como uma antítese entre trabalho e capital. Mesmo sem a
expansão evoluída da propriedade privada, p. ex., na Roma antiga, na Turquia,
etc., esta antítese pode ser expressa em uma forma primitiva. Nesta forma, ela
não aparece ainda como estabelecida pela própria propriedade privada. O
trabalho, porém, a essência subjetiva da propriedade privada como exclusão de
propriedade, e o capital, trabalho objetivo como exclusão de trabalho,
constituem propriedade privada como a relação ampliada da contradição e, pois,
uma relação dinâmica que tende a resolver-se.”
Marx começa o texto dizendo: “Todavia, a antítese entre a
não-posse de propriedade e propriedade ainda é uma antítese indeterminada, não
concebida em sua referência ativa às relações intrínsecas, não concebidas ainda
como uma contradição, desde que não é compreendida como uma antítese entre
trabalho e capital. ”
Posso, de “cara”, perguntar: de qual antítese Marx está
falando? Da antítese de Hegel?
Para responder essas perguntas o leitor tem de ler
praticamente TODA a obra de Marx (e entrar no seu universo semântico). Aí já
vemos um problema em não se trabalhar com definições, em não deixar as coisas
claras nos seus escritos. Não que se tenha que dar definições para tudo - isso é
impossível -, mas pelo menos nos conceitos básicos se faz necessário, senão o
leitor fica perdido no tempo e no espaço e isso, por si, permite ao leitor
encontrar suas próprias “determinações” gerando um ciclo infinito de pensamentos desordenados que produz somente confusão mental.
Mas vamos adiante. Não tentarei aqui dar uma definição ao
que Marx chama de “não-posse de propriedade” e “propriedade”, pois se o próprio
Marx não trabalha com definições, quem sou eu para
fazê-lo?
Mas posso dar minhas próprias “determinações”. Para tanto, valer-me-ei
de um simples exemplo: eu alugo uma casa, tenho a posse, mas não tenho a propriedade;
quem tem a propriedade é o proprietário. Estamos falando de posse, e esta, pode
ser feita diretamente entre as partes (no fio do bigode) ou mediada pelo Estado
(contrato assinado, posse jurídica).
E Marx transforma isso numa antítese indeterminada, mas que
não é concebida como uma contradição e desde que não é compreendida como uma
antítese entre trabalho e capital. Daí ele enfia trabalho e capital no meio da
conversa (desdobra em uma nova determinação).
Marx faz um bom uso das palavras (universo semântico), não
sei para qual fim, mas faz.
Depois ele fala em propriedade privada, que, nessa forma (não-posse
de propriedade e propriedade) essa antítese não aparece ainda como estabelecida
pela própria propriedade privada.
E segue: “O trabalho, porém, a essência subjetiva da
propriedade privada como exclusão de propriedade, e o capital, trabalho
objetivo como exclusão de trabalho, constituem propriedade privada como a relação ampliada da contradição e, pois,
uma relação dinâmica que tende a resolver-se.”
Podemos observar que, na citação acima, poderíamos encontrar
uma definição de trabalho (a essência subjetiva da propriedade privada como
exclusão de propriedade) e de capital (trabalho objetivo como exclusão de
trabalho). Porém, Marx não trabalha com definições, trabalha com “determinações”
e vai desdobrando o objeto até o infinito. Aqui já encontramos outra “determinação”
para capital, diferente das que eu citei no exemplo acima de O Capital no quinto
parágrafo deste texto.
Espero que o leitor esteja entendendo o raciocínio, que
entenda o que são os tais “desdobramentos infinitos em determinações”, ou seja,
desdobrar o objeto infinitamente em determinações para concretizá-lo. Até o
momento não concretizamos o que é capital para Marx. E mesmo que o leitor leia TODA
a obra de Marx não concretizará o que é capital para Marx, pois Marx não
trabalha com definições, trabalha com “determinações”.
E depois, no final da citação, ele fala da “propriedade privada como a relação
ampliada da contradição e, pois, uma relação dinâmica que tende a resolver-se.”
De qual contradição ele está falando agora? Da antítese entre a não-posse de propriedade e propriedade não concebidas ainda como uma contradição? Nunca se sabe exatamente do quê Marx está falando.
De qual contradição ele está falando agora? Da antítese entre a não-posse de propriedade e propriedade não concebidas ainda como uma contradição? Nunca se sabe exatamente do quê Marx está falando.
E depois ele fala da “relação dinâmica que tende a
resolver-se”. Qual relação dinâmica? Da relação entre a não-posse de
propriedade e propriedade ou da relação entre capital e trabalho?
Bom, de qualquer maneira, seja lá de qual relação Marx esteja
falando, ela tende a resolver-se sozinha, então não vamos nos preocupar com
isso.
Depois, no segundo parágrafo, o qual não transcrevei aqui
porque é grande, mas darei minhas “determinações”. O leitor pode conferir o
parágrafo, e o texto inteiro, depois no link ao final.
Marx fala que a propriedade
privada é primeiro considerada somente em seu aspecto objetivo, mas
considerando o trabalho como sua essência, ou seja, o trabalho é considerado
como a essência da propriedade privada. Sua maneira de existir, portanto, é o capital, que é necessário abolir. E o
trabalho que é levado a um nível comum, subdividido e, por isso, não-livre, é
visto como a fonte da nocividade da propriedade privada e de sua alienação em
relação ao homem.
O trabalho não-livre é visto como a fonte da nocividade da
propriedade privada e de sua alienação em relação ao homem. O que é trabalho
não-livre para Marx? Não encontraremos o que é isso, pois Marx não trabalha com
definições, ele trabalha com determinações. Aliás, não se sabe sequer o que é
trabalho para Marx. Trabalho não-livre é uma nova determinação de trabalho.
Depois Marx cita o trabalho agrícola de Fourier e o trabalho
industrial de Saint-Simon e segue:
“Finalmente, o comunismo e a expressão positiva da abolição da propriedade privada e, em primeiro lugar,
da propriedade privada universal. Entendendo essa relação em seu aspecto
universal, o comunismo é em sua primeira forma, apenas a generalização e concretização
dessa relação”.
Nesta parte acima, Marx fala do comunismo e da expressão positiva da abolição da propriedade
privada. Em todo o texto Propriedade Privada e Comunismo, Marx refere-se sempre
à abolição da propriedade privada como uma coisa positiva, mas não explica porque isso é uma coisa positiva. O leitor que encontre sua própria determinação do porquê a abolição da propriedade privada é uma coisa positiva, mas Marx, pela
repetição constante disso, frisa que é uma coisa positiva.
Depois ele diz que o comunismo quer abolir o talento, etc.,
pela força, mas nessa parte ele está falando do comunismo inteiramente vulgar e
irrefletido. E o papel do trabalhador não é abolido, mas ampliado a todos os
homens.
Esta parte é interessante: “A relação da propriedade privada
continua a ser a da comunidade com o mundo das coisas. Por fim, essa tendência
a opor a propriedade privada em geral à propriedade privada é expressa de
maneira animal; o casamento (que é
incontestavelmente a forma de propriedade privada exclusiva) é posto em contraste
com a comunidade das mulheres, em que estas se tornam comunais e propriedade
comum”.
Acredito que está bem claro: no casamento, a mulher é
propriedade privada do homem.
Depois ele diz: “... essa idéia de comunidade das mulheres é
o segredo de Polichinelo desse comunismo inteiramente vulgar e irrefletido”.
Segredo de Polichinelo é aquele segredo que todo mundo sabe, mas comenta-se somente
à boca miúda, tal qual o marido traído que é sempre o último a saber.
Após, ele fala que “as mulheres terão de passar do matrimônio
para a prostituição universal”, assim como o mundo das riquezas terá de passar
da relação de casamento exclusivo com o proprietário particular para a de
prostituição universal com a comunidade.
É uma bela relação que Marx faz: devemos dividir as riquezas
assim como devemos dividir as mulheres. Mas lembremos que Marx está falando do
comunismo vulgar, irrefletido, porém, ele não diz se isso é uma coisa boa ou
uma coisa ruim; o leitor que encontre sua própria determinação.
Ele ainda fala da inveja universal que se estabelece como
uma forma camuflada de cupidez, de cobiça. Que essa inveja e o nivelamento por
baixo constituem a essência da competição, ou seja, quem tem menos quer ter
mais, única e exclusivamente por que tem inveja do outro. E isso, para Marx, é
a essência da competição. Sabemos que a concorrência é a essência do
capitalismo, então, posso determinar que, para Marx, a essência do capitalismo
é a inveja. Eu quero ter propriedade privada por que tenho inveja dos outros?!?
Eu quero dar e ter fidelidade no casamento por que tenho inveja dos outros?!?
Ele termina o parágrafo dizendo que a “eliminação da
propriedade privada representa uma apropriação genuína que é demonstrada pela
negação abstrata de todo o mundo da cultura e da civilização, e pelo retorno à
simplicidade inatural do pobre e indigente que não só ainda não ultrapassou a
propriedade privada, mas nem ainda a atingiu”.
Ele está falando acima do retorno do homem a si mesmo como
um ser social, isto é, realmente humano, um regresso completo e consciente que
assimila toda a riqueza da evolução precedente e isso se dá pela abolição positiva da propriedade privada e; o comunismo
como um naturalismo plenamente desenvolvido é humanismo e como humanismo plenamente
desenvolvido é naturalismo; e o comunismo “é a resposta ao enigma da História e
tem conhecimento disso”. Ele está falando agora do comunismo quanto à sua
consciência pensante, e seu processo entendido e consciente de vir-a-ser; e não
do comunismo vulgar, irrefletido.
A parte seguinte também é interessantíssima: “Na relação com
a mulher, como presa e serva da luxúria comunal, manifesta-se a infinita
degradação em que o homem existe para si mesmo; pois o segredo dessa relação
encontra sua expressão inequívoca, inconteste, franca e patente na relação do
homem com a mulher e na maneira pela qual se concebe a relação direta e natural
da espécie. A relação imediata, natural e necessária de ser humano como ser
humano é também a relação do homem com a mulher”.
Na minha determinação posso inferir que o comunismo prega
por igual a infinita degradação do homem e da mulher, mas existem aqueles que são comunistas e são “mais iguais do que os outros” e estão
fora dessa degradação.
O meio do texto todo Marx segue na toada da abolição positiva da propriedade privada, fala da
alienação religiosa, da atividade social e do espírito social, do trabalho
científico, da consciência como espécie, da objetificação do homem, dos cinco
sentidos do homem, da história da indústria, das ciências naturais, etc, num
blá-blá-blá que se desdobra em várias determinações, como sempre.
E chegamos no final. Marx fala da idéia da criação da terra.
Da geogenia que descreve a formação e o desenvolvimento da Terra como um
processo de geração espontânea e que essa geração espontânea é a única refutação
prática da teoria da criação. Aqui é onde ele começa não somente a negar Deus,
mas quer abolir a idéia de Deus da mente humana e a palavra Deus do
vocabulário.
No parágrafo seguinte ele cita Aristóteles que disse: você
foi gerado por seu pai e sua mãe, e conseqüentemente foi o coito de dois seres
humanos, um ato da espécie humana, que produziu o ser humano. E Marx cria uma
nova determinação chamada movimento
circular segundo a qual o homem reproduz-se a si mesmo. E faz um
malabarismo mental onde tenta refutar “racionalmente” a teoria da criação da
seguinte maneira: “quem criou o primeiro homem e a natureza como um todo? Só
posso responder: sua pergunta é, em si mesma, um produto da abstração. Pergunte
a si mesmo como chegou a essa pergunta. Pergunte-se se sua pergunta não nasce
de um ponto de vista a que eu não posso responder por que ele é deturpado.
Pergunte-se se essa progressão existe como tal para o pensamento racional. Se
você indaga acerca da criação da natureza e do homem, você está abstraindo
estes. Você os supõe não-existentes e quer que eu demonstre que eles existem.
Replico: desista de sua abstração e ao mesmo tempo você abandonará sua
pergunta. Ou então, se você quer manter sua abstração, seja coerente, e se
pensa no homem e na natureza como não-existentes pense também em você como
não-existente, pois você também é homem e natureza. Não pense nem formule
quaisquer perguntas, pois logo que você o faz sua abstração da existência da
natureza e do homem se torna sem sentido. Ou será você tão egoísta que concebe
tudo como não-existente, mas quer que você exista? ”
Marx diz que a teoria da criação do mundo por Deus é uma
abstração deturpada e que é só você não se perguntar mais de onde viemos e para
onde vamos que tudo se resolverá como por mágica e que se você não fizer isso
você é egoísta. É a negação da metafísica. Para o comunismo a metafísica não
existe.
Mas vamos adiante. No início do último parágrafo, Marx fala
que: “Como, no entanto, para o socialista, o conjunto do que se chama história
mundial nada mais é que a criação do homem pelo trabalho humano, e a emergência
da natureza para o homem, ele, portanto, tem a prova evidente e irrefutável de
sua autocriação, de suas próprias
origens. "
Chega a ser uma piada. Marx diz que o homem se autocriou.
Ora, isso também é uma abstração, pois Marx não sabia como o mundo e o ser
humano se originaram (e ainda não sabemos com certeza), mas para Marx a teoria
da criação por Deus é uma abstração deturpada enquanto a teoria dele de
autocriação é uma “verdade autoevidente”.
Como ele mesmo disse acima: “Se você indaga acerca da
criação da natureza e do homem, você está abstraindo estes”. Ora, para chegar à
conclusão de que o ser humano se autocriou, Marx teve que abstrair, teve que
indagar acerca disso. Vemos que é um picareta extremamente maligno ou um maluco. Marx deve ser
relegado ao esquecimento de onde nunca deveria ter saído.
Depois ele diz que a busca de um ser estranho, um ser acima
do homem e da natureza é praticamente impossível porque essa busca é uma
confissão da irrealidade do homem e da natureza. Mas a tal da autocriação proposta por ele não é uma
busca impossível e, como já vimos, isso é tão abstração como a teoria da
criação do mundo por Deus. Porém, desde que o mundo é mundo, o ser humano
sempre teve Deus, deuses ou uma entidade qualquer. Isso, de certo modo, faz
parte da metafísica, faz parte da natureza do ser humano questionar de onde
viemos; e a loucura do comunismo pretende acabar com isso. Contudo, isso é
impossível. O que estão conseguindo é causar sofrimento e miséria no mundo.
Depois Marx fala do ateísmo. Que o ateísmo não faz sentido
porque é a negação de Deus e procura afirmar, por essa negação, a existência
do homem. Para Marx nem o ateísmo é aceitável, porque enquanto tiver um ateu
sempre existirá a idéia de Deus. O ateu nega a Deus, mas fala em Deus mesmo não
acreditando Nele. Um ateu pelo menos pensa na hipótese do que acontece depois
da morte, mesmo acreditando que não acontece nada, morremos e pronto, não
existe alma nem vida eterna, mas pelo menos um ateu pensa nisso e conserva sua
moral. O comunismo é a negação de qualquer crença e não estou falando de crença
religiosa, mas de toda e qualquer crença. A moral é social, política e econômica, ou seja, ela é volúvel.
E Marx termina: “O socialismo dispensa esse método assim tão
circundante; ele parte da percepção teórica e prática sensorial do homem e da
natureza como seres essenciais. É autoconsciência positiva humana, não mais uma
autoconsciência alcançada graças à negação da religião; exatamente como a vida
real do homem é positiva e não mais alcançada graças à negação da propriedade
privada, por meio do comunismo. O comunismo é a fase de negação da negação e é,
por conseguinte, para a próxima etapa da evolução histórica, um fator real e
necessário na emancipação e reabilitação do homem. O comunismo é a forma
necessária e o princípio dinâmico do futuro imediato, mas o comunismo não é em
si mesmo a meta da evolução humana - a forma da sociedade humana. ”
O comunismo é a concepção zoológica da humanidade, o ser
humano tomado como um animal irracional, agindo por instinto; menos os
comunistas, estes estão acima disso tudo vivendo do bom e do melhor
escravizando os “animais” seres humanos levados à condição de animais irracionais.
"O comunismo é a negação da negação, é a forma necessária e o
princípio dinâmico do futuro imediato e, ao mesmo tempo, o comunismo não é a
meta da evolução humana", ou seja, o comunismo é a negação de tudo; é luta,
sofrimento, miséria, emburrecimento, é o ser humano agindo como animal, é
degradação, é o ser humano comendo filhotes de ratos vivos, é a maioria dos
seres humanos sendo escravizados pelos comunistas.
O comunismo é uma cultura de mentira e fingimento.
O comunismo é uma cultura de mentira e fingimento.
E quem são os comunistas?
Para não alongar o texto, responderei essa questão numa
outra oportunidade, pois isso requer várias considerações e veremos como o
comunismo e o capitalismo se confundem atualmente e que a questão básica é
moral.